A inflação é, efetivamente, uma disputa – uma disputa para ver quem obtém antes dos outros a maior fatia do dinheiro recém-criado – Murray Rothbard.
Muitos políticos defendem o aumento do gasto público, o fim de limitações de gastos (fim do teto de gastos), não pagamento de juros da dívida pública, impressão de dinheiro, distribuição de dinheiro, controle de preços, congelamento de preços, empréstimos com juros baixos e subsídios para setores específicos da economia (empresários amigos do governo) e outros mecanismos que resultam em inflação e desvalorização da moeda.
Eles dizem que tudo isso é para acabar com a desigualdade e ajudar os mais pobres. A grande verdade é que os políticos e os seus amigos se aproveitam dos mecanismos que geram a inflação.
Esses amigos dos políticos geralmente são empresários de determinados setores da economia e banqueiros que fazem parte de algum monopólio ou oligopólio. É muito importante que você entenda o efeito Cantillon que será apresentado no vídeo abaixo. Caso não consiga assistir ao vídeo, tente assistir nesse outro link.
O Efeito Cantillon nos fala sobre como o novo dinheiro, que os governos criam quando gastam mais do que arrecadam, se propaga e afeta o poder de compra do dinheiro que já existe no bolso da população.
Primeiro você precisa entender alguns conceitos. Dinheiro é apenas um meio de troca. O valor está nas coisas e serviços que o dinheiro pode comprar.
Geralmente os governos retiram uma parte do valor de tudo que a sociedade produz, através de impostos sobre a renda e o consumo. Só que o governo também pode criar dinheiro a partir do nada, sem a existência de produtos e serviços produzidos que possam ser comprados por esse dinheiro novo. Isso ocorre quando o governo gasta mais do que arrecada, sem um limite ou teto de gastos.
Sempre que um novo dinheiro é criado, sem a produção de algo de valor para ser comprado, todo o dinheiro no bolso de todas as pessoas perde poder de compra. Só que quanto mais próximo o indivíduo/empresa estiver da emissão do dinheiro novo, menos ele sentirá o efeito da perda do poder de compra do dinheiro (inflação).
O efeito da perda do poder de compra do dinheiro se propaga como aquela onda que se forma quando você joga uma pedra no meio de uma lagoa com água parada.
O poder de compra do novo dinheiro, nas mãos das primeiras pessoas que o recebem, é maior do que o poder de compra que esse dinheiro terá à medida que ele produzirá inflação enquanto circula pela economia. Exemplo: quando o governo gasta mais do que arrecada (imprime dinheiro) e entregar o novo dinheiro para os banqueiros financiarem a compra da casa própria, o primeiro a se beneficiar desse novo dinheiro é o banqueiro, depois os beneficiados são os empresários da construção civil (empreiteiras, construtoras e indústrias). O mesmo ocorre quando o governo escolhe um setor específico ou uma empresa específica para beneficiar com dinheiro novo. A demanda artificial gerada por esse novo dinheiro, produzirá inflação, que é a perda do poder de compra de todo o dinheiro do país, mas isso não ocorrerá imediatamente e por esse motivo não afetará os primeiros que gastarem o novo dinheiro.
Você já teve a curiosidade de investigar quais são os setores da economia que mais patrocinam, apoiam e até mesmo participam de “esquemas” em determinados governos? Você já meu artigo sobre a Cleptocracia?
É por esse motivo que Murray Rothbard disse: “A inflação é, efetivamente, uma disputa – uma disputa para ver quem obtém antes dos outros a maior fatia do dinheiro recém-criado”.
Vamos entender melhor. À medida que o dinheiro sem lastro algum, começa a ser gasto pelas primeiras pessoas que controlam esse dinheiro novo, os bens e serviços começam a faltar no mercado. Essa escassez representa um tipo de desequilíbrio entre demanda e oferta. A consequência desse desequilíbrio é o aumento de preços (inflação).
Políticos que defendem a ideia de que o governo deve gastar mais do que arrecada, sem qualquer limitação (teto de gastos), para combater a pobreza estão tirando proveito da ignorância financeira da população que não entende o Efeito Cantillon. Os grandes empresários e parte do mercado financeiro, que apoiam políticos populistas e irresponsáveis com as contas públicas, sabem muito bem o que fazem.
É por esse motivo que podemos considerar a falta de educação financeira como um risco à segurança nacional. As pessoas financeiramente ignorantes votam, apoiam e aplaudem decisões mal-intencionadas que resultam no empobrecimento da população. Políticos e empresários que sabem como o dinheiro funciona, e que não se preocupam com as consequências do que fazem, trabalham em simbiose. Na biologia, simbiose pode ser definida como uma associação a longo prazo entre dois organismos de espécies diferentes, seja essa relação benéfica para ambos os indivíduos envolvidos ou não.
Por qual motivo lógico os políticos querem empobrecer a população? O final o desenho animado, no vídeo que está no início do artigo, explica muito bem.
Quando todos estiverem pobres e dependentes das esmolas do governo, os políticos que estiverem no poder poderão se perpetuar, já que a liberdade será trocada pelo pão. Já os grandes empresários, amigos desses políticos, terão algum tipo de monopólio ou oligopólio para controlar com a menor concorrência possível. São eles que vão produzir o pão grátis, transporte público grátis, saúde grátis e tudo que ilusoriamente os políticos oferecem de graça.
Um país inteiro sem educação financeira termina sua história trocando a liberdade de ganhar dinheiro, poupar, empreender e investir por migalhas mensais oferecidas “gratuitamente” pelos governos.
Vivemos tempos difíceis. Hoje as pessoas só entendem explicações através de desenhos animados e memes. Você verá cada vez mais pessoas exigindo “dinheiro grátis”, benefícios, auxílios, subsídios e até a adição de um zero na conta de todos os brasileiros como forma mágica de acabar com a desigualdade.
O meme que aparece no final do vídeo acima, de forma infantil, tenta mostrar para a moça (que sofre de ignorância financeira) que não adianta dar mais dinheiro para o macaco, pois se isso acontecer sem mais bananas serem produzidas, o preço da banana será maior. O correto é mostrar para as pessoas que todos precisam trabalhar para plantar mais bananas. A banana só será barata ou acessível para todos quando todos trabalharem muito para produzir uma enorme quantidade de bananas. A riqueza é gerada quando trabalhamos, plantamos, colhemos, processamos, modificamos e disponibilizamos produtos e serviços no mercado em grandes quantidades e com concorrência. Criar dinheiro fácil e grátis só cria pobreza. Isso não é difícil de entender.
Invista na sua educação financeira. Aprenda mais sobre como todos os investimentos funcionam (conheça os livros que escrevi) e faça a proteção do seu patrimônio contra os efeitos da inflação. Agora, além de se defender da sua ignorância financeira, você precisa se defender da ignorância financeira da sociedade.
Incrível! Que aula!! Obrigado
Obrigado Daimar, compartilhe com seus amigos.
Parabéns pelo EXCELENTE conteúdo Leandro!!! Como sempre didático, simples e como sempre bem completo!
Obrigado LH
Excelente ! Como sempre !
Obrigado Fábio
Parabéns pelo trabalho Leandro!
Obrigado Lucas
Olá, Leandro!
A serie de artigos que você veem escrevendo sobre economia e politica está muito interessante!
Eu leio seus artigos desde 2015, sempre achei seus artigos muito proveitosos e esclarecedores, e também nunca o vi tão preocupado com um governo como agora, e não é para menos, e também me deixa preocupado.
Quanto mais eu aprendo sobre economia e politica mais eu vejo a quantidade de absurdos as pessoas no comando e os dos seu entorno são capazes de fazer e ainda serem aplaudidos, e apoiados. Por a grande maioria não serem capazes de entender, ou não quererem entender, como politicas e economia e outros assunto se relacionam, os políticos amam, e defendem e forçam que a grande maioria da população façam escolhas de tempos em tempos através de eleições.
O mundo parece está caminhando rumo a derrocada global.
Parece que nem os exemplos que temos dos nossos países vizinhos é capaz de nos acordar! Acho que nós não acreditamos nos planos desses políticos ou pré-julgamos que realmente eles são bem intencionados.
Mudando um pouco de assunto, para falar de INFLAÇÃO:
Eu apesar de estudar e de procurar me informar, buscar conhecimento, de fato, dessa vez eu senti o grande poder destruidor que esse mecanismo exerce sobre nós na pele. Nos últimos 2 anos vi o poder de compra do meu dinheiro virar pó! Agora de fato eu comecei a entender porque existe uma espécie de contracultura na população sobre poupança e uma preferência pelo consumo imediato!
Bem, já falei demais!
Quero te agradecer por compartilhar tanto conhecimento!
Obrigado!
Olá Pedro. A economia também flertou com o precipício em 2014 e 2015 e escrevi vários artigos sobre o assunto alertando as pessoas. Um deles até resultou em uma série de ataques e chegaram a tirar o Clube dos Poupadores do ar e a apagar determinados artigos. A destruição iniciada foi estancada com o impeachment e a lava-jato e basta ver o que aconteceu com a bolsa e os juros depois de 2016. Agora voltamos a flertar com o precipício e nada parece que impedirá o pior. Quem entende o que está acontecendo, está estudando e se protegendo. Quem não entende e ainda defende por ignorância financeira e econômica, está prestes a aprender a lição da pior forma que existe. O que me deixa triste é que muitas dessas pessoas possuem filhos pequenos e estes irão sofrer as consequências da ignorância financeira/econômica/política dos pais. Tomara que o pior não aconteça e que sites como o Clube dos Poupadores não desapareçam.
Aplausos! Obrigado!
Pena que quem deveria estudar sobre o assunto não o leia.
Obrigado Geovane
Eu lembro dos ataques que o clube sofreu. Inclusive eu procurei um artigo e não encontrei dai solicitei a você por email e você falou dos ataques.
Leandro eu confesso que ainda não sei exatamente como me proteger. O correto é investir fora? Eu estou resgatando algumas ações para fazer um investimento em aluguel, mas isso não traria proteção se caso chegássemos a situação dos venezuelanos ou hiperinflação como na Argentina.
Tenho um filha de 1 ano e 7 meses, estou montando um carteira de ações para ela mas meus recursos são modestos, como falei anteriormente, a inflação dos últimos anos afetou muito. Até a troca de carro foi adiada devido os preços praticamente dobrarem.
Olá Pedro. Você sabe eu não posso fazer recomendações de investimentos. O que posso dizer é que existem investimentos que se beneficiam se os juros subirem e se manterem elevados por muito tempo. Existem investimentos que se beneficiam quando a inflação está elevada e o dólar se valoriza. Da mesma forma existem investimentos que sofrem. A carteira precisa estar equilibrada. A gastança descontrolada do governo pode beneficiar alguns setores até o dinheiro acabar. Em algum momento a conta chega através de uma crise como aconteceu no passado. O problema hoje é que já divulgaram os nomes dos cantores da festa da posse e não divulgaram a equipe econômica. Se a qualidade da equipe econômica for equivalente a qualidade musical, estamos perdidos. E da forma que andam as coisas, acho provável que sites como o meu deixem de existir.
Olá Leandro.
Agradeço imensamente sua contribuição no intuito de ampliar nossa visão sobre o mundo das finanças e afins. Mais do que nunca, vivemos dias de extrema incerteza, em vários aspectos, o que ratifica a necessidade e importância deste conhecimento que tão cuidadosamente compartilha conosco. Muito Obrigada!!!
Obrigado Renata
Boa noite meu amigo, parabéns pelos excelentes conteúdos e por toda honestidade em seus artigos!sou admirador de seu trabalho e sempre o acompanho!continue assim e que Deus abençoe sua vida e de sua família!!
Obrigado Anderson
Texto excelente!
Obrigado Jonathas
O problema que vemos é que esse texto não é lido por todos os brasileiros. Talvez nós, os leitores desse texto, sejamos exatamente as pessoas que menos precisam lê-lo. Como podemos fazer para resolver isso? A mim e a você que lê esse texto cabe transferirmos esse conhecimento à nossa família. A pessoa que escreve esse texto tem excelentes cursos, eu os comprei e recomendo, são os melhores que já vi. Porém, o mesmo professor certamente tem feito muito mais à nação do que para si próprio, mostrando, de maneira tão simples e óbvia, que mais dinheiro significa elevação de preços com “delay” (efeito Cantillon), portanto, uma ilusão econômica, um truque passageiro, uma enganação, de fato. É por essas e outras, Leandro, que seria muito bom se você nos brindasse com uma nova série sobre o que penso estar sendo um “grito” da sociedade em busca de um novo dinheiro. Parece que a criptomoeda tenha sido essa espécie de “grito” em busca de socorro pela manutenção do valor do dinheiro, uma forma de os governos e políticos não meterem a mão no nosso bolso. O problema é que, não sei por quê, a cripto tem tido comportamento igual, até pior, do que os títulos mobiliários, com alto risco (volatilidade) do que uma microship. Por fim, não sei se entendi direito a explicação deste texto sobre impressão de dinheiro. Quando você diz imprimir dinheiro, você quer dizer que a casa da moeda coloca suas impressoras para funcionar efetivamente, ou você quer dizer que o governo toma dinheiro emprestado para financiar gastos acima do que pode suportar? Se pudesse só clarear esse tópico, agradeceria. Obrigado.
Oi Nestor, os governos possuem diversos meios para injetar dinheiro na economia como se estivessem imprimindo dinheiro na Casa da Moeda. Sobre criptos é necessário ter cuidado. Eu não confio totalmente nos nerds que estão por trás das criptos, nem nas pessoas que inflam esse mercado e que muitas vezes o manipulam. Muitos golpes aparecem e muitos ainda vão aparecer envolvendo as criptos. E quando chegar o momento certo todos os governos vão começar a criminalizar e perseguir os envolvidos com criptos. Então é importante ter muito cuidado com o romantismo envolvendo criptos.
Parabéns Leandro, como sempre, mais um artigo importantíssimo para os nossos dias… Obrigado!!!!
Obrigado Celso
Observando a ignorância das pessoas (meta histórica do sistema político), a internet / redes sociais (informação descentralizada) se tornou inimiga número 1 do establishment. Não é de se assustar que o suposto presidente eleito queira regular a internet.
Provavelmente ele vai conseguir regular/censurar a Internet, assim como ocorre em todos os países vizinhos que seguem a mesma ideologia.
Caro Leandro, obrigado pelas informações. Eu lamento que quem mais precisa de conhecimento é quem menos procura. Quantas vezes compartilhei teus artigos e outros ligados a educação financeira. Mas nada aconteceu. Como semente em terra ruim, os pássaros comeram. Sem atitude. Nem mesmo, para mandar eu ficar quieto e deixar de ser chato! Eu aproveito este preâmbulo para perguntar: Por que em geral, somos tão passivos aos acontecimentos da vida? Por que falta atitude, mesmo vivendo em uma época onde o “empoderamento, protagonismo” e outros slogans estão em voga? Mais uma vez, obrigado!
Oi Jorge. Depois, esses mesmos que não possuem atitude, reclamam do sucesso e da riqueza concentrada nas mãos de poucas pessoas. São poucas as pessoas que buscam conhecimento para crescer na vida.