Aos poucos o atual governo está revelando quais serão suas políticas econômicas nos próximos anos.
É importante entender essas políticas o quanto antes para que possamos imaginar o que nos espera e quais podem ser os impactos nos investimentos, considerando variáveis importantes como a taxa básica de juros, inflação, dólar etc. Os políticos possuem o poder de interferir em todas essas variáveis de forma direta ou indireta.
O vídeo abaixo nos mostra que ocorreu uma omissão sobre quais seriam as pessoas responsáveis pelas política econômicas. Isso aconteceu, de forma declarada, para evitar a perda de votos. Como a população brasileira tem pouca ou nenhuma educação financeira, sinais negativos, como esse tipo de omissão, foram ignorados.
Seria fundamental conhecer previamente a equipe e as políticas econômicas que seriam implementadas com relação aos juros, inflação, gastos, dívida pública e uma série de variáveis que impactam a vida financeira das pessoas e das empresas.
Depois das eleições, os políticos começaram a revelar quais seriam suas políticas econômicas. Logo as críticas começaram a surgir, já que não existe fundamento para as ideias que estão sendo defendidas, pois são insustentáveis no longo prazo.
Por não existir uma forma de defender o que está sendo proposto, os políticos resolveram ignorar ou desqualificar os livros de economia e seus autores. Provavelmente, nos próximos meses e anos você verá uma constante campanha contra os livros clássicos de economia. Se uma mentira dita mil vezes torna-se verdade, certamente 1000 vezes será dito que os livros de economia estão errados e as propostas dos políticos no poder estão certas.
Recentemente uma fala do presidente deixou pistas sobre a condução da economia nos próximos anos que podem gerar sérias consequências.
Existe um economista que foi convidado para fazer parte da equipe econômica do governo, que também defende a ideia de que os livros de economia estão errados e desatualizados.
Até mesmo os jornalistas e seus analistas, que nunca criticaram a falta de transparência sobre a futura equipe e suas políticas econômicas, estão ficando assustados com o que está por vir. Logo abaixo temos um de muitos exemplos da imprensa preocupada com os nomes envolvidos com a “Nova política econômica”
O economista André Lara Resende, que a senhora acima chamou de “Novo Guru do Petismo”, costuma defender que os livros de economia estão errados. Ele chegou a ser convidado para assumir o Ministério do Planejamento e depois participou do grupo de transição da área econômica.
A senhora no vídeo diz que Resende teria “mudado” a cabeça do presidente, quando na verdade o presidente sabe exatamente quais pessoas escolher para defender seus planos, tanto que inicialmente omitiu quem seriam as pessoas envolvidas na política econômica, para não correr o risco de perder votos.
Lara Resende é conhecido por criticar livros clássicos de economia e defender políticas econômicas que agradam os políticos de esquerda, pois elas produzem efeitos positivos de curto prazo (efeitos populistas), mas geram um custo muito elevado no longo prazo (efeitos realistas) que pode conduzir a economia do país para crises ou para situações como as vividas por países vizinhos (esse é o plano).
Uma das críticas que ele faz contra os livros de economia é a forma como a política monetária e a taxa de juros são tratadas na teoria econômica convencional. O que ele defende, contrário aos bons livros, é exatamente a base dos experimentos econômicos que não deram certo em diversos países administrados por governos de esquerda aqui mesmo na América Latina, mas que foram muito úteis para perpetuar esses políticos no poder devido ao total empobrecimento da população.
No curto prazo, parecem medidas benéficas e no médio/longo prazo produzem aumento da inflação, alta dos juros, disparada do endividamento público, desvalorização da moeda local, empobrecimento da sociedade e sua total dependência de ajuda do governo.
Vou listar alguns pontos que este economista, chamado de “Novo Guru do Petismo”, defende e que são contrários aos livros de economia:
Inflação e política monetária:
Ele acredita que se deve flexibilizar a política monetária e não dar tanta ênfase ao controle da inflação.
Sabemos que o controle da inflação é um fator fundamental para a estabilidade econômica e que não priorizar o controle da inflação podem levar a problemas como a inflação descontrolada (hiperinflação) e a total falta de confiança nos mercados (pessoas, empresas e investidores).
Se você não viveu a hiperinflação na década de 80, pergunte para seus pais ou para os seus avós como era viver naquela situação. O tripé macroeconômico no Brasil só foi implantado em 1996, com a criação do Comitê de Política Monetária (Copom), que define as diretrizes da política monetária do país e a taxa básica de juros.
Investimento públicos:
Para a alegria dos políticos, ele defende nos seus artigos a importância do “investimento” público, como ferramenta para alavancar o crescimento econômico no Brasil. É um tipo de política expansionista, onde o governo assume o papel de responsável por fazer a economia crescer.
A história nos mostra, com inúmeros exemplos, que aquilo que os políticos brasileiros chamam de investimento público deveria se chamar desperdício de dinheiro público.
O atual governo já está preparando o novo programa de desperdício de dinheiro público (PAC). Esse programa já foi implantado em 2007 e em 2011. O vídeo abaixo nos mostra que só 16% das obras para fazer o Brasil crescer foram concluídas, todas estouraram o orçamento inicial e muito dinheiro público foi desperdiçado. O vídeo mostra como tudo isso gerou a disparada da inflação, alta dos juros e uma série de escândalos de corrupção envolvendo construtoras e empreiteiras.
Sabemos que o que faz a economia crescer de verdade e com consistência, são pessoas empreendendo, pessoas investindo em empresas, empresários ampliando seus negócios confiantes de que terão um futuro promissor e lucrativos.
Como consequência da vontade de investir e crescer, a própria sociedade acaba gerando empregos e elevando a arrecadação de impostos do governo. São as pessoas que decidem o que vão fazer com o próprio dinheiro e como consequência temos o enriquecimento do país. Isso tende a ser mais eficiente do que políticos escolhendo o que será feito com o dinheiro que eles mesmos tomam da sociedade através dos impostos.
Gastos e “investimentos” públicos são comprovadamente ineficientes, embora muitos economistas os defendam. Quando o dinheiro não é desperdiçado, como mostrou o vídeo ele é roubado ou usado para beneficiar empresas de amigos dos políticos.
Se você toma dinheiro da sociedade (impostos) e desperdiça esse dinheiro, você está forçando o empobrecer o país.
O secretário do Tesouro Nacional do governo Dilma (Arno Augustin) costumava defender abertamente a expansão dos gastos públicos como forma de estimular o crescimento e o desenvolvimento social. Em uma entrevista concedida em 2013, ele afirmou que “gasto é vida” e que o governo não poderia se submeter à lógica do mercado financeiro. Tempos depois, analistas e a imprensa, começaram a acusar Arno de promover uma espécie de “contabilidade criativa” para maquiar as contas públicas e descumprir a meta fiscal. Foram essas práticas que fizeram o Tribunal de Contas da União rejeitar as contas do governo Dilma em 2015, abrindo caminho para o processo de impeachment da presidente.
Teoria do juro:
Ele costuma defender uma “crença” sobre a taxa de juros, argumentando que ela não é determinada apenas pela oferta e demanda de poupança e investimento. Sabemos que juro é o preço do dinheiro no tempo e nesse preço está embutida toda a percepção de risco das pessoas. Quando é arriscado emprestar o seu dinheiro, juros maiores motivam as pessoas a aceitarem esse risco.
Atualmente você pode observar os políticos pressionando o presidente do Banco Central para que reduza Taxa Selic com base nessas crenças. No início dessa semana, militantes vestidos de vermelho queimaram o presidente do Banco Central utilizando bonecos com sua foto, que é uma forma perversa de pressão política (veja o vídeo).
O governo Dilma também adotou essa estratégia que forçava a redução dos juros, com aumento de gastos públicos (expansionismo) e o controle da inflação sendo deixado de lado. O gráfico mostra que a inflação no Brasil subiu de forma consistente desde 2007 tendo sua trajetória interrompida pelo impeachment.
Intervenção estatal na economia:
Ele defende à intervenção do Estado na economia, o que contrasta com a visão mais sensata que defende um papel mais limitado para o governo e seus políticos historicamente irresponsáveis.
Não faltam exemplos na história de que a intervenção estatal pode distorcer os incentivos econômicos e prejudicar a eficiência dos mercados. No longo prazo, a intervenção Estatal (intervenção de políticos cada vez menos qualificados) pode destruir a economia do país.
Basta observar o que aconteceu na Venezuela e na Argentina, que seguem políticas alinhadas com esses pensamentos descritos aqui. Logo abaixo temos uma citação de Resende apoiando a intervenção do Estado nos preços, como o que aconteceu no governo Dilma.
“Ao invés de deixar a inflação subir, e depois aumentar as taxas de juros para conter a inflação, podemos e devemos intervir diretamente no processo de formação de preços” A. L. Resende (Entrevista à Folha de S.Paulo, 2017)
Ele também acredita que o governo deveria intervir no câmbio:
“A taxa de câmbio deveria ser um instrumento da política industrial e não o contrário, como faz o Banco Central, que ajusta a taxa de câmbio para controlar a inflação.” A. L. Resende (Artigo no Estadão, 2016).
Aqui outra citação dele defendendo o Estado interventor na economia. Sabemos, observando a história, que os políticos, por trás do Estado, não promovem bem-estar social e muito menos justiça quando começam a interferir na economia. A única coisa que a história comprova é a promoção de um grande desarranjo que produz crises econômicas e desastres como os que podemos estudar e observar nos países vizinhos que seguiram essa ideia:
“O Estado não pode ficar ausente da economia. É necessário que ele esteja presente para promover o bem-estar social e a justiça distributiva.” A. L. Resende (Entrevista à Carta Capital, 2017)
Independência do Banco Central:
Por fim, ele defende uma revisão do papel e da independência dos bancos centrais. A independência do Banco Central de um país é importante para garantir a estabilidade econômica, o controle da inflação e a credibilidade do mercado. Um Banco Central independente pode definir suas metas e objetivos sem interferências políticas, e tem autonomia para executar a política monetária no longo prazo. Mais de 40 países possuem bancos centrais autônomos ou independentes, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão. No Brasil, a lei que confere autonomia ao Banco Central foi sancionada em 2021, mas da forma que impera a ignorância, logo isso poderá ser derrubado através de outra lei.
O pior está por vir:
O atual presidente do Banco Central ficará no cargo até 31 de dezembro de 2024, caso a autonomia do Banco Central não seja derrubada antes dessa data. Sendo assim, você deve considerar uma total mudança na forma como os juros são conduzidos no Brasil em 2025.
Observando as falas contra os livros de economia e lendo sobre os pensamentos dos Gurus do governo, podemos considerar que teremos uma repetição das políticas econômicas que não deram certo nos dois governos Dilma.
Será tudo muito parecido com aquilo que no passado foi chamado de “Nova Matriz Econômica”. Se você não lembra o que eles fizeram para mergulhar o Brasil em uma grande crise, recomendo que leia esse artigo de 2017, quando o problema já tinha sido estancado com o Impeachment.
Provavelmente, assim que possível, o governo forçará a queda dos juros, mesmo que isso faça o preço do dólar subir, pois eles acreditam que é bom ter um país com moeda desvalorizada.
Eles também acreditam que não existe motivo de preocupação com a inflação elevada. A grande verdade é que o maior endividado do Brasil é o próprio Estado que deve trilhões em títulos públicos para os brasileiros. Se a inflação disparar e os juros forem mantidos abaixo da inflação, logo a dívida perderá o seu valor, pois os investidores que compraram títulos públicos serão penalizados, principalmente os que possuem títulos Tesouro Prefixado e Tesouro Selic (caso seja forçado a baixar juros). O Tesouro IPCA também será prejudicado, pois somente uma parte do rendimento é corrigido pela inflação sendo que sobre o todo o rendimento será cobrado imposto de renda (dinheiro que volta para o governo). É importante lembrar que essa degradação ocorreria de forma lenta com juros reduzidos lentamente, sem preocupação com a inflação.
Juro baixo e inflação alta é um tipo de sabotagem contra as pessoas que poupam o próprio dinheiro tendo como consequência a inflação.
Existem muitas semelhanças entre as políticas econômicas adotadas na Argentina e em outros países controlados por governos de esquerda e as ideias defendidas pelo Guru do PT, como a ênfase no investimento público (desperdício de dinheiro público) e a flexibilização da política monetária que resulta em alta de inflação e dos juros no longo prazo com gastos e dívida pública descontrolada.
Para saber mais sobre os planos que estão em andamento eu recomendo que você leia o meu novo livro sobre Proteção de Patrimônio. A parte inicial do livro descreve o problema que estamos vivendo atualmente e nos faz entender que existe um plano muito antigo sendo executado no país com apoio de pessoas que defendem ideias e ideologias compatíveis com esse processo.
Invista na sua educação financeira, pois manter a ignorância da população sobre o funcionamento do dinheiro faz parte da estratégia de todos eles.
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Olá Leandro! Parabéns pelo artigo, muito esclarecedor!
Gostaria de saber sua opinião sobre o bitcoin como proteção de patrimônio com foco no longo prazo. Já que ele é descentralizado e distribuído. Ou seja, não sofre interferência de nenhum banco central e nenhum governo. E como possui uma quantidade limitada de 21 milhões, não poderá sofrer efeitos de “impressão de dinheiro”, o que causa inflação. Quanto menos governos colocarem o dedo no nosso dinheiro, mais liberdade teremos e menos poder os governos terão.
Oi Mariana. O problema do Bitcoin, como reserva de longo prazo, é o seu processo de “Criminalização” futuro. Suspeito que é questão de tempo para que se inicie, em muitos países, algum tipo de perseguição, restrição, regulação ou meios para desestimular ou até criminalizar esse tipo de “moeda fora do sistema”. Isso já ocorre em alguns lugares. Eu acredito que seria muito simples derrubar as cotações através de uma perseguição coordenada dos países. Você deve considerar esse problema ou o risco disso acontecer. Muitos comparam Bitcoin ao ouro como reserva de valor de longo prazo. Ouro não pode ser fabricado do nada, ele só pode ser minerado e existem reservas limitadas. Muitos Bancos Centrais estão aumentando seus estoques de ouro. Ouro é uma reserva que não depende de tecnologias para existir. Bitcoin pode funcionar no curto prazo ou médio prazo, principalmente para movimentar valores pelo mundo, mas não temos qualquer garantia sobre como será o futuro.
Olá Leandro. Parabéns pelo conteúdo bastante rico.
O que eu sempre me pergunto há 5 anos desde que comecei a ler mais sobre finanças e economia e, principalmente a te seguir, é onde poderíamos guardar nossos investimentos para aposentadoria de modo seguro uma vez que o caos impera, ou seja, a calmaria no mundo é que é a exceção. Ainda que guardemos no exterior, sinto que estamos “a um prato de comida” do caos. Com meus 37 anos, sinto receio de estar acumulando e em algum momento o dinheiro derreter por contas das governanças mundiais, de modo que toda privação ao longo da vida perca o sentido já que somos apenas números no sistema globalizado. Diversifico como manda o figurino (tesouro, bancos, ações, fii, reits, stock), mas ainda sim, não tenho a certeza que chegarei no futuro de 20 ou 30 anos com o plano consolidado de fato, pois não depende só de mim. Seria excesso de conservadorismo da minha parte? Obrigado e abraço!
Olá Denis. É um risco que você e todos nós estamos correndo. Na atual situação, difícil encontrar um investimento seguro no Brasil ou no restante do mundo, pois o que governa o Brasil no momento nada mais é do que o mesmo erro que está governando a Europa e os EUA. Por esse motivo não existe outra alternativa a não ser diversificar. Isso inclui ter também algum patrimônio fora do sistema financeiro. Tento fazer aqui algum trabalho de conscientização, como uma formiguinha, mas o que impera por todo lado é a mais absoluta ignorância com relação ao dinheiro e funcionamento da economia. É a maioria ignorante que faz as escolhas.
Denis,
Eu tenho exatamente o mesmo receio que vc. Eu tenho 34 anos e moro no Canada ha quase 7. Comecei meus estudos sobre educacao financeira gracas ao Leandro pouco antes de imigrar. Ha anos eu pratico todas as recomendacoes e mindset – como manda o figurino. Trabalho duro, me qualifico cada vez mais para ter maior renda, poupo o maximo que consigo dentro de um equilibrio, invisto e diversifico. Achava que meus investimentos eram seguros… ate a pagina 2. E isso pq Brasil nao eh parte do portfolio…
Apesar de tudo, sinto como um ratinho na gaiola, correndo sem sair do lugar. A inflacao por aqui esta bem alta (para os padroes canadenses), os precos de alguel ou de imoveis cada vez mais obscenos, servicos entao nem se fala. Pela primeira vez na vida estou me questionando se sera possivel sequer ter uma casa propria decente 100% quitada um dia, junto de uma aposentadoria minimamente tranquila. Eu achava que nao, mas ha muitas semelhancas com o Brasil (tanto quanto Europa e EUA como mencionado pelo Leandro). O risco que vc corre ai, eu corro aqui; talvez em proporcoes diferentes, mas ele existe e nao eh pequeno. Concordo que sim, diversificar sempre, e ter patrimonio fora do sistema financeiro (assim que possivel!!!) que seja SEU. Carro por assinatura (chamamos de leasing aqui) nao eh patrimonio, casa propria 90% hipotecada no banco nao eh patrimonio, etc. Aqui tambem eh a maioria (bem) ignorante que faz essa e todas as outras escolhas.
Lendo vc agora, lembro exatamente o papel da mídia no livro, A Elite do Atraso de Jessé Souza.