Entenda quais são os tipos de curva de juros e como elas interferem nos seus investimentos. Logo abaixo temos o exemplo da atual curva de juros composta por taxas dos títulos públicos prefixados.

No eixo horizontal temos os vencimentos, em número de dias úteis, dos títulos públicos prefixados negociados no mercado secundário. No eixo vertical temos as taxas médias que foram praticadas durante o dia.

Os dados utilizados para gera a curva do gráfico são divulgados publicamente pela Anbima e se referem aos dados de fechamento (fonte).

Não existem títulos públicos com vencimento para todos os dias do ano, mas a Anbima utilizando uma metodologia que faz o cálculo das taxas para todos os dias tendo como base os vencimentos e taxas dos títulos negociados diariamente.

Em condições normais, se espera que as taxas de juros de títulos prefixados com vencimentos longos sejam maiores que as taxas de títulos com vencimento curto. Essa diferença funciona como um prêmio pelo risco gerado pelas incertezas com relação a inflação que teremos no futuro.

Devemos lembrar que os juros que recebemos nos Títulos Prefixados são considerados juros nominais, ou seja, eles não estão livres dos efeitos negativos da inflação. Quanto maior a incerteza sobre a inflação futura, maior o risco e maiores são os juros dos títulos prefixados, alterando a curva de juros desenhada com base nessas taxas.

A diferença entre a taxa de juros paga por títulos Tesouro Prefixado (juro nominal) e Tesouro IPCA (juro real) é entendida como sendo a inflação implícita.

Tipos de curva de juros

Existem três “desenhos” básicos que a curva de juros pode assumir e diversas variações. Cada desenho cria implicações diferentes com relação ao crescimento econômico e por consequência isso deve influenciar as suas decisões de investimento na renda fixa e renda variável.

Curva de Juros Normal

A curva de juro normal representa uma economia saudável. Essa curva sinaliza que existe uma expectativa de crescimento da economia, ou seja, os investidores estão confiantes de que o futuro será melhor que o presente. Os investidores tendem a exigir prêmios maiores (juros maiores) quando fazem investimentos no presente com foco no longo prazo esperando o crescimento econômico que provavelmente trará um aumento de demanda e aumento da inflação. Dessa forma, as taxas mais longas embutem um prêmio para que se ocorra o risco de uma inflação maior no futuro e o custo de oportunidades que serão perdidas ao fazer um investimento com juros fixos de vencimento longo.

Curva de Juro Plana

Antes que uma curva normal se transforme em uma curva invertida (que veremos em breve), ela deve primeiro passar por um período em que as taxas de curto prazo sobem ao ponto de estarem mais próximas das taxas de longo prazo. Quando isso acontecer, a forma da curva parecerá plana ou, mais comumente, ligeiramente elevada no meio como se existisse uma “corcunda”.

Embora seja importante notar que nem todas as curvas planas ou corcundas se transformam em curvas totalmente invertidas, devemos entender a curva plana ou corcunda. Historicamente, a desaceleração econômica e as expectativas de taxas de juros mais baixas no futuro seguem um período de achatamento dos juros.

Uma curva achatada (“flat”) sinaliza que os investidores estão aceitando comprar títulos públicos com vencimentos longos sem serem devidamente recompensados com juros maiores, ou seja, as taxas de títulos com vencimentos curtos estão próximas das taxas de títulos com vencimentos longos.

Normalmente o processo de achatamento de uma curva normal, que a torna cada vez mais plana, é visto como um sinal de alerta de que as expectativas sobre o futuro da economia estão pessimistas. Isso significa que os investidores esperam um crescimento lento ou menor no futuro fazendo com que os juros caiam como forma de reaquecer a economia.

À medida que os investidores compram títulos com a curva achatada eles demonstram que estão percebendo vantagem em fixar taxa de juros em títulos longos, ou seja, existe uma maior demanda por títulos longos que fazem seus preços subirem. Você já deve saber que quando os preços dos títulos prefixados sobem isso significa que as taxas anuais estão em queda. Quando as taxas dos títulos com vencimento longo caem e se aproximam das taxas dos títulos de vencimento curto temos um achatamento da curva.

Uma curva plana com uma “corcunda” implica uma situação econômica incerta sobre o futuro. Pode ocorrer no final de um período de alto crescimento econômico que está elevando à inflação e criando temores de uma desaceleração da economia, mas também pode aparecer em momentos em que se espera que o Banco Central aumente as taxas de juros. Em tempos de alta incerteza, os investidores exigem rendimentos semelhantes em todos os vencimentos e eventualmente maiores nos prazos mais curtos.

O gráfico plano de juros é frequentemente visto durante a transição de uma curva de juros normal para uma invertida.

Curva Invertida

O achatamento de uma curva normal pode continuar avançando até se transformar na “temida” curva invertida. Ela sinaliza expectativas negativa sobre a economia onde os investidores entendem que existe mais risco no curto prazo que no longo prazo. Quando os investidores estão preocupados eles buscam formas seguras de preservar o seu dinheiro no longo prazo e por esse motivo aceitam juros menores no futuro.

Isso pode ser necessário quando se espera uma recessão no futuro que obrigue o Banco Central a reduzir os juros para reaquecer a economia. Quanto maior a demanda por títulos de vencimento longo, maior fica seu preço e por consequência menor a taxa. Esses mesmos investidores vão evitar títulos de prazos curtos e por esse motivo o preço dos mesmos tende a cair e por consequência a taxa fica maior.

A história nos diz que uma curva invertida é um indicador de recessão econômica futura. Quando as taxas de juros de curto prazo excedem as taxas de longo prazo, o sentimento do mercado sugere que a perspectiva de longo prazo é ruim e que os rendimentos oferecidos pela renda fixa de longo prazo continuarão a cair.

Nos EUA foi comum a aparição de curvas invertidas e o início de uma crise mundial nas bolsas de valores alguns meses depois.

O gráfico abaixo mostra áreas cinzas que representam recessões, algumas delas produziram crises mundiais que atingiram o Brasil e todas as demais economias. A linha cinza é o juro de curto prazo (títulos que vencem em três meses) e a linha dourada são os juros de 10 anos. As marcas circulares indicam pontos de inversão da curva de juros. Sempre ocorreram crises alguns meses ou alguns poucos anos depois da curva invertida.

Aqui no Clube dos Poupadores temos esse tipo de gráfico para o mercado brasileiro (visite aqui).

O gráfico abaixo mostra o desempenho do S&P500, que é o índice das bolsas de valores americanas 18 meses após a inversão da curva. As áreas cinza representam recessões. Podemos constatar que a inversão da curva não significa um desempenho ruim da bolsa imediatamente depois, mas pode sinalizar o último movimento de alta (euforia dos mercados) antes da recessão.

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