Você deve ter ouvido falar sobre um áudio onde um servidor público reclama do “baixo salário” de R$ 24 mil. Ele chegou a dizer que vem tomando medicamentos como consequência do salário baixo e isso foi destaque em diversas reportagens na TV e nos jornais (exemplo 1) (exemplo 2) (exemplo 3) (exemplo 4).
Muitos leitores do Clube dos Poupadores me escreveram pedindo para comentar o caso. Vou comentar aqui o centro da questão, pois é a parte importante que afeta a vida de muitos. A vida particular de cada um é um problema de cada um.
Em poucas palavras posso dizer que “A ignorância financeira produz vítimas em todas as classes sociais e atinge pessoas com os mais diversos níveis de educação formal”.
Isso precisa ser encarado com seriedade. Não importa se você ganha R$ 1.000.00, R$ 20.000,00 ou R$ 100.000,00 por mês, pois sem educação financeiro você vai se sentir e se comportar como se fosse o maior entre todos os miseráveis.
Não tenho dúvida de que o servidor público que aparece no áudio está se sentindo o maior entre todos os miseráveis, pois o sentimento de miséria ou o mal-estar financeiro não depende de quanto você ganha, mas depende de como você anda gastando, poupando e investindo o seu dinheiro.
Recentemente eu lancei uma ferramenta aqui no Clube dos Poupadores chamada “Índice de Bem-Estar Financeiro” que foi desenvolvida nos EUA (fonte). O bem-estar financeiro é o objetivo principal da educação financeira. Poupar e investir é parte do processo. Enriquecer ou atingir a independência financeira é uma consequência do processo. Se sentir bem com o que você ganha, poupa e investe é o grande objetivo.
Quem tem e-mail cadastrado aqui no Clube recebeu um convite para usar a ferramenta para descobrir qual é seu próprio índice de bem-estar. Para descobrir o seu índice basta visitar aqui, clicar no botão e responder as 10 perguntas.
A pergunta básica do sistema é “Essa frase representa a sua realidade?” e logo depois temos 10 frases diferentes para que a pessoa possa refletir e medir seu índice:
- “Eu poderia arcar com uma despesa inesperada”
- “Estou cuidando do meu futuro financeiro”…
- “Por causa da minha situação financeira, eu sinto que nunca terei as coisas que quero na vida”
- “Eu posso aproveitar a vida por causa do jeito que estou administrando meu dinheiro”
- “Minha situação financeira me permite apenas sobreviver e não viver plenamente”
- “Eu estou preocupado que o dinheiro que tenho, ou que irei economizar, não irá durar”.
- “Dar um presente para um casamento, aniversário ou outra ocasião prejudicaria minhas finanças do mês”
- “Eu tenho dinheiro sobrando no final do mês”.
- “Estou deixando a desejar no cuidado com minhas finanças”.
- “A minha situação financeira controla minha vida”.
Se o servidor público da reportagem respondesse se essas frases representam a realidade dele, provavelmente o resultado seria um índice de bem-estar financeiro baixo, ou seja, ele sofre de mal-estar financeiro mesmo ganhando um bom salário quando comparamos com a realidade brasileira.
Qual seria a solução do problema de um índice de bem-estar baixo? Será que aumentar a renda (aumento de salário) ajuda a aumentar o índice de bem-estar financeiro?
Maldição do custo de vida elevado
Poderia ajudar um pouco por muito pouco tempo, mas não resolveria o problema definitivamente. As pessoas tendem a cometer o erro de elevar muito o custo de vida quando melhoram sua situação profissional e financeira. Isso é muito comum entre as pessoas que passam em bons concursos públicos. Até já escrevi um artigo sobre a maldição do funcionário público, veja aqui, que costumam se envolver em dívidas. Também é comum quando funcionários de empresas privadas são constantemente promovidos ou quando profissionais liberais e pequenos empresários conseguem sucesso nos negócios.
O custo de vida elevado inviabiliza o bom hábito de poupar e investir. Sem reservas financeiras, sem a construção de um patrimônio a pessoa vai continuar se sentindo miserável. Não importa se ela ganha R$ 5 mil, R$ 25 mil ou R$ 100 mil por mês. O sentimento de miséria pode atingir qualquer pessoa sem educação financeira. Se você gastar tudo que ganha, você se sentirá como se vivesse apenas para pagar contas. Quem ganha muito e gasta tudo, termina o mês sem nada.
Alguém que ganha R$ 24 mil, gasta R$ 20 mil no cartão de crédito e R$ 4.500 de condomínio inevitavelmente tem o bem-estar financeiro degradado e certamente vai se sentir miserável.
A culpa do sentimento de miséria não é do salário de R$ 24 mil. Provavelmente a culpa está na tentativa de manter um padrão de vida mais elevado do que a renda permite. Se você nunca parar de aumentar o seu custo de vida para “parecer mais rico do que realmente é”, você vai se sentir um eterno miserável, pois nunca vai acumular os recursos para realmente ser e se sentir cada vez mais rico. É muito importante definir qual é o padrão de vida suficiente. Se nunca for suficiente, você nunca terá algum nível de bem-estar financeiro.
Reserva e bem-estar financeiro
Uma boa reserva de dinheiro, produz grande bem-estar financeiro. Você só terá reservas se for capaz de controlar seu custo de vida e o manter estável até um determinado nível, ou seja, você precisa gastar menos do que ganha ou seu padrão de vida precisa ser menor do que poderia ser.
É por isso que a primeira questão do índice de bem-estar tem relação com a sua reserva financeira para emergências (“Eu poderia arcar com uma despesa inesperada”). Existem muitos servidores públicos que ganham muito bem e por culpa da estabilidade no emprego não se preocupam com a formação de uma reserva de emergência. Muitas vezes se envolvem com dívidas de crédito consignado quando ocorrem emergências.
A segunda questão tem relação com o cuidado que estamos tendo no presente com relação ao nosso futuro (“Estou cuidando do meu futuro financeiro”). Estudar sobre investimentos é cuidar do seu futuro financeiro. Aplicar esse conhecimento poupando e investindo é cuidar do seu futuro financeiro e isso eleva seu bem-estar financeiro.
Quem não tem uma boa reserva e quem não faz nada para cuidar do futuro financeiro vai acabar sentindo que nunca terá as coisas que quer na vida. Esse é justamente o tema da terceira questão (“Por causa da minha situação financeira, eu sinto que nunca terei as coisas que quero na vida”). A falta de reservas e cuidados financeiros nos anos anteriores vai limitar a forma como você pode aproveitar a vida no momento presente e isso é medido pela quarta questão (“Eu posso aproveitar a vida por causa do jeito que estou administrando meu dinheiro”).
Quando você ganha R$ 24 mil, gasta R$ 20 mil de cartão de crédito e R$ 4500 de condomínio vai acabar se sentindo como se a sua situação financeira só permitisse sobreviver e isso é medido pela quinta questão (Minha situação financeira me permite apenas sobreviver e não viver plenamente”).
Problemas físicos e mentais
A falta de educação financeira resulta em mal-estar financeiro. O mal-estar financeiro produz sintomas mentais e físicos. Parece ser o caso de servidor público da reportagem que também reclama sobre a necessidade de usar medicamentos (fonte) como consequência do salário que recebe.
Muitas vezes as pessoas procuram os médicos reclamando desses sintomas físicos e mentais gerados pela falta de bem-estar financeiro. Elas passam a tomar medicamentos para reduzir o estresse, depressão, obesidade e distúrbios do sono. Os medicamentos tratam os sintomas ou os efeitos, mas não trata a causa do problema.
A pesquisa que fiz entre os leitores inscritos no Clube dos Poupadores, que são nossos leitores fieis que recebem conteúdo por e-mail todas as semanas, mostrou que 88% dos nossos leitores possuem índice de bem-estar financeiro nas faixas de médio alto(19,2%), alto (38,2%) ou muito alto (30,6%).
Temos 8% com índice médio baixo, 2,6% com índice baixo e somente 1,3% com índice muito baixo. Para que possamos fazer uma comparação, a pesquisa realizada no Brasil mostrou que o brasileiro tem índice “médio baixo”. A pesquisa feita nos EUA mostrou que sua população tem índice “médio alto”. Isso significa que o índice de bem-estar financeiro da maioria dos nossos leitores está bem acima do índice que representa a população de países desenvolvidos como os EUA e acima do nosso próprio país.
Certamente isso não tem tanta relação com a renda das pessoas que acompanham o Clube, mas tem grande relação com o que elas estão estudando e a maneira como as pessoas poupam e investem o próprio dinheiro.
Uma pessoa que segue um site sobre educação financeira, provavelmente é alguém que já percebeu que isso pode ajudar a melhorar seu índice de bem-estar financeiro enquanto estuda e aplica o que aprende na própria vida.
Reclamar e colocar a culpa do nosso mal-estar financeiro em fatores externos é sempre a opção mais fácil. Precisamos evitar isso, pois enquanto o problema não for assumido ele não poderá ser resolvido.
Seria muito bom se todos os servidores públicos, todos os funcionários das empresas privadas, profissionais liberais e pequenos empresários buscassem melhorar seus conhecimentos sobre como ganhar, poupar e investir o próprio dinheiro. É isso que podemos fazer imediatamente para melhorar o nosso bem-estar financeiro.
Parabéns para todos os leitores que já estão com índice elevado. Se você ainda não sabe o resultado do seu índice, visite aqui. Faça o teste uma vez por ano e verifique se o seu índice de bem-estar melhorou ou piorou com o passar do tempo. Recomende o teste para seus amigos e parentes.
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