Você já ouviu falar da “Maldição Financeira do Funcionário Público”? O ciclo cruel dessa maldição explica a dívida de R$ 169,2 bilhões que todos os servidores públicos possuem em bancos e financeiras do país. Isso é quase 10 vezes mais que a dívida dos funcionários das empresas privadas nesta mesma modalidade de crédito.
Todos os problemas financeiros dos servidores públicos começam antes mesmo da aprovação no concurso. No vídeo abaixo você verá respostas para a pergunta: “O que você vai fazer quando passar no concurso público?”
- Abrir uma empresa;
- Viajar pelo mundo;
- Comprar carro;
- Comprar apartamento;
- Comprar casa de praia;
- Comprar sítio.
Concurso público não garante prosperidade financeiro:
Quem assiste o vídeo acima percebe que existe uma confusão entre passar em concurso público e ganhar na Mega-Sena. Infelizmente os novatos acreditam que ao serem aprovados terão uma prosperidade financeira automática e garantida. A realidade mostra o contrário. Passar em um concurso público pode significar o início de inúmeros problemas financeiros.
A grande verdade é que sem educação financeira, não adianta passar em concurso público e muito menos ganhar na loteria. Problemas financeiros, na maioria das vezes, não são gerados por falta de dinheiro, mas por falta de educação financeira Veja vários exemplos de pessoas que ganharam muito dinheiro e que por falta de educação financeira só tiveram problemas na vida.
Estabilidade e independência financeira dependem da maneira como você irá gastar, poupar e investir o seu salário de servidor público e não de quanto você irá ganhar por mês. É fácil perceber que os concurseiros do vídeo estão com crenças erradas. A maneira como pensam sobre dinheiro, trabalho e consumo é a base para o início da Maldição Financeira do Servidor Público. Veja como funciona:
A maldição financeira:
Todo problema começa logo depois que o novo servidor público toma posse. Ele será obrigado a abrir uma conta bancária em um banco indicado pela instituição pública onde irá trabalhar. É através desta conta que o servidor receberá seu salário. Os servidores públicos são clientes altamente disputados pelos bancos e pelas financeiras. Infelizmente é uma das categorias que mais se endividam e alimentam os lucros dos bancos.
Após a abertura da conta, o banco não perderá tempo. Ele oferecerá crédito consignado com prestações mensais descontadas do salário do servidor automaticamente. Essas prestações podem comprometer até 35% do salário do servidor. O banco também oferece cartão de crédito, cheque especial e dinheiro para comprar veículos e imóveis financiados. Tudo isso é oferecido com muita estratégia de venda e de marketing para seduzir e convencer o servidor a antecipar todos os seus sonhos utilizando o dinheiro do banco. A justificativa para esta antecipação é a estabilidade do emprego público.
Caindo em tentação:
São raros os servidores públicos que conseguem escapar da tentação de começar na profissão com um carro zero km financiado, um apartamento financiado, uma casa de veraneio e uma maravilhosa viagem parcelada em muitas vezes para curtir nas primeiras férias.
A influência dos colegas de trabalho afeta até aqueles que pretendem poupar e investir o próprio dinheiro para realizar esses sonhos de forma planejada, sem pagar juros e taxas para bancos e financeiras. Quem deseja poupar pode enfrentar dificuldades para se socializar com colegas que possuem uma postura diferente diante da poupança e das dívidas.
É difícil ter paciência fazendo o sacrifício de poupar enquanto seus colegas estão vivendo com um elevado padrão de vida através do acúmulo de dívidas que fazem as pessoas se sentirem ricas quando na verdade estão pobres e endividadas.
Crédito Consignado não é oportunidade:
Toda a maldição começa no crédito consignado. Como as instituições financeiras podem retirar as prestações do salário do servidor de uma forma automática, o risco de inadimplência é quase nulo. Isso resulta em taxas de juros mais baixas. O servidor público faz comparações entre as taxas que possui acesso e as taxas que tinha antes de ser servidor público.
Infelizmente essa comparação faz o servidor acreditar que está diante de uma oportunidade que precisa ser aproveitada. Ele não percebe que uma oportunidade boa seria poupando e investindo o próprio dinheiro para ganhar juros sobre juros e depois fazer sua compra planejada. Ele prefere comprar imediatamente para “aproveitar” as taxas de juros reduzidas e assim se comportar como todos os seus outros amigos servidores públicos.
O resultado disso é que através do crédito consignado o servidor público acaba comprometendo até 35% da sua renda mensal (fonte). Agora o servidor precisa se adaptar com uma vida limitada em 65% da sua renda.
Cheque especial e cartão de crédito agravam o problema:
Alguns servidores vão perceber que podem aumentar a renda através do cheque especial e cartão de crédito. Aqui a situação começa a ficar grave. Todos os bancos oferecem cartões de crédito para servidores públicos com grande facilidade. O servidor começa a abrir contas em outros bancos e a pedir todo tipo de cartão de crédito, cartões de lojas e de financeiras.
Muitas vezes a renda do servidor já estava comprometida com o pagamento de prestações de imóveis financiados que também podem comprometer até 30% da renda familiar. Neste caso, você já começa a comprometer a renda do seu cônjuge. O mesmo vale para o financiamento de veículos.
Dificilmente alguém consegue passar mais de um ano sem quebrar diante das dívidas cumuladas em cartões de crédito e cheque especial. Os juros no cartão de crédito já estão próximos de 450% ao ano (fonte). Isso significa que uma dívida atrasada no cartão de crédito pode ficar 5,5 vezes maior em apenas 1 ano. Os juros do cheque especial são os maiores já registrados nos últimos 22 anos (fonte) e a sua dívida pode triplicar de tamanho em apenas 12 meses.
Quando a dívida se torna quase impagável os bancos chamam os servidores e oferecem a quitação de todas as dívidas através de um empréstimo pessoal ou CDC (Crédito Direto ao Consumidor). A dívida fica consolidada com valores muito elevados. As parcelas são debitadas na conta corrente automaticamente. O servidor público agora está diante de uma dívida que vai demorar muitos anos para ser paga.
Pesadelo financeiro do funcionário público:
Você pode verificar nessa reportagem, que quando dividimos a dívida de todos os servidores públicos (somente com o crédito consignado) concluímos que cada um dos 11,2 milhões de servidores estão devendo em média R$ 15 mil cada um. Isso equivale a metade do salário de um Ministro do STF. O problema é que o salário médio dos servidores é de R$ 2,9 mil mensais.
A reportagem mostra o exemplo de um funcionário da Secretaria da Fazenda que representa o drama dos servidores. Ele precisa viver com metade da sua renda, já que a outra metade está comprometida com o pagamento de dívidas. Dos R$ 7.8 mil que recebe brutos ele tem R$ 3,8 mil descontados mensalmente para pagar as dívidas com o banco. Sobram R$ 4 mil. Segundo ele, pedir um empréstimo no banco para quitar a dívida do cartão de crédito não resolveu seu problema.
Já a situação do bombeiro militar (dessa outra reportagem) é muito pior. Ele já tentou o suicídio duas vezes por não conseguir encontrar solução para o seu endividamento. Vale lembrar que suicídio não paga dívida e a situação da família fica muito pior. Pai de três filhos, o segundo sargento da corporação começou a ter problemas há 15 anos, ao pedir o primeiro empréstimo. Isso mostra que os problemas da falta de educação financeira se arrastam e crescem como uma bola de neve.
Hoje, o bombeiro, que recebe R$ 9 mil brutos (R$ 7,5 mil líquidos) deve R$ 145 mil ao BRB (Banco de Brasília). Ele já estava há seis meses sem receber salário, já que as instituições financeiras descontam os juros, taxas e a amortização da dívida direto na conta do servidor. Os filhos saíram da escola e o proprietário do imóvel onde mora está pedindo a devolução do mesmo por atraso no pagamento dos aluguéis. O bombeiro só não passa fome por receber ajuda das pessoas. Essa realidade do bombeiro é a realidade de outros 1300 funcionários públicos, somente do governo do Distrito Federal, que estão com 100% dos salários comprometidos com o pagamento de dívidas. Outros 5000 estão com até 60% do salário comprometido.
Este mesmo problema atinge servidores públicos de todo Brasil. Em várias categorias os salários estão com reajustes congelados. A inflação aumenta as despesas dos servidores por reduzir o poder de compra do dinheiro. O tempo vai agravando a situação até o momento em que você precisa tomar a decisão entre comer ou pagar juros das dívidas.
Não existe dívida boa no consumismo:
Passar em concursos públicos e ter uma renda maior não significa ter prosperidade, segurança e independência financeira. Os números mostram que a estabilidade no emprego acaba gerando acomodação, descontrole e sérios problemas financeiros. Basta observar que a cidade brasileira com a maior renda familiar (por ter muitos funcionários públicos) é a que possui mais famílias endividadas (veja a reportagem). É possível perceber na matéria que as pessoas entendem dívidas que podem ser pagas em dia como dívidas boas. Não existe dívida boa para comprar roupas, eletrônicos, lanchas e casas de praia (mostradas na matéria).
Dívida boa é quando você é empreendedor e faz um investimento na empresa que vai gerar lucros maiores que os juros pagos aos bancos. Um exemplo seria a compra de um equipamento utilizado para aumentar a produção e o lucro da empresa. Outro exemplo seria a dívida para investir na sua educação que irá resultar no aumento do seu salário.
Todas as demais formas de dívidas são ruins, mesmo quando você tem dinheiro para pagar as prestações. Você sempre estará comprometendo a sua renda futura com o pagamento de juros (mesmo quando os juros estão embutidos). As pessoas vão pagar juros sobre juros para comprar bens de luxo e de lazer que elas poderiam adquirir de uma forma saudável através da poupança e do investimento que permite ganhar juros sobre juros.
Vou publicar aqui uma passagem retirada do livro “Pai Rico Pai Pobre” do Robert Kiyosaki:
Um luxo verdadeiro é uma recompensa por ter investido e desenvolvido uma coluna de ativos (uma carteira de ativos). Por exemplo, quando minha mulher e eu auferimos uma renda maior com nossos apartamentos, ela comprou sua Mercedes. Ela não fez nenhum trabalho extra, ou arriscou sua parte, porque os imóveis compraram o carro. Contudo, ela teve que esperar durante quatro anos enquanto o portfólio de imóveis crescia e finalmente começou a gerar suficiente renda extra para pagar o carro. Mas o luxo, o Mercedes, foi uma verdadeira recompensa: ela provou que sabia como aumentar sua coluna de ativos. Esse carro significa muito mais para ela do que apenas outro carro bonito. Significa que utilizou sua inteligência financeira para adquiri-lo.
O que muita gente faz é comprar compulsivamente um carro ou outro bem de luxo a crédito (através de financiamentos). Podem estar se sentindo entediadas e desejam apenas um brinquedo novo. Comprar um luxo a crédito leva alguém, mais cedo ou mais tarde, a se ressentir desse luxo, porque o endividamento se torna um ônus financeiro (é o que está acontecendo hoje com muitos brasileiros). Depois que você dedicou seu tempo e investiu em seus negócios, está pronto para acrescentar o toque mágico – o maior segredo dos ricos. O segredo que põe os ricos muito à frente da multidão. A recompensa no fim da estrada por ter dedicado diligentemente seu tempo para cuidar de seus negócios. – Livro Pai Rico Pai Pobre de Robert Kiyosaki.
Alerta aos servidores:
Quase metade dos leitores do Clube dos Poupadores é composta por servidores públicos. Descobri isso através de uma pesquisa que fiz entre nossos leitores no ano passado. Essa pesquisa do IBGE explica o motivo. Servidores públicos são ao mesmo tempo os que mais poupam e os que mais acumulam dívidas. Enquanto uns poupam muito, outros servidores se endividam muito.
Se você é servidor, tome cuidado para não cair na maldição financeira dos servidores públicos. Funcionários da iniciativa privada sabem que podem ser demitidos a qualquer momento. Eles precisam ter uma boa reserva financeira para que possam viver até encontrarem um novo emprego. Profissionais liberais e empreendedores possuem uma renda mensal variável que depende das vendas e dos serviços prestados. Por este motivo precisam ter reservas para superar a queda nas vendas, imprevistos, crises e as sazonalidades do negócio.
O servidor público também precisa ter uma reserva de emergência para não depender do dinheiro dos outros (créditos consignados, cartões e empréstimos). Não faz nenhum sentido passar no concurso público, ter uma boa renda mensal, ter um emprego estável e por conta disso se transformar em um escravo do sistema financeiro. Quando você começa a trabalhar só para pagar juros de dívidas impagáveis, você se torna escravo do sistema.
Na antiguidade, o maior medo dos plebeus (agricultores, artesãos e comerciantes) era acumular dívidas e impostos atrasados até serem literalmente escravizados pelos seus credores. Naquele tempo as pessoas endividadas eram obrigadas a trabalhar sem receber nada em troca pelo resto da vida. Hoje a situação não é diferente, só que as pessoas não percebem que se tornam escravas quando passam a vida toda trabalhando para pagar juros e taxas.
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