Experiências nos fazem mais felizes. Estudos mostram que as pessoas são mais felizes quando buscam novas experiências, do que quando compram novos objetos e bens com o dinheiro que poupam. Estas pesquisas foram feitas por dois psicólogos chamados Leaf Van Boven e Thomas Gilovich.
Eles concluíram que as coisas que compramos produzem uma felicidade passageira, já as experiências nos fazem felizes no longo prazo. No livro Microeconomia e Comportamento de Michael Fitzpatrick existe uma trecho onde o autor fala das descobertas destes dois psicólogos:
…descobriram que as pessoas tendem a se adaptar mais rapidamente ao consumo de bens do que ao consumo de experiências. Assim, embora a maioria das pessoas experimente um ímpeto de satisfação quando adquirem pela primeira vez um televisor, com tela maior, esse sentimento quase que invariavelmente tende a decair com rapidez. Uma vez que tenhamos nos acostumado com uma TV maior, seus atributos favoráveis entram em segundo plano, isto é, não estamos mais conscientes deles.
Isto é muito fácil de perceber nas crianças. Os presentes que produzem novas experiências, como uma bicicleta, são os que elas mais gostam. Dificilmente presentes como sapatos ou roupas fazem uma criança mais feliz. Os outros brinquedos são esquecidos e abandonados rapidamente.
Se você é casado(a) há algum tempo, provavelmente se recorda mais da sua viagem de lua de mel do que dos presentes de casamento que ganhou dos seus amigos e parentes.
Mais amigos ou mais patrimônio?
A quantidade de coisas que você compra e acumula não é proporcional a quantidade de felicidade que você terá na vida. Pode até acontecer o contrário. Quanto mais as pessoas acumulam coisas (que precisam ser cuidadas) mais chateações e problemas elas acumulam na vida. Já ouviu falar que uma casa de praia proporcionam apenas dois momentos de felicidade? Um quando você compra e o outro quando você vende. Casas de praia são muito divertidas no começo. Com o passar do tempo elas podem se transformar em fonte de problemas e de despesas fixas. Existem alguns bens que exigem cuidados mensais e isto significa perder tempo e dinheiro com eles.
As pesquisas mostram que quanto mais experiências você acumula na vida, mais você se sente feliz. É claro que ter uma casa para passar férias pode proporcionar muitas experiências agradáveis com a presença de amigos e parentes. O que proporciona a felicidade não é ter a casa, mas as experiências com os amigos e os parentes. Assim, ter duas ou três casas de férias não fará você duas ou três vezes mais feliz. Ter mais momentos com seus amigos produz mais felicidade, e não precisamos gastar muito para conviver mais com nossos amigos e parentes.
Se você parar para fazer os cálculos e observar os custos de manutenção de um imóvel, que só é usado nas férias, perceberá que alugar uma casa nas férias ou pagar as diárias de um hotel podem ser bem mais baratos, principalmente se fizer isto em conjunto com seus amigos. Você pode investir o dinheiro da casa em uma aplicação que renda juros e com estes juros você pode planejar bons momentos, sem gerar custos fixos de manutenção de um imóvel.
Prazer é o bem supremo da vida?
O escritor James Wallman defende em seu livro Stuffocation que as pessoas abandonem o materialismo e busquem o experimentalismo. Ele fala sobre a “adaptação hedonista”, onde hedonismo significa doutrina filosófica-moral que afirma ser o prazer o bem supremo da vida humana. Esta adaptação ao prazer pode ser vista quando você se desfaz do seu smartphone velho e compra um smartphone novo.
Quando você compra o novo smartphone fica eufórico, conta para seus amigos, fala sobre as vantagens do novo aparelho em comparação ao antigo. Na segunda semana a animação não é mais a mesma. Um ou dois meses depois o novo smartphone já faz parte da paisagem do seu dia-a-dia. Você se acostuma com o smartphone e já começa a pensar na possibilidade de comprar o novo modelo que será lançado daqui a alguns meses. Alguns anos depois você já não se lembra do antigo smartphone.
No caso da felicidade produzida por uma experiência, ela não passa com o tempo e não costuma ser esquecida. Quando você se recorda de uma viagem, do seu casamento, do nascimento de um filho, de uma festa de aniversário, da festa de formatura, a felicidade daquele momento é trazida para o presente. Experimente olhar as fotos de momentos felizes da sua vida em um dia que você estiver se sentindo triste.
A frustração de comprar
James também fala de “reinterpretação positiva”. Você compra um sapato ou um eletrodoméstico novo e pouco tempo depois percebe que a escolha não foi boa e você se decepciona. Aquela compra pode se tornar uma fonte de chateação. Infelizmente você perdeu o seu dinheiro, tempo e ainda se chateou. Quando você investe em uma experiência e as coisas não acontecem como o esperado a situação é diferente. A sua memória sobre aquele momento, no futuro, não será tão ruim. Algum problema que ocorre em uma viagem, muitas vezes se transforma em uma situação engraçada que você contará para seus amigos como uma experiência inesperada e curiosa. Mesmo enfrentando problemas, estes problemas se tornam parte da sua experiência de vida.
Outro ponto que ele destaca é que as coisas são fáceis de comparar e as experiências não. Esta comparação pode ser motivo de infelicidade ou tristeza. Se você tem um carro popular e seu amigo tem um carro esportivo, é inevitável que você não se sinta bem com a comparação. Pode ser até que você queira se matar de trabalhar para comprar um carro como o do seu amigo, ou se endivide para fazer isto. Já no caso de uma experiência gerada por uma experiência (exemplo: viagem), o que vale é a experiência e não quanto custou esta experiência.
Você pode dar a volta ao mundo de avião se hospedando em hotéis 5 estrelas, como pode dar a volta ao mundo dentro de um carro, morando em uma barraca como o casal de leitores do Clube dos Poupadores está fazendo. São experiências com custos diferentes, mas totalmente únicas e incomparáveis. Conhecer a Europa no estilo mochileiro, gastando o mínimo possível, pode ser até mais interessante e enriquecedor do que fazer a mesma viagem gastando muito dinheiro, as vezes gastam o equivalente a um veículo ou um apartamento (sem ter condições para isto).
Inclusive já me deparei com muitas pessoas que enfrentam esta dúvida. Elas se questionam se seria melhor gastar o dinheiro que possuem comprando um imóvel ou fazendo uma viagem? Seria melhor gastar dinheiro comprando um carro ou fazendo uma viagem? É uma questão muito pessoal e as pessoas precisam refletir avaliando os custos e os benefícios, não só os benefícios imediatos, mas os de longo prazo.
A vida é o resultado de muitas escolhas
As pessoas tentam ou deveriam tentar obter o máximo de benefício em troca de cada real gasto. Toda vez que pensamos antes de comprar, estamos refletindo entre deixar de comprar uma coisa para comprar outra. Sempre estamos com uma dúvida sobre o máximo benefício que teremos em comparação ao custo. Nossas escolhas são mais acertadas quando somos racionais e temos todas as informações que precisamos para tomar uma decisão. Nossas escolhas tendem ao erro quando agimos movidos pela emoção (que é facilmente manipulada por quem vende) e quando nos faltam todas as informações sobre aquilo que estamos comprando.
A grande verdade é que cada pessoa é diferente da outra. A bagagem de conhecimentos e experiências que carregamos dentro de nós, nos difere e interfere naquilo que valorizamos. Fazemos escolhas diferentes, valorizamos coisas diferentes, nos sentimos felizes de formas diferentes. Não existe uma forma certa ou errada. O que existem são decisões mais conscientes e por isto mais acertadas, e decisões menos conscientes, que muitas vezes resultam em arrependimentos.
Antes de fazer qualquer escolha faça a seguinte pergunta: Esta escolha que estou fazendo agora vai tornar minha vida melhor nos próximos 5 anos? Ela vai agregar alguma coisa nova e boa na minha vida a tal ponto que serei uma pessoa melhor ou terei uma vida melhor no futuro?
Um futuro melhor precisa fazer parte do seu plano de vida, já mostrei como fazer isto neste artigo.
Isto vai ajudar no momento distinguir, por exemplo, o valor de uma viagem realizada com o objetivo de aprender uma nova língua ou realizar um curso no exterior, ou uma viagem para fazer compras em Miami. Isto vai te ajudar a diferenciar o valor de um smartphone top de linha em comparação ao custo que você terá realizando um curso ou um treinamento.
Assista a este vídeo e depois deixe seu comentário sobre o que você acha sobre acumular experiências ou acumular patrimônio:
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