Desde junho tive acesso ao estudo produzido pelo Marcos Lisboa, Mansueto Almeida e Samuel Pessôa, que desenha um futuro triste e realista sobre a nossa economia. É claro que este tipo de estudo não é premonitório. São previsões de economistas que podem acontecer se nada mudar depois que o estudo foi publicado. Acontecimentos futuros podem piorar ou melhorar as previsões.

Antes quero fazer um esclarecimento: Venho fazendo grande esforço para reduzir a publicação de artigos que possam gerar pessimismo entre os leitores mais leigos. Normalmente o leitor menos informado tende a se afastar ou atacar o “mensageiros de notícias ruins”. O problema é que a quantidade de fatos negativos está aumentando e isto já reflete muito vida dos leitores. Fica muito difícil não tratar desses assuntos em um site de educação financeira quando eles afetam a poupança, os investimentos e a vida financeira das pessoas.

Prometo que o próximo artigo desta semana será mais motivador e falará sobre empreendedorismo para quem está deixando o emprego assalariado. O crescente número de demissões, em todos os setores da economia, está motivando muita gente a pensar na abertura de um pequeno negócio. Muitos bons negócios começam no meio de grandes crises.

Recentemente o Estadão pulicou uma entrevista bem educativa com os três autores do estudo chamado “O Ajuste Inevitável”. Você pode baixar o estudo visitando aqui ou pode assistir o vídeo para entender melhor a situação que estamos passando.

Conheça os autores do estudo:

Mansueto Almeida é mestre em economia pela USP/SP, doutor em Políticas Públicas pelo MIT/Cambridge (EUA). Trabalha no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que é uma fundação pública do Governo Federal. Tem um blog pessoal que fala sobre economia em http://mansueto.wordpress.com

Samuel Pessôa é doutor em economia pela USP/SP e professor de pós-graduação em economia da Fundação Getúlio Vargas. Ele é chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV). Ele publica artigos neste site aqui.

Marcos Lisboa é Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvâni (EUA). Atual diretor presidente do Insper. Já foi vice-presidente do Itaú e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Também já foi professor da FGV e do Departamento de Economia da Universidade de Stanford. Ele publica artigos no site do Insper.

Conclusão do vídeo acima:

O governo já não consegue mais gastando mais do que arrecada (sem esconder isso da sociedade) e para resolver o problema existem algumas saídas:

  1. Arrecadar mais. Isso se faz através de novos impostos ou aumentando os que já existem;
  2. Reduzir os gastos públicos com benefícios sociais, bolsas, subsídios, aposentadorias, etc;
  3. Reduzir o tamanho do Estado;
  4. Tornar as instituições públicas e seus colaboradores mais eficiente. Fazer mais com menos.

A primeira opção é a mais fácil de todas para os políticos (não importa o partido). Tudo indica que o governo pretende aumentar a arrecadação elevando os impostos das empresas. É uma maneira de aumentar os impostos pagos pela população sem que ela perceba que pagará a conta.

Quando o governo aumenta os impostos das empresas elas inevitavelmente transferem esse aumento para os preços dos produtos e serviços que oferecem. Isto faz a inflação aumentar. A população leiga vai colocar a culpa do aumento do custo de vida na inflação e não no aumento dos impostos que o governo aplicou sobre as empresas.

A população tem a ideia de que a inflação é culpa dos empresários. O governo já divulgou que presente aumentar os impostos (PIS e Cofins) das empresas que produzem tablets, computadores e smartphones no Brasil. Isto significa que em breve esses eletrônicos estarão mais caros. É uma forma indireta de aumentar os impostos pagos pela população (fonte).

Nenhum político está disposto a votar qualquer medida que reduza ou tire qualquer benefício social (não importa o partido). A população tem a percepção de que muito do que é arrecadado é mal gasto ou desviado. Votar medidas contra aposentados, contra a educação e a saúde é extremamente impopular neste momento em que tantos políticos estão sendo investigados por crimes contra o dinheiro público. Apoiar este tipo de medida seria o suicídio político de qualquer pessoa que queira se eleger no futuro.

Nenhum político gosta da ideia de defender uma redução do Estado, afinal de contas, funcionários públicos são eleitores. Tornar o serviço público mais eficiente esbarra nos interesses de uma parte do funcionalismo público que não tem o menor interesse em ser mais eficiente. A luta é sempre por melhores salários. Ninguém luta por mais eficiência e mais produtividade. Os servidores são organizados, possuem sindicados fortes, influência política, podem promover greves e gerar mais descontentamento da população contra os políticos.

Choque de realidade:

Nesse pronunciamento do dia 31/08/2015 e pela primeira vez na história, o governo entregou um projeto de Orçamento prevendo gastos maiores que as receitas (déficit). O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, diz no vídeo abaixo que será necessário adotar medidas para controlar os gastos obrigatórios. Isto significa mexer nas regras da previdência, mexer no bolso do funcionalismo público e nos gastos com saúde.

Isto significa que não devemos esperar muito ou depender muito da previdência pública no futuro, não devemos depender tanto de saúde e quem é funcionário público deve se prevenir e repensar a ideia de estabilidade financeira. Precisamos poupar mais e investir melhor.

Quem movimenta dinheiro paga mais impostos:

Quanto mais você movimenta seu dinheiro, mais você paga impostos. Você paga impostos quando o dinheiro entra na sua conta (imposto de renda sobre salário, sobre investimentos, sobre aluguéis, sobre pró-labore, etc.). Quando você gasta seu dinheiro também paga impostos. Todos os produtos e serviços vendidos possuem impostos embutidos. Você só não está pagando impostos quando o dinheiro fica parado, investido no sistema financeiro rendendo juros. Se não for um investimento como fundo de investimento que possui o come-cotas, você só pagará imposto de renda sobre o rendimento quando resgatar o investimento.

Como receber a devolução dos seus impostos:

Você deve saber que o governo utiliza grande parte dos impostos que arrecada para pagar juros. Esse juro vai para o bolso daquele que empresta dinheiro para o governo através da compra de títulos públicos. Os bancos, fundos de investimento, fundos previdência e até planos de saúde e seguradoras são as instituições que mais emprestam dinheiro para o governo através da compra de títulos públicos. O dinheiro que eles emprestam não são deles, é dinheiro dos seus clientes (a população). Os bancos e as outras instituições financeiras não deixam seu dinheiro parado esperando você precisar dele. Grande parte é investido em títulos públicos.

Uma maneira de ter os impostos que você paga retornando para o seu bolso é emprestando dinheiro para o governo. O dinheiro que o governo usará para pagar os juros é retirado do bolso de todos os brasileiros, incluindo aqueles que não fazem qualquer investimento, do mais pobre até o mais rico.

Percebeu a crueldade do sistema? O governo que gasta mais do que arrecada acaba produzindo inúmeros desequilíbrios e distorções e ainda assim aparece na televisão como promotor da distribuição de renda e da igualdade social.

Lamentavelmente o sistema que temos é esse e enquanto a população não entender como ele funciona, nada mudará. Por isto, cabe a cada família fazer um esforço para entender como o sistema funciona para poder defender aquilo que consegue construir com muito trabalho. É isso que você faz quando dedica algum tempo aprendendo sobre como investir melhor o seu dinheiro.

O governo gastou mais com inovação do que o Japão.
Por que fracassamos?

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