Como vimos no artigo anterior, acumular os seus primeiros R$ 100 mil é a parte mais difícil e importante da conquista da sua independência financeira. Muitas pessoas passam a vida com problemas financeiros por não compreender o mecanismos de sabotagem que elas mesmas criam no início da vida profissional. Parecem trabalhar para se tornarem cada vez mais dependentes, ou seja, estão construindo a própria dependência financeira.

Quem começa a vida profissional contraindo dívidas está, na prática, cavando um buraco antes mesmo de ter construído o chão. E o mais trágico: faz isso achando que está prosperando. Compra um carro com parcelas de 60 vezes, financiado a juros elevados, e acha que fez um bom “investimento”. Financia uma casa com 35 anos de carnê e acha que está “construindo patrimônio”. Passa o cartão para viajar em 24 vezes e acha que está “aproveitando a juventude”. Tudo isso antes mesmo de acumular os primeiros R$ 100 mil.

É como plantar dívidas esperando colher riqueza. A matemática é simples. Quando você tem pouco capital, cada real importa. Em vez de multiplicar, você divide. Em vez de construir, você aluga. Não aluga o carro, nem a casa — aluga sua liberdade. E o fiador? É o banco. Seu “sócio” vitalício, juntamente com os políticos que ficam com impostos no ato da compra.

Os juros compostos, que deveriam trabalhar para você (investimentos), passam a trabalhar contra você (dívida). A dívida não é apenas um atraso, é um acelerador ao contrário: puxa para trás enquanto você tenta correr. É como tentar atravessar um rio nadando com uma âncora amarrada no pescoço.

A primeira década da vida profissional deveria ser o momento de maior acúmulo, mais horas trabalhadas, mais esforço para a construção das bases da sua independência financeira. Você tem energia, tempo e nenhuma despesa com filhos ou com a sua saúde. Mas o que faz o brasileiro médio? Troca o futuro próspero por uma prosperidade fictícia no presente, financiado tudo que pode. Troca a possibilidade de liberdade por um status social comprado a prazo. E o que sobra depois? Arrependimento.

Agora, a pergunta: por que isso é tão comum? Por que os jovens são incentivados, desde cedo, a se endividar? Por que há tanto estímulo ao financiamento e tão pouca educação financeira real?

O Estado adora sua dívida (e odeia sua liberdade financeira)

Você já se perguntou por que é tão fácil conseguir um financiamento no Brasil? Carro em 60 vezes sem entrada. Imóvel com 35 anos de carnê. Crédito consignado aprovado em minutos. Experimente falar para os seus amigos que você se recusa a fazer dívidas e prefere viver uma vida simples enquanto acumula o máximo possível para poder investir melhor no futuro. Você vai descobrir que é quase um crime não se endividar no Brasil. O sistema oferece tudo — menos liberdade financeira.

E isso não é acidente. É projeto.

O endividado é previsível. É domesticado. Ele não questiona, não protesta, não exige. Ele agradece quando o governo “dá” mais prazo, mais subsídio, mais programa de renegociação. É como um cão que late de alegria ao ver a coleira.

Famílias financeiramente estáveis, poupadoras, investidoras e empreendedoras são perigosas para o sistema brasileiro. Elas não precisam de favores estatais. Elas olham para a inflação e percebem o roubo. Olham para os impostos e enxergam extorsão. Elas tentam votar com consciência. E o pior (do ponto de vista dos políticos): ensinam seus filhos a fazer o mesmo.

Você acha mesmo que os políticos querem milhões de brasileiros financeiramente independentes? Não, eles querem milhões de dependentes, juntamente com todos os amigos dos políticos (os grandes bancos). Por isso estimulam a dívida como forma de controle. Financiamento fácil é a nova forma de voto cativo. É o populismo travestido de oportunidade. O político moderno não distribui pão, distribui crédito fácil.

Não é por acaso que programas habitacionais ou as linhas de crédito de bancos estatais para “inclusão” nunca falam em poupança, planejamento ou liberdade econômica. O foco é outro: gerar uma massa eternamente devedora e eternamente grata. Uma clientela eleitoral.

O Brasil que poderia ser (mas que os políticos temem)

Imagine um país com milhões de jovens que, ao invés de financiar carro, usaram os primeiros salários para investir. Que não fizeram consignados, não entraram no consórcio e nem no financiamento, mas montaram um fundo para comprar à vista no futuro. Que trabalharam duro nos primeiros dez anos, economizaram, investiram e chegaram a centenas de milhares de reais acumulados para tirar maior proveito dos investimentos. Agora imagine esse exército de cidadãos livres, conscientes, donos do próprio destino.

Esse país seria impossível de governar com esmolas. Dificilmente os políticos teriam apoio para adotar medidas que desvalorizam a moeda, produzem inflação e crises econômicas se as pessoas estivessem poupando, investindo e empreendendo.

O político populista não saberia o que fazer. Ninguém mais se emocionaria com um “vale qualquer-coisa”. Ninguém mais engoliria promessas de salário mínimo valorizado por decreto, nem se deixaria enganar por falsos profetas do “direito social” à custa dos outros. O brasileiro investidor e poupador não cairia na falácia do “imposto sobre os ricos” — ele saberia que, no fim, sempre sobra para a classe média que produz.

Esse novo cidadão diria “não” a programas de transferência de renda (sem qualquer critério) sustentados por déficit público. Ele exigiria responsabilidade fiscal, menos burocracia, menos regulamentação. Ele questionaria o INSS, FGTS, CLT e os encargos trabalhistas e toda essa máquina disfarçada de proteção, mas que serve mesmo é para sabotar o empreendedorismo e a independência financeira.

E o que aconteceria com os partidos que vivem da dependência alheia? Entrariam em pânico. Afinal, o voto do cidadão livre não está à venda. Ele é leal aos princípios (que é defender as economias de sua família), não aos programas dos políticos. Ele valoriza a liberdade, não a tutela. Ele não se contenta com promessas: ele quer instituições sólidas, moeda forte e um Estado que pare de atrapalhar.

Esse é o Brasil que poderíamos ter. Mas para chegar lá, o jovem precisa fazer uma escolha crucial: quer ser um servo com bens financiado, ou um homem livre com capital acumulado?

Acumular os primeiros R$ 100 mil é um ato de insubordinação silenciosa contra um sistema inteiro que vive da sua servidão. Poupar é resistir. Conquistar a independência financeira é a mais alta forma de rebelião contra a engrenagem que alimenta a dependência.

A maneira mais eficaz de combater a pobreza é começar vencendo a sua — dando o exemplo aos que estão ao seu redor e, ao fazer isso, retirando poder das mãos de quem lucra com a miséria alheia.

Aqui estão dois artigos que você deveria ter lido sobre o assunto:

  1. O Caminho Solitário e de Sacrifícios até os Primeiros R$ 100 Mil
  2. Quanto tempo para os primeiros R$ 100 mil até R$ 1 milhão?

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