Você entregaria um cheque em branco, assinado, sem limites, nas mãos de um político? É isso que você fará quando apertar aquele botão verde na próxima vez que estiver diante de uma urna eletrônica.

Encare as eleições como a escolha dos políticos que poderão gastar uma boa parte do dinheiro que você ganhará nos próximos anos. 

Esse dinheiro é aquele que retiram do seu bolso quando você recebe alguma renda, quando recebe os rendimentos de um investimento ou quando compra qualquer coisa. O brasileiro trabalha 153 dias por ano, em média, somente para pagar impostos (fonte) que serão gastos pelos políticos que elegemos em cada eleição.

A desculpa para que as coisas funcionem dessa forma é a de que os políticos sabem gastar o nosso dinheiro de forma mais inteligente do que nós mesmos.

Isso é uma máquina de assinar cheque em branco. Ela fornece ao político eleito o direito de gastar dinheiro em seu nome. Além de gastar o dinheiro que tiram da sua família através dos impostos, os políticos também podem fazer dívidas em seu nome (dívida pública) com juros pagos por você, seus filhos, netos, bisnetos e futuros descendentes.

Já faz muito tempo que acreditamos nessa história de que, para o bem de todos, os políticos devem ter o poder de gastar uma boa parte do dinheiro que ganhamos durante a vida.

É graças a essa crença que permitimos que um terço do que produzimos seja tomado pelo governo. Atualmente, a carga tributária brasileira é de algo próximo de 35% de tudo que produzimos, ao ano (PIB).

Isso significa que se você dividisse todo dinheiro que a sociedade ganha por ano (tudo que as pessoas e as empresas produzem), o governo confiscaria uma parte e nos deixaria com as outras duas. Ele ainda faria isso como se fosse um favor.

Na prática, só temos o direito de gastar parte de tudo que conseguimos ganhar com os empregos, investimentos ou com as empresas que criamos para produzir algum produto ou serviço útil para a sociedade.

Os políticos jogam trabalhadores contra empresários, empresários contra trabalhadores e todos contra os investidores. No fim, todos se odeiam e eles continuam tirando uma fatia cada vez maior de todos que trabalham, empreendem e investem.

O governo confisca uma parte do que é seu, sempre que você ganha ou gasta algum dinheiro. Quando você ganha, é forçado a pagar imposto de renda, imposto sobre o rendimento dos investimentos, imposto sobre ganho de capital, imposto sobre herança, etc.

Quando você gasta algum dinheiro, é obrigado a pagar impostos embutidos nos preços dos produtos e serviços como ICMS, ISS, IPI, CIDE, imposto sobre produtos importados, etc. Você também é obrigado a pagar impostos anuais caso queira ser dono de um imóvel ou veículo (IPTU e IPVA). O CPMF já tributou qualquer movimento de dinheiro. O IOF tributa as prestações das dívidas, operações de câmbio e alguns investimentos.

A criatividade dos políticos é surpreendente quando o objetivo é tirar dinheiro da sociedade. Existem impostos, taxas e contribuições para praticamente tudo (lista) e eles ainda acham pouco. Sempre querem aumentar as alíquotas e criar novos impostos para promover o que eles chamam de “justiça”. Muitos desses impostos são disfarçados de contribuições e direitos. A própria inflação pode ser entendida como um tipo de imposto.

A ideia de que existem políticos com inteligência acima da média, justos, honestos e bons, capazes de gastar o seu dinheiro, melhor do que você gastaria, em benefício de toda a sociedade, é muito bonita…

Seria maravilhoso se uma pessoa justa, de enorme sabedoria, infinita bondade e inquestionável honestidade assumisse a responsabilidade de cuidar de todos nós, melhor do que nós mesmos. Seria muito confortante se essa pessoa pudesse garantir um futuro melhor para os nossos filhos, gerando bem-estar e igualdade, sem pedir nada em troca ou transferindo esse custo para outras pessoas.

Se você acredita que alguém precisa cuidar de você, e se você sempre está buscando alguém que assuma essa responsabilidade, recomendo que leia esse artigo.

Sim, existem algumas poucas atividades onde a ação do Estado, por meio de seus políticos e burocratas possuem a sua importantes. Nessas áreas, todos os esforços e recursos deveriam ser concentrados, mas naturalmente, com o passar do tempo, o Estado estende os seus tentáculos por todas as áreas, penetrando onde ele não é importante, tornando a vida as pessoas cada vez mais difícil e custosa, por exigir cada vez mais e mais recursos para sustentar sua crescente ineficiência.

Para entender de forma didática, por qual motivo os políticos são tão ineficientes no momento de gastar o dinheiro que tiram de nós através dos impostos, é necessário entender o comportamento humano diante dos gastos.

Quatro formas de gastar o seu dinheiro

No mundo real, tirando raras exceções, existem quatro maneiras diferentes de se gastar dinheiro. As decisões que as pessoas tomam no momento de gastar dinheiro dependem de quem será beneficiado e de quem é o dinheiro gasto. Isso interfere no seu comportamento e no comportamento de toda as pessoas, incluindo os políticos. Veja as 4 formas:

Primeira forma: Você gastando o seu dinheiro para beneficiar você mesmo. Você resolveu se presentear. Depois de um ano de trabalho, você resolveu realizar um sonho de consumo. Você inicia uma boa pesquisa para encontrar qual é a melhor marca, loja, qual tem melhor qualidade, mais garantia e a melhor relação de custo-benefício. Durante a compra, você ainda tenta negociar um bom desconto.

Segunda forma: Você gastando o seu dinheiro para beneficiar os outros. Você vai participar de uma confraternização entre os colegas do seu trabalho. Cada participante precisa comprar alguma lembrancinha que será utilizada na brincadeira de confraternização. Ninguém saberá que foi você que comprou a tal lembrancinha. Ao entrar na loja, você terá uma postura bem diferente do exemplo anterior. O seu objetivo tende a ser a compra da lembrancinha mais barata possível. A qualidade não é importante como no primeiro exemplo.

Terceira forma: Você gastando o dinheiro dos outros para beneficiar você. A empresa onde você trabalha mandou você viajar para o exterior para participar de um evento internacional. Você recebeu um cartão da empresa e a autorização para gastar livremente com hospedagem e alimentação. Todas as suas despesas serão pagas pela empresa, sem nenhum questionamento. Nesse contexto, você dificilmente perderá o seu tempo pesquisando o melhor custo-benefício. Provavelmente você escolherá os melhores e mais caros restaurantes e hotéis da cidade.

Quarta forma: Você gastando o dinheiro dos outros para beneficiar outras pessoas (que você nem conhece):  Se o dinheiro e o benefício não forem seus, você não terá estímulo para agir como agiria no primeiro exemplo dessa lista. Você só faria o seu melhor se estivesse movido pela boa vontade, por motivações éticas e morais elevadas. Quando os políticos gastam o seu dinheiro para beneficiar pessoas que você não conhece, o descaso tende a ser total. Gastar o dinheiro dos outros para beneficiar os outros é a forma mais ineficiente de gastar dinheiro. Quando 1/3 de todo dinheiro da economia é gasto dessa forma, criamos uma série de outros problemas. Não existe muita preocupação sobre o quanto será gasto e nem com a qualidade do que será comprado. Isso explica por qual motivo o governo gasta bilhões em educação e saúde e muitas escolas, postos de saúde e hospitais são precários. Talvez esses serviços fossem melhores se alguma lei obrigasse os familiares dos políticos a utilizarem serviços públicos. Talvez eles fossem melhores se disputassem a preferência das pessoas, assim como as empresas concorrem entre si na preferência dos consumidores, que no exemplo seriam os contribuintes. Muitas vezes, os políticos escolhem as pessoas que receberão os benefícios do seu dinheiro. Essas escolhas costumam seguir interesses pessoais ou de partidos.

Você pode assistir ao vídeo do autor dessas ideias e conhecer o livro que fala sobre esse tema clicando aqui.

Os políticos possuem o poder de definir seus próprios salários. É o resultado do poder de gastar o dinheiro dos outros em benefício próprio, sem objeções dos donos do dinheiro (nós).

Infelizmente, não podemos escapar dessas quatro formas de gastar dinheiro. Esses quatro exemplos são os comportamentos mais comuns e instintivos das pessoas, quando precisam tomar decisões sobre gastar o próprio dinheiro ou o dinheiro dos outros, em benefício próprio ou em benefício dos outros.

Negar que as pessoas tendem a se comportar assim é querer negar a natureza comum dos seres humanos. Por esse motivo, devemos tomar muito cuidado no momento de escolher as pessoas que terão o poder de gastar o dinheiro dos nossos impostos, pois os estragos que pessoas despreparadas ou mal-intencionadas podem produzir, são devastadores. Não é somente a sua vida que está em jogo, mas a vida da sua família e de todos os seus descendentes.

São poucas as pessoas que tomam decisões que transcendem seus instintos, focadas no bem comum, entendendo que isso também produz o bem para ela e para a sociedade onde vive. Normalmente, pessoas com essa sabedoria não se interessam muito pela política, isso torna a escolha de bons políticos uma tarefa ainda mais difícil. A política desperta maior interesse daquele que se motivam por seus instintos de poder, tão natural e tão previsível em nossa espécie.

“O homem é o lobo do homem”, ideia atribuída ao filósofo inglês Thomas Hobbes no livro: Leviatã.

Sabedoria, honestidade e boa vontade são atributos raros. O sábio, normalmente, não deseja ocupar um cargo público para controlar a vida e o dinheiro de ninguém, pois ele entende que a única coisa que as pessoas precisam é receber uma boa educação, para que possam utilizar o próprio dinheiro com sabedoria. Isso significa fazer uso dos próprios recursos em benefício próprio, colaborando direta ou indiretamente com todos ao exercer o direito de tomar decisões inteligentes sobre o próprio dinheiro.

O tipo de gente que “vende a ideia” de que pode cuidar de você e do seu dinheiro, melhor do que você mesmo(a), frequentemente decepciona aqueles que acreditam nessas fantasias.

De um lado temos uma grande parte da população que fantasiam a ideia de que alguém pode assumir a missão de cuidar de todos, como se fosse um “Grande Pai”, uma “Grande Mãe” ou um “Grande Pastor” que dedica sua vida a prover o bem do seu rebanho. Do outro lado, existem pessoas que se candidatam para exercer esse papel, saciando essas fantasias da população, em troca dos benefícios pessoais que esse tipo de poder oferece.

As poucas pessoas que teriam atributos para assumir esse papel de grandes líderes, são justamente as que acreditam nos benefícios de uma população cada vez mais livre e não cada vez mais dependente do governo.  Defender a liberdade das pessoas e a responsabilidade que essa liberdade proporciona, não gera muitos votos e não elege muita gente. Com isso, os eleitos são sempre aqueles que prometem mais dependência, mais interferência, mais pão e mais circo grátis.

Antes de votar, consulte o programa de governo do partido ou do seu candidato preferido (reportagem com link para todos os programas de governo).

Considere que você está assinando um cheque em branco. Assim como você jamais contrataria uma pessoa despreparada, irresponsável e desonesta para cuidar do seu patrimônio, você não deveria fazer o mesmo ao escolher aquele que gastará o dinheiro dos seus impostos.

Lembre-se: gastos públicos irresponsáveis serão pagos por você, seus netos, filhos e bisnetos através de impostos cada vez mais elevados, inflação e crises econômicas futuras.

Vote com responsabilidade e depois cobre resultados dos que forem eleitos, pois além de um cheque em branco, você também estará assinando um contrato em branco.

Aprenda a cuidar bem do seu dinheiro. O seu futuro depende cada vez mais disso. Veja como os meus livros podem ajudar.

Sobre os comentários desse artigo: em respeito aos leitores, qualquer comentário que possa estimular brigas políticas e discussões infrutíferas, não será publicado.

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