O DEBB11 é um ETF de renda fixa que costuma superar o retorno do CDI, sendo o primeiro ETF de crédito privado do Brasil.
Vamos explorar o que ele é, como funciona, suas vantagens, impostos, riscos e para que você possa avaliar se é uma boa opção para sua carteira de investimentos. Tudo isso de forma didática e com uma linguagem clara.

O que é o DEBB11?

O DEBB11 é um ETF (Exchange Traded Fund) de renda fixa, listado na B3 (a bolsa de valores brasileira), que tem como objetivo replicar o desempenho de uma carteira de debentures que fazem pare do Índice Teva Debêntures DI.
Ele é o pioneiro no Brasil quando falamos de ETFs focados em crédito privado, ou seja, investe principalmente em debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas, que são indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), a taxa de referência para investimentos de renda fixa no Brasil.
Diferentemente de outros ETFs de renda fixa, como os que investem em títulos públicos (ex.: IMAB11 ou LFTS11), o DEBB11 foca em debêntures corporativas, oferecendo uma alternativa para quem deseja diversificar a carteira com ativos de empresas grandes, mantendo um perfil conservador, mas com um potencial de retorno um pouco acima do CDI.

Onde o DEBB11 Investe?

O DEBB11 segue uma metodologia para selecionar as debêntures que compõem sua carteira. Aqui estão os principais pontos:
  • Composição da carteira:
    • 90% em debêntures indexadas ao CDI, com uma remuneração média de CDI + 1,5% a 1,8% ao ano (o chamado “spread de carrego”).
    • 10% em Tesouro Selic (LFTs), para manter liquidez e cumprir os critérios do índice.
  • Critérios de seleção:
    • Debêntures com emissão superior a R$ 300 milhões.
    • Volume mensal de negociação no mercado secundário de pelo menos R$ 10 milhões nos últimos dois meses.
    • Negociação em pelo menos 40% dos dias nos dois meses anteriores ao rebalanceamento mensal.
    • Exclui debêntures de empresas em recuperação judicial, extrajudicial ou com eventos de resgate antecipado não previstos.
  • Diversificação:
    • A carteira é composta por mais de 250 ativos de mais de uma centena de empresas diferentes, com nenhum emissor representando mais de 4,5% do fundo. 
    • Exposição a diversos setores, como saúde, telecomunicações, educação e energia elétrica.
  • Gestão passiva:
    • O fundo segue o Índice Teva Debêntures DI, com rebalanceamento mensal, sem depender de decisões ativas de um gestor. 
  • Duration média:
    • Os títulos têm um prazo médio de vencimento (duration) de 2 a 3 anos, o que reduz a volatilidade em comparação com debêntures de prazos mais longos.

Impostos no DEBB11:

Um ponto importante para o pequeno investidor é entender a tributação. No caso do DEBB11, os impostos funcionam assim:
  • Alíquota de Imposto de Renda:
    • Como o prazo médio de repactuação dos títulos na carteira é superior a 720 dias, a alíquota de IR é fixa em 15% sobre o ganho de capital, independentemente do tempo que você mantém as cotas.
    • O imposto é retido na fonte pela corretora no momento da venda das cotas, o que simplifica a vida do investidor, pois não é necessário emitir DARF ou fazer cálculos manuais (diferentemente de ETFs de renda variável).
  • Fundo de acumulação:
    • O DEBB11 reinveste automaticamente os juros e cupons recebidos das debentures onde investe, sem distribuir proventos aos investidores do ETF. Isso significa que você só paga imposto quando vende suas cotas, diferentemente de fundos tradicionais de crédito privado com come-cotas (falaremos mais sobre isso adiante).
  • Sem isenção de IR:
    • Diferentemente das debêntures incentivadas (usadas em projetos de infraestrutura, como as dos FIIs de infraestrutura – FI-Infra), o DEBB11 não tem isenção de Imposto de Renda. Como vimos o imposto será de 15% sobre a valorização do ETF, mas somente no dia que você resolver vender o ETF.
Essa estrutura tributária é vantajosa para quem planeja manter o investimento por longo prazo, já que o reinvestimento automático potencializa o efeito dos juros compostos sem a mordida semestral do come-cotas.

Vantagens do DEBB11

O DEBB11 tem características que o tornam uma opção atraente para o investidor conservador. Vamos detalhar as principais vantagens, comparando com outras alternativas de investimento:
1. Vantagem sobre Fundos de Crédito Privado com Come-Cotas
  • Ausência de come-cotas:
    • Fundos tradicionais de crédito privado (debêntures), oferecidos por bancos e corretoras, sofrem com o come-cotas, uma cobrança semestral de Imposto de Renda que reduz o montante investido e impacta os juros compostos. No DEBB11, como o imposto é cobrado apenas na venda das cotas, seu dinheiro cresce sem interrupções, maximizando o retorno no longo prazo. 
  • Alta alocação:
    • Fundos tradicionais mantêm uma parcela significativa em ativos de alta liquidez (como Tesouro Selic) para cobrir resgates, o que reduz a rentabilidade (fenômeno chamado de cash drag). O DEBB11, por outro lado, mantém 90% da carteira alocada em debêntures, aumentando o potencial de retorno.
  • Custo menor:
    • A taxa de administração do DEBB11 é de 0,6% ao ano, considerada alta para um ETF de gestão passiva, mas ainda assim inferior às taxas de muitos fundos ativos de crédito privado, que podem ultrapassar 1% ou incluir taxas de performance.
2. Vantagem sobre FI-Infra
  • Menor volatilidade:
    • Fundos de Infraestrutura (FI-Infra), frequentemente investem em debêntures híbridas (indexadas ao IPCA ou prefixadas), que sofrem maior marcação a mercado em períodos de alta de juros. O DEBB11, com debêntures indexadas ao CDI e duration curta (2 a 3 anos), tem volatilidade mais controlada, ideal para o investidor conservador.
  • Aderência ao valor patrimonial:
    • ETFs como o DEBB11 são negociados na bolsa com um preço muito próximo ao valor patrimonial, graças ao mecanismo de criação e destruição de cotas pelos formadores de mercado. Já os FI-Infra, por serem fundos fechados, podem ser negociados com ágio ou deságio, o que pode distorcer o valor real do investimento.
  • Gestão passiva:
    • Enquanto FI-Infra dependem de gestores ativos, o DEBB11 segue uma metodologia fixa, reduzindo o risco de decisões subjetivas e aumentando a transparência. Você sempre sabe quais ativos estão na carteira, pois eles estão publicados na página do ETF, veja aqui.
3. Vantagem sobre Investir Diretamente em Debêntures
  • Sem vencimento:
    • Quando você investe diretamente em debêntures, precisa lidar com o vencimento do título, o que pode gerar imposto na data do resgate. No DEBB11, como o fundo reinveste os cupons e não tem vencimento, você só paga IR quando vender suas cotas, permitindo maior controle sobre o momento do pagamento do imposto.
  • Diversificação:
    • Comprar debêntures individualmente exige um capital elevado para montar uma carteira diversificada e conhecimento para analisar emissores. O DEBB11 oferece exposição debêntures de mais de 100 empresas com um investimento inicial baixo (o preço de uma cota é acessível).
  • Liquidez:
    • Debêntures no mercado secundário podem ter baixa liquidez, dificultando a venda antecipada (caso você precise do seu dinheiro). O DEBB11, negociado na B3 com uma boa liquidez diária, permite entrar e sair do investimento com facilidade.
  • Gestão profissional sem esforço:
    • O DEBB11 elimina a necessidade de você analisar cada debênture, já que a metodologia do índice seleciona títulos de empresas sólidas e com alta liquidez.
4. Outras Vantagens
  • Consistência de retornos:
    • Desde 2016, o índice que o DEBB11 replica entregou um retorno de 120,65% até dezembro de 2024, superando o CDI em 70% das janelas de 12 meses, 92,93% das janelas de 36 meses e 95% das janelas de 60 meses. Isso mostra que, no longo prazo, o fundo tem alta probabilidade de oferecer retornos acima da taxa livre de risco.
  • Simplicidade:
    • Por ser negociado na bolsa como uma ação, você pode comprar o DEBB11 pela sua corretora com a mesma facilidade de investir em ações ou fundos imobiliários.
  • Transparência:
    • A carteira é atualizada mensalmente, e você sabe exatamente em quais ativos está investindo, ao contrário de fundos ativos, onde as decisões do gestor podem ser menos claras.

Riscos do DEBB11

Embora o DEBB11 seja uma opção conservadora dentro da renda fixa, ele não está isento de riscos. É fundamental que o investidor entenda esses pontos para tomar decisões conscientes:
  • Risco de crédito:
    • Como o fundo investe em debêntures corporativas, existe o risco de calote por parte das empresas emissoras. No entanto, os filtros rigorosos (emissões acima de R$ 300 milhões, alta liquidez e exclusão de empresas em recuperação judicial) reduzem esse risco, mas não o eliminam completamente.
  • Volatilidade em crises econômicas:
    • O DEBB11, apesar de ser menos volátil que FI-Infra ou ações, pode sofrer quedas em momentos de estresse no mercado. Exemplos notáveis:
      • Crise da Covid (2020): Queda de 7,52% devido ao pânico generalizado no mercado.
      • Crise das Americanas e Light (2023): Queda de 1,33% após problemas de crédito dessas empresas, que impactaram o mercado de debêntures.
      • Joesley Day (2017): Queda de 1,2% em meio a um escândalo de corrupção que abalou o mercado brasileiro.
    • Essas quedas, embora expressivas, foram temporárias, com o fundo se recuperando posteriormente. A duration curta e a indexação ao CDI ajudam a limitar a volatilidade, mas crises podem trazer oscilações.
  • Risco de taxa de juros:
    • Embora as debêntures sejam indexadas ao CDI, mudanças bruscas na política monetária ou na percepção de risco do mercado podem afetar o preço das cotas no curto prazo.

Conclusão: 

O DEBB11 é um ETF de renda fixa que pode ser facilmente usado pelo pequeno investidor que busca diversificar sua carteira de renda fixa com um crédito privado que, mantendo um perfil conservador (rende um pouco acima do CDI no longo prazo). Ele oferece vantagens claras sobre fundos tradicionais de renda fixa (ausência de come-cotas), FI-Infra (menor volatilidade) e debêntures individuais (liquidez e diversificação). No entanto, é importante estar ciente dos riscos, como quedas em momentos de crise e a taxa de administração relativamente alta. Este artigo educativo não é uma recomendação de investimentos. Busque o conhecimento, leia e estude sobre os investimentos para que possa decidir sem depender das opiniões dos outros.

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