Todo evento que altera o comportamento das pessoas e suas expectativas sobre o futuro acaba produzindo algum tipo de impacto na economia e nos investimentos.

Doenças que provocam surtos, epidemias ou pandemias são exemplos disso. São eventos imprevisíveis, mas que acontecem com frequência e por isso devem ser consideradas. Dessa forma, a dúvida que podemos manter é sobre quando esses eventos vão acontecer e não se eles vão acontecer. O seu acontecimento é uma certeza.

No gráfico logo abaixo temos o exemplo disso. A lista mostra o nome de diversas epidemias registradas nas últimas décadas sobre um gráfico azul que representa o índice “MSCI World” que mede o desempenho das 23 maiores bolsas de valores do mundo.

 

Observe na tabela acima que em muitos casos praticamente não ocorreram mudanças significativas nos mercados e a recuperação veio logo nos primeiros 3 ou 6 meses.

Devemos considerar que no passado as pessoas se informavam através da televisão, rádio e jornais de papel.  Atualmente, qualquer pessoa com um celular conectado na internet pode produzir e disseminar informações (vídeos e fotos) capazes de gerar grande comoção mundial.

As imagens impressionantes de hospitais sendo construídos às pressas na China, em apenas 7 dias de obras, produziram espanto mundial e foram feitas por celulares e pequenos drones. Muitas imagens como essas estão se propagando, junto com boatos e até notícias falsas que provocam dúvida e medo. Essa situação não ocorria nos surtos e epidemias passadas.


Por esse motivo, fica difícil prever qual será o impacto no comportamento das pessoas diante do consumo e dos seus investimentos.

O fato é que decisões movidas por medo, costumam produzir riscos por um lado e oportunidades por outro, pois como vimos, todos esses eventos produziram seus impactos negativos nos primeiros meses e logo foram diluídos graças ao controle e ao surgimento de vacinas (como foi o caso da gripe H1N1).

A grande incerteza envolve quanto tempo será necessário para que a doença seja controlada e qual impacto ela produzirá nas duas principais economias do mundo: EUA e China. O gráfico logo abaixo nos ajuda a entender.

China e EUA são as maiores potências econômicas do mundo. Na animação acima, os anos vão passando e os países na cor azul possuem os EUA como seu maior parceiro comercial. A cor vermelha indica que a China é o maior parceiro comercial do país.

O gráfico também nos permite entender os motivos da guerra comercial entre EUA e China. Grande parte do mundo possui a China como seu principal parceiro comercial nos dias de hoje, mas nem sempre foi assim.

A China possui 1,3 bilhões de pessoas trabalhando e consumindo todos os dias. Demandam enorme quantidade de comida e de todo tipo de matéria-prima, que se transformam em produtos de todos os tipos vendidos para o mundo inteiro. Provavelmente existe algum produto chinês próximo de suas mãos nesse exato momento. É assim no mundo todo.

A China já declarou que seu crescimento econômico pode cair no primeiro trimestre como consequência do coronavírus (fonte). A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (30/01/2020) o coronavírus como uma emergência global. O lado positivo do anúncio será o início de uma série de iniciativas globais para conter a proliferação do vírus e a busca por vacinas e tratamentos.

Alguns bancos e corretoras estão divulgando relatórios entre seus investidores comentando o impacto que eles acreditam que pode ocorrer no mercado brasileiro. O Brasil é um dos maiores exportadores para a China.

Uma queda no comércio com a China pode desacelerar o crescimento no mundo inteiro. Uma desaceleração no crescimento do Brasil, produzido por uma queda no comércio com a China, pode resultar em crescimento baixo. Sem crescimento, certamente será difícil para o Banco Central aumentar os juros, a não ser que a inflação acabe aumentando por culpa de uma forte alta no dólar.

Sobre a inflação devemos considerar que a simples expectativa de que a China demandará menos minério, menos celulose, menos petróleo, menos alimentos, menos matérias-primas de todos os tipos, já reduz o preço das commodities no mundo inteiro.

Isso reduz a expectativa de receitas e lucros das empresas que produzem e exportam esses materiais e consequentemente os preços das ações dessa empresas são revistos pelos investidores.

Menos demanda por ações, preços de ações menores. Por outro lado, a queda no preço das commodities reduz a inflação dos preços no Brasil e no resto do mundo. A carne é um exemplo de produto que fica mais caro para o brasileiro quando a demanda por carne aumenta no exterior e ficam baratos quando a demanda cai. Com o combustíveis acontece o mesmo. A desaceleração das economias demanda menos petróleo e combustíveis.

Empresas do setor de turismo e aviação devem ser atingidas se ocorrer uma redução nas viagens nacionais e internacionais no momento em que as pessoas passem a evitar ao máximo esse tipo de deslocamento em aeroportos, regiões turísticas etc. Já empresas que produzem e comercializam medicamentos podem se beneficiar com a venda de máscaras, produtos hospitalares, medicamentos etc. Lembro bem que durante a crise da gripe H1N1 estava difícil encontrar álcool gel e os preços se elevaram rapidamente.

Existe um site que mostra um monitoramento global, em tempo real, dos casos confirmados e mortes provocadas pelo coronavírus pelo mundo (veja a última atualização). O projeto é mantido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins (JHU), Maryland, EUA. A foto abaixo é um exemplo da situação quando esse artigo foi escrito:

Como podemos observar no gráfico logo abaixo, os casos confirmados tendem a se expandir em grande velocidade nos primeiros dias. A linha vermelha mostra o número de casos nos primeiros 5 dias de coronavírus. Na linha laranja temos os casos confirmados da gripe H1N1 em 2009 e em azul temos os casos da SARS em 2003.

Entendo que é importante observar os desdobramentos tendo o cuidado para não se deixar influenciar pelo sensacionalismo e principalmente vídeos, fotos e notícias falsas que já estão circulando pela internet.

Sim, é possível que no futuro um vírus possa exterminar milhões de pessoas como já aconteceu com a peste negra em 1300, cólera, tuberculose e varíola entre 1800 e 1900, gripe espanhola e tifo em 1918.

Mas considere que também é muito provável que milhões de mortes já tenham sido evitadas nos últimos 50 anos em todas as epidemias que já enfrentamos graças aos avanços na tecnologia, medicina e meios de comunicação.

Somos menos vulneráveis hoje do que já fomos séculos atrás. Vacinas, antivirais e mesmo antibióticos são invenções relativamente recentes. Temos meios de nos comunicar com bilhões de pessoas transmitindo orientações de saúde e higiene que resultam em maior prevenção. Nada disso era possível no passado.

Sendo assim, antes de tomar qualquer decisão sobre seus investimentos entenda que a situação pode ser passageira, ou seja, existe uma probabilidade de que seja um evento que afetará os mercados por algumas semanas ou meses, como ocorreu nos últimos 50 anos que aparecem no primeiro gráfico desse artigo. Mantenha a atenção sobre os próximos desdobramentos, mas faça isso com serenidade e inteligência. Dessa forma, onde muitos só conseguem ver riscos, talvez você consiga ver oportunidades.

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