Qual é a rentabilidade mensal do seu emprego? Talvez você nunca tenha parado para pensar que o seu emprego pode ser encarado como um tipo de investimento, pois de fato é isso que ele é.

A grande diferença que existe entre o “investimento na forma de emprego” e os investimentos financeiros, é que no emprego você investe o seu tempo (sua vida) com o objetivo de pagar seus custos e obter algum lucro no final de um período. Já no investimento financeiro, você não precisa investir o seu tempo, basta investir o seu dinheiro para obter algum lucro no final de um período.

Vamos imaginar que você é alguém que ganha R$ 5.000,00 por mês no seu emprego. Imagine que você trabalha 44 horas de segunda a sábado totalizando 220 horas por mês em troca dessa remuneração.

Podemos afirmar que você investe 220 horas da sua vida por mês para ter um rendimento bruto de R$ 5.000,00. Não podemos dizer que esse é o seu lucro mensal. Antes mesmo do dinheiro cair na sua conta, o governo ficará com R$ 550,00 de INSS (11%) e R$ 365,12 de imposto de renda retido na fonte. Existem outros descontos, mas vamos considerar apenas esses. Você receberá R$ 4.084,88 líquidos.

Ainda não podemos dizer que você lucrou R$ 4.084,88 ao investir 220 horas no emprego, pois para investir essas horas da sua vida, você teve diversos custos para se manter. É o seu custo de vida. Se você fosse uma empresa, você teria diversos custos mensais para se manter operacional. Você só saberia o seu lucro depois de descontar todos os custos da empresa.

No nosso exemplo, vamos descontar todos os custos de um mês da sua vida. Vamos imaginar que depois de pagar todas as contas sobraram R$ 400,00. Obs: aqui estamos sendo otimistas. Você será uma pessoa privilegiada quando conseguir terminar o mês com esse dinheiro no bolso, pois de cada 10 brasileiros, menos de 3 conseguem economizar algum dinheiro por mês (fonte).

Agora vamos imaginar que essa quantia de R$ 400,00 está livre para ser poupada, investida ou gasta com qualquer outra coisa. Nessa condição, esse é o dinheiro que realmente ficou no seu bolso depois de pagar tudo que você deveria pagar. Esse é o dinheiro que você pode chamar de seu. Agora sim, depois de descontar todos os impostos, taxas, provisões, reservas, custos fixos e custos variáveis da nossa vida, temos R$ 400,00 de lucro.

Se você terminasse o mês sem qualquer sobra, o lucro do seu investimento de 220 horas de vida seria zero. Você teria trabalhado só para pagar contas. Se no lugar de um emprego, você tivesse um pequeno negócio e o lucro do mês fosse zero, você ficaria incomodado(a) com a ideia de ter trabalhado o mês inteiro somente para pagar contas. Seria como trabalhar de graça. Se isso continuasse acontecendo por muito tempo, muito provavelmente você fecharia a empresa e investiria o seu dinheiro e o seu tempo em alguma outra forma de investimento mais rentável.

Eu acredito que dificilmente você manteria o seu dinheiro em um investimento com rentabilidade zero ou negativa por muito tempo.

O curioso é que muitos investem suas vidas em empregos que geram rentabilidade zero por décadas ou por toda vida. Talvez, se o emprego fosse encarado por todos como um investimento, essa condição de trabalhar somente para pagar contas, seria alvo de reflexões e ações para mudar essa realidade.

Agora vamos imaginar como ficam os investimentos financeiros. Você, através do nosso exemplo, conseguiu R$ 400 reais de lucro, depois de pagar todos os seus custos, investindo 220 horas da sua vida em um emprego. Quanto dinheiro você deveria ter em um investimento financeiro para ganhar esses mesmos R$ 400 todos os meses, sem precisar entregar 220 horas preciosas do seu tempo para uma empresa?

Imaginando um cenário onde seja possível obter apenas 0,5% de juros líquidos todo mês em um investimento financeiro, você precisaria de R$ 80 mil investidos. Isso produziria os mesmos R$ 400 reais de lucro, mas sem que você tivesse que entregar suas 220 horas de trabalho. Dependendo do seu nível de conhecimento sobre investimentos, essa rentabilidade poderia ser maior ou menor.

No final do investimento financeiro, você ainda poderá sacar os R$ 80 mil, mas no caso do “investimento emprego”, você nunca poderá sacar suas 220 horas mensais que foram investidas.

Se o investimento fosse 10 vezes maior, nessas mesmas condições, ou seja, de R$ 800 mil com rentabilidade de 0,5% ao mês, a sua renda seria de R$ 4.000,00. Isso é quase o equivalente a renda obtida com o trabalho neste nosso exemplo e você ainda teria suas 220 horas mensais livres para fazer o que bem entender com elas. Obs: essas taxas e valores são apenas exemplos que ilustram o artigo, você pode adotar qualquer taxa e qualquer valor que se enquadre na sua realidade. Não fique olhando para o meu dedo, olhe para o caminho que estou apontando



Podemos dizer que esse seria o patrimônio, dentro do nosso exemplo, necessário para que a renda do investimento financeiro fosse equivalente a renda do investimento de tempo no emprego. Isso seria o equivalente a atingir uma independência financeira.

Perceba que um investimento financeiro é uma fonte de renda passiva, pois o lucro mensal obtido não depende do investimento do seu tempo. Você não pode ter infinitos empregos para aumentar a sua renda, mas pode ter inúmeras fontes de renda passiva, construídas no decorrer de uma vida.

Quanto mais fontes de renda passiva você conquistar durante o seu tempo de vida produtiva, menos você dependerá do comprometimento do seu limitado tempo. Isso é importante quando você considera que a nossa idade avança junto com limitações ao trabalho, principalmente para aquele trabalho que exige força, no lugar de inteligência.

O ideal seria depender cada vez menos do investimento de horas em um emprego e conquistar cada vez mais fontes de renda que possam ser geradas passivamente, como as proporcionadas pelos investimentos financeiros.

O objetivo aqui é fazer você refletir sobre o fato do seu emprego ser um tipo de investimento. Ele exige um investimento de tempo e de energia vital (que é sua limitada disposição para realizar atividades mentais e físicas para o seu empregador durante um número de horas por dia).

Como todo investimento, é fundamental que você busque obter o melhor retorno possível por cada hora trabalhada.

O valor da sua hora trabalhada depende do valor daquilo que você é capaz de produzir através da sua bagagem de conhecimentos, habilidades e experiências. Esses elementos podem ser ampliados no decorrer de toda vida, para que a sua hora trabalhada se torne cada vez mais valorizada.

Existem atividades profissionais e empregos onde essa valorização crescente da hora trabalhada baseada no ganho de conhecimento, experiência e habilidades não é fácil. Mesmo assim, ninguém nasce condenado a seguir no mesmo emprego ou atividade profissional para sempre. Caso você queira, tenha uma estratégia e força de vontade para isso, sempre é possível mudar.

Se você assimilar a ideia de que o seu emprego é um investimento, você cuidará do seu emprego assim como um investidor cuida do seu investimento. Você vai buscar aprender mais para obter os melhores resultados consumindo menos tempo e menos recursos.

Não se apegue emocionalmente ao seu emprego, assim como os investidores não se apegam emocionalmente aos seus investimentos. Tenha o cuidado de manter um distanciamento entre você e o seu “investimento emprego”, pois o seu emprego não é você e nem você é o seu emprego, embora as empresas e os sindicatos façam uma enorme pressão psicológica para que você acredite nisso. Pode ter a certeza que você não ganha nada com esse tipo de apego.

Use uma parte do seu tempo e da sua energia vital diária para aumentar o valor do seu tempo, buscando mais conhecimento. Use um pouco do lucro do seu trabalho para valorizar o seu tempo e para construir fontes de renda passiva que livrem você, gradualmente, da dependência de um emprego (independência financeira).

No investimento financeiro nós não temos controle sobre o lucro que teremos. Quando o investimento é de renda fixa, as instituições é que definem qual será o nosso lucro. Quando é de renda variável, o mercado é que determina qual será o nosso lucro.

No “investimento emprego” você tem controle sobre as variáveis que vão definir o seu lucro. É você que define qual será o seu custo de vida. É você que define o que irá estudar, quais habilidades irá desenvolver  e qual profissão irá exercer para investir suas 220 horas mensais. Aproveite esse controle.

Agora reflita. Atualmente o seu emprego é um investimento lucrativo? Seu custo de vida está levando boa parte da renda gerada pelo seu emprego? Existe algo que você possa fazer até o final do ano para reduzir seus custos, sem comprometer sua qualidade de vida? Existe algo que você possa fazer até o final do ano para valorizar a sua hora trabalhada? Quais fontes de renda passiva você tem ou quais pretende construir?

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