O que fazer com o dinheiro sacado do FGTS que está sendo liberado? O governo vem flexibilizando o acesso ao dinheiro do FGTS. Um exemplo é a a possibilidade de saque de até R$ 500 por conta. A partir de abril de 2020 será possível sacar anualmente (saque aniversário) uma parte do FGTS seguindo uma tabela (fonte) (medida provisória).

Vale observar atentamente que a opção pelo saque anual cancela automaticamente a possibilidade de resgate do valor total em caso de demissão sem justa causa. Ou seja, quem for demitido sem justa causa não poderá resgatar o dinheiro do fundo: terá direito apenas à multa de 40%.  Para voltar à modalidade anterior (saque rescisão) será necessário esperar dois anos a partir da solicitação inicial.

A multa de 40% será paga em cima do valor que você tinha antes do saque. O saque do dinheiro depositado no fundo não interfere no valor da multa a ser paga pelo empregador no caso de demissões sem justa causa. A multa toma como base o valor total pago.

Exemplo: imagine que você solicitou a migração para o saque aniversário no mês 1. No mês 2 você foi demitido(a). Você receberá a multa de 40% sobre o valor depositado na conta, mas não terá acesso ao saldo total do fundo, pois optou pelo saque aniversário.

Nada mudou com relação aos saques para a compra da casa própria, doenças graves, aposentadoria e outros casos já previstos anteriormente. O governo também divulgou que 100% do resultado (lucros) do FGTS será distribuído entre os trabalhadores que tinham conta com saldo em 31/12/2018. Até 2018, o percentual era de 50% (fonte).

Um ponto importante é que o saque de até R$ 500 do FGTS não prejudica o direito do trabalhador ao saque-rescisão, liberado em caso de demissão sem justa causa. Para 2019 o calendário de pagamento dos R$ 500 será divulgado pela Caixa em agosto.

Facilitar o acesso ao seu dinheiro é algo positivo, mas é importante saber o que fazer com essa liberdade (liberdade vem junto com responsabilidade).

Os objetivos do governo com essas medidas são uns. Os seus objetivos com relação a esse dinheiro deveriam ser outros.

Tudo indica que os objetivos do governo são:

  • Motivar você a “limpar o seu nome” (caso esteja sujo em algum serviço de proteção ao crédito) para que possa se endividar novamente.  Quem optar pela nova sistemática de saques poderá dar em garantia o valor devido do seu “Saque Aniversário” em operação de crédito contratada junto às instituições financeiras. Assim você poderá consumir mais (através de uma dívida) enquanto ajuda a reaquecer a economia que está parada desde a última crise econômica. Existe um potencial de injeção de R$ 42 bilhões na economia, dos quais R$ 30 bilhões em 2019.;
  • Motivar você a quitar contas atrasadas. Você verá muitos especialistas na imprensa recomendando a quitação de dívidas atrasadas, principalmente as dívidas com juros mais elevados como cartão de crédito e cheque especial. Isso ajuda a reduzir a inadimplência que afeta os lucros das instituições financeiras. Inadimplência elevada estimula juros elevados nos empréstimos e financiamentos. Juros elevados nos empréstimos reduz o consumismo baseado em dívidas. Menos consumismo = menos impostos, menos lucros e menos crescimento da economia;
  • Se você não tem contas atrasadas, todos esperam que você gaste esse dinheiro no comércio. As pessoas tendem a gastar “dinheiro que vem fácil” com supérfluos (vai fácil). Os impostos sobre supérfluos são elevados (muitas vezes passam de 50%), grande parte do dinheiro liberado no FGTS vai acabar retornando para o governo na forma de impostos sobre o consumo;
  • Mais vendas no comércio melhoram os números da economia e isso ajuda a criar uma reação em cadeia e um ciclo virtuoso na economia. Quanto mais as empresas vendem, mais investem, mais empregam e com isso mais pessoas estão prontas para comprar reiniciando o ciclo.
  • Os políticos adoram encontrar uma forma de “dar dinheiro para o povo”. Eles encontram uma forma de retirar o dinheiro das pessoas e depois passam a ideia de que estão dando dinheiro para elas, quando na verdade só estão devolvendo parte do que foi tirado. Isso sempre fica muito bonito nos discursos.

Seu objetivo deveria ser:

  • Você precisa ter uma reserva em dinheiro que funcione como uma proteção em caso de emergências. Crie um fundo de emergência com essas “rendas extras” do FGTS e quando ocorrer algum imprevisto peça dinheiro emprestado para você mesmo e pague juros para você mesmo. Com isso, você nunca mais ficará devendo aos bancos e financeiras quando ocorrer algum imprevisto e o seu salário não for suficiente naquele mês. Solicite um empréstimo para o seu fundo de emergência, pague juros para você mesmo e “sabote” os planos daqueles que querem que você passe a vida inteira pagando juros de dívidas. Mais de 40% da população está com nome sujo e isso poderia ser evitado se fizessem isso (fonte).
  • Quanto mais você consome supérfluos, comprando aquilo que não precisa para impressionar pessoas que você mal conhece, mais você paga impostos e mais dependente do dinheiro dos outros no futuro (empréstimos). O mercado espera que as pessoas gastem os saques do FGTS trocando de celular e outros eletrônicos por modelos novos. Isso ajudou a impulsionar o preço das ações dos grandes varejistas listados na bolsa que estão no setor de comércio (veja aqui). Se você deveria gastar seu dinheiro com qualquer bobagem somente para garantir o aumento da arrecadação do governo e aumento dos lucros e ganho dos investidores. Observe que enquanto as pessoas estão pensando em gastar dinheiro no comércio, os investidores estavam comprando ações das empresas do segmento. Guarde o seu dinheiro, faça investimentos como os investidores fazem e elabore um plano para realizar algo mais importante no seu projeto de vida no futuro.
  • Um estudo do SPC mostrou que pessoas com menos educação são as que mais ignoram essas questões e, como consequência, são as que mais passam a vida trabalhando para pagar juros (fonte). Esse tipo de pesquisa frequentemente afirma que pessoas mais pobres possuem menos interesse por educação financeira. Talvez as pessoas que menos se interessam por educação financeira serão sempre as mais pobres, pois mesmo que consigam alguma renda extra, alguma oportunidade melhor de emprego, vão acabar se endividando, pagando juros, taxas e nunca irão acumular recursos para que possam investir nelas mesmas (educação) e em ativos que geram mais renda (investimentos). Sem educação e sem investimentos fica difícil construir e manter riquezas.

Os planos que o governo, comércios e bancos possuem sobre o seu dinheiro do FGTS costumam ser diferentes dos planos que você deveria ter para o seu próprio dinheiro. São agendas diferentes e você deveria seguir a sua agenda.

A rentabilidade do dinheiro mantido no FGTS está entre as piores que temos atualmente: juros de apenas 3% ao ano + TR (Taxa Referencial) que já faz muito tempo que é igual a zero. Isso significa que o dinheiro parado no FGTS tende a render menos que a inflação. Até a Poupança rende mais que o FGTS. Com um pouco de conhecimento você poderá fazer outros investimentos de renda fixa que rendem mais que a poupança como Títulos Públicos e títulos privados como CDB, LCI e LCA emitidos por bancos de menor porte e que são acessíveis através de várias corretoras. Qualquer investimento de renda fixa tende a oferecer rentabilidade melhor que o dinheiro parado no FGTS.

Manter o dinheiro no FGTS só é vantajoso se o seu objetivo for desperdiçar esse dinheiro com bobagens ou supérfluos. O ideal seria cada trabalhador ter a sua própria reserva de dinheiro para enfrentar qualquer emergência, como o desemprego.

Para isso, é necessário que cada pessoa desenvolva disciplina, adquira conhecimentos sobre investimentos e um senso de responsabilidade com sua própria vida financeira. Quem sabe, um dia, sistemas de “poupança forçada” como o FGTS deixem de existir e as pessoas possam assumir o controle de 100% do que ganham. Veja como você pode acessar informações sobre o seu FGTS e tirar dúvidas visitando aqui. Existe uma página de perguntas e respostas mais comuns aqui.

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