Você acreditou que o Brasil é um dos países que mais produz riquezas e que o nosso problema é a má distribuição de renda?

Falaram para você que basta o governo tomar uma parte da riqueza produzida e distribuir igualmente para resolver o problema?

Essas coisas são mentiras que os políticos contam.

O gráfico abaixo mostra o PIB per capita. É como pegar tudo que todos os brasileiros produziram de riquezas durante um ano e dividir esses valores igualmente com todos os brasileiros. O gráfico mostra que, mesmo com a distribuição igual da riqueza, produzida, o brasileiro continuaria sendo mais pobre que a média mundial.

Estes valores são anuais e estão ajustados pela inflação e diferenças no custo de vida entre países. Estes dados são expressos em dólares. 

Podemos dizer que essa é uma narrativa tão sedutora quanto falsa, tão comum quanto equivocada, e tão persistente quanto as mentiras que os políticos contam para você durante as eleições.

Mesmo se, num súbito ataque de igualitarismo revolucionário, decidíssemos distribuir toda a riqueza nacional de forma matematicamente perfeita, ainda assim seríamos mais pobres que a média mundial.

É como descobrir que a casa que pensávamos ser uma mansão mal administrada é, na verdade, um casebre sucateado e saqueado por seus governantes.

Podemos observar o choque de realidade depois da grave crise econômica que o país mergulhou em 2014 (fonte). Até aquela data foi possível manter a ilusão de grandeza, surfando levemente acima da média mundial devido a gastos públicos desproporcionais.

Então, nossa economia desabou sob o peso de políticas que tratavam o mercado como um inimigo a ser domado, e não como um jardim a ser cultivado.

A pandemia, que veio depois, foi apenas o equivalente econômico de chuva no molhado, um drama global que, pela primeira vez, nos colocou em pé de igualdade com o resto do mundo, ainda que pela via da desgraça compartilhada.

O verdadeiro problema do Brasil não é que alguns têm demais, mas que produzimos de menos.

É como se estivéssemos obcecados em dividir uma pizza cada vez menor, enquanto o resto do mundo aprende a fazer pizzas maiores e mais recheadas.

Nossa pobreza não é um problema de garfos e facas mal distribuídos, mas de uma cozinha que produz muito menos do que poderia. Somos muitos brasileiros que produzem muito menos do que o restante da população mundial.

A solução, portanto, não está nas mãos dos redistribuídores profissionais que se multiplicam na política brasileira, mas no potencial produtivo de milhões de brasileiros que, sufocados por impostos e regulamentações, ainda tentam criar riqueza apesar do Estado, não por causa dele.

Não precisamos de novos programas governamentais; precisamos remover os programas que nos programaram para o fracasso.

Recentemente, o Banco Central divulgou que beneficiários do Bolsa Família gastaram mais de R$ 3 bi com jogos de azar online em um único mês (fonte). Imagine se essas pessoas tivessem gasto esses mesmos R$ 3 bilhões comprando: curso profissionalizante online, livros que ensinam alguma atividade profissional ou que ajudam a desenvolver virtudes e habilidades úteis.

A leitura de um livro sobre independência financeira, como este que temos aqui, já seria o início de uma vida transformada.

E assim chegamos ao paradoxo final: para um país se tornar mais rico, ele precisa primeiro admitir que é pobre (em todos os sentidos). Não pela falta de distribuição, mas pela escassez de produção. Não por causa da desigualdade, mas apesar dela. E principalmente, não por falta de governo, mas frequentemente por excesso dele.

Logo abaixo temos outro gráfico com o PIB per capita do Brasil em comparação a diversos outros países:

Estes valores são anuais e estão ajustados pela inflação e diferenças no custo de vida entre países. Estes dados são expressos em dólares.