Neste momento, muitos especialistas estão tentando estimar até quando ocorrerá o aumento de casos confirmados e mortes geradas pelo coronavírus (Covid 19) nas principais economias do mundo.

Teoricamente, as medidas restritivas que estão atingindo os mercados só serão flexibilidades quando o pior já tiver passado e a curva do número de pessoas atingidas começar a declinar.

No momento, o país com maior número de casos é os EUA, mas países europeus como Itália e Espanha registram o maior número de mortes. Clicando na figura abaixo você poderá assistir a uma transmissão ao vivo com dados atualizados a cada minuto.


Os mercados estão atentos ao impacto da doença na principal economia do mundo que é a dos EUA. Eles já possuem o maior número de casos registrados e o número de mortes é crescente. O controle da doença nos EUA provavelmente dará fim a uma “primeira onda” de impacto negativo no mercado financeiro, com alguma recuperação até as consequências das próximas ondas, que comentarei mais na frente.

Uma entidade chamada “Institute for Health Metrics and Evaluation” (IHME) está atualizando um estudo na internet que venho acompanhando. O IHME é um centro independente de pesquisa em saúde que faz parte da Universidade de Washington. Eles produzem pesquisas e estudos que ajudam os formuladores de políticas a terem evidências científicas para tomarem decisões sobre como alocar recursos públicos na saúde. Eles abrem esses dados para que qualquer pessoa acompanhe (veja aqui). Eu acredito que esses números podem nos ajudar a imaginar cenários prováveis para essa primeira onda da crise no Brasil.

O gráfico acima mostra que os EUA terão o maior número de pessoas ocupando leitos hospitalares (linha rosa), leitores de UTI (linha verde) e respiradores (linha azul) no dia 15 de abril de 2020. Como esses dados são atualizados constantemente, a projeção para o pico pode sofrer mudança para mais ou para menos nos próximos dias.

Com relação aos investimentos (que é o foco do nosso site), devemos entender que a situação no mercado americano produz impacto negativo/positivo em todos os mercados do mundo. Nossa taxa de câmbio, as variações na nossa bolsa de valores e até a nossa taxa de juros sofre algum nível de impacto que depende de fatores externos, principalmente fatores relacionados com a economia americana. Assim, devemos esperar notícias cada vez piores sobre a evolução da doença nos EUA até o dia 15 de abril.

No gráfico acima podemos verificar que o número de mortes, por dia, nos EUA deve atingir seu pico no dia 15 de abril, com 2.271 mortes estimadas até iniciar um declínio. No dia 01 de maio serão 1.418 mortes por dia. Em 01 de junho serão 197 mortes por dia. O início de reduções de mortes certamente será um momento visto com otimismo pelos mercados.

O gráfico acima mostra que os EUA estão trabalhando com uma projeção de 82 mil mortes até agosto de 2020. Considerando que os EUA possuem 327,3 milhões de habitantes, se o Brasil com seus 209,3 milhões de habitantes, atingir mortes proporcionais, estaríamos falando de 52,5 mil mortes até agosto de 2020 no Brasil.

Através desse site aqui é possível acessar dados divulgados por todos os países através de gráficos padronizados onde podemos fazer comparações. O site oficial com os dados do governo brasileiro é esse aqui.

Vamos avaliar o dia 29 de março, último domingo do mês, quando o Brasil tinha 136 mortes. Veja o gráfico (fonte):

Já no gráfico abaixo (fonte), nos EUA, as primeiras 150 mortes aconteceram no dia 18/03. No dia 29/03 (11 dias depois) eles registraram 2583 mortes. O aumento foi de 17,22 vezes. Se o crescimento das mortes no Brasil atingir esse patamar, teremos 2.393 mortes nos próximos 11 dias (segunda semana de abril).

No gráfico logo abaixo podemos ver a situação da Itália. Eles registraram as primeiras 148 mortes no dia 05/03. Depois de 11 dias eles registraram 2158 mortes com crescimento de 14,58 vezes. No dia 29/03 a Itália registrou 10.779 mortes que representa 72,83 vezes o número total de mortes do dia 05/03. Se as mortes no Brasil crescer nesse ritmo teremos mais de 10 mil mortos nos próximos 24 dias (penúltima semana de abril). O infectologista David Uip prevê que o pico da epidemia no Brasil ocorrerá entre abril e maio (fonte).

Podemos considerar que tanto o governo americano, quanto o italiano, demoraram para entender a gravidade e o impacto da doença. O governo de Milão chegou a divulgar uma campanha chamada “Milano non si ferma” ou “Milão não para” no final de fevereiro quando existiam poucos casos confirmados. Veja:


Menos de um mês depois, prefeitos de diversas cidades da Itália estavam na televisão e nas redes sociais desesperados, tentando convencer as pessoas a ficarem em casa para reduzir a sobrecarga nos hospitais e necrotérios das cidades. Veja:


Vários países da Europa tentaram aplicar quarentenas, onde os governos apenas orientavam a população a ficar em casa. Poucas semanas depois, com a desobediência generalizada e crescimento exponencial das mortes, passaram a adotar o confinamento obrigatório com multas e até prisões para quem não obedecer.

No Brasil, ainda existem muitas pessoas ignorando o perigo de se ficar doente sem que exista estrutura hospitalar e médicos disponíveis. O que mais mata não é o vírus, mas a falta de estrutura para tratar os doentes ao mesmo tempo. Ignorar isso é como aceitar fazer parte de uma espécie de roleta-russa, pois ninguém sabe como o próprio corpo irá reagir ao vírus e se no momento de pedir ajuda existirá estrutura para receber essa ajuda.

Dessa forma, creio que corremos o risco de termos uma progressão da pandemia semelhante ao que podemos verificar na Itália, Espanha, França e EUA, com o agravante de que vivemos no Brasil. Devemos considerar que no dia 20 de março começou o outono no hemisfério sul (onde estamos). No hemisfério norte, o dia 20 de março iniciou a primavera. Isso significa que teremos temperaturas cada vez menores em diversas regiões do Brasil com inverno começando no dia 20 de junho. Já nos países da Europa e nos EUA teremos temperaturas cada vez maiores, já que eles saíram do inverno, iniciando a primavera em 20 de março. Sabemos que no inverno temos maior disseminação de doenças contagiosas que atinge o sistema respiratório, como é o caso das gripes e resfriados.

Eu acredito que decisões restritivas do governo brasileiro, que limitam ou proíbem a circulação de pessoas e o funcionamento das empresas devem continuar enquanto os números de casos confirmados e mortes continuarem crescendo exponencialmente. A imprensa continuará fazendo uma cobertura exaustiva das mortes para atrair audiência. A comoção nacional deve aumentar muito quando pessoas famosas como artistas, políticos e celebridades começarem a falecer. Provavelmente todos nós iremos conhecer alguém próximo que ficou doente ou mesmo faleceu durante a pandemia.

A falta de circulação de pessoas, a queda no consumo de bens e serviços, o fechamento de empresas e as demissões devem produzir uma segunda onda na atual crise. A primeira onda afeta nossa saúde e a nossa vida. A segunda onda afeta nossa vida financeira: fontes de renda, reservas financeiras e investimentos.

Estamos observando diversas iniciativas que irão aumentar os gastos públicos de uma forma jamais vista em diversos países, incluindo o Brasil. Isso pode produzir a terceira onda dessa crise. Como os governos são agentes que não produzem riquezas, todo dinheiro que os políticos prometem para a sociedade serão retirados da própria sociedade em algum momento no futuro.

O escritor e político americano, Harry Edson Browne, costumava dizer: “O Governo é bom em uma coisa. Ele sabe como quebrar as suas pernas apenas para depois lhe presentear com uma muleta e dizer: se não fosse pelo governo, você não seria capaz de andar!“.

Aqui o governo tira o seu dinheiro de diversas formas (sem que você perceba), fica com uma boa parte desse dinheiro por culpa da ineficiência e corrupção do sistema e depois compra uma muleta superfaturada e de péssima qualidade. O brasileiro recebe a muleta achado que o governo foi benevolente.

O governo brasileiro e de outros países, estão nesse momento preparando a distribuição de muletas para grandes, médias e pequenas empresas. Também vão distribuir muletas para profissionais autônomos, desempregados e famílias de baixa renda. Teremos muletas para todos nesse momento de crise. O problema é que não existe muleta grátis. Nos próximos anos vamos receber a conta. Foi assim nas crises anteriores.

Por isso, não entenda os enormes gastos que os governos estão anunciando como positivos para o nosso futuro. No presente, esses gastos vão reduzir o impacto negativo da crise, mas depois a conta deverá ser paga no futuro. Os danos fiscais provocados pelos enormes gastos de dinheiro público que teremos nos próximos meses, provavelmente vai produzir a terceira onda da crise que provavelmente vai durar alguns anos.

Infelizmente os governos, as empresas e as pessoas não se preocupam com a formação de reservas de emergência. As crises sempre acontecem e todos já sabem disso, mas ninguém se prepara.  Todos deveriam ter suas reservas para enfrentar momentos difíceis. Nos EUA eles utilizam o termo “Save for a rainy day” que significa “poupar para um dia chuvoso”. Rainy day é uma metáfora para “um período de dificuldades” ou “um momento futuro quando o recurso em questão será imprescindível”.

No meu entendimento teremos:

  • Primeira onda: Doenças e mortes provocadas pela pandemia.
  • Segunda onda: Prejuízos e fechamento de empresas, demissões em massa e reduções de salários.
  • Terceira onda: Governo tentando salvar a pátria, ficará mais endividado. Isso pode resultar em mais reformas (como a da previdência), corte de serviços públicos, aumento ou criação de impostos. Sem cortar gastos e sem aumentar receitas, provavelmente teremos inflação mais elevada nos próximos anos. Mais inflação resultará em mais juros para tentar controlar essa inflação.

Os gastos com pesquisas, desenvolvimento e manutenção de toda a estrutura militar do planeta custa trilhões de dólares (fonte) todos os anos. Se esses recursos fossem gastos em saúde e educação, o mundo não precisaria parar por falta de leitos hospitalares, respiradores e doenças não iriam se propagar por falta de higiene (as pessoas ainda não sabem lavar as mãos). Se todas as empresas entendessem a importância de ter suas reservas, as dificuldades que enfrentam seriam menores. Se todas as pessoas entendessem a importância de terem suas reservas financeiras para não dependerem dos governos e das empresas nos momentos difíceis, muito sofrimento seria evitado.

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