O dinheiro físico, como o de papel e as moedas, ainda possui inúmeras vantagens e neste artigo você vai descobrir:
- Por que o dinheiro em papel continua sendo uma ferramenta importante de liberdade financeira;
- Razões pelas quais políticos e governos de diversos países querem acabar com o dinheiro em papel;
- Por que as criptomoedas não são tão anônimas quanto você pensa;
- Como alguns países estão tentando eliminar o dinheiro físico;
- Os riscos da centralização do poder financeiro nas mãos do Estado.
Primeiro vamos listar algumas vantagens reais do dinheiro físico feito de papel ou metal:
- Independência de Tecnologia: Dinheiro de papel não depende de dispositivos eletrônicos. Ele pode ser usado sem a necessidade de um celular, internet, energia elétrica ou qualquer outra tecnologia, tornando-o acessível em áreas remotas, guerras e em qualquer evento onde o uso da tecnologia é impossível.
- Privacidade: O uso de notas de papel não gera um rastro digital. Isso pode oferecer uma camada de privacidade, pois transações em dinheiro não são registradas em sistemas eletrônicos acessíveis a terceiros.
- Anonimato: Pagamentos em dinheiro permitem transações anônimas e reduz a quantidade de dados pessoais disponíveis para terceiros, diminuindo o risco de vazamentos de informação ou uso indevido de dados por criminosos.
- Inclusão Financeira: Indivíduos sem acesso a serviços bancários ou que não possuem contas digitais podem participar da economia quando usam dinheiro vivo. As pessoas pobres não precisam gastar dinheiro com celulares modernos, planos de telefonia móvel, energia e internet para usar o próprio dinheiro. Nada no mundo pode ser mais inclusivo do que o dinheiro físico ou qualquer bem usado como reserva de valor.
- Controle sobre Gastos: Pesquisas científicas mostram que o uso de dinheiro físico ajuda as pessoas a controlar melhor seus gastos, pois há uma percepção mais tangível do dinheiro sendo gasto. Você literalmente só gasta o dinheiro que tem no seu bolso.
- Negociação e Preços: Muitos comerciantes podem oferecer descontos ou aceitar barganhas mais facilmente com pagamentos em dinheiro, evitando taxas de transação. Os bancos e as empresas de cartão de crédito cobram taxas elevadas dos comerciantes e estes repassam essas taxas para os preços. Essas instituições perdem dinheiro quando você resolve pagar suas compras usando dinheiro físico.
- Segurança em Transações: O dinheiro físico não está sujeito a fraudes cibernéticas como clonagem de cartões ou phishing. Embora o dinheiro físico possa ser roubado, o risco é pequeno quando você mora em cidades seguras ou quando toma os devidos cuidados ao circular em determinados lugares e horários com pouco dinheiro. O dinheiro físico pode ser facilmente escondido. Atualmente os ladrões preferem roubar celulares para acessar as contas digitais e roubar todo o dinheiro da sua conta e investimentos. Geralmente as pessoas tem menos dinheiro na carteira e muito dinheiro nas contas bancárias.
- Cobrança de Impostos: No Brasil, no passado não muito distante, existia um imposto chamado CPMF que era cobrado quando as pessoas transferiam dinheiro entre contas bancárias (existiu entre 1997 e 2007). Esse tipo de imposto não pode ser cobrado com a mesma facilidade quando você utiliza dinheiro físico.
- Velocidade em Transações Pequenas: Para compras pequenas, o dinheiro físico pode ser mais rápido do que configurar uma transação eletrônica.
- Resistência a Falhas de Sistema: Em situações de emergência onde a infraestrutura digital pode falhar ou serem literalmente atacadas por um inimigo (como durante desastres naturais e guerras), o dinheiro físico continua funcional.
O mundo quer acabar com o dinheiro físico
No momento em que escrevo este artigo, nenhum país tem oficialmente abolido o dinheiro de papel para uso exclusivo de dinheiro digital. No entanto, há vários países onde políticos e governos estão promovendo políticas que visam reduzir significativamente o uso de dinheiro físico, com implicações para a privacidade da população:
Suécia – A grande maioria das transações é feita digitalmente, e há um movimento claro para um país “cashless” (país sem dinheiro). Projetos como o “e-krona” pelo Banco Central da Suécia estão em estudo, embora ainda não haja uma decisão para abolir completamente o papel-moeda.
Noruega – Similar à Suécia, a Noruega tem visto uma diminuição acentuada no uso de dinheiro físico, com a maioria das transações ocorrendo digitalmente. Políticos e a Norges Bank estão discutindo a implementação de uma moeda digital do Banco Central (como o DREX do Brasil).
China – A China tem investido pesadamente no uso de pagamentos digitais através de aplicativos como WeChat Pay e Alipay, com o governo promovendo ativamente a transição para uma economia digital. Há também planos para o e-CNY, ou yuan digital.
União Europeia – a União Europeia tem explorado o “euro digital”. Vários países membros da UE, incluindo a França e a Alemanha, têm políticos que defendem a redução do uso de dinheiro físico para combater a lavagem de dinheiro e crimes financeiros, mas não há uma decisão unânime para abolir o dinheiro de papel.
Índia – A Índia tem promovido ativamente a digitalização das transações financeiras, especialmente após a demonetização de 2016. Políticas como a promoção da Unified Payments Interface (UPI) e outras plataformas digitais são incentivadas, mas ainda não há planos oficiais para eliminar o dinheiro físico.
Por qual motivo alguns políticos querem acabar com o dinheiro físico?
De onde vem tanta motivação dos políticos do mundo para reduzir ou acabar com o dinheiro de papel? Será mesmo que os motivos são aqueles que os políticos falam em seus discursos como: “modernização”, “combate ao crime” e “transparência”? O que os políticos ganham com o fim do dinheiro físico?
O controle total sobre o dinheiro digital dá aos políticos dos países um poder sem precedentes sobre a vida financeira dos cidadãos. Isso é um fato. Com as transações eletrônicas, cada centavo movimentado pode ser rastreado, taxado e até bloqueado caso os políticos queiram. Os políticos dos países podem mudar e revogar leis para tornar isso realidade.
Outro fato é o de que os governos já demonstraram que usam esse poder. Na China, o sistema de crédito social já permite bloquear transações de cidadãos considerados “divergentes”. No Canadá, durante os protestos dos caminhoneiros em 2022, o governo congelou contas bancárias de manifestantes pacíficos.
Uma coisa que poucas pessoas percebem: o dinheiro digital facilita a implementação de políticas como taxas negativas de juros – onde você é punido por poupar dinheiro. Com dinheiro físico, as pessoas podem simplesmente guardar o dinheiro em casa. Sem essa opção, ficam presas no sistema bancário controlado pelo governo.
Na Suécia, Suíça, Japão, Dinamarca e Zona do Euro: alguns bancos centrais dessas regiões adotaram taxas de juros negativas nas últimas décadas para estimular o crescimento econômico. A ideia é desincentivar a poupança e incentivar o consumo e o investimento. Apesar de as taxas negativas normalmente afetarem bancos comerciais, algumas instituições financeiras começaram a repassar esses custos para clientes com saldos elevados, o que pode ser interpretado como uma “penalização” por poupar.
A narrativa de “combate ao crime” é conveniente, mas precisamos refletir sobre isso. Os verdadeiros criminosos sempre encontram alternativas. Eles não se importam com as leis e normas. Eles encontram meios para guardar valor e fazer transações envolvendo meios ilícitos. Veja os inúmeros exemplos de políticos, empresários e servidores públicos que foram investigados no passado cometendo crimes envolvendo bilhões por décadas, sem que fossem percebidos. Os verdadeiros prejudicados são pessoas honestas que perdem a sua privacidade financeira.
A urgência dos políticos do mundo em acabar com o dinheiro físico revela o possível aumentar o poder do Estado sobre a economia e a vida das pessoas. O dinheiro digital é a ferramenta perfeita para implementar políticas de controle social, ideológico e econômico sem precedentes.
A história está repleta de exemplos de Estados que, nas mãos de governantes imorais, se transformaram em máquinas de opressão contra seu próprio povo. Da União Soviética à Alemanha Oriental, da Coreia do Norte, Venezuela, Cuba, vimos repetidamente como o controle estatal absoluto sobre o dinheiro e a economia foi usado para perseguir, empobrecer e até eliminar grupos inteiros da população. O poder concentrado nas mãos do Estado sempre atraiu pessoas dispostas a usá-lo para fins criminosos, por isso dar ainda mais poder através do controle digital total do dinheiro é um risco que a sociedade não deveria aceitar.
O fim do dinheiro físico representa a perda de uma liberdade fundamental: a de realizar transações privadas e honestas sem vigilância estatal.
A escolha entre dinheiro físico ou digital deveria ser do cidadão, não uma imposição do Estado. As pessoas deveriam exigir a liberdade para escolher. A pressa dos políticos em acabar com o papel moeda é um sinal claro de busca por mais controle e menos liberdade.
Criptomoedas e o anonimato
O discurso sobre anonimato das criptomoedas não é totalmente correto.
O Bitcoin e a maioria das criptomoedas são sistemas de registro público – cada transação fica eternamente gravada em um livro-razão aberto. O FBI e outras agências regularmente rastreiam e recuperam Bitcoin de ransomware e outros crimes. A Receita Federal brasileira já identificou milhares de transações não declaradas. As empresas de análise blockchain vendem software que mapeia padrões de transações e identifica usuários. A forma como a maioria das pessoas negocia criptomoedas, através de corretoras, não oferece privacidade.
Durante anos, governos e políticos atacaram as criptomoedas como “perigosas” e “ameaças à estabilidade”. Agora copiam a mesma tecnologia blockchain para criar moedas digitais de controle total como CBDCs (Central Bank Digital Currencies), conhecidas como DREX aqui no Brasil, que utilizam a tecnologia blockchain para maior controle e monitoramento das transações.
Em contraste, o dinheiro em papel é verdadeiramente anônimo. Não deixa rastros digitais. Não exige intermediários. Não fica registrado em blockchain nenhuma. Quando você paga algo em dinheiro vivo, só você e o vendedor sabem da transação. Essa privacidade também é importante para pessoas honestas que pagam seus impostos e possuem uma vida financeira lícita.
As criptomoedas, ironicamente, criam um sistema onde cada transação é rastreável para sempre e isso despertou o interesse dos governos. Os políticos, hoje, adoram a ideia do blockchain: é um sonho de vigilância em massa. Cada centavo pode ser seguido. Cada padrão de gasto pode ser analisado. Cada desvio do comportamento “aprovado” pode ser detectado e punido.
Como acabar com a sonegação?
Muitos países defendem o uso do dinheiro digital como a melhor forma de acabar com a sonegação de impostos.
A solução para acabar com a sonegação é muito mais simples. Em vez de transformar cada cidadão em suspeito, vasculhar contas bancárias e criar um estado policial tributário, existe um método revolucionário: oferecer serviços que as pessoas considerem dignos do dinheiro pago.
Isso não é uma novidade. Toda empresa que sobrevive no mercado já descobriu esse segredo milenar. A mágica acontece porque essas empresas fazem algo extraordinário: entregam valor superior ao preço cobrado. As pessoas pagam voluntariamente, com satisfação, pois recebem algo útil em troca.
Não é inteligente fazer o caminho inverso. Hoje os países cobram impostos elevados, entregam serviços precários e ainda querem convencer o pagador de que é um privilegiado por financiar essa ineficiência. Quando a população resiste a essa insanidade, a solução é aumentar a vigilância, as punições e criar mais burocracia.
A verdadeira receita para acabar com a sonegação dispensa tecnologias de espionagem fiscal ou ameaças. Basta copiar qualquer pequeno empresário que mantém as portas abertas há mais de seis meses: ofereça algo que valha o preço cobrado.
O que você deve fazer?
Você deve pagar seus impostos, seguir as leis e se educar financeiramente para que possa orientar os seus amigos e parentes sobre a realidade. Pessoas financeiramente educadas não votam em políticos que defendem o fim da liberdade, privacidade e propriedade. Quem sabe, no futuro, as pessoas acordem e comecem a escolher melhor aqueles que fazem as leis.
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