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Este vídeo mostra como o dinheiro é criado (reservas fracionadas) no mesmo sistema monetário adotado pelo Brasil e por praticamente todos os países do mundo.

Entenda a relação entre a dívida, títulos públicos e a criação do dinheiro. Veja como tudo isso produz inflação.

Alguns anos atrás, o banco central dos EUA, a Reserva Federal (RF), criou um documento chamado “Mecânica monetária moderna” (base da Teoria Monetária Moderna).

Este documento detalha a prática institucionalizada de criação de dinheiro como é utilizada pela Reserva Federal e a rede global de bancos comerciais (e outros bancos centrais) que ele sustenta.

Na página de abertura o documento afirma seus objetivos: “O propósito deste livreto é descrever o processo básico de criação de dinheiro em um sistema bancário de reservas fracionadas”.

Ele então descreve esse processo de reservas fracionadas, através de terminologia bancária diversa, cuja tradução seria algo como isto: O governo dos EUA decide que precisa de dinheiro.

Então ele fala com a Reserva Federal (Banco Central dos EUA) e pede, digamos, 10 bilhões de dólares. O RF responde: “Claro, vamos comprar 10 bilhões em títulos públicos de vocês”.

Aí o governo pega alguns papéis, coloca símbolos neles que os fazem parecer oficiais, e os chama de títulos do Tesouro (Títulos Públicos).

Ele atribui a esses papéis o valor de 10 bilhões de dólares e os envia para a RF. Em troca, o pessoal de RF imprime uma quantia de papéis deles próprios (dinheiro). Só que desta vez, com o nome de notas da Reserva Federal. Também atribuindo o valor de 10 bilhões de dólares a esses papéis, a RF pega essas notas e as troca pelos títulos.

Assim que a transição é concluída, o governo pega os 10 bilhões em notas da RF e deposita em uma conta bancária. E com esse depósito as notas de papel passam oficialmente a ter valor de moeda, adicionando 10 bilhões ao suprimento monetário dos EUA. E aí está! Foram criados 10 bilhões de dólares em dinheiro.

No Brasil é o Banco Central do Brasil produz dinheiro e negocia títulos públicos no Open Market. Esse “Mercado Aberto” é o ambiente eletrônico onde o Banco Central realiza a compra e venda de títulos públicos com as instituições financeiras brasileiras. Os títulos públicos são emitidos pelo governo com o objetivo de captar recursos para arcar com seus gastos. Como o governo gasta mais do que arrecada em impostos, ele recorre à emissão de títulos para conseguir mais dinheiro.

Os títulos públicos que servem para financiar a dívida pública na prática são um mecanismo de criação de dinheiro. Podemos dizer que através da venda dos títulos públicos o governo consegue antecipar os recursos a serem recebidos com a cobrança de impostos. É a ferramenta usada para aumentar ou reduzir o dinheiro que circula na economia. Por meio do Open Market também se faz o controle (ou manipulação) das taxas de juros e créditos a curto e médio prazo. Essas negociações fazem parte da política monetária do país.

Claro, este exemplo é uma generalização, pois na realidade essa transação ocorre eletronicamente, sem nenhum uso de papel. Na verdade só 3% do suprimento monetário dos EUA existem em moeda física. Os outros 97% existem somente nos computadores.

Então, títulos públicos são, por definição, instrumentos de endividamento, e quando a RF compra esses títulos com dinheiro criado basicamente do nada, o governo está na verdade prometendo devolver esse dinheiro à RF. Em outras palavras, o dinheiro foi criado a partir de uma dívida. Esse paradoxo, de como o dinheiro ou o valor podem ser criados a partir de dívidas, ficará mais claro à medida em que continuarmos esse raciocínio.

Agora vamos entender como os bancos também criam dinheiro através das dívidas:

Bem, a troca foi realizada e agora 10 bilhões de dólares estão em uma conta bancária comercial. Aqui é onde isso fica interessante, já que, com base na prática de reservas fracionadas, esse depósito de 10 bilhões torna-se instantaneamente parte das reservas do banco, como todo e qualquer depósito.

E, no que se refere à exigência de reservas, como está no “Mecânica monetária moderna” : “Um banco deve manter reservas legalmente exigidas equivalente a uma porcentagem definida de seus depósitos.” Isso é quantificação quando se afirma que: “Pelas normas vigentes, a reserva exigida para a maioria das contas correntes é de 10%.”

Assim, dos 10 bilhões depositados, 10% ou 1 bilhão, é guardado como reserva exigida enquanto que os outros 9 bilhões são considerados excedente de reserva e podem ser usados como base para novos empréstimos. O lógico seria presumir que esses 9 bilhões estão literalmente saindo do depósito existente, de 10 bilhões. Porém, esse não é o caso. O que ocorre é que os 9 bilhões são criados a partir do nada, sobre o depósito existente de 10 bilhões.

É assim que o suprimento bancário é expandido. Como é afirmado no “Mecânica monetária moderna” : Naturalmente eles, os bancos, não saldam o dinheiro que recebem como depósitos. Se isso fosse feito, nenhum dinheiro adicional seria criado. O que eles fazem aos realizar empréstimos é aceitar notas promissórias, “contratos de empréstimo” em troca de crédito, “dinheiro” para as contas correntes de quem toma o empréstimo. Em outras palavras, os 9 bilhões podem ser criados do nada simplesmente porque existe uma demanda por tal empréstimo e porque existe um depósito de 10 bilhões que atende às exigências de reserva.

Quando você compra um imóvel financiado, o banco está trocando dinheiro por um contrato de empréstimo assinado onde você está se comprometendo a pagar juros por um determinado tempo. O imóvel é dado como garantia para reduzir o risco do banco, já que a falta de pagamento permite ao banco leiloar o seu imóvel. Contratos de empréstimos tendo imóveis como garantia logo se transformam em investimentos de renda fixa como LCI (Letra de Crédito Imobiliário). Os investidores também trocam dinheiro por esses títulos emitidos por bancos. Toda renda fixa equivale a compra de títulos de dívida. Na renda fixa sempre existe alguém pagando juros para que outro receba juros sendo o banco um intermediário entre os dois (ele fica com parte dos juros).

Agora vamos imaginar que alguém entre num banco e tome emprestado os 9 bilhões recém disponibilizados. Eles provavelmente vão pegar esse dinheiro e deposita-lo em sua própria conta bancária. O processo então se repete, já que esse depósito se torna parte das reservas do banco. 10% é isolado e em seguida 90% dos 9 bilhões, ou 8,1 bilhões, tornam-se “dinheiro recém-criado” disponível para mais empréstimos.

E claro, esses 8,1 bilhões podem ser emprestados e depositados criando mais 7,2 bilhões e mais 6,5 bilhões e mais 5,9 bilhões… E assim por diante. Este ciclo de criação de dinheiro pode se tornar tecnicamente infinito. O cálculo médio é de que cerca de 90 bilhões de dólares podem ser criados a partir dos 10 bilhões originais. Em outras palavras: Para cada depósito que é feito no sistema bancário, pode-se criar 9 vezes esse valor a partir do nada .

Vamos entender como a inflação é produzida:

Agora nós entendemos como o dinheiro é criado por esse sistema de reservas fracionadas. Pode nos ocorrer uma pergunta lógica, ainda que desconcertante: Mas o que está dando valor a esse dinheiro recém-criado? A resposta: O dinheiro que já existe.

O dinheiro novo basicamente tira valor do suprimento monetário já existente, já que o montante total de dinheiro está aumentando independente da demanda por bens e serviços. E como a oferta e demanda definem o equilíbrio, os preços sobem reduzindo o poder
de compra de cada dólar. Isso é normalmente chamado de inflação e a inflação é basicamente um imposto oculto cobrado das pessoas.

Que conselho se costuma dar? Eles dizem: “inflacione a moeda”. Eles não falam: “depreciem a moeda”. Eles não falam: “desvalorizem a moeda”. Eles não falam: “enganem quem já está garantido”. Eles dizem: “reduza as taxas de juros”.

A verdadeira fraude ocorre quando distorcemos o valor do dinheiro. Quando criamos dinheiro do nada, não temos economias. E ainda há o que se chama de “capital”. Minha pergunta se resume a: Como é que podemos esperar resolver os problemas da inflação, ou seja, o aumento da oferta de dinheiro, com mais inflação? Claro que não podemos. O sistema de reservas fracionadas para expansão monetária é inflacionário por si só, uma vez que o ato de aumentar a oferta de dinheiro, sem que haja uma expansão proporcional de bens e serviços na economia sempre vai depreciar a moeda.

De fato, uma análise rápida dos valores do dólar americano em comparação com a oferta de dinheiro reflete claramente essa questão, já que a relação completa é óbvia. 1U$ em 1913 valia o equivalente a 21,60U$ em 2007. Isso é uma desvalorização de 96% desde que a Reserva Federal passou a existir. Agora, se essa realidade de inflação inerente e perpétua, parece absurda e economicamente autodestrutiva.

Espere um pouco, pois absurdo é pouco para definir como o nosso sistema financeiro realmente opera. Em nosso sistema financeiro, dinheiro é dívida e dívida é dinheiro. Este é um gráfico do suprimento monetário nos EUA de 1950 a 2006. (não esquecer que isto é uma transcrição do texto de um filme que está no início do artigo) E este é um gráfico da dívida nacional dos EUA no mesmo período. Veja que interessante: As tendências são virtualmente as mesmas, pois quanto mais dinheiro existe, mais dívidas. E quanto mais dívidas existem, mais dinheiro. Colocando de outro modo: Cada dólar na sua carteira é devido por alguém a outra pessoa.

Lembre-se: O único modo de o dinheiro passar a existir é através de empréstimos. Logo, se todos no país pudessem pagar todas as suas dívidas, incluindo o governo, não haveria um único dólar em circulação.

“Se não houvesse dívidas em nosso sistema financeiro, não haveria dinheiro.” (Marriner Eccles – Governador da Reserva Federal / 1941)

Na verdade, a última vez na história americana, em que a dívida nacional foi totalmente quitada foi em 1835, depois de o presidente Andrew Jackson fechar o banco central anterior a Reserva Federal. Toda a plataforma política de Jackson girava essencialmente em torno desse compromisso de fechar o banco central. Declarou certa vez: “ Os grandes esforços feitos pelo banco atual para controlar o governo, são apenas premonições do destino que aguarda o povo americano, caso sejam induzidos à perpetuação desta instituição ou ao estabelecimento de outra do mesmo tipo.” Infelizmente essa mensagem teve vida breve e os banqueiros internacionais conseguiram instalar outro banco central em 1913; a Reserva Federal. E enquanto essa instituição existir, o endividamento perpétuo é inevitável.

E como ficam os juros?

Sempre que você compra um título público ou um título emitido por banco (CDB, LCI, LCA e outros)  está esperando receber juros em troca.

Na prática não é o governo que paga juros quando vende um título público. Bancos também não pagam juros para as pessoas quando elas compram CDBs ou qualquer outro título de renda fixa.

Tenha a certeza que existe alguém do outro lado trabalhando para pagar os juros das dívidas atreladas a esses investimentos de renda fixa. Pode ser uma empresa que pegou dinheiro emprestado para ampliar um negócio e gerar empregos. Pode ser o seu vizinho que comprou a casa onde mora através de um financiamento. Talvez seja um jovem que pediu um empréstimo para pagar uma faculdade particular.

Quem poupa ajuda a financiar os projetos de outras pessoas recebendo juros em troca.

No caso dos títulos públicos, todos vão trabalhar para pagar impostos e parte desses impostos será usado para pagar juros da dívida. Seria perfeito se esse dinheiro fosse investido para melhorar o país, mas sabemos que uma parte desse dinheiro acaba sendo desperdiçada e até mesmo roubada por políticos, seus partidos e por amigos dos políticos.

Infelizmente todo o esforço de milhões de trabalhadores, poupadores e investidores acaba sendo destruído pela inflação quando um país é governado por pessoas irresponsáveis com as contas públicas, inflação e o poder de compra do dinheiro.

Não é do interesse das instituições financeiras e dos governos que as pessoas tenham esse nível de educação financeira descrito neste artigo.

Observe que toda educação financeira promovida por bancos e governos está focada em transformar as pessoas em boas pagadoras de contas, juros e impostos (sem atrasos). Ninguém fala sobre a importância de consumir com inteligência, poupar para comprar sem dívidas, investir para receber juros e se beneficiar dos juros compostos.

O sistema só funciona se a maioria passar a vida trabalhando para consumir, fazer dívidas e pagar juros.

Você escolhe em qual lado deseja ficar.

O ideal é que durante a vida você invista na sua educação financeira para se posicionar do lado correto deste jogo.

Você pode trabalhar, poupar, investir e receber juros ao invés de passar a vida trabalhando, fazendo dívidas e pagando juros. Quem entende o funcionamento do sistema enriquece e quem não entende acaba empobrecendo. Quem não entende como o dinheiro funciona vota em políticos populistas que lidam com as questões econômicas de forma irresponsável promovendo o empobrecimento do país inteiro.

Planeje a sua vida para construir um elevado nível de independência financeira (leia este livro).

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Aprenda a investir em títulos públicos através de uma série de estratégias. O conhecimento do básico até níveis avançados estão neste livro aqui.

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