Entenda o funcionamento da Política Monetária executada pelo Banco Central e como ela interfere na sua vida e no seu dinheiro, muitas vezes, sem que você perceba.

De forma simples, Política Monetária é o que o Banco Central faz para interferir na quantidade de dinheiro em circulação e nas taxas de juros praticadas na economia. Existe um comitê, dentro do Banco Central, especialmente criado para tomar decisões sobre as taxa básica de juros que é chamada de Selic. Este comitê se reúne a cada 45 dias e é conhecido pelo nome: COPOM, que significa Comitê de Política Monetária. Entenda como ele funciona.

O Banco Central é responsável pela execução da Política Monetária que tem suas normas e diretrizes definidas pelo pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) que é o órgão máximo do sistema financeiro. Para saber onde você está dentro do sistema financeiro veja este mapa.

O que acontece quando os juros sobem:

Quando o Banco Central inicia um ciclo de alta de juros, podemos dizer que ele está adotando uma Política Monetária Contracionista.

O objetivo desta política é controlar o aumento da inflação e veremos que isso é feito de forma indireta, através de uma espécie de efeito dominó.

Existe uma meta para a inflação do ano. Você encontra a tabela com as metas de inflação dos próximos anos visitando aqui. Vamos pegar um exemplo passado como o ano de 2021. O centro da meta de inflação era de 3,75. O limite superior era 5,25% e o inferior 2,25%. A inflação acumulada em 2021 foi de 10,06%. Isso significa que o Banco Central não conseguiu atingir a meta para a inflação mesmo após aumentar a taxa Selic de 2% ao ano para 9,25% em 2021. Em 2020 o centro da meta era 4% e o limite superior 5,5%. A inflação em 2020 foi de 4,52%, ou seja, o Banco Central não conseguiu manter a inflação no centro da meta mas não ultrapassou o limite superior de até 5,5%.

Efeito dominó:

Quando o Banco Central inicia um ciclo de alta de juros (Taxa Selic) ele acaba produzindo um efeito dominó, que de forma simplificada, segue uma sequência de acontecimentos como mostrei logo abaixo.

Veja o gráfico histórico das metas da Taxa Selic com a tabela de decisões do Copom.

Estes eventos são relativamente previsíveis. Por este motivo é muito importante, para empresários e investidores, saber se a economia está em um ciclo de alta (Política Monetária Contracionista) ou de baixa dos juros (Política Monetária Expansionista).

A ordem dos acontecimentos:

Alta dos juros  menos liquidez  menos consumo  menos PIB  menos inflação Queda dos Juros

 

Juros sobem (↑) para a inflação diminuir (↓): O juro elevado retira muito dinheiro que estava circulando na economia. Quem tem dinheiro poupa mais e quem não tem pede menos dinheiro emprestado. O dinheiro que estava circulando na economia fica parado dentro do sistema financeiro. Juros elevados produzem prestações elevadas e desestimulam financiamentos, empréstimos e com isto menos pessoas querem ou podem comprar.

Com menos dinheiro disponível na economia, a demanda por produtos e serviços começa a cair. Quando a demanda está elevada as empresas aumentar seus lucros produzindo mais ou aumentando preços. A forma mais fácil e rápida de aproveitar o aumento da demanda é aumentando os preços. Só quando os empresários confiam na economia e no governo é que optam por aumentar a produção, já que isto exige investimentos de longo prazo através de empréstimos ou de investimento de recursos próprios. Estas duas coisas são desestimuladas quando os juros estão elevados.

Juros elevados também oferecem um prêmio maior para quem opta por poupar e investir o dinheiro em ativos financeiros. O consumidor começa a achar mais vantajoso guardar dinheiro (ganhando juros) e deixar para comprar no futuro. O empresário começa a achar mais vantajoso lucrar no mercado financeiro do que no setor produtivo.

Com menos gente querendo e podendo comprar, os produtos e serviços começam a encalhar e as empresas não conseguem mais manter o ritmo de alta dos preços.

Veja o gráfico que mostra a relação entre as variações na Selic e a inflação (IPCA).

Juros subindo (↑) força a queda (↓) da Balança Comercial: Juros elevados atraem investidores internacionais que estão sempre buscando rentabilidades maiores. Ao entrar com seus dólares no Brasil, estes investidores precisam comprar reais para poderem investir. A oferta de dólares no mercado começa a crescer fazendo o dólar perder valor frente ao real. O dólar barato beneficia os importadores já que os produtos importados ficam mais baratos e são mais demandados. Para os exportadores o efeito é o contrário. Com o dólar desvalorizado eles precisam cobrar mais dólares pelos produtos que exportam e isso acaba afastando quem compra produtos brasileiros lá fora. Tudo isso faz o saldo da nossa balança comercial diminuir. Com a concorrência dos importados (dólar mais barato) e com exportadores preferindo vender o que produzem dentro do Brasil (devido ao real mais valorizado) a oferta de produtos tende a aumentar e isto dificulta o aumento de preços.

Juros subindo (↑) força o aumento (↑) da Dívida Pública:  Os impostos, que eles tiram do nosso bolso, são insuficientes para pagar as despesas e as dívidas do Governo. Para fechar esta conta eles precisam vender títulos públicos. Quanto maior os juros oferecidos a quem compra títulos públicos, maior será o tamanho da dívida que o governo estará assumindo no futuro. Isto significa que aumentar juros prejudica as contas públicas. Para enfrentar estas dificuldades o Governo pode decidir cortar despesas, reduzir investimentos e até aumentar os impostos. O gráfico abaixo mostra que parte significativa das despesas da união se concentra no pagamento de juros e amortizações dos títulos públicos emitidos.

Orçamento 2022 chega com déficit de R$ 49,6 bi — Senado Notícias

Juros subindo (↑) força a queda (↓) do PIB: O PIB mede a riqueza que as empresas produzem todo ano. A quantidade de riquezas que produzimos tende a cair, quando os juros estão subindo, por três motivos: 1) juros altos reduzem o consumo; 2) Os investimentos produtivos diminuem, já que o crédito e o custo de oportunidade ficam mais elevados; 3) Os efeitos no câmbio e na balança comercial também afetam o PIB. A economia desaquecida pode aumentar o desemprego que por consequência afeta os índices de criminalidade, insatisfação da população etc.

Conclusão: Política Econômica Contracionista é um “tratamento” que utiliza altas doses de juros, para combater a inflação elevada que desacelerar a atividade econômica. Este tratamento gera efeitos colaterais como queda na balança comercial, aumento da dívida pública, queda no PIB, entre outros. O período de juros elevados precisa ser curto e a dose precisa ser certeira e suficiente para baixar a inflação rapidamente para que os efeitos negativos dos juros elevados não provoquem danos difíceis de reverter.

Para entender o que produz a inflação leia este artigo aqui.

Veja o gráfico que mostra o juro real do país que considera a Selic menos a inflação nos últimos 12 meses.

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