Tem se tornado comum o discurso de que “o mercado odeia os pobres”, sempre que ocorre alta do dólar (desvalorização da nossa moeda), alta dos juros futuros e queda das ações listadas na bolsa de valores.

Logo, as pessoas com menos educação financeira começam a repetir este tipo de ideia, que é uma simplificação errônea e populista que não reflete a realidade econômica.

A cotação do dólar em relação ao real é influenciada principalmente pela percepção de risco econômico e político do país.

Um exemplo: tanto pessoas quanto governos que gastam mais do que ganham correm risco de falência. A solução seria equilibrar as contas, seja reduzindo gastos ou aumentando a receita. Quando um governo já deficitário (gasta mais do que arrecada) e crescentemente endividado decide diminuir sua arrecadação através de isenções fiscais (populismo), ele agrava sua situação financeira e aumenta o risco de insolvência.

Aqui no Clube dos Poupadores temos vários gráficos e rankings com explicações que mostram a situação real do Brasil.

Quando essa percepção de risco aumenta, o mercado (todos nós somos este mercado) reage de maneiras que afetam diretamente a moeda local. A lógica é a seguinte: se o Brasil é visto como um país de alto risco, investidores de todos os portes procuram por ativos mais seguros, geralmente em moedas mais estáveis como o dólar.

Vamos ver alguns exemplos reais:

Investidor estrangeiro: Quando o risco aumenta, investidores internacionais tendem a vender seus ativos em reais (como títulos públicos e ações) para converter esse dinheiro em dólares. Isso ocorre porque eles querem proteger seus investimentos de possíveis desvalorizações futuras do real ou porque encontram melhores oportunidades de investimento fora do Brasil.

Empresas e Remessas: Empresas que têm operações internacionais ou que precisam importar bens podem decidir antecipar o envio de recursos para o exterior para se protegerem contra a desvalorização do real. Empresas brasileiras de grande porte possuem dívidas em dólares e podem antecipar o pagamento de suas dívidas diante do maior risco de alta do dólar.

Indivíduos: Pessoas que estão planejando sair do país ou que têm a opção de investir fora podem transferir seus recursos para evitar perdas com a queda do real.

Pequenos investidores: Nunca foi tão fácil investir no exterior como agora. Muitos brasileiros já enviam recursos para o exterior ou utilizam corretoras para comprar moedas e criptomoedas. Esse movimento resulta na troca de reais por dólares.

Títulos Públicos: Quando muitos investidores vendem títulos brasileiros, a oferta desses títulos aumenta, o que, seguindo a lógica de mercado, faz com que o preço dos títulos caia e a taxa de retorno (ou seja, os juros) suba, como uma compensação pelo risco aumentado.

Ações: Da mesma forma, o preço das ações pode cair se muitos investidores estrangeiros venderem seus ativos no mercado brasileiro, devido ao aumento da oferta de ações à venda.
Demanda por Dólares:

Toda essa movimentação cria uma demanda maior por dólares dentro do Brasil, já que todos esses grupos estão convertendo reais em dólares. Com a lei básica da oferta e demanda, quando a demanda por dólares aumenta, o preço do dólar em reais também sobe.

Portanto, a alta do dólar reflete uma combinação de fatores que incluem a percepção de risco econômico, a confiança dos investidores no futuro da economia brasileira e decisões de alocação de capital em resposta a essas percepções.

Não há uma relação direta entre a alta do dólar e uma aversão do mercado a pobres, mas sim uma reação a indicadores econômicos, políticas fiscais, estabilidade política e outras variáveis que afetam a confiança dos investidores. Este tipo de afirmação é um sinal da grave falta de educação financeira da população.

Quando o governo gasta mais do que arrecada, imprime dinheiro e manipula a moeda, quem mais sofre são os pobres devido à desvalorização da nossa moeda. Vejamos:

A inflação é o imposto mais cruel contra os pobres, pois eles não têm como se proteger com ativos financeiros ou dólares.

O juro alto é consequência direta do descontrole fiscal do governo, que compete por recursos com o setor privado e pressiona os preços.

A queda da bolsa reflete a destruição de riqueza causada por políticas econômicas que afugentam investidores e prejudicam as empresas.

Geralmente, os mesmos que acusam “o mercado” de prejudicar os pobres são os que defendem políticas que:

  • Aumentam impostos, que são repassados aos preços.
  • Criam regulações que impedem a geração de empregos.
  • Gastam recursos em programas assistencialistas que não resolvem a pobreza.
  • Imprimem dinheiro, gerando inflação.
  • Estatizam setores, gerando ineficiência.

A primeira lição da economia é a escassez (os recursos são limitados), a primeira lição da política é ignorar a primeira lição da economia.

O mercado não ‘odeia’ ninguém, ele apenas reflete a realidade econômica e o comportamento de milhões de pessoas tentando se defender das decisões atrapalhadas dos políticos.

A melhor forma de acabar com a pobreza é divulgando a educação financeira entre os mais pobres.

A educação financeira é a base para acabar com a pobreza porque:

  1. Ensina as pessoas a deixarem de culpar “o sistema” e assumirem responsabilidade por suas finanças.
  2. Forma cidadãos que entendem como políticas populistas destroem a moeda e a economia.
  3. Cria uma população que vota melhor por entender que não existe almoço grátis.
  4. Desenvolve uma mentalidade de poupança e investimento, essencial para acumular capital (enriquecer).
  5. Incentiva o empreendedorismo ao mostrar como funcionam lucros, riscos e oportunidades.
  6. Vacina as pessoas contra promessas fáceis de políticos que oferecem benefícios sem explicar quem paga a conta.

A pobreza material é consequência direta da pobreza de conhecimento sobre como o dinheiro realmente funciona. As pessoas são pobres por fora por serem pobres por dentro. Pessoas mantidas na ignorância sobre economia são presas fáceis para políticos. Recomendo a leitura sobre o artigo que fala sobre as pessoas mais ricas do mundo.

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