O vídeo mostra a história de uma pessoa que vem abandonando tudo na vida para seguir sua verdadeira paixão. Será que isso funciona? Vale a pena? Assista ao vídeo antes de continuar.
O jovem entrevistado nas ruas, que, ao ser questionado sobre seu caminho profissional, deu o seguinte conselho no final da entrevista: “coloque muito menos valor no que você acha que você deveria estar fazendo e confia mais no fogo interno, no que vem daquilo que vem de você.” Traduzindo: “Valorize mais o que você acredita que deveria fazer e confie menos na sua paixão interna”.
Talvez ele não tenha percebido que seguir esse conselho é justamente aquilo que está atrapalhando a sua vida profissional e financeira.
Como você viu, esse jovem é um aspirante a artista que vende quadros. Aliás, até agora vendeu apenas um. Já desistiu de diversas faculdades: física (faculdade pública), engenharia mecânica, engenharia civil, filosofia (faculdades particulares). Está atualmente tentando mais uma vez a física. Ele acredita que viver da arte é seu sonho e seu conselho é confiar no que sente, ignorando o que deveria fazer.
Vamos desmontar esse raciocínio.
Primeiro: confiar apenas no “fogo interno” (paixões) é entregar a direção da vida aos caprichos da emoção. Emoções são voláteis e instáveis. Um dia você quer ser artista, no outro, engenheiro, depois filósofo, depois nada. Sem um norte racional, você vira um barco sem leme, jogado pelas ondas das paixões e do tédio.
Segundo: o que você “acha que deveria estar fazendo” não é uma imposição externa. Em muitos casos, é a voz da sua própria razão, do seu juízo amadurecido, alertando que você precisa se preparar, se capacitar, assumir responsabilidades, pagar o preço da liberdade.
Terceiro: quando um homem não constrói sua vida sobre o dever, ele vira escravo das paixões. E não há tirano mais cruel que o desejo desordenado, que ele chamou de “fogo interno”. Só o dever disciplina o desejo. Só o dever te faz levantar cedo, estudar, trabalhar, honrar compromissos, perseverar mesmo sem vontade.
Quarto: paixão sem direção leva à frustração. Quantos não sonham em viver de arte, música ou opinião, mas não querem pagar o preço da excelência, do sacrifício, da constância? O mundo não recompensa sonhos, mas resultados. E para alcançar resultados, é preciso fazer o que deve ser feito, não apenas o que dá prazer.
O conselho mais sensato para um jovem não é “siga seu fogo interno”, mas sim: aprenda a domar seu fogo, a colocar suas paixões sob a autoridade da razão. Descubra seus talentos, sim, mas dentro do limite do real, das necessidades da vida e do bem que você pode fazer ao mundo com suas ações concretas.
Sonho sem dever é ilusão. Emoção sem disciplina é infantilidade. Liberdade sem ordem é anarquia interior.
Há uma hierarquia natural entre razão e emoção, entre dever e desejo. Vamos aos fatos.
1. O dever é âncora. A paixão, vento.
Quem guia sua vida apenas pela emoção está sujeito à instabilidade, como uma vela ao sabor do vento. Hoje deseja uma coisa, amanhã outra. Já o dever é como um leme. Define direção, ainda que as águas estejam turbulentas. Trabalhar, estudar, poupar, cuidar da família, essas são responsabilidades objetivas, que garantem ordem e sustentam a liberdade.
2. A paixão pode ser útil, mas precisa ser domada.
Paixões são como um motor potente: têm força, mas sem volante e sem freio viram destruição. A história mostra que aqueles que chegaram longe como artistas, empresários, cientistas, só o fizeram quando submeteram sua paixão ao planejamento, à disciplina, ao sacrifício. Paixão sem estrutura vira autoengano.
3. O senso de dever é fruto da razão e da experiência coletiva.
Não é à toa que as sociedades mais prósperas e ordenadas são aquelas onde as pessoas respeitam regras, trabalham duro e planejam o futuro. Isso não é repressão da individualidade, é maturidade. O que você “deve” fazer não é invenção arbitrária, mas resposta objetiva às exigências da realidade: pagar contas, educar filhos, prover segurança. Ignorar isso é infantil.
4. Emoções intensas distorcem o julgamento.
A ciência confirma: decisões tomadas no calor do momento tendem a ser ruins. Decisões racionais, feitas com análise e reflexão, são mais eficazes para alcançar objetivos de longo prazo. A neurociência, ponta que emoções podem cegar e gerar arrependimentos. São Tomás de Aquino, com sua clareza intelectual e fidelidade à ordem natural ensina que a vontade humana deve ser guiada pela razão, e não pelas paixões. No Suma Teológica, Tomás afirma: “A paixão deve ser moderada e governada pela razão – (I-II, q.24, a.3)” Em outra parte ele diz “O bem da virtude humana depende de ser regulado pela razão.” (I-II, q. 71, a. 2). Ou seja, a excelência humana, tanto moral quanto prática, nasce da submissão das paixões à razão. Para Tomás, a razão é a faculdade mais elevada do homem, pois é ela que distingue o homem dos animais. Viver segundo a razão é viver segundo a natureza humana plena.
5. A verdadeira realização nasce do equilíbrio.
Quem vive só pelo “fogo interno” quase sempre queima pontes, recursos e relacionamentos. Já quem coloca o dever como base da vida, pode (e deve) integrar suas paixões de forma ordenada, com inteligência e responsabilidade. Você pode amar arte, música ou filosofia, mas precisa de estrutura para viver disso sem se tornar um peso para os outros.
Conclusão: o dever vem primeiro. A paixão deve servi-lo.
Autenticidade sem ordem vira egoísmo. Liberdade sem dever vira caos. Uma vida bem vivida começa com o que deve ser feito, não com o que dá vontade. E é justamente esse dever, abraçado com coragem e constância, que pavimenta o caminho para que seus talentos floresçam de maneira sustentável.
Assuma seus sacrifícios. Faça o que precisa ser feito. Depois, se ainda houver tempo, energia e recursos, use-os para seguir sua paixão, de forma nobre, adulta e responsável.
Esse é o caminho dos homens que constroem, e não dos que apenas sonham.
Portanto o conselho que eu dou para todos os jovens que vivem na confusão: valorize mais o que você acredita, com base na razão, que deve ser feito. Confie menos no impulso emocional. Coloque seu fogo interno a serviço de um plano racional, disciplinado e virtuoso. Esse é o caminho da verdadeira liberdade e da prosperidade real.
Vivemos sob uma armadilha cultural que é a idolatria das paixões em detrimento do dever. A sociedade moderna transformou o impulso emocional em guia supremo da existência, desprezando as responsabilidades como se fossem obstáculos à realização pessoal. Mas sem dever, não há base firme. E sem base firme, qualquer construção desaba.
Assuma a responsabilidade. Escolha o dever. Construa a ordem. O resto virá por acréscimo.
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