Leia esse artigo e entenda como funciona o sistema de preços e nunca mais perca tempo e energia reclamando sobre preços que sobem e descem, empresários “gananciosos” que aumentam preços e governantes “bonzinhos” que querem controlar e congelar preços.
Se as pessoas entendessem como o dinheiro funciona, elas iriam reivindicar mudanças que resolveriam os problemas pela raiz. Como elas não entendem, acabam reivindicando uma mudança que além de não resolver, ainda agrava o problema. Para que o dinheiro funcione é necessário respeitar algumas leis que fazem parte da sua natureza. Você só pode respeitar uma lei se souber que ela existe e como funciona.
No momento histórico em que esse artigo está sendo escrito, pessoas de todo Brasil estão correndo para os postos de gasolina para encher o tanque de combustível dos seus veículos e, se possível, encher alguns galões de gasolina para levar para casa. Em algumas capitais quase todos os postos estão sem produtos para vender.
Alguns donos de postos tentaram aumentar o preço dos combustíveis que tinham em estoque e foram duramente reprimidos pelos clientes, imprensa, entidades e governo (exemplo).
A reação é natural. Ninguém gosta de pagar mais caro, mas precisamos parar para pensar.
Aumentar o preço livremente seria obedecer uma regra básica do dinheiro. Na verdade, essa regra é a lei mais importante do sistema, fundamental para o equilíbrio entre a demanda das pessoas por um produto e a oferta desse produto.
O dinheiro e suas leis fazem parte do nosso processo civilizatório. Sem esse processo ainda estaríamos pelados correndo nas savanas e florestas atrás de uma refeição ou fugindo para não ser a próxima refeição. Matar ou morrer seria parte da rotina diária na disputa de alimentos e outros recursos escassos.
Conforme a principal lei do dinheiro, se a demanda for maior do que a oferta, os preços tendem a subir, pois é justamente esse mecanismo que vai controlar a demanda e, ao mesmo tempo, estimular a oferta para fazer o sistema desequilibrado atingir um novo equilíbrio.
Quando você impede o funcionamento livre desse sistema, o resultado é o desabastecimento (escassez) ou desperdícios (excessos). Os dois são extremos que devem ser evitados.
Vamos entender através de exemplos. Deixe suas convicções, conceitos e preconceitos sobre política, ideologias, paixões e similares de lado por alguns minutos. Isso é importante para que você esteja aberto para entender como o sistema funciona.
Vamos imaginar que você descobriu pela imprensa que faz três dias que os postos de gasolina da sua cidade não recebem combustíveis das distribuidoras devido a uma greve de caminhoneiros.
Você imediatamente pensa: “Vou correr para o posto mais próximo para encher o tanque, mesmo sem precisar, antes que o preço suba ou a gasolina acabe”. Você e todo mundo pensa a mesma coisa e todos correm para os postos.
Quando você chega no posto, o preço praticado é o mesmo preço que estava sendo cobrado antes do problema de desabastecimento provocado pela greve. Você não pensa duas vezes. Manda o frentista encher o tanque. Depois você retorna para casa e pega o carro da sua esposa ou marido, filhos e avós para também encher o tanque. Se isso não bastasse, você ainda leva alguns galões para o posto de gasolina para fazer um estoque na sua casa.
Na prática, você não estava precisando de todo esse combustível. Em condições normais de oferta da gasolina, jamais você gastaria tanto tempo e dinheiro estocando produtos perigosos na sua casa.
Naturalmente, como todos pensaram da mesma forma, e os preços continuaram iguais ou próximos dos preços anteriores, a demanda por combustível explodiu e muitos postos ficaram rapidamente sem ter o que vender, prejudicando inúmeras pessoas que realmente estavam precisando de combustível, pois estavam no limite ou com tanques vazios. Nesta situação, o dinheiro dessas pessoas perdeu a sua função. Não adiantava ter todo o dinheiro do mundo se não existia mais a oferta do produto.
Agora imagine se você chegasse no posto com o objetivo de encher o tanque de todos os carros dos seus familiares e ainda estocar alguns galões de combustível. O problema é que o dono do posto dobrou o preço da gasolina como uma consequência temporária do aumento da demanda gerada pela greve dos caminhoneiros.
Observe que o livre aumento de preços nos postos obrigaria todo mundo a refletir: “Será que compensa encher o tanque pagando esse preço? Será que faz sentido pagar mais para estocar gasolina diante de uma crise que deve acabar nos próximos dias? Não seria melhor comprar só o que eu realmente vou precisar?”
Algumas pessoas iriam considerar que compensa pagar mais caro e outras iriam desistir. As que mais precisam iriam pagar e não faltaria combustível. As que menos precisam desistiriam da estocagem.
Isso já reduziria drasticamente a demanda e as filas nos postos seriam menores. O preço controlaria o comportamento de manada e reduziria os muitos conflitos e violências que ocorreram entre os consumidores dentro dos postos.
Somente as pessoas que realmente estavam precisando do combustível estariam dispostas a enfrentar a fila pagando muito mais caro, e, mesmo assim, só colocariam o mínimo necessário para atender sua necessidade naquele momento.
Tente observar que o aumento de preços pelos postos reduziria a demanda. A estocagem seria desestimulada. Aquele que não tinha combustível para voltar para a casa, pagaria caro pelo combustível, mas não pagaria mais caro ainda por um reboque.
O preço de todas as coisas funciona como um regulador da demanda e oferta.
Regular a demanda é necessário por um motivo muito simples: não existem recursos infinitos ou ilimitados no sistema. É o preço das coisas, ou o lucro que compense o esforço, trabalho e investimentos, que vai definir a quantidade de produtos ou serviços disponíveis para atender uma demanda.
É por isso que toda vez que se tenta congelar ou controlar preços a consequência imediata é o desabastecimento. Intervir nos preços é a melhor forma de destruir mercados.
Quando eu era jovem, fui visitar um ponto turístico em um lugar de difícil acesso. Um veículo nos levou até um determinado ponto onde iniciaríamos uma caminhada. Para retornar, seria necessário subir uma espécie de falésia (uma encosta ingrime na frente de uma praia) e lá estaria outro veículo para nos “resgatar”.
Quando chegamos na falésia, não existia uma escadaria ou uma estrutura que facilitasse a subida. Foi uma escalada sofrida para a maioria.
No meio do caminho, quando todos estavam ofegantes, cansados e com muita sede, surge do nada um senhor com um isopor muito pesado, vendendo garrafinhas de água gelada. A mesma garrafinha de água podia ser comprada na cidade mais próxima por 3 ou 4 vezes menos.
Um turista que fazia parte do grupo, que só sabia reclamar de tudo e de todos, começou a reclamar do preço da água. Ela gritava: “Esse preço é um absurdo, o senhor é um aproveitador, um explorador, uma pessoa que não tem coração. Está cobrando 4 vezes mais caro. Isso é um roubo. O senhor deveria ser preso. É graças a pessoas como o senhor que o nosso país está assim… blá-blá-blá e blá-blá-blá…”
Enquanto a mulher reclamava, as pessoas exaustas compravam a água gelada no meio do nada.
Foi a salvação daqueles que não tinham se preparado para o passeio. Quando todos os interessados já tinham comprado sua água, o vendedor, que era um senhor idoso, olhou para a jovem mulher que reclamava e disse:
“A senhora subiria essa encosta ingrime, nesse calor infernal, em pleno feriado, com 30kg de peso nas costas (garrafinhas + gelo) para ganhar R$ 0,50 por garrafa, correndo o risco de não vender nada e no fim ainda ser chamado de ladrão?”
A mulher ficou surpreendida com a pergunta, baixou a cabeça e respondeu: “acho que não”.
Então o homem concluiu: “Eu também não. Por R$ 0,50 eu teria ficado em casa. Se não fosse esse preço, eu não estaria aqui e a água gelada não estaria esperando a senhora no meio dessa encosta. É graças a pessoas que pensam como a senhora que o nosso país está assim. Fique com essa garrafinha que sobrou como uma cortesia.”
Aquele pobre vendedor de água deu uma aula de economia para médicos, advogados, engenheiros e funcionários públicos de classe média alta no meio de uma encosta perdida em algum canto do Brasil.
Aquele senhor ensinou para aqueles turistas uma coisa que todos deveriam aprender na escola.
O preço livre é uma ferramenta que nos protege contra o desabastecimento, pois o aumento de preços faz as pessoas pensarem sobre o custo-benefício de suas compras.
Ao mesmo tempo, é esse sistema que estimula a livre iniciativa, o empreendedorismo, o esforço necessário para enfrentar todos os desafios para oferecer aquilo que as pessoas estão demandando. Quando a oferta é estimulada, em um ambiente de concorrência livre, o preço tende a cair até atingir um ponto de equilíbrio.
Voltando para o caso dos postos. Quando as pessoas perceberam que os donos dos postos estavam aumentando o preço dos combustíveis, diante do excesso temporário de demanda, elas começaram a reclamar movidas pela ignorância sobre o sistema de preços: “Isso é uma injustiça!! Chamem a polícia! Chamem o Procon! Chamem a imprensa! Ohhhhhhhhhh!!! E agora? Quem poderá nos defender desses ladrões gananciosos?”
Assim como os donos dos postos se comportam como “gananciosos egoístas” as pessoas que enchem o tanque sem necessidade e ainda levam galões de combustível para casa, também estão se comportando como “gananciosas egoístas”, pois não se importam com os outros motoristas que estão esperando na fila.
Como não podemos mudar a natureza humana, do dia para a noite, sistemas como o de preços, oferta e demanda tentam amenizar esses conflitos.
Precisamos de mais educação e liberdade para que o sistema funcione direito. É uma ilusão acreditar que o sistema pode funcionar melhor através de decretos de pessoas, que também são gananciosas e egoístas, como os políticos que chegam no poder.
Vou dar um exemplo de que a liberdade dos preços é importante no equilíbrio entre a oferta e a demanda, mesmo quando as pessoas tomam decisões atendendo seus próprios interesses.
Se você já pegou um UBER, sabe que eles utilizam o sistema de preços para fazer com que sempre existam motoristas associados ao UBER circulando pela cidade. Quanto a demanda por veículos é maior do que a quantidade de carros na rua, o aplicativo aumenta o preço da corrida e avisa os motoristas.
Eles recebem o aviso e fazem a seguinte reflexão: “Será que compensa deixar o que estou fazendo agora para ir para a rua para ganhar 25% ou 50% mais por corrida?” Muitos motoristas vão responder que sim, e a oferta de carros aumentará nas ruas. A demanda das pessoas que estão esperando pelos carros na rua logo será suprida graças ao preço maior. Também é graças a isso que o preço poderá voltar ao normal, algum tempo depois, pois ele foi utilizado como uma ferramenta para encontrar um ponto de equilíbrio entre a demanda das pessoas querendo andar de UBER e o interesse dos motoristas do UBER por ir para as ruas e trabalhar.
Imagine se tudo que fazemos pudesse respeitar essa lei, que inclusive está presente na própria natureza. Se você parar para observar, todas as formas de energia e de vida que existem na natureza estão buscando um equilíbrio, de forma automática, sem a necessidade de alguém tomando decisões sobre isso.
Existem incontáveis sistemas na natureza e dentro do seu próprio corpo que funcionam graças a essa busca pelo equilíbrio das forças.
Voltando para os combustíveis, se o dono do posto identificasse que o lucro por litro compensa o esforço, ele tentaria buscar alternativas para conseguir repor o combustível para aproveitar a oportunidade de vender gasolina com maior lucro durante a crise de abastecimento.
Certamente esse esforço adicional produziria custos adicionais, mas que seriam compensados pelo lucro adicional. Sem lucro adicional, não existiria estímulo para o esforço adicional.
E se todos os donos de postos se sentissem estimulados a conseguir esse lucro adicional, talvez o problema de desabastecimento tivesse sido bem menor.
Uma vez li uma história, que infelizmente não lembro a fonte, de um furacão que atingiu uma cidade nos EUA. Com o fim da tormenta, ninguém na cidade tinha energia elétrica e muitos tinham alimentos que iriam se perder nas próximas horas.
Um pequeno empresário, que vendia gelo, viu seus estoques desaparecerem rapidamente. Então ele se sentiu estimulado a conseguir gelo em uma cidade distante. Para isso, ele precisaria alugar alguns caminhões, atravessar toda a cidade devastada pelo furacão, encontrar alguém com gelo para vender e retornar com esse gelo para a cidade.
Se ele não pudesse vender o gelo mais caro, certamente não se interessaria por fazer todo esse esforço, assumindo custos adicionais, para abastecer a cidade devastada pelo gelo. Então, ele encarou o desafio e conseguiu trazer o gelo. Filas se formaram. Logo algumas pessoas, que não entendiam a importância do sistema de preço, ligaram para a polícia. Estavam denunciando o pequeno empresário por ser “ganancioso e egoísta”.
A polícia chegou, prendeu o empresário e apreendeu todo o gelo que logo se perdeu. As pessoas que estavam na fila ficaram sem gelo, incluindo aquelas que ligaram para a polícia. Antes, o problema era o gelo caro, agora o problema era a total falta de gelo.
Nos dias seguintes, ninguém mais estava disposto a trazer gelo para a cidade, pois o esforço e os custos não compensariam. Os outros empresários que se preparavam para trazer gelo e outros produtos para a cidade, desistiram quando viram empresários sendo presos. A situação da população ficou pior ainda. Mesmo tendo dinheiro, não existia nada para comprar.
O sistema foi impedido de funcionar livremente para restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a demanda. Preços mais caros só seriam uma realidade no início, pois é justamente esse preço mais caro que estimularia a oferta até ela atender toda a demanda.
Os preços fazem as pessoas se movimentarem, mesmo quando são egoístas e gananciosas e no fim do processo, as demandas são atendidas pela oferta. Quando existe concorrência, os melhores permanecem e os piores quebram. Quem faz a escolha é o próprio consumidor que busca o melhor produto pelo menor preço.
E tudo isso tem relação com a liberdade.
O problema do desabastecimento dos postos, provocado pela greve dos caminhoneiros, só aconteceu porque os caminhoneiros que participavam do movimento cercearam a liberdade dos outros caminhoneiros que não queriam participar da greve.
Mesmo se o dono do posto de gasolina estivesse disposto a pagar duas vezes mais pelo frete do combustível, os caminhoneiros dispostos a lucrar em dobro não teriam liberdade para circular. Os manifestantes impediam a sua liberdade de trabalhar, ir e vir. Isso também significa impedir o funcionamento do sistema.
Se o comerciante fosse livre para cobrar qualquer preço, ele se esforçaria para pagar mais caro pelo frete ou buscar outras soluções. Se os caminhoneiros fossem livres para ir e vir, mesmo no meio da greve, muitos aceitariam trabalhar por fretes mais caros. Logo tudo se resolveria naturalmente, pois o preço que flutua livremente é a ferramenta automática para buscar o equilíbrio entre oferta e demanda.
Agora vamos chegar na Petrobras.
As manifestações ocorreram devido ao aumento de preços do diesel. O preço do combustível precisa aumentar e diminuir livremente para o bom equilíbrio financeiro da Petrobras. Só que existe um outro problema que torna essa estratégia de preços da Petrobras uma “agressão”‘ ao sistema.
Aqui temos outro problema de falta de liberdade que impede o funcionamento do sistema de preços.
Imagine se existisse no nosso país a plena liberdade para qualquer empresa, brasileira ou estrangeira, concorrer com a Petrobras ou qualquer monopólio local. Existem muitas multinacionais com operações no mundo inteiro. O Brasil tem reservas inexploradas, que poderiam gerar muitos empregos e o recolhimentos de muitos impostos.
Então, imagine se existissem cinco empresas como a Petrobras operando no Brasil, que poderiam ser brasileiras ou vindas de outros países. Imagine que as cinco fossem concorrentes (sem formação de cartel). Os distribuidores e donos de postos iriam comprar o combustível da empresa que oferecesse o melhor produto pelo menor preço. Os consumidores iriam comprar o combustível do posto com melhor produto e preço.
O papel do governo seria evitar a formação de carteis, garantindo sempre a livre concorrência, facilitando a entrada de novas empresas dispostas a inovar e oferecer produtos e serviços melhores e mais baratos. Isso ampliaria a liberdade e escolha.
Não faz muito sentido a Petrobras ter total liberdade para ditar preços sem existir concorrência. O ideal seria existir vasta concorrência para que cada concorrente pudesse praticar seu preço livremente. Eles buscariam mais eficiência, tentariam reduzir custos, fazer mais com menos, oferecer preços e produtos competitivos. A escolha final seria do consumidor.
Hoje, não temos escolha. Precisamos aceitar o preço e o produto da empresa que está no controle. Isso naturalmente cria todo tipo de desequilíbrios, insatisfações, protestos e greves.
As pessoas precisam entender, ainda na escola, que o dinheiro funciona a partir de uma série de regras e muitas dependem de mais liberdade e educação financeira.
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