A ira é um vício de comportamento devastador. Veremos nesse artigo que ela é tão grave que além de atrapalhar ou inviabilizar o seu sucesso financeiro, ela é capaz de inviabilizar até a ideia de civilização.

Ja escrevi uma série de artigos sobre outros vícios do comportamento humano como soberbainvejaluxúria, preguiça, avareza e gula com destaque sobre como tudo isso pode atrapalhar sua vida pessoal, profissional e financeira.

O vídeo abaixo tem somente 52 segundos e vai nos ajudar a economizar muitas palavras para entender que a ira é algo muito primitivo e infantil.

Nas imagens das primeiras duas crianças temos uma emoção excessiva e desordenada de raiva que resulta em uma espécie de indignação que logo leva a uma hostilidade totalmente inútil. Perceba que se trata de uma indignação contra a natureza “injusta” das coisas.

Como consequência dessa indignação, a primeira criança perdeu a bebida que tanto desejava. A segunda criança desistiu da meia do pé direito e se desfez da meia do pé esquerdo, que provavelmente deu muito trabalho para ser posta. Depois a criança ainda perdeu tempo e energia se debatendo e fazendo cambalhotas contra as regras que fazem o mundo funcionar.

Você provavelmente conhece muita gente que cresceu, envelheceu e continua jogando tudo para o alto, sem construir nada na vida a não ser histórias de arrependimentos e fracassos. 

Parece estranho, mas existem pessoas que tentam negar que existe uma forma correta de pôr o canudo no copo e uma forma correta de calçar meias. Para tudo existe uma forma correta e muitas formas erradas. Não adianta ficar irado, jogar tudo para o alto e perder tempo reclamando e se debatendo contra a natureza do mundo e a sua atual incapacidade de lidar com isso.

Diz a lenda que a última criança do vídeo conseguiu comer o morango e o restante da comida, com a colher, depois de muitas tentativas. Da mesma forma, ela adquiriu muitas outras habilidades durante a vida. Foi assim que ela cresceu e prosperou. Você também já deve ter ouvido falar sobre pessoas que com pacientemente, humildade e persistência enfrentaram todas as dificuldades da vida, desenvolvendo habilidades, adquiriram conhecimentos e virtudes até prosperar.

Esse é o jogo que você está obrigado a jogar durante todos os dias da sua vida. As dificuldades são uma certeza, pois o mundo nunca foi e nunca será exatamente como você gostaria.

Crianças pequenas não entendem essa verdade, mas os adultos deveriam compreender. A ira seria menor. Seu tempo, sua disposição e dinheiro seriam menos desperdiçados por não aceitação da realidade.

Hoje predomina uma crença infantil de que as coisas devem ser como imaginamos e não como elas realmente são. O relativismo que temos hoje beira a loucura coletiva.

A única ira realmente eficaz e justificada é aquela que você sente contra os seus próprios vícios, misérias e limitações. A ira gera uma força de vontade que pode ser usada para construir ou para destruir (uso construtivo ou destrutivo). Você pode usar essa força de vontade da ira para adquirir habilidades, acumular conhecimentos, realizar esforços para mudar você mesmo e sua realidade. Esse seria o uso justo e construtivo da ira. A outra possibilidade seria o uso da força de vontade, que se origina da ira, de forma destrutiva. Isso ocorre quando você acredita que precisa fazer o mundo se curvar a você e a suas vontades.

Tudo fica mais fácil quando você aceita a realidade como ela é. O mundo não está comprometido a ser como você gostaria que ele fosse. O mundo é o que é muito antes de você nascer. Aceitar e procurar uma solução, como desenvolver suas habilidades de lidar com a realidade, é o caminho mais curto e menos dolorido para resolver os problemas.

A ira é uma reação emocional que envolve uma resposta intensa a algo que é percebido como uma ameaça, injustiça, frustração ou desrespeito. A ira é frequentemente definida como uma emoção excessiva e desordenada de raiva, hostilidade ou indignação. No contexto dos 7 pecados capitais, a ira é considerada uma inclinação ao mal que pode levar a comportamentos prejudiciais e ao afastamento da virtude da paciência.

Todos os outros vícios podem conduzir você para o estado de ira e de ódio permanente.

  1. Ira e Soberba: A soberba é um sentimento de superioridade e arrogância em relação aos outros. Quando alguém se considera superior, pode ficar facilmente irritado com as opiniões e ações daqueles que percebe como inferiores. Essa atitude pode alimentar a ira quando os outros não atendem às suas expectativas ou desrespeitam seu senso de importância.
  2. Ira e Inveja: A inveja ocorre quando alguém deseja o que outros têm e sente ressentimento por suas realizações. Esse sentimento de privação e comparação constante pode levar à ira, especialmente quando as pessoas imaginam que estão sendo injustamente deixadas para trás.
  3. Ira e Avareza: A avareza envolve um desejo excessivo por bens materiais e riquezas (frequentemente prejudicando outras pessoas). Quando as pessoas não conseguem o que desejam, especialmente se imaginarem que estão sendo privadas injustamente, podem se tornar irritadas e frustradas. A ira pode surgir quando a avareza não é satisfeita.
  4. Luxúria: A luxúria é o desejo excessivo e inapropriado pelos prazeres. Situações que envolvem ciúmes, infidelidade ou rejeição podem desencadear a ira em pessoas que experimentam essas emoções devido a seus impulsos luxuriosos não realizados.
  5. Gula: A gula é o desejo excessivo por comida, bebida, drogas etc. Quando as pessoas estão sob a influência de substâncias ou excessos alimentares, seus estados emocionais podem ser alterados, tornando-as mais propensas a reações irritadas e explosivas.
  6. Preguiça: A preguiça envolve a falta de vontade de fazer esforços ou agir. Quando alguém é preguiçoso em suas responsabilidades ou tarefas, isso pode resultar em erros, atrasos, problemas, cobranças, penalidades etc. Esses resultados podem causar frustração e, eventualmente, levar à ira.

Por culpa da ira, tem muita gente que perde dinheiro, pede emprego, perde os relacionamentos, perde a saúde e a própria vida. A ira pode ser algo tão destrutivo que se não fosse controlada inviabilizaria a civilização.

Se as sociedades não tivessem buscado soluções para o controle da ira destrutiva, o mundo não seria como hoje.

O povo que é frequentemente citado por desenvolver um dos primeiros códigos para abordar questões de ira, injustiça e conflitos foi o povo babilônico. O Código de Hamurabi, criado por volta de 1754 a.C. (antes de cristo) pelo rei Hamurabi da Babilônia, é um dos exemplos mais antigos de um conjunto de leis escritas em uma pedra (282 leis) que abordava uma variedade de situações envolvendo propriedade, comércio, família e crime. A ideia era prevenir conflitos, ira e vingança.

Os hebreus tinham 10 mandamentos, também escritos em pedras, que tornava a vida menos irada. Esses mandamentos foram a base para os 10 mandamentos católicos, também seguidos por outras denominações cristãs. São mandamentos vistos como um caminho para que você evite transformar a sua vida em um verdadeiro inferno (literalmente).

De forma bem racional, isso faz todo sentido, pois é muito fácil compreender que muita ira e muitas desgraças podem ser evitadas se as pessoas respeitassem mandamentos básicos como: honrar pai e mãe, não trair, não mentir, não roubar, não matar, não desejar o cônjuge do próximo e não cobiçar as coisas alheias.

É impossível calcular quantos vidas seriam poupadas, quantos prejuízos emocionais, financeiros e de todos os tipos poderiam ser evitados se todos esses mandamentos fossem respeitados atualmente, sem qualquer relativismo. Bastaria usar a razão para compreender os benefícios.

A maioria das pessoas tomam decisões movidas pela ira como se perdessem a racionalidade, ou seja, sem fazerem o uso da razão. Quando isso acontece, geralmente elas se arrependem logo e percebem que perderam o controle. É como se uma força furiosa e maligna as tivesse possuído no surto de ira.

Uma parte menor das pessoas (felizmente) estão continuamente iradas. É uma ira que logo se transforma em ódio e passa a ter um método frio, calculista e até envolvendo um toque de prazer. Nesse tipo de ira costuma existir algum tipo de sentimento de injustiça, onde o justiceiro acredita que faz o bem. Dessa forma, temos uma espécie de “ira do bem” ou o que muitos chamam de “ódio do bem“. Isso é algo muito perigoso que vem se tornando comum.

Existem pessoas que conduzem uma vida inteira no entorno de um ódio contra a realidade e isso costuma andar junto com uma espécie de fé materialista, sobre a construção de uma utopia ou uma espécie de paraíso na Terra. Mas antes, é necessário destruir tudo que temos.

A tradição judaica e católica, explicam de forma muito educativa essa ideia de ser contra o mundo real. Diz a tradição que um anjo foi expulso e levou com ele um terço dos anjos que participaram da rebelião contra tudo que foi criado (todos se tornaram demônios). Todos eles se recusaram servir a Deus, que foi a aquele que os criou. Todos se sentiram injustiçados por não serem livres para fazer o que quisessem sem sofrerem as consequências (princípio da libertinagem). Todos se revoltaram contra a existência de uma hierarquia (princípio da igualdade), méritos e leis que deveriam ser cumpridas para que existissem ordem e harmonia.

O restante da história da tradição você provavelmente já ouviu falar. A guerra entre o bem e o mal é travada o tempo inteiro. Os valores são invertidos. A “ira do bem” é invertida, exaltando os vícios e combatendo as virtudes. Os vícios são bons, modernos e representam a liberdade total enquanto as virtudes são más por serem opressoras e retrogradas. Na ira do bem, o problema está no mundo e nada precisa mudar em você. Na tradição, todo esse movimento seria arquitetado por uma personificação do Mal.

Acreditar ou não na tradição não livrará você das consequências dessa guerra.

Você pode provar a existência da guerra do bem contra o mal facilmente. Tente viver uma vida livre, baseada no extremo da soberba, inveja, luxúria, preguiça, avareza, gula e ira do bem. Faça de conta que isso é um estilo de vida libertador. Depois veja quanto tempo você vai sobreviver nessa jornada sem ter sua vida totalmente destruída pelas consequências de suas escolhas. O pior é que você não conseguirá fazer isso sem deixar um rastro de destruição por onde passar.

Existe um filme chamado “O Livro de Eli” que mostra como será a sociedade trinta anos depois da guerra ter dizimado todos os governos do mundo. No filme, não existiam mais religiões, governos, moralidade, ética e qualquer busca por uma vida virtuosa. Você verá nesse filme, uma terra sem lei, totalmente anárquica, onde todos são livres para fazer qualquer coisa, assim como no tempo das cavernas. No fim, você verá a solução encontrada para reconstruir a sociedade.

Eu sinceramente recomendo que você não cometa o erro de acreditar em toda essa narrativa moderna que glorificar os vícios como se eles fossem um estilo de vida libertador e sem culpas, enquanto atacam as virtudes e os virtuosos. Isso não vai livrar você das consequências e esse é o grande problema da humanidade atualmente.

Um futuro miserável e infernal é garantido a quem permite ser dominado por todos os vícios que descrevi nessa série de artigos. Os problemas financeiros serão os menores diante de todos os outros problemas que devem afetar você e todos que estiverem por perto.

Colecionar vícios torna você um escravo de forças destrutivas. Não tem qualquer relação com se tornar livre. A liberdade está no autocontrole, nas regras, na ordem, paciência, disciplina e nas crenças tradicionais dos nossos avós e bisavós. Não espere ajuda da imprensa, das empresas e dos governos, pois eles lucram com seus vícios e fraquezas.

Não fique irado com aqueles que apontam seus vícios, pois eles logo vão se cansar e desistir de você. Nem todos estão dispostos ao martírio e a crucificação para abrir os olhos dos outros.

Você sempre vai começar a degradação através de um vício bobo.

Cada “sim” que você der para um vício, maior será a probabilidade de um outro “sim”, com a degradação ocorrendo no longo prazo. A paciência é uma característica do Mal e da própria natureza material, pois até a água fura uma pedra se o gotejamento for paciente e longo. A nossa vida é como essa pedra e o gotejamento é o “sim” que damos aos vícios todos os dias.

Quanto antes você iniciar a sua batalha pessoal contra os vícios de comportamento e a favor da formação de virtudes, melhores serão seus resultados durante a vida. O importante é compreender que a batalha é diária, o progresso é lento e a paciência é fundamental. Nem sempre você terá uma vitória diária, mas isso não significa uma guerra perdida.

A contrário do que muitos desavisados acreditam, a vida não é sobre lutar para ser feliz, como as duas crianças birrentas no início do vídeo estavam lutando. Essa luta será perdida sempre, se não existirem as virtudes como a paciência da última criança do vídeo.

A vida é sobre se tornar forte, como a terceira e última criança do vídeo. Aquela criança não estava muito feliz, pois gostaria de comer o morando logo, mas ela não estava irada contra a realidade das coisas. Ela estava irada contra a falta de habilidade com o talher. Por isso, ela continuou a luta solitária e silenciosa para adquirir as habilidades com os talheres. Ela deve ter entendido que existe sim uma forma correta de conduzir a comida até a boca. No mundo, existe sim o que é certo e o que é errado com relação a condução da sua própria vida.

A última criança do vídeo não se revolta, não se rebela, não cria uma ideologia, não cria uma nova religião de protesto, não cria uma guerra militante contra quem criou a lei da gravidade, nem contra quem inventou os talheres e as regras de etiqueta na mesa. Ela não jogou a colher fora e muito menos jogou fora o próprio prato com a sagrada comida. A criança apenas fez o que todos deveriam fazer, ela se concentrou no que é certo fazer.

O mundo de hoje está cheio de gente mimada, irada, achando que sua ira é justa, tentando promover a destruição da ordem, das leis, da religião, da tradição, da hierarquia, do mérito, das virtudes e da moral sem terem nada de bom para pôr no lugar. Tudo que pregam e acreditam parece invertido, assim como a personificação do que é maligno. São como crianças que jogam tudo fora por serem incapazes de assumir que existem uma guerra pessoal a ser travada para controlar, reduzir e eliminar os vícios enquanto se desenvolve as virtudes que nos diferencia dos animais.

Para finalizar, enquanto escrevia essa série de artigos alguns leitores me pediram para assistir ao filme chamado Nefarious. O filme está sendo censurado, criticado e perseguido pela imprensa. Para a realidade hoje, isso é um bom sinal. O filme conta a história de um psiquiatra que deve determinar se um condenado no corredor da morte está fingindo ser louco para evitar a pena de morte por uma série de crimes que cometeu. O psiquiatra é a personificação do homem urbano moderno, soberbo e hipócrita que não sabe mais o que são vícios e virtudes. O prisioneiro é a personificação do Mal, da ira e do ódio contra a humanidade. É por ter muitos vícios que o filme inicia com o suicídio do último psiquiatra que atendeu o homem que está preso e possesso. É por ter muitos vícios que o outro psiquiatra quase acaba sucumbindo diante das forças do Mal. Esse psiquiatra que está quase sucumbindo representa todos nós.

O filme mostra que é através dos vícios (todos que descrevi nessa série de artigos) que ocorre o decaimento da sociedade. Os vícios são portas abertas que serão exploradas por um inimigo comum. Existe uma guerra pessoal contra os vícios que todos são obrigados a participar, pois dessa guerra pessoal depende o futuro da humanidade. As pessoas que não acreditam na guerra interior, não estão livres dessa guerra, elas apenas estão perdendo a guerra sem perceberem. Essa é a essência do filme.

Negar de forma soberba a existência dos vícios humanos e de suas consequências maléficas em todos os aspectos da nossa vida, nos fragiliza.

Aceitar com humildade nossas fraquezas, perante os vícios, e iniciar uma batalha pessoal e ininterrupta contra eles, nos fortalece.

Como o filme está censurado por afetar interesses políticos, ideológicos e até religiosos (pois parte das instituições religiosas já estão corrompidas). É uma produção pequena e dificilmente ele será oferecido em serviços como Netflix, Amazon e Youtube.

Existe uma versão legendada do filme Nefarious nesse endereço aqui, mas provavelmente o vídeo será derrubado. Se você não acredita na existência da personificação do bem e do mal, se você acredita que o mal é relativo e que os vícios são apenas formas diferentes de levar a vida, o filme vale pela reflexão sobre a situação da nossa sociedade que hipocritamente propaga os vícios como se fossem virtudes. Perceba a diferença entre o psiquiatra soberbo no início do filme e como ele se tornou humilde e focado no final do filme.

Já se você for católico ou cristão e acredita na guerra do bem contra o mal, esse filme será uma verdadeira aula para que você se fortaleça na sua batalha diária e solitária. Para os leitores que forem católicos existem comentários sobre o filme Nefarious  de padres brasileiros, veja: exemplo 1, exemplo 2 e existe o vídeo com comentários do filme um prof. de filosofia (católico) sobre o filme, veja aqui.

No próximo artigo eu vou publicar uma ferramenta online para que você reflita sobre os seus vícios.

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