Uma das principais atividades do governo é controlar e interferir na nossa vida financeira. Esta interferência é chamada de Política Econômica que é subdividida em: Política Fiscal, Política Monetária, Política de Renda e Política Externa que se divide em Política Cambial e Política Comercial.

O objetivo básico destas políticas é manter a economia do país em crescimento de forma equilibrada, estável e sustentável. O problema é que sempre existem situações que fogem do controle do governo e que tendem a desestabilizar a economia. O governo está sempre avaliando os números da economia e fazendo ajustes em um trabalho interminável.

Podemos imaginar a economia brasileira como um enorme e pesado navio navegando em um mar repleto de outros navios (outros países). As decisões que os comandantes dos outros navios tomam e as mudanças imprevisíveis no ambiente estão sempre obrigando o governo a fazer ajustes na rota e na velocidade do navio através das políticas econômicas. Quanto mais competente é o governo, mais a economia avança de forma estável e sustentável, sem desequilíbrios, sem sustos e sem riscos. Pelo menos essa é a fé que os políticos alimentam sobre a capacidade das pessoas controlarem e manipulares as forças econômicas.

Política Cambial

A política cambial tem como principal objetivo manter o equilíbrio no fluxo de entrada e saída de moeda estrangeira de tal forma que a taxa de câmbio possa se manter em um patamar que atenda os interesses do governo no cenário econômico que o país se encontra.

Existem momentos em que o governo adota medidas para valorizar o real (o dólar fica mais barato). Existem momentos em que o governo adota medidas que desvalorizam o real (o dólar fica mais caro). Muitas vezes as variações cambiais são um efeito colateral de outras políticas econômicas.

O objetivo, teoricamente, seria buscar um equilíbrio, evitando alterações bruscas da taxa de câmbio e dos preços influenciados por ela. Estas mudanças bruscas sempre prejudicam as empresas, população e governo. Então seria o papel do Banco Central adotar medidas para evitar a volatilidade que é a variação rápida do valor da moeda.

Existem três regimes de câmbio diferentes que os governos podem adotar:

a) Regime de câmbio flutuante – Neste regime o preço da moeda estrangeira é determinado pelas leis de oferta e demanda sem interferência do Banco Central. Quando a oferta de dólares no país é muito grande o seu preço tende a cair. Quando existem poucos dólares diante de muito interesse pela moeda o preço tende a subir. Neste regime o Banco Central não fica comprando e vendendo dólares para influenciar no preço da moeda. O próprio mercado tende a encontrar o equilíbrio e uma taxa de câmbio justa.

b) Regime de câmbio fixo – Existem países onde o nível de interferência do Estado na economia é muito elevado e neles encontramos o regime de câmbio fixo. Neste tipo de regime o Banco Central está sempre comprando e vendendo dólares para evitar a variação do seu preço. Para utilizar o câmbio fixo é necessário que o país tenha uma grande reserva de dólares. Quando falta dinheiro o país se vê obrigado a pedir empréstimos internacionais, já que não pode imprimir dólares.

c) Forma híbrida – É a mistura do câmbio fixo e câmbio flutuante. Entre 1994 e 1999 o Brasil utilizou o regime híbrido através das chamadas bandas cambiais. O governo estabelecia um valor mínimo e um valor máximo para o dólar e deixava o preço flutuar dentro desta faixa. O Banco Central intervia no câmbio (comprando ou vendendo dólares) quando o preço da moeda ultrapassava o piso ou o teto estabelecido por ele. Depois de 1999 o governo parou de estabelecer preços mínimos e máximos para o dólar só que não deixou de intervir. Para atender os objetivos da política econômica adotada pelo governo as intervenções podem ocorrer a qualquer momento. Alguns chamam esse regime híbrido de câmbio flutuante sujo (flutuante com intervenções).  Com isto ficou mais difícil prever o futuro do dólar, já que não sabemos a força com que o governo entrará no mercado comprando ou vendendo dólares tentando influenciar no preço da moeda.

Preparei o gráfico abaixo para mostrar que mesmo com as intervenções do Banco Central, o preço do dólar sofreu grandes variações nos últimos 20 anos. Você também poderá ver alguns eventos que interferiram fortemente no preço do dólar.

 

Efeitos da alta do dólar na economia:

Real desvalorizado (dólar caro) ► Inflação sobe (↑)

Quando o nosso dinheiro perde valor, todos nós empobrecemos diante do mundo. Precisamos gastar mais reais que antes para comprar os mesmos produtos importados. O dólar mais caro pressiona praticamente todos os preços da economia. Muito do que é produzido e consumido no Brasil possui preço cotado em dólar, exemplo:  trigo, soja, milho, açúcar, café, cacau, algodão etc. Quando o real está desvalorizado nossos produtos se tornam mais atrativos no exterior elevando as exportações e isto pode afetar a oferta destes produtos para o consumidor brasileiro, pressionando os preços. Muito do que é produzido no Brasil (eletrônicos, veículos, máquinas etc.) utilizam matéria prima importada e ficam mais caros quando o dólar se valoriza frente ao real. Com produtos importados mais caros a população tende a procurar os produtos nacionais similares. A demanda nem sempre acompanha a capacidade das empresas produzirem mais e por isto a demanda maior diante de uma oferta pequena faz o preço dos produtos nacionais aumentarem.

Real desvalorizado (dólar caro) ► Balança Comercial sobe (↑)

O real mais barato torna os produtos brasileiros mais baratos no exterior. As empresas brasileiras exportam mais e recebem dólares como forma de pagamento. Já os importados ficam mais caros. As pessoas e as empresas importam menos e com isto menos dólares saem do Brasil. Até os turistas brasileiros passam a gastar menos no exterior. Isto favorece a balança comercial que é o indicador econômico que representa a relação entre o total de exportações e importações de bens e serviços de um país em determinado período. Todos os países desejam exportar mais, pois desta forma estão recebendo as riquezas dos outros países em troca do que produziram. Mais exportações também representam a entrada de mais dólares e com isto o governo tem a oportunidade de aumentar suas reservas em dólares, o país acumula mais riquezas que podem ser utilizadas para investimentos fazendo o país crescer. O problema é que todos estes movimentos são muito lentos. Quando o dólar fica mais caro a inflação tende a aumentar rapidamente enquanto as exportações podem demorar muito tempo para trazer riquezas para o país.

Real desvalorizado (dólar caro) ► PIB sobe (↑)

As empresas brasileiras tendem a produzir mais e investir mais para atender a demanda das exportações. Isto faz a economia do país crescer sem depender da demanda interna. Este efeito também demora muito para acontecer e depende de outras condições favoráveis. Uma taxa de câmbio favorável não é o único ponto necessário para que um país possa crescer. Nossos produtos não são competitivos lá fora devido a outros problemas como falta de infraestrutura para transporte dos produtos, baixa produtividade, impostos e burocracia elevada para quem deseja exportar.

Tipos de dólar:

Dólar comercial – serve como parâmetro para as empresas, principalmente nas operações de importação ou exportação, além de transferências financeiras, ou seja, quando você recebe ou transfere dinheiro para contas no exterior. Também é utilizado em transações cambiais entre os bancos e grandes empresas. Sempre existe uma diferença entre o preço de compra e o de venda. Esta diferença é o lucro do banco que realiza a operação. Você encontra a cotação do dólar comercial, dólar turismo, euro comercial e euro turismo visitando aqui.

Dólar turismo – é utilizado para operações relativas à compra e venda da moeda entre instituições financeiras e pessoas físicas, que normalmente precisam da moeda física para viajar. Quando você compra um pacote de viagem ou uma passagem, por exemplo, a cotação adotada é a do dólar turismo, que é a mais alta.

Dólar paralelo – prática comum até 1990, esse tipo de cotação não existe mais. Era praticada por doleiros (pessoas que comercializavam a moeda) sem a autorização do Banco Central. Hoje, é necessária a autorização do órgão para negociar a moeda. Quem compra dólares de pessoas ou empresas não autorizadas corre dois riscos: 1) Comprar dólares falsos sem saber e depois ser pego quando tentar vender estes dólares para outras pessoas ou mesmo para uma casa de câmbio; 2) Quando você compra dólares de uma instituição financeira autorizada recebe um recibo que comprova a legalidade da posse e a origem do dólar.

Dólar Ptax – média de todas as taxas praticadas no mercado, divulgada diariamente pelo Banco Central, que serve como referência para contratos. Você pode acompanhar a cotação através deste endereço oficial do Banco Central.

O que pode interferir na cotação do dólar:

Banco Central – pode atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio. Não é possível prever quando e como o Banco Central irá atuar.

Taxa de Juros – Quando o Copom eleva ou reduz a taxa de juros, isto pode atrair ou afastar investidores estrangeiros que enviam dólares para o Brasil com o objetivo de aproveitar as taxas praticadas aqui. Muitas vezes estes investidores pedem dinheiro emprestado no exterior, pagando juros baixos, e investem este mesmo dinheiro no Brasil. Com isto eles pagam os juros do empréstimo e ficam com a diferença. Estes movimentos de entrada e saída de dólares dos investidores podem ser imprevisíveis já que sempre estão avaliando a relação entres os juros pagos e o risco que correm investindo no Brasil. Esta percepção de risco pode mudar rapidamente dependendo de acontecimentos difíceis de prever. A prática deixa de ser interessante quando os juros no Brasil estão muito baixos ou a inflação muito elevada.

Taxa de Juros em outros países – Quando outros países aumentam suas taxas de juros isto pode atrair investidores que estão com recursos investidos no Brasil. O efeito contrário também pode ocorrer. A queda dos juros lá fora pode atrair investidores e seus dólares para o Brasil, se os juros aqui estiverem altos.

Exportações e Importações – O aumento das exportações e importações, que pode ser influenciado por decisões políticas e eventos externos, podem elevar ou reduzir a oferta de dólares no país. Exportadores recebem em dólares e por isto precisam vender os dólares que recebem em troca de reais. Já os importadores fazem o contrário. Eles compram dólares utilizando reais para pagar fornecedores.

Aversão ao Risco – Crises econômicas ou qualquer evento político, climático, cataclísmico, militar, pandemias ou de qualquer natureza que possa elevar a percepção de risco dos investidores é motivo para a transferência do dinheiro que possuem no Brasil para opções mais seguras de investimento no exterior.

Reservas Cambiais – Quando o país possui poucos dólares e ouro em suas reservas corre mais riscos de sofrer ataques especulativos e desvalorização da própria moeda. O Brasil possui reservas cambiais elevadas. Estas reservas permitem que o Banco Central tenha poder de intervir no mercado. O gráfico abaixo mostra as nossas reservas em milhões.

Para entender mais sobre política cambial, visite aqui. Para saber mais sobre se o dólar é um bom investimento leia esse artigo. Leia outros artigos sobre câmbio aqui. Para fazer estudos do gráfico do dólar em reais visite aqui. Aprenda a investir em ações, ETFs, fundos imobiliários e outros ativos dolarizados negociados nos EUA através do livro Como Investir no Exterior.

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