Você não precisa passar a vida inteira investindo na bolsa para multiplicar o seu patrimônio de forma significativa. Você só precisa ter investimentos em boas ações no decorrer de um ciclo de alta.

A história nos mostra que grandes ciclos de alta na bolsa costumam durar entre 5 e 6 anos. Eles aconteceram somente 4 vezes nos últimos 55 anos.

Isso significa que durante a sua vida, você terá poucas oportunidades para multiplicar seu patrimônio investido em ações na bolsa.

Investidores mais velhos costumam dizer que enriqueceram em apenas 1 ou 2 ciclos de alta.

Costuma funcionar assim:

Normalmente você perde o primeiro ciclo da sua vida durante a sua fase adulta. O segundo ciclo você resolve aprender e consegue algum resultado, mas as vezes acaba perdendo tudo que ganhou por não entender que os ciclos terminam e você precisa por seus ganhos no bolso em algum momento, sem apego e sem sentimentos por suas ações.

No terceiro ciclo, já mais experiente, menos dependente das opiniões dos outros, você realmente consegue aproveitar o seu terceiro grande ciclo.

Não pude aproveitar o primeiro ciclo, pois tinha apenas 6 anos de idade. Ele aconteceu durante o governo militar de João Figueiredo.

O segundo ciclo começou quando eu tinha apenas 14 anos e ocorreu durante o Governo Collor.

O terceiro ciclo que presenciei foi primeiro vivido na fase adulta. Ocorreu durante o governo FHC. Naquele tempo meu principal investimento de renda variável era a minha empresa. Comecei a empreender muito jovem, antes mesmo de entrar na faculdade de Administração de Empresas. Foi nesse período que comecei a investir em ações até vivenciar a crise de 2008. Já tinha vivido a crise que ficou conhecida como “Bolha da Internet” que estourou no ano 2000.

Dessa forma, considero que estou vivenciando o meu segundo ciclo de grande alta na bolsa na fase adulta da minha vida. Provavelmente você também esteja vivenciando o segundo ou mesmo o primeiro ciclo na fase adulta.

Ninguém pode definir uma data certa para o início de um grande ciclo, mas sabemos que essas longas tendências de alta ocorrem quando a economia voltar a crescer de forma consistente depois de crises (como a que vivemos recentemente).

Perceba que estar ou não preparado(a) para esse evento é o que fará toda a diferença. Não se preparar agora será como desperdiçar uma janela de oportunidade que só se abrirá novamente muitos anos depois.

O gráfico logo abaixo mostra o índice Bovespa dolarizado desde 1963 com os 4 grandes ciclos de alta (fonte) e um provável quinto ciclo em formação desde 2016. O índice Bovespa mede o desempenho das ações mais negociadas na bolsa. Ele está dolarizado no gráfico abaixo para reduzir o efeito desastroso de toda a inflação que o país sofreu nas últimas décadas.

Fica aqui uma observação: o site responsável por esse gráfico não atualizou o nome dos presidentes depois do último impeachment. Aqui no Clube temos um gráfico histórico do índice Bovespa que é semelhante e possui a indicação de alguns eventos históricos e uma linha de tendência linear para que possamos identificar quando o índice está acima ou abaixo da linha de tendência.

Investir na bolsa em tempos difíceis, como no meio de crises econômicas e políticas que iniciam fortes ciclos de baixa na bolsa, é como tentar nadar em um rio contra uma forte correnteza. Ir contra a correnteza é uma tarefa difícil, desgastante e perigosa onde o sucesso depende muito do preparo do investidor. Nas crises, a bolsa está em tendência de baixa e você precisa fazer um enorme esforço, correndo grandes riscos para avançar, obtendo lucros somente nos breves movimentos de alta.

Já quando temos a oportunidade de investir no decorrer de um grande ciclo de crescimento econômico, com valorização constante da bolsa por vários anos, o esforço do investidor é bem menor e os riscos também se torna menor. Até os menos experientes ganham dinheiro na bolsa quando a tendência é favorável.

Fora da festa

É durante períodos de crescimento econômico do país que as grandes tendências de alta nos negócios e na bolsa se formam. Só que boa parte da população fica de fora desses investimentos.

No menor sinal de prosperidade, as pessoas tendem a acreditar que o bom momento na economia será eterno. Nos bons momentos da economia, elas costumam gastar tudo que ganham no consumismo, fazem várias dívidas (carros, imóveis e viagens), desperdiçam dinheiro com extravagâncias e jogam pela janela uma oportunidade única de acumular e multiplicar patrimônio que trará tranquilidade para sempre.

Somente uma pequena parte da população adquiriu o conhecimento necessário para aproveitar essas janelas de oportunidade para ganhar mais, investir melhor e construir um patrimônio que garanta tranquilidade em qualquer cenário econômico futuro.

Agora vamos ver um resumo de quando as últimas “grandes ondas” se formaram na economia brasileira e quais foram os impactos na bolsa de valores.

1 – Primeiro Grande Ciclo

Aconteceu entre a década de 60 e 70. O milagre econômico promovida através de diversas medidas políticas e econômicas que resultaram em recuperação da economia e alta da bolsa. A bolsa registrou alta de 2.931% em apenas 6 anos (entre 65 e 71). O crescimento foi interrompido pela crise mundial do petróleo em 73 e 79 e alta dos juros nos EUA.

Se fosse possível obter uma rentabilidade de 2.931% nos dias de hoje em um próximo grande ciclo de crescimento, seria possível transformar o valor de um carro de R$ 50 mil em R$ 1.465.500,00 em apenas 6 anos. Com R$ 100 mil você teria R$ 2.931.000,00.

Seria o mesmo que trocar o seu próximo carro zero por uma situação financeira mais confortável pelo resto da vida. Com apenas 0,5% de rentabilidade ao mês acima da inflação, esse 1,4 milhão seria suficiente para garantir uma renda vitalícia de mais de R$ 7 mil. Certamente isso aumentaria o seu nível de “tranquilidade financeira” por toda vida. Seria um impulso fabuloso para qualquer projeto de independência financeira.

2 – Segundo Grande Ciclo
O segundo grande ciclo de crescimento da economia e da bolsa de valores aconteceu no início anos 80. O mundo estava se recuperando, saindo da crise do petróleo. Os juros nos EUA estavam caindo. Investidores buscavam oportunidades nos mercados emergentes. A bolsa brasileira subiu 1.573% em apenas 2 anos 8 meses entre os anos de 83 e 86.

É importante destacar que essa alta é uma média, pois estamos avaliando o índice Bovespa. Esse índice mede o desempenho das principais ações negociadas na bolsa. Nesses grandes ciclos, as ações de praticamente todas as grandes empresas sofrem enormes valorizações.

Até mesmo as ações das empresas menores ou com menor liquidez se valorizam. Fora do índice Bovespa seria possível investir em ações com valorizações bem maiores que a média. Mesmo assim, com um ganho médio 1573% em 2 anos e 8 meses (32 meses) seria possível transformar aqueles R$ 10.000,00 que você gastaria em uma viagem internacional em R$ 150.000,00 e com isso você poderia viajar bem mais nos anos seguintes (nos anos de crise que ocorrem depois da anos de crescimento).

Utilizando o nosso simulador de taxa equivalente iremos descobrir que 1573% em 32 meses é o mesmo que rentabilizar o seu dinheiro com taxa de 9,2% ao mês. É assustador, mas isso pode acontecer na renda variável, exatamente como já ocorreu no passado.

3 – Terceiro Grande Ciclo
O terceiro grande ciclo foi marcado pelo impeachment do presidente Fernando Collor. Naquele tempo o governo adotou diversas medidas para a abertura da economia. No governo Itamar e Fernando Henrique, medidas foram adotadas para estabilizar a inflação e o câmbio. A bolsa de valores cresceu 3.415% no decorrer de 6 anos e 5 meses (entre 1991 e 1997).

Uma rentabilidade de 3.415% em 77 meses é equivalente a um investimento que rende 4.73% ao mês ou 74% ao ano. Com essa rentabilidade seria possível transformar R$ 50 mil em R$ 1.707.500,00 em 6 anos.

4 – Quarto Grande Ciclo
Durante o segundo governo FHC, diversas medidas ajudaram a estabilizar a nossa moeda e a reduzir a inflação de forma consistente. Através do Plano Real a economia se preparou para aproveitar o grande ciclo de valorização das commodities durante o primeiro governo Lula.

Esse foi o último grande ciclo que registrou alta de 2.051% na bolsa em 5 anos e 7 meses. Isso foi equivalente a uma rentabilidade de 4,68% ao mês durante 67 meses ou 73% ao ano. Existem muitos casos de investidores que hoje são milionários ou bilionários graças a esse último ciclo. Um investidor mais experiente que tivesse investido R$ 1.000.000,00 com essa rentabilidade do último grande ciclo, teria acumulado um patrimônio de R$ 20.510.000,00 em apenas 5 anos e 7 meses.

A natureza humana

Eu não acredito que se trate de uma fraqueza humana, mas sim de uma característica da natureza humana. A grande verdade é que os ciclos econômicos seguem um comportamento simular aos ciclos da natureza. Não podemos esquecer que os mercados são constituídos de humanos e esses são regidos pela mesma natureza que os criou.

Podemos ver isso na representação dos ciclos da economia e da bolsa de valores que são semelhantes aos ciclos da própria natureza.

Primeiro temos o ciclo de recuperação da economia que é equivalente a primavera. É o momento de começar a preparar a terra para plantar. É tempo de fecundar, iniciar novos projetos, novos investimentos e começar um novo ciclo de crescimento. É a primavera que representa a recuperação da natureza depois do inverno, assim como a recuperação da economia ou da bolsa depois de uma crise. É provável que estejamos iniciando esse período de primavera ou de recuperação. Esse seria o “grande gatilho” de crescimento da economia que pode vir nos próximos anos.

Depois tempos a fase de crescimento da economia. É a fase do “oba oba”. Todos começam a ganhar muito dinheiro no decorrer do crescimento econômico, mas poucos aproveitam esse dinheiro para investir, prosperar e multiplicar o que possuem. É aqui que as pessoas resolvem gastar tudo que ganharam com viagens pelo mundo, grandes festas de aniversário, grandes casamentos, trocam seus imóveis pequenos por grandes imóveis que acompanham grandes dívidas. Trocam de carro, trocam de guarda-roupa e as vezes até trocam de esposas e maridos. Para muitos, essa é a fase de total desperdício de uma enorme oportunidade que acontece poucas vezes durante a vida. Essa fase da economia seria o equivalente ao verão. 

A terceira fase do ciclo é o ponto de colheita. É o fim da festa para os investidores que possuem conhecimento. É o momento de aproveitar os preços elevados dos ativos para colocar algum lucro no bolso. Infelizmente muitos começam a se interessar por “plantar” e investir somente na fase da colheita (quando deveriam estar colhendo e não plantando). Aqui temos o equivalente a estação do outono.

Por fim temos o ciclo recessivo. Seria o equivalente ao inverno. As crises econômicas acontecem nessa fase. O preço de todos os ativos tende a cair até sua média histórica. Os investidores preparados já estão com dinheiro no bolso para voltar a comprar os ativos quando eles voltarem para seus preços médios (com desconto).

Um desenho da Disney de 1934, que eu assisti na minha infância quando a televisão aberta exibia esse tipo de conteúdo na década de 80, mostra a fábula da cigarra e das formigas. A cigarra faz a festa no momento errado, enquanto as formigas aproveitam a oportunidade e trabalham duro para a festa que só acontecerá no momento certo. A cigarra zomba das formigas que trabalham enquanto ela se diverte. Na fábula infantil, as formigas ajudam a cigarra, mas na vida real, a cigarra afundaria em dívidas e em sérios problemas.


 

Novo Quinto Grande Ciclo

Entre o fundo do poço de 2016 e o final de 2020, a bolsa valorizou mais de 212%. Durante esse período os juros básicos da economia caíram de 14,25% para 4,5%. A inflação que chegou a atingir 2 dígitos no final de 2015 (10,67%) caiu para algo próximo de 4%. Isso foi suficiente para uma recuperação da bolsa que triplicou o patrimônio de muitos investidores no período.

É fácil observar no gráfico abaixo a grande alta do índice Bovespa após o impeachment em 2016. Nesse período, enquanto muitos gastavam precioso tempo e energia nas redes sociais em discussões envolvendo os políticos, alguns poucos cuidavam da própria vida, adquirindo conhecimentos sobre os investimentos para aproveitar o momento para investir melhor o próprio dinheiro. Só existe uma pessoa que pode cuidar da sua prosperidade financeira, essa pessoa é você. Se você não fizer isso no seu tempo livre, ninguém vai fazer por você.

No gráfico abaixo podemos observar o índice Bovespa dolarizado. Eu mesmo dividi o índice pelo dólar utilizando a ferramenta de análise técnica que ensino a utilizar nesse livro aqui. Observe que a alta que tivemos até aqui é pequena (219%) perto dos quase 2000% registrados entre outubro de 2002 e maio de 2008. Em dólares, ainda não atingimos o topo do índice Bovespa de 2008. Devemos considerar que os investidores internacionais estudam as oportunidades no Brasil com índices e cotações dolarizadas e eles produzem grandes movimentações na bolsa.

As linhas verdes logo acima mostram o que representa a alta de 219% que tivemos entre 2016 e 2020 quando a comparamos com a alta entre 2002 e 2008. Temos a impressão de que ainda faltaria muito para atingir a mesma alta de 2008. Só que devemos considerar que nossa moeda valorizou (o dólar ficou 61% mais barato entre 2002 e 2008) e isso fez o índice Bovespa dolarizado disparar.

No gráfico logo abaixo temos o índice Bovespa sem qualquer dolarização, ou seja, o índice está em reais.

No gráfico acima eu medi a alta do índice de 2002 até 2008 e projetei a mesma alta a partir de 2016. Se o movimento do ciclo de alta atual for igual ao do ciclo anterior, ele terminaria por volta de 2024 com a bolsa atingindo mais de 325 mil pontos. Só que devemos considerar que teremos eleições em 2022. Dependendo do resultado, o ciclo poderia ser impulsionado ou finalizado.

É difícil saber se realmente vamos entrar em um novo grande ciclo de crescimento econômico que produzirá um grande avanço na bolsa por pelo menos uma década, pois os políticos existem para atrapalhar esse processo. Eles estão mais interessados nas brigas por poder, cargos, verbas, privilégios etc.

O fato é que as oportunidades geradas por grandes ciclos de crescimento econômico, só podem ser aproveitadas pelas pessoas que estão preparadas para isso. Investir na bolsa exige um nível maior de conhecimento e ferramentas para que você não fique refém das recomendações de investimentos de terceiros.

Como já falei inúmeras vezes, ninguém melhor do que você para tomar decisões sobre onde investir o seu dinheiro. É uma ilusão acreditar que alguém vai fazer isso por você.

Facilidades de hoje

As pessoas que viveram os grandes ciclos de crescimento nas décadas passadas, não tinham os recursos e as facilidades que você possui nos dias de hoje.

No início do último grande ciclo poucas pessoas tinham internet em casa. O acesso ao conhecimento era difícil e muito caro (restrito a grandes investidores). Somente em 2006 (perto do fim do grande ciclo de alta) a bolsa de valores começou a operar somente pela internet (pregão eletrônico). Somente em 2018 encontramos corretoras cobrando taxa zero ou tarifas insignificantes de corretagem para investir na bolsa.

Atualmente existem livros e cursos online com conteúdo didático e preços acessíveis. Não saber investir na bolsa se tornou uma escolha, já que nunca as facilidades foram tão grandes para quem deseja aprender.

Tenho dois livros sobre investimentos na bolsa. Um livro fala sobre análise fundamentalista para que você possa escolher as ações das melhores empresas e o outro livro fala sobre análise técnica, para que você aprenda a fazer a análise dos gráficos de preço para identificar oportunidades (bons preços e bons momentos para investir em boas empresas).

Para quem não tem tempo ou não gosta de ler, sempre estou recomendando cursos em vídeos para quem é inscrito no Clube dos Poupadores. Se você ainda não é inscrito, cadastre seu e-mail aqui e depois confirme através do e-mail que será enviado.

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