Continuando nossa análise sobre a crise demográfica, vou expor o que realmente significa uma sociedade com poucos jovens e muitos idosos. Caso não tenha lido a primeira parte, visite aqui.

Em 1960, tínhamos, em média, 6 trabalhadores para cada aposentado nos países desenvolvidos. Hoje, essa proporção já caiu para 3,5. Com as atuais taxas de natalidade, em 2050 teremos apenas 1,7 trabalhadores por aposentado na maioria dos países ocidentais.

Como cada trabalhador, no futuro, conseguirá sustentar sua própria família e ainda pagar impostos suficientes para suportar aposentados, idosos doentes, além de pessoas solitárias e abandonadas que dependem de auxílios governamentais para sobreviver?

Eis algumas consequências dessa “transição demográfica” se nada for feito nas próximas décadas aqui no Brasil.

  • Com menos irmãos e filhos, muitas pessoas enfrentarão solidão e falta de suporte familiar. Diante das dificuldades as pessoas vão recorrer ao governo. Os políticos exploram essa relação de dependência das pessoas fragilizadas.
  • A baixa natalidade resultará em menos contribuintes para sustentar os sistemas de previdência social.
  • Com menos jovens para sustentar uma população envelhecida, a carga tributária sobre a geração mais jovem aumentará.
  • A falta de consumidores e empreendedores pode levar à estagnação econômica.
  • Menos pessoas significa menor demanda por imóveis. Isso pode resultar em queda nos preços e imóveis abandonados.
  • Com a diminuição da população, algumas áreas urbanas podem se tornar cidades fantasmas, com infraestrutura subutilizada.

Diversas cidades europeias já sofrem esses problemas. Mesmo assim, os políticos europeus, principalmente os alinhados com determinadas ideologias, continuam promovendo políticas que, de alguma forma, são contra a natalidade e a formação de famílias. Isso parece contraditório.

Talvez a resposta esteja no ciclo eleitoral, ou seja, no sistema implantado no mundo inteiro para a escolha dos líderes. Já sabemos que os políticos não se importam com o longo prazo. Eles são eleitos fazendo promessas de curto prazo. É mais fácil para um político prometer coisas como benefícios imediatos financiados por dívida (endividamento do Estado). Na Europa, é mais fácil importar eleitores via imigração descontrolada. É mais fácil fragilizar as pessoas, para que fiquem solitárias e dependentes do governo, pois dessa forma elas lutarão por aumento de impostos e aumento do poder dos políticos.

A população de muitos países ainda sofre com a narrativa dos políticos sobre a superpopulação, falta de comida para todos e impacto ambiental provocado pelos filhos e o consumo. A verdade é que a população mundial já está em processo de estabilização (faz tempo). Países desenvolvidos têm densidade populacional baixíssima e não existem motivos para evitar filhos. Já faz tempo que a produção de alimentos cresce mais rápido que a população.

Em muitos países europeus o anti-natalismo é divulgado como um ato de “responsabilidade ambiental”. É a mesma lógica falha que diz que devemos empobrecer para salvar o planeta.

Existem políticos que defendem a ideia de que a população deve ser educada para se satisfazer com pouco. Aqui estão alguns exemplos:

  • Você não deveria ter filhos, o planeta está cheio e a natureza não suporta mais;
  • Você deveria pagar um cubículo alugado em uma grande cidade ao invés de ter um imóvel próprio e grande no interior;
  • Você deveria vender seu carro para andar de ônibus, Uber ou bicicleta compartilhada;
  • Você deveria trocar a proteína animal por ultraprocessados de soja ou qualquer outra planta;
  • Insetos são a comida do futuro;
  • Uma vida simples (pobre) é sustentável;
  • Você deveria lutar pela renda básica universal, pois empreender é explorar os outros;
  • Consuma menos e não tenha nada para poder trabalhar pouco;
  • Você deveria lutar pela jornada com 3 dias de trabalho e 4 dias de descanso.
  • Herança é privilégio que deve acabar, pois tudo que acumulamos deve ser entregue ao Estado para que ele promova a justiça.
  • Ser pobre é virtuoso e ser rico é uma abominação.

Você percebe que toda essa agenda enfraquece as pessoas e suas famílias? Tudo o que é proposto está baseado na escassez.

O pior é que as pessoas aceitam essas loucuras baseadas na mentira da escassez. O planeta em que vivemos é extremamente rico. Com a vontade e a mente humana, existem infinitas oportunidades de prosperidade e enriquecimento. Temos tudo que precisamos para resolver qualquer problema, desde que possamos eliminar esse pensamento de escassez.

Para ilustrar, imagine uma criança que ganhou uma caixa infinita de “Lego” (brinquedo de blocos de plástico), mas foi convencida por um adulto malicioso que as peças são escassas e precisam ser racionadas. Em vez de construir castelos magníficos e cidades inteiras, ela se limita a fazer pequenos cubos, sempre preocupada em “economizar” peças que nunca acabariam. O planeta Terra é nossa caixa de Lego infinita diante da nossa pequenez – temos energia solar ilimitada, oceanos de recursos gigantescos, e o mais importante: bilhões de mentes humanas capazes de encontrar formas cada vez mais eficientes de usar e transformar esses recursos. Mas, como a criança do Lego, fomos convencidos por “adultos maliciosos” que vivemos em escassez. O resultado? Em vez de construir nossa versão de castelos magníficos, alcançar abundância energética, encontrar curas para doenças e promover a colonização espacial, nós nos contentamos com cubinhos de subsistência, paralisados pelo medo de usar recursos que, com inovação e liberdade, seriam praticamente infinitos.

Todo atraso e pobreza que ainda persiste na Terra é obra de políticos e ideólogos que prosperam vendendo miséria, pregando escassez e vitimização. Convencer as pessoas a terem menos filhos é só mais um capítulo desse manual dos políticos. A humanidade poderia avançar se não fosse pela manipulação de quem lucra com a miséria intelectual e espiritual das pessoas. Eles promovem a ideia de que devemos ter menos filhos, enfraquecendo a família, núcleo vital da sociedade, para manter o controle sobre uma população dependente e frágil. Essa narrativa de escassez e vitimização é um artifício para perpetuar o poder dos poucos sobre muitos.

Políticos de determinadas ideologias estão criando uma espécie de “armadilha geracional”. Eles tornaram a criação dos filhos financeiramente inviável. Promoveram o individualismo extremo e o hedonismo. Combateram a educação religiosa, que essencialmente promove a formação de famílias e permite a manutenção da unidade e da paz familiar. Eles ridicularizaram valores familiares tradicionais que deveríamos ter herdado de nossos antepassados.

Qual seria a solução?

As soluções dos problemas só aparecem quando percebemos que os problemas existem. Alguns problemas que tentam nos esconder:

  1. Não existe “desenvolvimento sustentável” sem crianças;
  2. Sistemas previdenciários estatais são pirâmides financeiras disfarçadas;
  3. Uma sociedade que desencoraja a formação de famílias está programada para o colapso;
  4. Uma família formada sem ter como base valores morais religiosos, costuma resultar em conflitos e separações;
  5. Imigração em massa não resolve o problema – apenas o transfere (é o que podemos ver hoje na Europa).
  6. Ao criar ou manter uma sociedade onde as famílias são mais frágeis, os políticos encontram justificativas para a sua própria necessidade e utilidade. Isso implica que, se as famílias fossem fortes e autossuficientes, a necessidade de intervenção governamental poderia diminuir, supostamente reduzindo a relevância dos políticos no dia a dia da sociedade.

Países que conseguiram reverter parcialmente o declínio populacional, como Israel e Hungria, mostram o caminho:

  • Incentivos fiscais reais para famílias com filhos;
  • Redução de impostos proporcional ao número de filhos;
  • Políticas habitacionais favoráveis a famílias grandes;
  • Proteção religiosa e cultural dos valores familiares tradicionais que tornam as famílias unidas e fortalecidas.

Note que todas essas medidas envolvem DEVOLVER dinheiro às famílias, não criar novos programas estatais. É por isso que a probabilidade dessas coisas acontecerem no Brasil é muito pequena tendo como base o perfil dos políticos que os brasileiros costumam eleger.

Mas mudanças legais não bastam. A mudança na restauração dos valores familiares, destruídos nas últimas décadas pela mídia e pelos políticos, pode demorar décadas. As pessoas precisam divulgar a revalorização da maternidade e paternidade. As pessoas deveriam exigir dos políticos que parem de se opor à natalidade e aos valores familiares. A celebração e valorização de famílias grandes deveria voltar junto com o reconhecimento do papel fundamental do casamento como sacramento religioso e na importância da união dos pais na criação dos filhos. É praticamente impossível que tudo isso parta dos políticos e da mídia, mas nada impede que você tente fazer tudo isso na sua vida, nem que seja motivando os mais jovens a fazer aquilo que você não conseguiu fazer na sua juventude com relação a formar a sua família.

Provavelmente não existirá tempo para evitar algum nível de dano pela destruição das famílias. Você deve considerar isso nas suas decisões sobre o seu futuro financeiro.

O declínio demográfico não parece ser uma fatalidade natural. É resultado de escolhas políticas e culturais equivocadas. Quem sabe as futuras gerações acordem para as mentiras que foram contadas para a nossa geração.

O futuro depende das escolhas que fizermos hoje. Ter filhos não é apenas uma decisão pessoal, é um ato de resistência contra um sistema que quer enfraquecer as famílias. A verdadeira rebelião no século XXI é formar uma família tendo como base fortes princípios morais, como fizeram nossos antepassados.

Vou deixar aqui uma sugestão de filme de ficção que possui uma previsão sobre o futuro.

O filme foi gravado em 2007, mas a história se passa em 2027, quando a humanidade está à beira da extinção após 18 anos de infertilidade global inexplicável. As mulheres do mundo inteiro pararam de ter filhos. O último bebê nascido no planeta morreu em 2009. A Inglaterra, última nação minimamente funcional, transformou-se em um estado policial que caça imigrantes ilegais enquanto a sociedade desmorona. Todos os outros países foram destruídos pelo caos de uma população que não tinha mais filhos e, por consequência, não tinha mais esperança sobre o futuro.

Algumas coisas que o filme mostra e que nos faz pensar sobre o futuro de uma geração que se recusa a ter filhos:

  • Mostra como sociedades sem crianças perdem a esperança e a moral; sem filhos, as pessoas não se preocupam mais com o futuro.
  • Retrata o estado autoritário usando crises para aumentar poder.
  • Demonstra o colapso da ordem social quando falta renovação geracional;
  • Expõe como a ideologia que domina o mundo hoje, no longo prazo, podem levar a sociedade para o niilismo cultural.

Niilismo cultural é a perda total de valores morais, significado e propósito em uma sociedade. É quando um povo deixa de acreditar em suas próprias tradições — sejam elas morais ou religiosas — e em suas instituições e futuro. Isso resulta em uma existência vazia, focada apenas no presente imediato e nos prazeres fáceis, levando ao relativismo moral. Nesse contexto, não há mais o certo ou o errado, o bonito ou o feio, o bem ou o mal, pois tudo passa a depender do ponto de vista de cada um. Assim, não existem verdades objetivas que possam ser defendidas.

Você já teve a impressão de que as pessoas se comportam cada vez mais como se fossem loucas? Curiosamente, essa aceitação de que cada percepção individual é válida, desconsiderando a realidade compartilhada, era justamente o critério usado antigamente para diferenciar a sanidade da loucura. Aquele que vivia em sua própria verdade, desconectado do consenso social, era, muitas vezes, considerado louco.

No niilismo, as pessoas perdem todo sentido de propósito e esperança. Hoje, vendem cursos e livros sobre como ‘inventar um propósito’, enquanto nossos antepassados já o conheciam naturalmente através da tradição cristã – a mesma que fundou o mundo ocidental. Não é coincidência que toda cidade europeia e brasileira, por menor que seja, nasceu ao redor de uma igreja católica. O que antes era transmitido pela tradição, agora precisa ser vendido como ‘descoberta revolucionária’ onde se retira o proposito que transcende o mundo material.

O sentido da vida sempre foi construir uma família exemplar, da qual nos orgulhamos pertencer. É claro que isso exigiam sacrifícios individuais. Tudo que é valioso exige algum sacrifício. É muito provável que muitos dos seus antepassados distantes tenha morrido na companhia de uma dezena de filhos e uma centena de netos e bisnetos que o respeitavam e o admiravam. A morte solitária é um evento da modernidade, muito presente na vida niilista e hedonista.

Nietzsche (1844-1900) é considerado o pai do niilismo moderno. Ele acreditava que após a “morte de Deus” (o abandono dos valores morais da tradição cristã), o niilismo se espalharia pela sociedade como uma “doença”, afetaria o mundo ocidental. Nietzsche teve apenas uma irmã, no tempo em que as pessoas tinham uma dezena de irmãos. Nietzsche nunca se casou e não teve filhos. Viveu por muito tempo dependendo da pensão da universidade pública onde trabalhou. Solitário, ainda jovem, com apenas 44 anos teve um colapso mental. Foi diagnosticado com demência progressiva, provavelmente causada por sífilis neurossistêmica (doença sexualmente transmissível). Acredita-se que contraiu sífilis com prostituição. Passou os últimos 11 anos de sua vida sob cuidados da mãe e depois da irmã, em estado de demência.

O vídeo abaixo mostra o depoimento de pessoas famosas, independentes e solitárias. Algumas descrevem tristeza e preocupação com o futuro, depois de uma vida livre em que fizeram aquilo que sonharam fazer sem o objetivo de fundar uma família. O vídeo também mostra um pouco da visão de mundo de uma tradição cristã que provavelmente foi vivida pelos seus avós e bisavós, mas que foi sendo perdida junto com a decadência das famílias, da natalidade e da sociedade.

As pessoas que apresentam seus sofrimentos no vídeo acima são vítimas de uma ideologia (as ideologias têm o poder de moldar comportamentos, escolhas e percepções de felicidade e sentido). A conexão dos relatos com esses dois conceitos (niilismo e hedonismo) tornam-se evidentes quando as entrevistadas expressam arrependimentos, como o terror diante da velhice solitária ou a consciência de que buscaram preencher lacunas emocionais de formas que perpetuaram ciclos de dor.

Uma das pessoas do vídeo, felizmente, percebe que é a única responsável por suas escolhas. A maioria, no futuro, buscará culpados, e as ideologias vão agir novamente para atribuir a culpa a alguém, tendo o Estado como protetor e provedor universal.

Essas experiências relatadas no vídeo ilustram as consequências de uma mentalidade que, ao desconsiderar as implicações espirituais e sociais de suas escolhas, confronta-se com o vazio existencial ou com a ausência de vínculos significativos e duradouros.

Muitas pessoas famosas são influenciadoras e transmitem a milhões de seguidores essa visão de mundo que, no longo prazo, ela não funciona.

Que tenhamos sabedoria para lidar com as consequências do que está por vir no decorrer da atual crise demográfica.

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