A justiça é a virtude que nos leva a dar a cada um e a cada coisa o que é devido, justo e merecido.
Você verá nesse artigo que sem a virtude da justiça você terá sérios problemas na sua busca para atingir a independência financeira.
Enquanto a fortaleza (leia o artigo) e a temperança (leia o artigo) estão relacionadas ao autocontrole, a justiça governa como nos relacionamos conosco e com as outras pessoas.
Vamos iniciar entendendo a origem mais primitiva do senso de justiça, pois muitas pessoas só possuem esse senso primitivo e animalizado, acreditando que se trata da virtude humana de justiça.
A verdadeira justiça é consequência da vontade e da inteligência e não de um instinto animal reativo.
O vídeo mostra um experimento que apresenta um macaco-prego manifestando profunda revolta diante de uma situação que parece muito injusta para ele.
O experimento é bem simples. Os macacos recebem um alimento como recompensa quando realizam a tarefa de entregar uma pequena pedra para a mulher.
O problema é que o macaco da esquerda se sente injustiçado. Ele percebeu que está recebendo pedaços de pepino enquanto o macaco da direita está recebendo uvas ao realizar a mesma tarefa. Macacos gostam de pepinos e outros vegetais menos saborosos, mas preferem frutos doces como as uvas.
A revolta instintiva diante do que parece ser uma injustiça é imediata e incontrolável. O macaco fica agitado, parece violento, se contorce de raiva, tenta forçar a porta da jaula e até arremessa pepinos contra a mulher que o alimenta.
Por sua reação, é possível imaginar que se o macaco da esquerda não estivesse preso, ele seria capaz de agredir a mulher, roubar as uvas ou atacar o outro macaco.
Tudo isso nos parece familiar? Pessoas também se comportam dessa forma. Infelizmente, muitos acreditam que possuem a virtude da justiça por se comportarem como um macaco de laboratório.
Estamos o tempo inteiro nos comportando como o macaco. Fazemos comparações entre os nossos resultados e os resultados dos outros e logo passamos a imaginar que existe injustiça por toda parte. Isso é um grande problema.
As pessoas que buscam “justiça” comparando os resultados, ignoram a trajetória das outras pessoas, como as pessoas que estão na plateia na figura acima. Elas não conseguem ver quantos pratos o homem quebrou até desenvolver suas habilidades e seus resultados no palco.
A figura acima nos lembra que nem sempre o que as pessoas exibem representa os dois lados de sua história.
As pessoas gastam muito tempo e energia envolvidas em comparações, sentimentos de injustiça e tentativas de reparação (como se isso fosse a virtude da justiça). Você terá problemas para prosperar se pensar dessa forma. Isso vai interferir nas suas relações de trabalho, nos seus negócios e em outros aspectos da sua vida. Você ainda correrá o risco de ser manipulado por ideologias que exploram esse comportamento animalizado, confundindo (propositalmente) a ideia de justiça com a ideia de igualitarismo.
Vamos refletir sobre a justiça do macaco e as pessoas que conhecemos:
- O macaco, assim como as pessoas, não compreende que o problema do pepino e da uva é irrelevante diante da sua condição de prisioneiro de um laboratório. Pepinos sem gosto e uvas doces são distrações. A verdadeira injustiça está na ignorância do macaco que se manifesta em diversos níveis.
- O macaco, assim como as pessoas, ignora que está preso em um ambiente inventado.
- O macaco, assim como as pessoas, ignora que está sendo manipulado em um experimento social.
- O macaco, assim como as pessoas, ignora que nem sempre a recompensa mais prazerosa é a melhor escolha, pois muitas vezes são apenas distrações.
Pessoas, assim como os macacos de laboratório, estão totalmente focadas nas guloseimas, prazeres baratos, vícios e tudo que está entorpecendo e manipulando o macaco ao lado. Geralmente elas se unem para reivindicar “justiça”, pois querem uvas e distrações em troca do mínimo esforço possível. Macacos servem os que possuem pepinos, uvas e guloseimas fáceis.
As pessoas, assim como o macaco, não compreendem que são escravas de seus próprios vícios (soberba, inveja, gula, preguiça, luxúria, avareza e ira) e que geralmente estão se revoltando para que possam conquistar mais de seus próprios vícios, enquanto permanecem aprisionadas e enfraquecidas. Elas falam sobre injustiças, pois o vizinho está viciado em uvas doces. Elas falam sobre serem livres para que possam vivenciar sua própria desordem. Logo começam a negar a realidade e passam a viver em uma espécie de loucura coletiva, como os personagens última figuram, que se alegram ao trocar de gaiola.
A senhora, do vídeo acima, está revoltada por algo que considera injusto. Ela reclama que o bolsa família é insuficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos, já que a menina só usa calças que custam mais de R$ 300,00.
A situação fica ainda mais estranha quando você observa que esse vídeo é de 2013. No ano de 2013 a senhora reclamou que desde 2005 (8 anos antes) recebia R$ 134,00 do governo mensalmente e sem qualquer reajuste. Devemos lembrar que em 2005, o salário-mínimo era R$ 300,00 e em 2013 o salário-mínimo era pouco mais de R$ 600,00. Para a senhora, é injusto não conseguir comprar calças que custam R$ 300 para sua filha adolescente.
A senhora desse vídeo está aprisionada. Ela representa o modo de pensar de grande parte dos brasileiros.
Ela também recebeu uma tarefa em troca de uma recompensa. De tempos em tempos ela é obrigada a se por diante de uma máquina onde deve digitar alguns números e depois apertar o botão “Confirmar”. Isso vai garantir a manutenção da recompensa.
Não somos diferentes da pobre senhora que não compreende o experimento em que está sendo submetida. Se você é aquele funcionário de empresa pública ou privada que gasta tudo que ganha, vive fazendo dívidas, sem nenhum plano para ficar menos dependente dessa condição no futuro, sua situação não é muito diferente. Assista ao vídeo:
Você provavelmente já viu funcionários públicos e de empresas privadas revoltados, que se consideram muito justos, lutando por mais “justiça”, brigando para que possam ganhar mais, trabalhar menos ou receber algum outro benefício que os façam mais felizes. Os gatos não entendem por qual motivo batem o sino, assim como as pessoas não entendem por qual motivo trabalham. O importante é a recompensa no final do mês.
Isso tudo condiciona você a ficar preso na sua gaiola, reclamando dos pepinos ou reclamando de sua recompensa insuficiente para comprar o estilo de vida do seu vizinho. Enquanto você estiver focado nas gratificações, não conseguirá sair da corrida dos ratos. Hoje temos redes sociais e você pode fazer comparações com pessoas desconhecidas que moram longe. Não existe mais limites para comparações e um enorme sentimento de injustiça.
Se macacos de laboratório e gatos domésticos tivesse um pouco mais de consciência (como a consciência humana), o problema continuaria. Talvez eles se sentissem injustiçados pelos humanos, injustiçados pela natureza ou pelo Criador de todas as coisas.
Pessoas também se revoltam contra a humanidade, contra a Divindade e contra a realidade das coisas. Já chegamos ao ponto em que as pessoas estão sendo motivadas a negar a realidade, negar a Divindade e negar a humanidade em nome da justiça dos pepinos e das uvas.
O experimento do macaco é uma maneira de ilustrar como as pessoas podem se sentir injustiçadas sem perceberem o quadro maior, de forma que fiquem entretidas criticando e falando sobre os pepinos e as uvas da vida.
Aqui estão algumas situações que distorcem a ideia de justiça e que fazem as pessoas gastarem muito tempo e energia acreditando que são justas:
- Percepção Limitada da Situação: Assim como o macaco da esquerda se fixa na diferença entre pepinos e uvas sem entender o contexto do experimento, as pessoas podem se concentrar em questões aparentemente injustas sem compreender totalmente as complexidades do ambiente em que vivem. Todo dia tentam mobilizar as pessoas para um sentimento de revolta e justiça que são apenas distrações. Os envolvidos são sempre os mesmos grupos.
- Ignorância da Própria Condição: O macaco da esquerda não compreende que está em um ambiente controlado, assim como as pessoas podem não perceber as estruturas sociais, econômicas e políticas que moldam suas vidas. A ignorância sobre a própria condição pode levar à percepção equivocada de injustiça e justiça.
- Manipulação em um Experimento Social: As pessoas podem se sentir injustiçadas sem perceber que estão, de certa forma, sendo manipuladas em um “experimento” mais amplo. Fatores como marketing, propaganda, mídia enviesada, escola, ideologias, influências externas podem moldar percepções injustas sem que as pessoas estejam cientes disso.
- Foco na Gratificação Imediata: Assim como o macaco prefere a uva doce em vez do pepino, as pessoas podem buscar gratificações imediatas sem considerar as consequências a longo prazo. Isso pode resultar em escolhas que, apesar de proporcionarem satisfação momentânea, podem ser prejudiciais no futuro. Gratificações são adotadas para manipular animais e pessoas. Nem sempre o prazeroso e o confortável no curto prazo representa algo bom no longo prazo.
- Desigualdades Sociais: Pessoas que se sentem injustiçadas devido a desigualdades econômicas podem não compreender totalmente as estruturas sistêmicas que perpetuam tais disparidades. Essas pessoas são frequentemente manipuladas por políticos através de movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos, grupos que atacam o patrimônio privado e outras formas que essas pessoas utilizam de se apropriar do poder e do dinheiro de quem é manipulado.
- Mídia e Manipulação de Informação: Indivíduos que se sentem injustiçados com base em informações distorcidas e ideologias políticas podem não perceber a manipulação por trás da apresentação seletiva de dados, como acontece em alguns países.
- Busca por Privilégios Percebidos: Algumas pessoas podem se sentir injustiçadas por não terem certos privilégios percebidos, sem considerar a complexidade das relações sociais e históricas que contribuem para essas disparidades.
A escova sanitária ouvindo as lamentações da escova de dentes.
Uma vez que você já está contaminado com o sentimento primitivo de injustiça, você tenderá a mudar a sua postura diante da vida (de forma negativa), pois se sentirá forçado a buscar fazer justiça ou buscar algum tipo de reparação pela injustiça sofrida. Você se associará a grupos que pensam dessa forma.
Geralmente isso significa que você vai se sentir autorizado a cometer injustiças (pequenas ou grandes) para reparar a injustiça que você imagina que estão cometendo contra você. Aqui temos um problema sério.
Reparando a injustiça sendo injusto
Todas as pessoas que praticam injustiças acreditam que estão fazendo algum tipo de reparação.
Isso significa que as pessoas que não possuem a verdadeira virtude da justiça frequentemente acreditam que são as pessoas mais justas do mundo, ou seja, são verdadeiros heróis. A linha que separa a justiça do herói e a do vilão é muito tênue.
A justiça, para o herói, é frequentemente vista como algo que promove a verdade, a ordem e o bem-estar para a maioria das pessoas comprometidas com a verdade. Por outro lado, o vilão muitas vezes acredita que está buscando justiça, mas essa justiça é geralmente autocentrada, parcial ou distorcida de alguma forma (mentira ou autoengano). Eles podem se sentir vítimas de uma injustiça e buscar reparação (vingança). No entanto, suas ações tendem a beneficiar apenas a si mesmos ou a um grupo pequeno, muitas vezes causando desordem, danos a outros e inúmeras consequências negativas no longo prazo que são difíceis de compreender no curto prazo.
Lembre-se que justiça é a virtude que nos leva a dar a cada um e a cada coisa o que é devido, justo e merecido. Nem sempre as outras pessoas devem alguma coisa a você. Nem sempre você merece aquilo que você deseja. O mundo não nos deve nada apenas por termos nascido.
A falta da virtude da justiça pode dificultar ou impedir a conquista da independência financeira no longo prazo. Vamos refletir sobre como a ausência dessa virtude pode prejudicar esse processo:
1. Falta de Justiça no Ambiente de Trabalho: Quando você imagina que é uma vítima, um injustiçado em seu ambiente de trabalho, você tende a acreditar que ganha menos do que deveria por pura discriminação. Você tende a acreditar que as promoções na empresa onde você trabalha são injustas ou as condições de trabalho são desiguais. A consequência da revolta dos pepinos é a insatisfação, baixa produtividade e até mesmo o abandono do emprego, prejudicando a estabilidade financeira a longo prazo. Você será aquele funcionário problemático que está sempre envolvido nos problemas e não nas soluções que empresa precisa. Você buscará direitos antes de cumprir seus deveres. Sua mentalidade contaminada, que acredita ser justa, logo fará você queimar o seu currículo até que você se torne um profissional indesejado em qualquer empresa.
2. Fraudes e Comportamentos Desonestos: A ausência da virtude da justiça pode levar a comportamentos desonestos, como fraudes, manipulação de dados financeiros ou práticas comerciais injustas e criminosas. Essas ações podem resultar em consequências legais, prejuízos financeiros, demissões, falências e, a longo prazo, destruir a reputação financeira e profissional. Existem pessoas que fraudam, roubam e mentem em suas profissões, nas empresas que criam ou nos empregos que conseguem. Geralmente elas não acreditam que fazem isso por maldade. Em sua jaula pessoal, elas acreditam que são pessoas injustiçadas e precisam reparar essa injustiça praticando um mal que elas consideram justificável (uma reparação). Se você ganha dinheiro enganando ou prejudicando as pessoas, de forma direta ou indireta, saiba que dentro de todos nós existe uma espécie de “juiz”. Sua consciência está sempre julgando se você merece ou não as coisas que têm. Acumulamos dentro de nós, como um veneno, todo mal que praticamos. As pessoas que ganham a vida com falcatruas tendem a iniciar um processo de autodestruição com o passar dos anos ou na velhice, pois o “juiz interior” continua apontando o canalha que você sempre foi durante a sua vida. É por isso que o fim da vida dessas pessoas tende a ser muito triste. Busque ler a biografia de pessoas famosas, ricas e bem-sucedidas que construíram seu patrimônio com falcatruas, mentiras e hipocrisia. O destino delas sempre é deprimente, pois elas mesmas iniciam um processo interior autodestrutivo. A solução é a de se conscientizar e iniciar um processo de reparação de todos os seus erros, antes que seja tarde, pois a pessoa mais importante (que é sua consciência ou seu espírito) viu tudo o que você fez de errado, e essa pessoa habita dentro de você. Não acumule nada que você não tenha merecido receber, pois se a justiça não se cumpre dentro de você, ela vai se cumprir fora de você, pois ela paira por toda parte. A Justiça Maior tarda, mas não falha.
3. Falta de Planejamento Financeiro Justo: A justiça está relacionada à distribuição equitativa (dar a cada um e a cada coisa o que é devido, justo e merecido). Se uma pessoa não pratica a justiça em seu planejamento financeiro, pode haver a falta de equidade na alocação de recursos. Isso pode resultar em escolhas financeiras ruins, falta de poupança adequada ou investimentos inadequados, comprometendo a construção da independência financeira. O dinheiro que você gasta para manter seus vícios, é justo? O que você gasta com sua saúde, é justo? O dinheiro que você gasta se desenvolvendo para melhorar sua condição de vida, é justo? É justo gastar tudo que ganha e ainda comprometer a renda futura através de dívidas? É justo comprometer o futuro para desfrutar o presente? É justo todo o tempo/dinheiro que você joga no lixo, quando existe tanta coisa importante a ser feita com esses recursos? Tente avaliar se existe justiça no destino que você dá para o seu dinheiro, tempo e sua vida.
4. Ignorância das Responsabilidades Financeiras: A falta de justiça pode manifestar-se na forma de ignorância ou negligência em relação às responsabilidades financeiras, como o pagamento de dívidas, a manutenção de um orçamento equilibrado e o cumprimento de compromissos financeiros. Essa falta de responsabilidade pode levar a problemas financeiros significativos ao longo do tempo. Quando você compra algo que não pode pagar, criando problemas para empresas, bancos e pessoas. Você está agindo de forma injusta e até criminosa quando sabe que não pode pagar. São os maus pagadores que prejudicam a vida dos bons pagadores. As perdas por inadimplência ou por falcatruas cometidas pelos consumidores se tornam um custo que será adicionado ao preço dos produtos e serviços. São os outros que pagam por sua falta de responsabilidade. O mesmo ocorre com quem sonega impostos, pois são os sonegadores que fazem todas as outras pessoas pagarem mais impostos para sustentar toda a ineficiência e corrupção dos governos.
A virtude da justiça é essencial para garantir que os processos relacionados ao trabalho, poupança e investimentos sejam conduzidos de maneira ética, equilibrada e responsável. Sua ausência pode resultar em consequências adversas que comprometem a jornada de conquistar a independência financeira no longo prazo. Portanto, é fundamental integrar a justiça nas decisões financeiras e práticas ao longo da vida.
A falta de justiça com os outros
Se você trata os outros sem justiça, espere para colher frutos amargos e consequências desastrosas em todas as áreas de sua vida, incluindo a área financeira. São Tomás de Aquino, no livro “Suma Teológica (escrito entre os anos 1265 e 1273)”, aborda a virtude da justiça como um princípio fundamental para a ordem moral. Vou listar aqui uma série de comportamentos que representam falta de justiça na sua relação com as outras pessoas. Todos esses pontos produzem consequências negativas que de forma direta ou indireta vão se refletir na sua vida financeira envolvendo o seu trabalho e a sua família.
- Denegrir Pessoas: Denegrir a reputação de alguém envolve injustiça, pois prejudica a dignidade e a imagem da pessoa sem uma justificativa legítima. Quem rouba alguém pode reparar devolvendo o que foi roubado. Quem rouba a reputação de alguém não pode fazer o mesmo tipo de reparação. Pessoas viciadas em denegrir os outros sofrem várias consequências negativas no trabalho e na vida, e muitas vezes isso resulta em prejuízos financeiros
- Colocar uma Pessoa Contra a Outra: Criar conflitos entre pessoas muitas vezes envolve manipulação e injustiça para se obter algum benefício ou apenas pelo prazer de praticar o mal (achando que está sendo justo ao fazer o mal). A justiça busca a harmonia e a cooperação, enquanto colocar indivíduos uns contra os outros promove desordem e desconfiança. Não tenha nenhuma dúvida de que as pessoas percebem quando você sofre de falta de justiça ao falar dos outros e isso vai gerar consequências contra você, principalmente no trabalho, fazendo você se sentir ainda mais injustiçado.
- Usura (Exigir Mais do que Devido): Exigir mais do que é razoável, seja em favores, recursos ou tempo, representa uma forma de injustiça. A justiça exige equidade nas transações e relações, evitando explorar o próximo. Existem pessoas que fazem questão de fazer pequenos favores para depois cobrar da pessoa favorecida algo muito desproporcional e abusivo. As pessoas percebem quando você faz isso e elas tendem a se afastar de você. Se você faz isso no trabalho, você terá problemas.
- Mentira: A mentira viola a verdade, um dos princípios da justiça. Enganar deliberadamente alguém é uma afronta à honestidade e ao respeito mútuo que a justiça busca promover.
- Hipocrisia: Agir de maneira contrária às próprias crenças ou valores é injusto, pois cria uma falsa representação. A justiça exige autenticidade e integridade nas ações e nas relações. O mundo nunca esteve tão cheio de hipócritas que exigem dos outros aquilo que eles não exigem deles mesmos.
- Jactância: A exibição excessiva de conquistas ou habilidades pode gerar inveja. A justiça busca uma humildade equilibrada e reconhecimento justo das próprias realizações. Se você gasta muita energia para parecer inteligente e importante, você deveria usar essa energia para se tornar verdadeiramente inteligente e importante.
- Ironia Ofensiva: Utilizar a ironia de maneira ofensiva pode provocar conflitos desnecessários. Eu sei que talvez você se sinta alguém justo ao ser irônico, mas você ganhará mais se praticar a justiça que pede que a comunicação seja clara e respeitosa.
- Adulação: A adulação, ou bajulação excessiva, pode distorcer as relações ao criar expectativas irrealistas. A justiça busca relações autênticas baseadas no respeito mútuo.
- Liberalidade Abusiva: Abusar da generosidade alheia representa uma injustiça. A justiça exige que a liberalidade seja exercida com responsabilidade, evitando o aproveitamento indevido da boa vontade do outro, dos recursos financeiros dos outros, do tempo e da atenção dos outros.
Ninguém está vendo, mas você viu
Havia um mosteiro onde viviam monges devotados, dedicados à sua fé e prática espiritual. Certa vez, o líder do mosteiro, um velho monge, reuniu os outros monges e propôs uma ação inusitada.
Ele disse: “Irmãos, nosso mosteiro está enfrentando escassez de alimentos. Eu peço que cada um de vocês vá à cidade e, sem que ninguém os veja e roubem alimentos para o mosteiro. Mas há uma condição: ninguém pode testemunhar o roubo.”
Os jovens monges eram muito obedientes e concordaram com a ordem e partiram para a cidade na escuridão da noite, cada um planejando seu modo de roubar alimentos sem ser notado.
No entanto, um dos monges ficou para trás, varrendo o pátio do mosteiro. Quando questionado sobre por que não participou da missão, ele respondeu com serenidade: “O senhor disse que ninguém poderia ver, mas eu estaria me vendo o tempo todo. Sendo assim, seria impossível obedecer à sua ordem, pois eu mesmo seria a testemunha do roubo.” Tudo era um teste e esse jovem monge se tornou o novo líder espiritual do mosteiro.
Essa história nos lembra que devemos ser justos por nós mesmos. Somos fortes quando temos um compromisso com princípios éticos e uma compreensão de que a verdadeira integridade não se baseia apenas em evitar ser visto pelos outros, mas também em agir de acordo com uma consciência interna. Essa consciência interna não pode ser ignorada, pois ela é altamente destruidora diante da injustiça. Você se torna um homem fraco e desprezível diante de seus próprios olhos quando quebra sua integridade, principalmente quando ninguém mais está observando.
O sentimento de culpa, por injustiças cometidas e acumuladas, é uma enorme fonte de problemas na sua vida. Muitas vezes as pessoas cometem excessos e se envolvem com vícios autodestrutivos quando no seu interior se sentem desprezíveis por serem testemunhas de suas misérias.
Juiz interior implacável
Nenhum outro animal possui dentro de si uma espécie de “Consciência Moral”, que funciona como um Sensor ou um Juiz Interior. Nós humanos nascemos com a capacidade de conhecer o bem e o mal e isso pode ser altamente perigoso e destrutivo na vida dos injustos. Vamos entender isso melhor agora.
Consciência moral: É muito antiga a percepção de que temos uma consciência moral, um senso interior que atua como guia ético e que pode causar remorso ou tormento quando uma pessoa age de maneira injusta, mesmo quando ninguém mais está ciente disso. Esse remorso e seus tormentos levam as pessoas a todo tipo de miséria, destruindo famílias, carreiras e patrimônio construídos na base dos erros e das injustiças. Na prática, somos os únicos seres vivos da Terra que adquiriram a consciência do bem e do mal.
A consciência moral, do ponto de vista religioso, é vista como a capacidade interior de discernir entre o certo e o errado. Ela é concebida como uma espécie de “voz interior” que guia as escolhas morais de uma pessoa.
Remorso e Tormento: Quando uma pessoa age de maneira injusta, violando os princípios éticos ou morais, a consciência pode gerar um sentimento de remorso. Esse remorso é frequentemente descrito como um tipo de tormento interior, um desconforto emocional causado pela percepção da própria transgressão. Existem inúmeros transtornos mentais, doenças físicas (psicossomáticas) e desordens na vida pessoal que são consequências de remorsos e tormentos por injustiças que cometemos no passado. Carregamos isso como manchas em nossa alma e não sabemos o que fazer com isso nos dias de hoje. Muitas vezes as pessoas entram em um processo de autodestruição da vida pessoal e financeira. Existem inúmeros exemplos de pessoas que atingem grande sucesso profissional e financeiro e logo depois mergulham em completa desgraça interior.
Responsabilidade Individual: Existe uma ideia que está enraizada na compreensão na nossa cultura ocidental (de origem católica) da responsabilidade individual perante os princípios morais universais (de origem Divina). Mesmo que a injustiça seja cometida em segredo, a consciência moral ainda está presente como uma testemunha interior.
“eles mostram que o objeto da lei está gravado nos seus corações, dando-lhes testemunho a sua consciência, bem como os seus raciocínios, com os quais se acusam ou se escusam mutuamente”. Romanos 2:15
Hoje as pessoas procuram um profissional de saúde mental para tratar os sintomas gerados pelo sentimento de culpa, remorsos e tormentos das injustiças que comentaram. Frequentemente saem desses consultórios com algum diagnostico e uma lista de remédios caros para tratar os sintomas, sem nunca curar a origem dos desequilíbrios. Se tornam clientes eternos dos profissionais de saúde e das indústrias farmacêuticas.
Já as pessoas justas vivem uma paz interior, embora sofram as consequências externas de um mundo que valoriza e entrega prêmios para os corrompidos, viciados e injustos que se associam formando grupos.
Seus antepassados resolviam esse problema através das leituras de ensinamentos religiosos que falavam sobre a justiça, virtudes, moral, ética e de regras que as pessoas deveriam seguir para que pudessem se sentir bem com elas mesmas, sem o sentimento de que foram injustiçadas e sem o sentimento de que são justiceiras ou injustas. Para curar os remorsos e os tormentos existia o arrependimento, reconciliação (confissão dos pecados), arrependimento sincero, reparação, penitência e uma vontade de não errar novamente, já que isso seria uma injustiça contra o próprio Criador, resultando em consequências como a perda eterna da própria alma. Mas toda essa tradição vem se perdendo. Se você é cristão, já deve ter percebido que boa parte das doenças curadas por Cristo se originavam de erros, vícios e injustiças (pecados) que as pessoas cometiam e não sabiam o que fazer com o sentimento de culpa e o tormento espiritual que isso produzia.
Justiça e os 7 vícios
Em artigos anteriores escrevi sobre sete vícios que também são chamados de pecados capitais. Todas as virtudes, de alguma forma, nos ajudam a combater esses vícios.
No caso da virtude da justiça, devemos perceber que todos os sete pecados capitais são formas de injustiça.
A soberba nos leva a nos considerar superiores aos outros e a tratar os outros com menosprezo. A avareza nos leva a querer mais do que precisamos e logo estamos cometendo exageros que prejudicam os outros e a nós mesmos. A inveja nos leva a querer o que os outros têm, mesmo que isso signifique prejudicá-los, geralmente ser invejoso nos custa muito caro. A ira nos leva a agir com violência, o que pode prejudicar os outros e a nós mesmos de forma injusta. A luxúria nos leva a agir de forma promíscua, o que pode prejudicar a nós mesmos e aos outros. A gula nos leva a negligenciar nossa saúde e a cometer exageros, o que pode prejudicar os outros e a nós mesmos. A preguiça nos leva a procrastinar e a evitar nossas responsabilidades, o que pode nos prejudicar e criar problemas não merecidos para os outros. A justiça nos ensina a dar a cada área da nossa vida aquilo que é devido, justo e merecido.
Como desenvolver a virtude da da justiça
Desenvolver a virtude da justiça pode envolver uma variedade de práticas e exercícios. Aqui estão algumas sugestões:
Estudo da moral: Aprender sobre princípios morais e éticos vai ajudar você a entender o que significa ser justo. Busque a antiga filosofia (Aristóteles e Platão) e busque conhecer a vida dos antigos santos católicos. Recomendo um livro medieval muito conhecido e lido pelos nossos antepassados (desde o século XIII) chamado “Legenda Áurea (veja aqui)“. O livro em 1080 páginas que narram a história surpreendente de mais de 170 homens e mulheres que conquistaram todas as virtudes durante a vida, ao ponto de se tornarem seres sobre-humanos, repletos de poderes. Certamente este livro inspirou muitas crianças e adultos que foram seus parentes, pois até o final do século XV, Legenda áurea se tornou uma obra de enorme popularidade e, durante anos, foi mais editada do que a própria Bíblia. Outro livro de história de eventos religiosos para refletir sobre a realidade que vivemos é uma compilação de aparições marianas (veja aqui) (Nossa Senhora das Graças, La Salette, Lourdes, Fátima, Rosa Mística, Akita e Garabandal) que compõem um elo de profecias a respeito da situação da atual sociedade e da degradação progressista na própria Igreja.
Reconhecimento do esforço dos outros: Uma maneira de cultivar um senso de justiça é reconhecer e valorizar o esforço e a dedicação dos outros. Dar ao outro o que é devido também significa dizer um “Obrigado” para todos aqueles que te ajudaram, e você ainda não agradeceu. Isso pode envolver agradecer seus pais, por eles terem decidido ter filhos ao invés de criar um cão. Agradecer seu chefe por ele ter decidido se sacrificar abrindo um negócio, ao invés de fazer outras coisas com o próprio dinheiro. Agradecer por todos aqueles que acordam todos os dias e trabalham para que você tenha água, energia, gás e internet na porta sua casa. Agradecer todos que plantam, colhem, produzem e vendem os alimentos que sustentam a sua vida. Agradecer por aquele que criou o Sol, o planeta Terra e que arquitetou cada célula do seu corpo para que você se mantenha vivo.
Respeito à propriedade dos outros: Não existe nada mais prejudicial para a sua vida do que acumular coisas que foram adquiridas injustamente. Livre-se da ideia de que existe alguma vantagem em ter algo que não é merecido. Infelizmente pode demorar muito tempo para que você perceba os danos de uma vida. As pessoas só percebem quando é tarde demais.
Reparação de danos: Se você causou algum dano a outra pessoa, é um dever de justiça repará-lo. Isso pode envolver a admissão de erros, o pedido de desculpas quando necessário, e a tomada de medidas para corrigir o erro ou compensar a pessoa prejudicada ou outras pessoas para que não sejam prejudicadas. Você não vai querer passar a vida inteira colecionando inimigos e dívidas que um dia serão cobradas de você. Não deve ser o seu objetivo deixar um rastro de destruição, prejuízos e injustiças por onde você passou nessa vida. Existem pessoas que nascem para tornar o mundo um pouco melhor depois de sua existência e outras que nascem para tornar o mundo pior. Você escolhe o legado que você deixará para orgulhar ou envergonhar seus antepassados e seus descendentes.
Autorreflexão: no final do dia, antes de dormir, reflita sobre os atos justos e injustos que você praticou. Existem diversas virtudes que derivam da virtude da justiça, como se a justiça fosse um tronco e essas virtudes fossem galhos. Exemplo: honestidade, integridade (adesão a princípios morais e éticos), respeito (reconhecer e valorizar a dignidade e o direito dos outros), responsabilidade por seus atos, veracidade, misericórdia etc.
O próximo artigo será sobre a última virtude cardeal.
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Gratidão a Deus e A Você Leandro. Mais um artigo que serve como ensinamento e alimento para alma.
Obrigado Filipe
Parabéns Leandro!!! Você é um verdadeiro mestre, não só pelos ensinamentos de educação financeira, mas também pelas lições de vida.
Obrigado, Celso.
Bom dia Professor,
excelente, excelente, excelente……obrigado.
Obrigado, Carlos.
Leandro, bom dia! Quero expressar minha gratidão pelos seus artigos sempre enriquecedores, que nos levam à reflexão. Agradeço especialmente pelas recomendações dos livros nesse artigo. Sinto que você é um homem de fé, profundamente comprometido com sua religião católica. Percebo em você um homem com um dom incrível para a didática, concedido por Deus. Já pensou em criar um blog exclusivo para discutir temas relacionados a Deus, tanto para católicos como para outros interessados? Esta é a primeira vez que comento em um de seus artigos, e me senti tocado a compartilhar essa sugestão. Lembrando uma parábola de Jesus, considero um desperdício deixar enterrado esse seu talento e não utilizá-lo para contribuir na salvação de almas com o seu conhecimento e didática. 🙂 Que Deus o abençoe grandemente!
Obrigado Willimar. Já pensei sobre essa possibilidade, pois existem riquezas que estão além dessas que acumulamos na Terra, que é apenas uma riqueza temporal, logo ela será transferida para outras pessoas.
UMA VERDADEIRA BATALHA. NÃO COM OS OUTROS, MAIS COMIGO MESMO!
Olá Paulo. É isso mesmo. A grande batalha ocorre dentro de cada um.
que conteúdo maravilhoso! obrigado
Olá Alisson. Fico feliz por ter ajudado.
Olá,
Mais um artigo ESPETACULAR. Parabéns!
Gostaria de pontuar, que acho muito injusto você não citar no seu artigo nenhum dos filósofos estoicos. Pois defendiam tudo isso, muito antes de todas essas pessoas que você citou como referência. Eles apenas não transformaram a filosofia deles numa religião, mas na minha opinião, foi a base para a construção da religião católica.
As virtudes cardeais para os estoicos são: Coragem, Justiça, Autocontrole, Sabedoria.
Só que, eles já falavam sobre isso muito antes de jesus nascer.
Abraços
Olá Yury, os estoicos foram influenciados por Aristóteles e Socrates, que por sua vez influenciaram pessoas como São Tomas de Aquino. Embora o estoicismo tenha surgido na Grécia, o estoicismo se desenvolveu na Roma, a mesma Roma que se converteria ao catolicismo. Eu acredito que o estoicismo preparou Roma para a conversão, pois existem valores e visões de mundo compartilhadas, embora o estoicismo seja incompleto. O fato é que, provavelmente muitas dezenas de gerações da sua família teve contato com todas essas ideias e valores através do catolicismo e não por meio do estoicismo. Seus antepassados transmitiram por vários seculos todos esses valores. É muito injusto negar o trabalho milenar de nossos avós, para transmitir esses valores até aqui, por meio do catolicismo e não através do estoicismo ou qualquer outra filosofia antiga que foi desenterrada recentemente. Apagar o legado dos nossos avós é injusto.
Como orientado no texto, fica aqui o justo agradecimento pela dedicação de seu tempo a esse blog tão edificante! Não apenas pra nossa vida financeira, mas principalmente humana e, ultimamente, espiritual, que nos traz um tesouro que nunca será perdido..
Deus abençoe cada dia mais o seu trabalho e sua vida!
Obrigado, Adryane.
Concordo com e apoio o Willimar Sousa, com o comentário acima..
Leandro, seria injusto eu não agradecê-lo por compartilhar comigo tudo aquilo que tu sabes. Você tem me dado oportunidade de me tornar uma pessoa melhor. É um processo muito lento. Porém, necessário. Que você conserve sua saúde, energia e inspiração para dar continuidade no seu trabalho. Obrigada
Obrigado por suas palavras, Cristina.
Eu tambem. Me tornei uma pessoa melhor para mim e meus proximos depois de ter contato com seus artigos e livros. A visao de vida, de presente e de futuro que eu tenho nao seria tao apurada. Obrigado.
Parabéns, Gus.
Maravilhoso! Faz anos não acompanhava mais o seu blog, pois parei de estudar sobre finanças… Mas agora vi seu artigo e fiquei muito feliz em saber que você é católico e está colocando essa visão nos seus textos. É um diferencial muito grande, só quem tem vida espiritual sabe a diferença que isso faz! Deus é tudo! Salve Maria!
Obrigado, Alanna.
Parabéns mais uma vez pelo excelente texto e correlações
Obrigado, Emerson.
Bravo!!! Texto espetacular! Obrigado por compartilhar o seu conhecimento.
Obrigado, Rodolfo.
Mais um excelente artigo para a nossa reflexão e desenvolvimento pessoal!
Obrigado Leandro, pela sua dedicação em ensinar e compartilhar o seu conhecimento!
Um grande abraço!
Obrigado, Ronaldo. Fico feliz em ajudar.
Parabéns Leandro Ávila! Muito bem elaborado e esclarecedor!!!!!! Muito obrigado!!!!
Obrigado, José.
Justos agradecimentos por mais um artigo incrível. Deus te abençoe sempre Leandro.
Obrigado, Rogerio.