Estou começando aqui uma série de artigos sobre como a independência financeira das pessoas pode ser adiada ou até destruída por comportamentos viciosos que nossos antepassados tentaram combater, mas que hoje são largamente incentivados.

Você provavelmente é uma das muitas pessoas que estão aqui no Clube dos Poupadores, se esforçando diariamente, para conquistar algum nível de independência financeira durante a sua vida. Parabéns, pois você é verdadeiramente parte de uma minoria.

A independência financeira é fruto de um esforço pessoal, custoso e incompreendido por pessoas próximas de você.

Nesse esforço diário existem barreiras que você precisa superar. Algumas são barreiras externas e outras são barreiras que estão dentro de você.

Entre as principais barreiras internas estão os vícios humanos (físicos e mentais). Quando esses comportamentos viciosos não te impedem, eles te atrasam nas atividades básicas para se conquistar a independência: ganhar dinheiro, poupar dinheiro e investir o seu dinheiro. 

Eu também vou mostrar como as empresas lucram quando cultivam comportamentos viciantes. Veremos que o enfraquecimento da sociedade, entorpecida pelos vícios, também favorece aos políticos.

Somos constantemente atacados por conteúdos que engrandecem os vícios e ridicularizam as virtudes, enaltecem os viciados e menosprezam os virtuosos. Vamos começar pela soberba.

Soberba: primeiro dos 7 vícios comportamentais

A soberba é um comportamento viciante, pois envolvem padrões repetitivos e compulsivos de comportamento que podem ser prazerosos no curto prazo, mas com consequências negativas na vida da pessoa no longo prazo.

A soberba se manifesta através do excessivo amor próprio, orgulho, arrogância e vaidade.

Está entre os vícios mais prejudiciais para o futuro financeiro da pessoa.

A soberba em excesso faz qualquer um se comportar como se estivesse enlouquecido, pois leva a uma opinião exagerada, irrealista e inflada sobre si mesmo. A pessoa se considera superior aos outros e não reconhece suas próprias falhas ou limitações.

Soberba não escolhe classe social. A soberba na pessoa pobre a acorrenta na miséria. A soberba na pessoa rica a escolta lentamente para a pobreza.

Com muita frequência a pessoa soberba busca a admiração dos outros de forma exagerada. A busca por admiração alheia custa caro. Quantas pessoas você conhece que gastam o que não tem para serem admiradas por um estilo de vida caro?

Devido à sensação de superioridade e à necessidade de ser percebida como próspera e bem-sucedida, a pessoa soberba pode ser levada a gastar mais dinheiro do que realmente pode pagar.

A soberba pode optar por um estilo de vida extravagante, comprando itens de luxo desnecessário para emitir sinais de status, mesmo quando não possui a renda adequada para sustentar esse padrão de vida. Isso afeta muito as pessoas pobres e de classe média, que desperdiçam dinheiro com a aparência, quando deveriam usar esse dinheiro investir na essência (novos conhecimentos, novas habilidades e virtudes)

Muitas vezes as pessoas fazem dívidas e enfrentam dificuldades enquanto tentam manter as aparências. Mesmo as pessoas que não fazem dívidas, acabam gastando tudo que ganham e nada sobra para poupar, investir e conquistar uma vida mais independente no futuro.

As vezes essas pessoas trabalham de forma exagerada, acumulando várias atividades e empregos para conseguir pagar todas as contas do seu elevado padrão de vida. Isso geralmente custa uma parte da saúde física e mental.

A pessoa soberba que tem condições financeiras para manter esse vício de comportamento, pode acreditar que sempre será bem-sucedida financeiramente e que nunca enfrentará dificuldades financeiras. As pessoas esquecem que a vida é composta por fases. Isso pode levá-la a negligenciar a importância da poupança e do planejamento financeiro de longo prazo.

A falta de humildade para reconhecer que imprevistos podem acontecer pode resultar em uma falta de preparação para emergências financeiras e para a aposentadoria (velhice), deixando-a vulnerável a situações difíceis no futuro.

A soberba também pode fazer a pessoa acreditar que é especialista em investimentos e que suas escolhas serão sempre bem-sucedidas. A soberba leva a pessoa a tomar decisões financeiras arriscadas, sem realizar a devida pesquisa e estudo. Frequentemente os soberbos se envolvem em investimentos de altíssimo risco ou até em esquemas fraudulentos que prometem ganhos elevados sem risco.

Existem mercados que faturam montanhas de dinheiro quando as pessoas se tornam mais soberbas, uma vez que o orgulho excessivo e a vaidade podem impulsionar o desejo de exibir um status social elevado ou buscar reconhecimento.

  • Indústria de Luxo: Empresas que oferecem produtos de luxo, como roupas de grife, joias, carros de luxo e acessórios, podem atrair consumidores com orgulho e desejo de status. Aqueles que buscam mostrar sua riqueza e status social podem gastar tudo que possuem com produtos exclusivos e caros, sem qualquer preocupação com o futuro.
  • Indústria da Moda e Beleza: Empresas de moda e beleza, incluindo cosméticos, tratamentos estéticos e cirurgias plásticas, podem lucrar com a vaidade e o desejo excessivo ou doentio de melhorar a aparência física para se destacar dos outros.
  • Indústria de Mídias Sociais e Influenciadores Digitais: O ambiente das mídias sociais é totalmente baseado no incentivo a soberba e a busca por validação social. Empresas que trabalham com influenciadores digitais utilizam alta tecnologia, neurociência e inteligência artificial para tirar proveito da vaidade das pessoas que desejam ser vistas como influentes, populares ou glamorosas. As redes sociais funcionam como uma droga sintética. Se você se sente um drogado nos estímulos das redes sociais e das compras online, recomendo a leitura desse livro aqui.
  • Indústria de Produtos de Marca: Marcas reconhecidas e de renome podem atrair consumidores que buscam exibir um alto status social e a associação com produtos de prestígio. Muitas vezes as empresas vendem produtos ordinários como se fossem extraordinários, apenas por carregarem a marca.
  • Indústria de Viagens: Não faltam exemplos de pessoas que viajam apenas para buscar validação e colecionar fotos no Instagram em lugares que estão na moda. Pelo alto orgulho, desejo de serem vistas e admiradas, as pessoas gastam tudo que ganham durante o ano, visitando lugares e países que não representam muito para elas. Muitas vezes tiram fotos em lugares que elas só conhecem de forma superficial, sem qualquer entendimento de contexto histórico e cultural. São pessoas que viajam como se estivessem trabalhando. Precisam tirar fotos específicas em lugares específicos pois é isso que todos estão fazendo e ela não pode ficar de fora. Muitas vezes essas pessoas carregam o lema de que a vida é curta e deve ser aproveitada não importando o amanhã. Isso significa que se a vida for longa, elas terão sérios problemas.
  • Indústria Financeira: O mercado financeiro possui produtos que atraem mais a atenção dos soberbos, orgulhosos, arrogantes e vaidosos. Sorte daqueles que exercem sua soberba em investimentos de curtíssimo prazo, pois rapidamente eles acabam levando uma surra do mercado e as perdas elevadas trazem a humildade. O grande problema são os soberbos de longo prazo, pois quando descobrirem que foram soberbos já terá passado muito tempo.

Existem inúmeras outras indústrias que vendem produtos e serviços que se beneficiam dos elevados níveis de soberba (orgulho, arrogância, e vaidade) na sociedade são estimulados. Esses estímulos acontecem através da montanha de dinheiro que essas empresas gastam com publicidade, principalmente aquela publicidade que não está diretamente relacionada a falar sobre os produtos, mas em alterar o comportamento.

Essas empresas patrocinam os seus influenciadores preferidos, patrocinam a TV, jornais, produtoras de filmes, cantores e todos que de alguma forma podem influenciar seu comportamento. Uma vez que o vício da soberba está implantado, o lucro é garantido.

Por se tratar de um vício, você vai buscar cada vez mais recompensas e para isso vai trabalhar mais para gastar mais dinheiro com esse vício. Não vai sobrar muito para o seu futuro. Por mais esforço que faça, ainda vai se sentir vitimado por não ter condições de exercer sua soberba, orgulho, arrogância e vaidade como os seus influenciadores preferidos fazem.

Ao estragar seu futuro e seu presente, você será mais uma pessoa que se sentirá fraca e oprimida. Você vai buscar um salvador para tamanha injustiça. Quem são as pessoas que se apresentam como salvadores dos fracos e oprimidos? Os políticos, principalmente os que utilizam suas ideologias para estimular os vícios e enfraquecer a sociedade.

Seus antepassados mais distantes combatiam a própria soberba através de valores religiosos. Curiosamente são os mesmos valores que estão desaparecendo e que são atacados atualmente pelas empresas (campanhas de marketing) e por ideologias políticas.

Por milhares de anos a soberba foi encarada como um dos 7 vícios de comportamento chamados de “pecados capitais”. Hoje as pessoas pagam caro por cursos e treinamentos para aprender aquilo que seus pais e a religião ensinavam nas missas de domingo.

Hoje a soberba é vista como uma virtude e frequentemente é chamada de “empoderamento” e outros nomes simpáticos, mas no passado ela era uma falha moral, um vício de comportamento que deveria ser combatido dentro de casa (pelos pais) e fora de casa (pelos costumes, cultura e religião). Seus antepassados não precisavam pagar caro por palestras e treinamentos para ouvir um desconhecido falar o óbvio sobre como ter uma vida virtuosa.

O termo “pecados capitais” não tem relação direta com o conceito moderno de “capital” ou com “capitalismo”. O uso do termo “capital” provém do latim medieval “capitale”, que significa “principal” ou “principal pecado”. Na prática os pecados capitais são sete vícios de comportamento que parecem bons e prazerosos no curto prazo, mas que produzem sofrimentos no futuro e pessoas fragilizadas.

A origem dos “pecados capitais” remonta à teologia cristã, onde os monges da idade média buscavam uma vida acética (menos viciada nos prazeres imediatos) e aprofundada em espiritualidade. No passado, o sentido da vida era se tornar uma pessoa forte e livre e não uma pessoa feliz e escrava dos prazeres de curto prazo.

Foi São Gregório Magno (um santo católico Papa entre o ano 590 a 604), que sistematizou e popularizou essa lista de vícios a serem evitados, que inclui a soberba. Gregório também é conhecido como o principal responsável pela codificação e organização de um estilo musical chamado “canto gregoriano”.

No próximo artigo vou falar outro vício largamente explorado e que você deveria combater.

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