Qualquer pessoa pode receber parte dos lucros que as empresas listadas na bolsa distribuem todos os anos. Basta ter ações da empresa. Como o lucro distribuído é por ação, quanto mais ações, mais lucros a pessoa receberá.

Esses lucros costumam ser pagos na forma de dividendos e juros sobre capital próprio. Nos dois casos você terá dinheiro depositado na sua conta.

Muitos investidores adotam a estratégia de comprar ações de empresas que pagam esses lucros de forma consistente (dividendos e juros sobre capital próprio). Quando recebem esses dividendos eles aguardam uma boa oportunidade e compram mais ações. Com isso podem receber ainda mais dividendos quando forem distribuídos novamente no futuro.

Geralmente boas oportunidades surgem quando crises afetam o desempenho das empresas no curto prazo. Nas crises os preços das ações caem e os investidores compram essas ações apostando no bom desempenho da empresa no futuro e na sua capacidade de voltar a pagar bons dividendos regularmente.

Outra forma de obter resultado semelhante seria a compra de um ETF de dividendos. Um ETF é um fundo negociado em bolsa. Você compra um ETF como se estivesse comprando uma ação, mas na verdade você está comprando uma carteira completa com dezenas de ações de várias empresas que atuam em diversos setores.

No Brasil a bolsa de valores criou um índice chamado Índice Dividendos (IDIV) que mostra o desempenho que você teria se tivesse comprado uma carteira com 35 ações das empresas que mais pagam dividendos. Você pode ver a lista de ações que fazem parte da carteira teórica do IDIV visitando aqui.

O ETF que investe na mesma carteira de ações do Índice Dividendos se chama DIVO11. Este é o ETF de dividendos mais conhecido e mais negociado na bolsa brasileira. Existe outro ETF chamado BBSD11 que é pouco negociado e segue outro índice de ETFs chamado S&P Dividend Aristocrats Brasil Index.

Diversificar

Muitos investidores possuem uma combinação de ETFs de dividendos e ações individuais que pagam bons dividendos.

Geralmente eles escolhem suas ações preferidas. São poucas ações que o investidor acredita que compensa investir tempo acompanhando seus resultados e desempenho de perto. Por uma questão de praticidade, custo e outros benefícios esses investidores complementam a estratégia de investir em dividendos através do investimento em ETFs de ações que pagam dividendos. É uma forma de diversificar a carteira de dividendos através de uma única compra de ETF.

Mas por qual motivo seria importante diversificar a sua carteira de ações que pagam dividendos utilizando ETFs?

Observe que se você tem apenas 5 ações que pagam dividendos e uma dessas ações sofre uma grande queda, (os preços das ações podem cair por uma infinidade de motivos), o impacto na sua carteira seria significativo. Já se você tivesse uma carteira com 35 ações (por meio de um ETF) que pagam dividendos, a queda de uma das ações poderá ser facilmente compensada pelos bons ganhos de outras ações.

Ações e ETFs ao mesmo tempo

Existe um debate entre os que defendem ter ações individuais e ter uma carteira de ações através de um ETF.

Eu entendo que existem vantagens e desvantagens e por isso podemos fazer as duas coisas, ou seja, podemos ter ações individuais que pagam dividendos até o número de ações que temos tempo para acompanhar. O restante do investimento pode ser complementado através de ETFs de ações de dividendos.

No meu entendimento um ETF de dividendos pode fazer você economizar tempo enquanto reduz riscos. Os ETFs de dividendos no Brasil possuem pouco mais de 30 ações que pertencem a diversos setores. No caso do ETF DIVO11 os principais setores seriam: Energia Elétrica (27,8%), Bancos (27,3%) Edificações (8,7%), Seguradoras (7,8%), Água e Saneamento (6,5%) e outros. No total, as 35 empresas estão em 17 setores diferentes da economia.

Observe que comprando um único ETF, além de diversificar o seu investimento de uma só vez em 35 empresas, você ainda estará exposto ao desempenho de 17 setores diferentes. Um determinado setor pode proteger o seu investimento de variações que afetem um setor específico. E para isso você não precisa comprar essas ações individualmente, gerando custos com taxa de corretagem (caso sua corretora cobre taxas), emolumentos cobrados pela B3 e o tempo gasto no processo.

A carteira de ações do ETF é atualizada sem que você precise fazer nada, sempre que a B3 revisa e atualiza da lista com as melhores pagadoras de dividendos. Isso acontece a cada 4 meses. Como investidor você não precisa fazer nada, pois o gestor do ETF fará o trabalho de comprar ou vender ações para adaptar a carteira do ETF para que tenha o mesmo desempenho da carteira teórica do Índice Dividendos da B3.

Com isso você pode continuar a se preocupar apenas com as suas poucas ações preferidas de dividendos que você selecionou em algum momento no passado e agora vem acompanhando os resultados das empresas. E se você não gosta de ficar se preocupado com as empresas, o ETF é uma alternativa para automatizar o seu investimento em ETFs.

Se você tem 5 ações de dividendos e uma delas apresenta um desempenho ruim, você provavelmente ficará pensando nela. Vai tentar pesquisar se existe algum problema estrutural que justifique a queda no preço da ação ou no corte no dividendo. Você se sentirá obrigado(a) a investigar e a descobrir se alguma coisa está errada na sua decisão de investimento. Quando você tem poucas ações isso é possível, mas poucas ações pode significar pouca diversificação e maior exposição ao risco.

Se você tem um ETF que investe em 35 ações de 17 setores que pagam dividendos e uma delas apresenta um desempenho ruim, talvez você nem perceba mudanças significativas no preço do ETF. Se os dividendos de uma empresa específica foi mesmo atingido, provavelmente ela deixará de fazer parte do Índice Dividendos da B3 nas próximas atualizações sem que você se preocupe com isso.

O ETF pode ajudar você a se desligar do vínculo emocional que costumamos nutrir pelas ações das empresas. Se o ETF de dividendos sofrer quedas significativas, provavelmente isso não estará relacionado com empresas específicas, mas com o desempenho da economia, da política ou eventos comuns que geram volatilidade em todo o mercado.

E se  mesmo assim você julgar que não é um bom momento para ficar posicionado em ações, vender um ETF que representa as 35 ações é bem mais simples do que se desfazer de uma carteira de ações individuais, onde muitas vezes existe forte conexão emocional com os ativos.

Outro problema relacionado com a compra de ações individuais é decidir quais comprar sempre que você tem algum dinheiro sobrando para isso. Ao comprar mais ETFs, você aumenta a sua carteira de 35 ações automaticamente com uma única compra, sem escolher qual a melhor ou pior ação comprar. Nem todas as pessoas gostam e nem todas as pessoas sabem ou querem avaliar empresas e ações constantemente  sempre que possuem um dinheiro para investir.

Existem pessoas que preferem buscar as opiniões de terceiros. A internet está cheia de gente querendo indicar quais ações você deve comprar. Cada pessoa que indica tem seus próprios motivos e nem sempre esses motivos estão relacionados com fazer você ganhar dinheiro. Talvez, neste caso, seja melhor comprar a carteira de 35 ações representadas pelo ETF do que comprar ações específicas que alguém está se esforçando para divulgar na internet movido por algum motivo que você desconhece.

Uma característica dos ETFs que pode ser entendida como uma vantagem é o reinvestimento automático dos dividendos. Quando você tem ações individuais e recebe dividendos, precisa tomar uma decisão sobre o que vai fazer com esse dinheiro. Algumas pessoas possuem o sentimento de que dividendo é dinheiro fácil e sofrem com aquele ditado: “dinheiro que vem fácil, vai fácil”.

Quando o gestor do ETF recebe os dividendos das empresas ele utiliza esse dinheiro para comprar mais ações. Os índices da bolsa como o Índice de Dividendos (IDIV) e o Índice Bovespa (IBOV) consideram o reinvestimento dos dividendos em seus cálculos. Então o gestor do ETF fará o trabalho de comprar mais ações nas mesmas proporções do Índice de Dividendos. Você não cairá na tentação de desperdiçar os ganhos dos seus investimentos. Já para as pessoas que realmente querem gastar o dinheiro dos dividendos, melhor ter ações individuais.

Além disso ainda existe a questão do custo envolvendo a compra individual de ações. Por exemplo, um investidor com R$ 10.000 para investir igualmente em 20 ações tentaria comprar R$ 500 de cada empresa. Se a sua corretora cobra taxa de R$ 10 por compra, você já perderia 2% em cada operação e o emolumento da B3. Para comprar o ETF o seu custo seria de apenas uma corretagem e emolumentos.

Uma questão que pode ser entendida como desvantagem com relação a compra de ETFs é a taxa administrativa do gestor do ETF. No caso do DIVO11 ela é de 0,50% ao ano. Teoricamente isso reduziria os ganhos do ETF em 0,5% se comparado a ter todas as ações do ETF na sua carteira individual de ações. Essa redução não ocorre como deveria, pois os ETFs possuem uma fonte adicional de renda que é o aluguel de parte das ações que fazem parte do ETF. Isso gera um percentual de ganhos que geralmente compensa essa taxa administrativa.

No gráfico acima temos o DIVO11 (linha azul), o Índice Dividendos (linha vermelha) e o Índice Bovespa (linha laranja). Observe que dificilmente você consegue perceber a linha vermelha, pois ela é sobreposta pela linha azul do DIVO11 demonstrando que na maior parte do tempo o ETF reflete praticamente o mesmo desempenho do Índice Dividendos, mesmo existindo a cobrança de taxa de 0,5% ao ano que teoricamente deveria reduzir ligeiramente seu desempenho. Já a linha do Índice Bovespa está apenas nos mostrando o desempenho de uma carteira composta de ações que pagam dividendos onde esse dinheiro é automaticamente reinvestido na compra de mais ações que tornam o ETF ainda mais valioso com o passar do tempo.

Dessa forma é interessante que você estude sobre como investir em ETFs de dividendos se:

  • Você está iniciando e tem pouco dinheiro, pouco tempo ou pouca experiência para montar uma carteira diversificada de ações individuais que pagam dividendos;
  • Você já tem uma carteira de poucas ações que pagam dividendos por não conseguir tempo e disposição para acompanhar um número maior de ações. O ETF de dividendos pode ser um complemento para aumentar a diversificação da carteira sua de dividendos sem aumentar o seu trabalho selecionando e acompanhando mais ações.
  • Você não gosta ou não quer dedicar tempo cuidando de uma carteira de ações;
  • Você se sente muito motivado a desperdiçar o dinheiro dos dividendos, quando gostaria de reinvestir esse dinheiro;
  • Você sofre emocionalmente quando decidem comprar uma determinada ação, pois ficam sempre preocupadas se a escolha foi bem feita ou se a escolha ainda é válida quando essa ação sofre alguma queda. Com o ETF você sofrerá menos, já que a carteira é definida automaticamente pela B3 utilizando critérios automatizados (passivos) que independem do seu talento para avaliar as empresas onde investe.
  • Você não quer ficar dependente de recomendações de terceiros para investir em ações.

Eu acredito que uma boa alternativa seria ter suas ações favoritas que pagam dividendos, que provavelmente serão poucas, e ter ETFs que pagam dividendos como diversificação.

Para aprender a montar uma carteira de ETFs, com ETFs que pagam dividendos, ETFs de ações com maior potencial de valorização, ETFs de setores específicos, ETFs com ações de empresas americanas e outros tipos, eu recomendo a leitura do livro Como Investir em ETF. Para aprender a selecionar ações individualmente eu recomendo a leitura do meu livro sobre Análise Fundamentalista.

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