Você já deve ter observado um forte movimento dos grandes bancos e corretoras em uma corrida para a oferta de investimentos com taxa zero.

Esse movimento recente começou quando o “Grande Banco Vermelho”, que é o segundo maior banco privado do país, zerou a taxa para investimentos em títulos públicos pelo Tesouro Direto.

O “Grande Banco Laranja”, maior banco privado do país, foi obrigado a reagir e começou a divulgar uma propaganda na TV que diz:

“É você cliente, que atualiza o (Banco Laranja). Você pediu e a gente fez. Zeramos as taxas para investir e resgatar em previdência e não paramos por ai. Zeramos também a nossa taxa do Tesouro Direto.” (fonte)

A propaganda parece um tipo de “comunicado urgente”. Algo que parece ter sido feito às pressas.

Você deve ler essa mensagem da propaganda da seguinte forma: “São os concorrentes e os clientes desertores que nos obrigam a baixar nossas taxas. Para evitar que você (cliente) continue migrando seus investimentos para outros bancos e corretoras que possuem taxa zero, nós também zeramos nossas taxas. Para que você não troque a sua previdência privada (que nos é muito lucrativa) por títulos públicos, retiramos algumas taxas. Agora, não existe mais motivos para que você nos abandone.”

O “Grande Banco Amarelo”, maior banco público do país, não perdeu tempo e dias depois ele fez exatamente a mesma coisa. Colocou alguns comerciais na TV e retirou a taxa do Tesouro Direto (fonte).

Aquele “Outro Banco Vermelho”, controlado por um grupo espanhol que é o maior banco da zona euro, também zerou sua taxa no Tesouro Direto.

Agora só falta o Grande Banco Azul, que pertence ao governo federal e que explora o monopólio dos jogos de azar (loteria), zerar sua taxa no Tesouro Direto para que possamos dizer que os 5 maiores bancos do país não cobram mais essa taxa.

No site do Tesouro Direto, é possível observar o “ranking dos agentes de custódia” com as taxas que eles cobram. Quando criei o Clube dos Poupadores, nenhuma corretora ou banco nesse ranking oferecia taxa zero.

Sempre destaquei nos meus textos e nos meus livros a importância da infidelidade bancária, ou seja, se o banco oferece taxas elevadas e você não identifica qualquer valor nisso, a melhor coisa que você deve fazer é migrar para a concorrência, pois a redução de custos nos seus investimentos significa aumento da rentabilidade dos mesmos. Ninguém nasceu “casado” com nenhum banco. Devemos vencer a resistência que nos impede de buscar melhores alternativas em qualquer área da vida.

No início do Clube dos Poupadores, as corretoras já ofereciam as menores taxas, até que uma corretora pequena resolveu zerar a taxa como estratégia de marketing. A ideia era atrair clientes. Funcionou. Varias corretoras cresceram oferecendo tarifas menores. Todas as outras corretoras começaram a reduzir e zerar suas taxas.

Agora, os grandes bancos estão entrando na arena (mercado) para se digladiarem. Ficamos na plateia, assistindo atentamente, sem esquecer a infidelidade bancária. Eu torço para que todos os bancos lutem na arena pela aprovação dos seus clientes. Que vençam os melhores.

Quando o governo não atrapalha, o mercado funciona como uma arena onde ocorrem batalhas de empresas que lutam entre si pela preferência dos consumidores. O investidor ganha quando bancos e corretoras se digladiam para provar que podem oferecer produtos e serviços cada vez melhores e mais baratos.

Uma nova frente de batalhas parece estar começando entre as corretoras. Isso vai afetar a rotina daqueles que já investem em ações. Se você ainda não investe, eu recomendo alguns cursos aqui.

Recentemente, duas corretoras resolveram adotar taxa zero para investimentos na bolsa de valores (fonte). É um movimento positivo para quem investe ou pretende aprender a investir em renda variável, pois elimina um custo significativo. Isso vai ecoar nas decisões de outras corretoras nos próximos meses.

Sabemos que uma boa parte da renda das corretoras se origina da cobrança de taxa de corretagem. Essa taxa é cobrada sempre que você compra ou vende ações na bolsa de valores. Não importa se a bolsa está subindo ou caindo, qualquer movimento de compra ou venda é lucro garantido para a corretora. Por esse motivo, muitas corretoras são sócias/donas de veículos de comunicação ou patrocinam sites e canais de Youtubers.

Já faz tempo que a “Grande Corretora Preta” é dona de um grande site de notícias sobre investimentos (fonte). O maior grupo de comunicação do país comprou uma parte de uma corretora (fonte), sempre exibindo comerciais da mesma nos intervalos dos jornais. Quanto mais notícias influenciando o investidor a comprar ou vender ações, mais as corretoras ganham com a cobrança de taxas de corretagem.

Só que, nos dias de hoje, existem outras formas de lucrar aumentando a carteira de clientes. Taxa zero pode ser entendida como o custo de uma estratégia de marketing. Vou apresentar um exemplo real para que você possa entender esse tipo de estratégia.

Recentemente, recebi uma mensagem pelo Whatsapp de um restaurante onde sou cliente. Ela mostrava a foto de uma bonita sobremesa. Era um convite. Eles estavam me convidando, junto com minha esposa para “saborear a sobremesa sem qualquer custo”. Era um “presente” do restaurante ou uma boa estratégia de marketing?

Devemos considerar que ninguém vai até um restaurante para comer apenas a sobremesa no horário do jantar. A pessoa vai consumir outras coisas. Tecnicamente, a sobremesa era apenas uma bola de sorvete e um pequeno pedaço de bolo morno. É um produto que tem custo insignificante para um grande restaurante que compra muitos e muitos litros de sorvete e que produz seu próprio bolo.

É uma forma barata de fazer publicidade, que muitas vezes vai acabar viralizando, já que as pessoas compartilham essas coisas nas redes sociais. O retorno desse tipo de iniciativa é garantido. O importante para o restaurante é ter clientes ocupando suas mesas. É isso que faz a sua receita aumentar, pois as pessoas consomem outras coisas e a própria ideia de reciprocidade vai forçar o cliente a consumir mais nesse restaurante em outros momentos.

Agora imagine uma corretora que tem 10.000 clientes e uma corretora que tem 1 milhão de clientes. Imagine que as duas possuem lucro zero. Se os donos dessas corretoras fossem vender uma parte delas para um novo sócio, qual poderia cobrar mais por essa parte? Quanto mais cliente uma corretora tem, mais valiosa ela é. A corretora é patrimônio dos sócios da corretora. Nada melhor do que valorizar o seu patrimônio.

Conquistar novos clientes fazendo propaganda na televisão, sites e jornais custa muito caro. Existe uma enorme resistência nas pessoas com relação a mudar seus investimentos para outros bancos e corretoras. A publicidade para convencer milhões de pessoas a tomarem esse tipo de decisão, custaria grandes fortunas.

Taxa zero gera custo de marketing, assim como o sorvete e o bolo gratuito do exemplo que dei. Muitos sites, jornais e revistas vão escrever sobre as primeiras corretoras que estão cobrando taxa zero. Isso tem enorme valor para a construção da marca da corretora e aumento da carteira de cliente. Tudo isso vale muito dinheiro.

Esses conflitos entre bancos e corretoras nos mostram que não existe nada melhor do que a concorrência. Ela é a competição que tem como prêmio a preferência do cliente. O próprio sistema capitalista só pode funcionar direito se existir concorrência entre os participantes de cada mercado. É o cliente que dá o veredito final sobre quem fica no mercado e quem sai. Frequentemente o governo prejudica esse processo quando de alguma forma resolve intervir.

Aquele que adquire educação financeira assume o comando dos seus investimentos. São soberanos na avaliação de taxas, serviços e investimentos oferecidos por bancos e corretoras. No fim das batalhas entre essas instituições concorrentes, é o cliente que aprova ou desaprova, escolhendo o melhor.

O grande problema é que os consumidores precisam receber uma boa educação para que possam exercer seu direito de escolha entre os diversos concorrentes que existem. Não adianta ter muitos competidores se você, como investidor ou consumidor, não for capaz de comparar os serviços, seus custos, vantagens e desvantagens.

Até pouco tempo, os próprios bancos assumiam a tarefa de “educar” seus clientes. Na verdade, o que ocorria era um tipo de “doutrinação“. Até ontem, os clientes dos bancos recebiam apenas as informações básicas, fornecidas pelos funcionários dos bancos, que apenas cumprem ordens dos seus superiores.

Uma população sem educação financeira, para a indústria de bancos, é equivalente a uma população sem educação alimentar, para a indústria de alimentos. Fica bem mais fácil vender investimentos sem valor, assim como alimentos sem valor, para pessoas que não possuem a educação para reconhecer os custos e os benefícios do que estão adquirindo.

Esse é o papel da educação financeira. Quanto mais educação financeira de verdade as pessoas tiverem acesso, maior será a concorrência entre bancos, corretoras e outras instituições pela preferência de um cliente consciente.

A ignorância financeira da população sempre foi vista como uma oportunidade para negócios lucrativos e fáceis no sistema financeiro. Felizmente, a educação financeira começa a ecoar…

Eu torço para que cada vez mais educadores financeiros possam divulgar conhecimentos pela internet de forma livre, com o intuito de educar as pessoas e não de fazer mais propaganda de bancos e corretoras.

O imperador e filósofo estoico, Marco Aurélio, costumava dizer: “Quod in omni vita facimus in aeternum resonat“, ou seja, “O que fazemos na vida, ecoa por toda eternidade“.

Que nós, nossos filhos e netos possam colher os benefícios da educação financeira e da concorrência que ela provoca.

Termino com uma dica para aqueles que possuem contas nos grandes bancos e ainda não sabem investir em títulos públicos, como verdadeiros investidores. Não fique esperando a “educação” vinda dos bancos para poder investir no Tesouro Direto. Leia o meu novo livro Como Investir em Títulos Públicos e passe esse conhecimento para os seus filhos.

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