Quem nasceu entre os anos 80 e 90 atingiu a vida adulta sem saber o que era viver em um país onde as pessoas sentem medo de perder o emprego. Esta geração chegou na fase produtiva da vida durante um ciclo de crescimento econômico onde sobravam vagas e faltavam profissionais qualificados.
Muitos se deram ao luxo escolher o melhor emprego entre várias oportunidades, outros resolveram trocar de emprego diversas vezes em busca de maior satisfação, maiores salários, maiores desafios e, benefícios.
Infelizmente essa fase de crescimento acabou e o medo do desemprego está aterrorizando todos os setores.
Como você pode verificar no gráfico abaixo a taxa de desocupação é crescente. Segundo o IBGE o grupo de 18 a 24 anos representa 32% da população desocupada, e o de 25 a 49 anos, 51,1%. Um fator que colaborou muito com o baixo índice de desemprego dos últimos anos foi a desistência de muitos brasileiros em idade ativa de procurar emprego.
O aumento da renda do principal membro da família fez com que os demais membros optassem por não trabalhar (filhos e cônjuges). O aumento de custos com transporte, aumento dos custos com alimentação fora de casa, aumento dos custos com babá e trabalhadores domésticos também colaborou para muitas mães e pais deixassem seus empregos para cuidar dos filhos. Na casa onde dois trabalhavam, apenas um passou a trabalhar. Agora com a queda do poder de compra dos salários (efeito da inflação) mais pessoas estão procurando emprego novamente ou procurando o primeiro emprego para complementar a renda da família. (fonte)
Quem está demitindo:
No início de qualquer crise as industrias são as primeiras a demitir. Em seguida a onda de demissões atinge o comércio e depois o setor de serviços. Um exemplo recente pode ser visto com a onda de demissões no setor industrial em 2014 (fonte) e em 2015 (fonte). Depois veio a forte onda de demissões no comércio em 2015 (fonte). O setor de serviços sofre o efeito cascata. Muitas empresas de serviços dependem do bom desempenho do comércio e da indústria.
As empresas de menor porte tendem a demitir rapidamente quando ocorre queda nos lucros, já que esta não possui reservas suficientes para manter suas operações no prejuízo até o fim de uma crise. As empresas de maior porte tendem a esperar mais antes de demitir por saberem que demitir e contratar custa muito caro e por terem reservas para emergências.
Quem será demitido primeiro:
Durante uma crise as empresas precisam cortar custos e a aumentar sua produtividade. Isto significa fazer mais com menos. As empresas sabem quais são os funcionários que conseguem entregar mais resultados consumindo menos tempo e menos recursos. Estes profissionais mais eficientes são preservados e os menos eficientes são demitidos.
Demissão POR justa causa:
As empresas conhecem os meios que permitem a demissão por justa causa. Aqueles funcionários que estão no topo da lista dos demitidos são vigiados de perto e no primeiro deslize são demitidos por justa causa. Por isto é importante que você conheça o artigo 482 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) onde está descrito o que pode ser considerado para uma demissão por justa causa:
- Ato de improbidade: Exemplo: roubo de bens, valores, falsificações de documentos, etc.
- Incontinência de conduta ou mau procedimento: Exemplo: acessar pornografia na internet, assédio sexual, uso de equipamento ou bem da empresa autorização, sair da empresa durante o horário de trabalho sem autorização, etc.
- Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao seu serviço. Exemplo: se dedicar a vender os mesmos produtos que a empresa comercializa a um custo menor do que o da sua própria empresa, ou ainda, vender produtos dentro das instalações da empresa como cosméticos, bijuterias, alimentos, roupas, perfumes ou qualquer outra negociação sem autorização.
- Condenação criminal do empregado. Exemplo: funcionário que for considerado culpado por participar de qualquer tipo de crime pode ser demitido.
- Desídia no desempenho das respectivas funções. Exemplo: basta demonstrar preguiça ou má vontade na execução de suas tarefas diárias, ou se recusa a executá-las.
- Embriaguez habitual ou em serviço. Exemplo: Faltar no trabalho ou ir trabalhar sem condições por consumo de bebidas alcoólicas.
- Violação de segredo da empresa. Exemplo: Espionagem industrial, revelar ou vender informações sobre a empresa para concorrentes ou qualquer outra pessoa sem autorização da empresa.
- Ato de indisciplina ou de insubordinação. Exemplo: Não cumprir ordens ou se recusar a cumprir.
- Abandono de emprego. Exemplo: se ausentar da empresa por prazo de 30 dias, por sua livre e espontânea vontade, sem apresentar justificativa para a empresa.
- Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. Exemplo: Ofender outros colegas de trabalho e clientes com palavras, gestos e atos.
- Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem: Exemplo: Ofender seus superiores.
- Prática constante de jogos de azar. Exemplo: Participar de bingo, lotos, rifas, bolão, correntes de maneira que isso venha a atrapalhar o bom desempenho de suas funções.
- Atos atentatórios à Segurança Nacional: A lista de atos atentatórios você pode ver aqui.
- Falta contumaz no pagamento de dívidas legalmente exigidas: Exemplo: não pagar dívidas como financiamentos, empréstimos de maneira sistemática e sendo por isso mesmo, alvo de protesto por parte de seus credores.
- Faltas reiteradas. Exemplo: faltar ao trabalho de forma habitual sem justificar o motivo.
- Recusa em prestar serviços emergenciais. Exemplo: caso em que o funcionário se nega a participar de trabalhos extraordinários, como o caso de um acidente que afete o seu trabalho.
Demissão SEM justa causa:
As empresas também podem demitir sem justa causa. O custo da demissão é maior e elas avaliam o custo benefício antes de tomar a decisão. Mesmo que você consiga evitar os deslizes listados acima é importante que você evite se encaixar no perfil dos funcionários que costumam ser mais demitidos.
Veja se você se identifica com algum perfil ou conhece algum amigo ou parente que pensa age desta forma:
Funcionário que sabe tudo: É aquele que acredita saber tudo. Não gosta de aprender, não gosta de ler, fazer cursos e participar de treinamentos. Ficou parado no tempo e assim pretende continuar por muito tempo.
Funcionário Acomodado: É aquele que resiste a qualquer novidade, mudança, inovação dentro da empresa. É o primeiro a dizer que a mudança não dará certo. Normalmente trabalha ativamente para atrapalhar o trabalho daqueles que estão tentando inovar.
Funcionário Brigão: É aquele que é contra tudo e todos. Está sempre criando e alimentando novos conflitos entre as pessoas. Ele é responsável por dividir o grupo. Não sabe defender seu ponto de vista, normalmente tenta impor. Não aceita quando está errado e não aceita mudar de opinião.
Funcionário que não se comunica: Pessoas que não sabem falar e não sabem ouvir duram pouco tempo em qualquer empresa. Quem não sabe se comunicar costuma ser mal-entendido. Ser capaz de ouvir e entender o que os outros estão dizendo é fundamental. Sem isto a permanência deste tipo de funcionário sempre será conflituosa e improdutiva.
Funcionário Fofoqueiro: É aquele funcionário que perde tempo e prejudica a produtividade dos colegas criando e disseminando fofocas, mentiras e conversas infundadas. Normalmente fala muito sobre a vida pessoal das pessoas.
Funcionário Corpo Presente: É aquele funcionário que só está com o corpo na empresa. O pensamento está em outro lugar. Gastam uma boa parte do tempo fazendo ligações para parentes e amigos, olhando as atualizações das redes sociais, trocando mensagens pelo smartphone, pensando sobre problemas pessoais.
Funcionário Turista: É aquele que passa boa parte do tempo passeando pela empresa. Ele normalmente é encontrado no café, no banheiro, no refeitório, nos corredores, nas salas de outros funcionários e sempre encontra um motivo para sair do seu posto de trabalho para passar o tempo de outra forma.
Funcionário Antissocial: Existem pessoas que não gostam de se relacionar com outras e que por isto não sabem trabalhar em equipe. Existem profissões onde isto não é problema, mas em outras é necessário que a pessoa goste e saiba trabalhar em equipe. Nestas áreas é importante a interação, a colaboração e a união de esforços para que a empresa possa ter um bom resultado.
Funcionário que Não sabe Fazer: Não adianta falar que sabe realizar determinada tarefa no momento da contratação. Se você não apresentar um bom desempenho será demitido. Quando a empresa compra novos equipamentos e modifica processos é importante participar dos treinamentos com interesse. Mesmo funcionários antigos que não estão conseguindo aprender coisas novas, acabam sendo demitidos por falta de competência técnica.
Funcionário Insubstituível: Não existe funcionário insubstituível. Quando o funcionário começa a se comportar como se fosse insubstituível a empresa já começa a planejar a sua substituição.
Certamente existem 1001 tipos funcionários que aparecem no topo das listas de demissões. Cada empresa possui sua própria cultura e seus valores. É importante que você conheça quais comportamentos favorecem sua permanência na empresa e quais estão contribuindo para sua futura demissão.
Quais são os funcionários que escapam:
Em momentos de crise as empresas fazem grandes esforços para manter aqueles funcionários que pensam e se comportam como se fossem donos da empresa onde trabalham. As empresas preferem aqueles que não esperam receber ordens para tomarem uma atitude. As empresas buscam profissionais que entregam um valor maior do que o salário recebido. Entregar mais valor não tem nenhuma relação com trabalhar mais. Fazer a coisa certa, na hora certa e da melhor forma tem mais relação com entregar um trabalho de qualidade. As empresas estão sempre avaliando o custo e o benefício do seu trabalho. Comporte-se como um empreendedor que presta serviços para a empresa. Encare a empresa onde você trabalha como seu maior e mais importante cliente. O seu produto é o fruto do seu trabalho.
Empregabilidade:
Nem sempre as empresas demitem por vontade ou justa causa. Empresas podem falir durante uma forte crise econômica. Por isto é importante que você cuide da sua capacidade de conseguir um novo emprego. Mantenha-se atualizado na sua área, principalmente se já faz muitos anos que você trabalha com a mesma atividade. Mantenha uma boa relação com profissionais da mesma área que trabalham em outras empresas. São estas pessoas que irão te ajudar na recolocação quando você precisar de um emprego. Mantenha seus amigos e conhecidos informados sobre seu bom desempenho profissional. Os convites de trabalho virão naturalmente.
Reserva para o pior:
Já escrevi um artigo sobre reserva de emergência. Você pode evitar muito sofrimento se conseguir manter uma reserva em dinheiro que possa ser utilizada no caso de uma demissão. Alguns autores defendem que as pessoas deveriam ter no mínimo 1 ano da sua própria renda em reservas. A reserva deve ser suficiente para que você continue pagando suas contas e suas dívidas enquanto estiver desempregado. Ela deve ser compatível com o tempo que você irá esperar para conseguir um novo emprego. Quanto mais específica for sua qualificação, quanto maior for a sua idade e quanto maior for o seu salário, mais tempo você levará para conseguir um novo emprego.
Dívidas pioram tudo:
É muito importante que você pare de fazer novas dívidas, principalmente em momentos de crise. As dívidas que você já possui devem ser eliminadas. Normalmente os juros recebidos nas aplicações financeiras são muito menores que os juros pagos através de empréstimos e financiamentos. Toda dívida compromete sua segurança e o seu conforto futuro, pois você terá que trabalhar para pagar a dívida e para pagar os juros da dívida. A melhor maneira de não construir patrimônio durante a vida é passar a vida inteira pagando juros para os outros, na prática você estará colaborando para formar o patrimônio dos outros.
Viva com aquilo que você tem:
Pare de tentar manter um padrão de vida superior ao seu padrão de renda. O ideal seria manter um custo de vida inferior ao que a sua renda é capaz de bancar para que você possa formar uma reserva de emergência e depois possa investir parte da sua renda mentalmente com foco na construção de um patrimônio. Este patrimônio servirá para garantir um futuro mais estável, menos dependente de dívidas, menos dependente de salário e de trabalho por sobrevivência.
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