Existem atualmente mais de 1.8 milhões de brasileiros investindo na bolsa. Veremos nesse artigo que a maioria é jovem, tem pouco dinheiro e certamente é menos experiente. Grande parte do dinheiro está concentrado nas mãos dos mais idosos e eles possuem um atributo que falta nos mais jovens. Veremos no artigo.

A tabela acima foi resultado de alguns cálculos que fiz tendo como base a planilha que a própria bolsa de valores divulga e onde você poderá baixar a versão atualizada original no futuro (fonte).

A maioria ainda é homem

O número de homens é muito superior ao número de mulheres. São 75% homens e 23% mulheres. Podemos constatar que 98% dos investidores são pessoas físicas contra 1,42% de instituições. Muitas dessas instituições investem dinheiro de pessoa física, pois representam fundos de investimentos: fundos de ações, fundos multimercado etc.

Crianças na bolsa

Observe que, curiosamente, o número de meninas e meninos com menos de 15 anos é muito parecido. Provavelmente os pais dessas crianças também são investidores. Quando dividimos o total investido em ações pelas crianças pelo número de crianças (pouco mais de 6 mil) encontramos o valor de R$ 263 mil por criança (1,74 bilhões dividido por 6617 crianças).

É comum entre os pais que são investidores terem a iniciativa de investir em ações para os filhos. A ideia é colecionar ativos (ações) como uma forma de oferecer para os filhos uma fonte de renda passiva no início da fase adulta. Provavelmente fazem isso através de ações com grande potencial de valorização ou ações que pagam dividendos (que são reinvestidos na compra de mais ações). Entre o nascimento e os 18 ou 20 anos são praticamente duas décadas de vantagem.

Vamos imaginar uma criança que chega na vida adulta com R$ 200 mil em ações. Se os pais escolheram boas ações (análise fundamentalista), eles gastaram bem menos do que isso para comprar essas ações no decorrer de duas décadas, pois elas se valorizaram muito durante o tempo.

Se acompanharam os preços das ações (análise técnica) e compraram nos momentos de baixa dos preços, gastaram ainda menos, pois são nas crises e nas fortes correções que a bolsa sofre que encontramos boas ações por bons preços.

Vamos imaginar que esse pai/mãe colecionou R$ 200 mil em ações que pagam em média 6% de dividendos ao ano. Isso produziria uma renda de R$ 12 mil por ano para o jovem filho. Seria o equivalente a iniciar a vida com R$ 1.000,00 de renda mensal. Imagine se você já tivesse iniciado sua vida adulta com uma renda passiva equivalente a um salário mínimo.

Dica: você não precisa abrir conta separada na corretora para a criança. Você pode fazer investimentos desse tipo usando sua própria conta. Para não misturar os investimentos, basta abrir conta em outra corretora. Nunca diga para o seu filho que você pretende “dar dinheiro grátis” para ele ou qualquer coisa grátis. Nada é grátis nessa vida. Isso evita uma tendência humana que é a da acomodação. Melhor do que dar ações ou renda passiva para ele no início da vida adulta, seria investir esse dinheiro na educação dele. Falta em muitos jovens alguns atributos que os mais velhos possuem. Veremos mais na frente.

Os idosos dominam a bolsa

Os idosos, com mais de 66 anos, são apenas 8,7% das pessoas físicas na bolsa, mas juntos possuem mais de 40% de todo o dinheiro investido. Dividindo 139 bilhões que possuem por 159 mil investidores encontramos algo próximo de R$ 874 mil investidos por cada idoso.

Se esse valor estivesse investido em ações que pagam dividendos de 6%, cada idoso poderia receber mais de R$ 52 mil por ano ou R$ 4.370,00 por mês de renda.

Eu imagino que entre esses senhores e senhoras estejam os principais sócios de várias empresas listadas na bolsa. Dessa forma, esses valores são bem concentrados em poucas pessoas. Também devem existir vários investidores que passaram a vida inteira acumulando ações lentamente, ou seja, não são pessoas que estão começando a investir agora.

As pessoas com 36 a 65 anos concentram 53% de todo dinheiro investido e representam 50,6% dos investidores (mais da metade). Observe no gráfico abaixo que quanto mais velho, mais dinheiro investido por pessoa. O valor por pessoa praticamente dobra com o passar do tempo.

Podemos observar ainda que 79,15% de todo dinheiro investido na bolsa está nas mãos de pessoas com idade entre 46 e mais de 66 anos, ou seja, teoricamente são pessoas com mais experiência e vivências sobre investimentos que dominam a bolsa.

Eu acredito que as pessoas com mais de 40 anos possuem alguns atributos que são vantajosos para o investimento em ações. Essas características pessoais normalmente se desenvolvem com o passar dos anos.

Paciência

O nível de paciência que você possui produzirá grande parte do patrimônio que você será capaz de construir investindo em ações, imóveis, negócios próprios ou mesmo na renda fixa.

Você já deve ter ouvido histórias de pessoas que começaram investindo muito pouco e depois de alguns anos se tornaram milionárias (incluindo os investimentos em negócios próprios). Normalmente tendemos a duvidar que os investimentos sejam capazes de multiplicar patrimônio. Isso eles realmente fazem e normalmente as pessoas que enriquecem são aquelas que aprenderam a investir dinheiro.

A maior dificuldade que vejo está na capacidade da pessoa esperar “o bolo crescer”.

Uma vez se espalhou um vídeo na internet de uma menina de 22 anos que começou investindo R$ 1.500 e depois atingiu mais de R$ 1 milhão em poucos anos de investimentos. Não me espanta que alguém tenha conseguido poupar e investir regularmente até atingir R$ 1 milhão no decorrer de alguns anos, principalmente se conseguiu investir regularmente e fez investimentos que tiveram grandes valorizações nos últimos anos (como ações de algumas empresas específicas).

O que me espanta mesmo é uma pessoa jovem ter tido paciência de ver esse dinheiro se transformar em R$ 50 mil, R$ 500 mil, R$ 1 milhão sem mexer nos investimentos.

Demora para o jovem perceber que a vida é longa e que o futuro é uma construção.

Existe o tempo para preparar a terra, tempo para plantar e tempo para colher. Os jovens querem colher antes de preparar a terra e de plantar e normalmente vivem suas experiências de forma bem limitada. Isso acaba limitado também as experiências futuras. Comem o fruto verde, por não saberem esperar a árvore crescer e o fruto amadurecer. Além de ler livros sobre investimentos, fazer cursos, você precisa aprender a esperar.

Segredos antigos

A paciência só existe naquele que já sabe controlar suas paixões, ganâncias e medos. Isso normalmente vai sendo desenvolvido com mais facilidade com o passar do tempo. É importante acelerar esse processo, pois o controle emocional é parte fundamental no mundo adulto do dinheiro. Certamente é o controle emocional que separa as crianças dos adultos.

Logo no começo do livro “A República“, escrito por Platão no ano de 380 antes de Cristo, existe um diálogo entre Sócrates (filosofo grego) e um senhor chamado Céfalo, que já está aposentado e possui uma vida financeira muito boa.

Céfalo fala para Sócrates que tem o hábito de conversar com outros idosos aposentados e normalmente só escuta lamentações.

Se lamentam recordando dos prazeres da juventude, paixões, bebidas, comidas e outros prazeres que não podem mais viver. Colocam a culpa na velhice.

No entanto ele diz que existem outros, com a mesma idade, que não possuem essas lamentações. Ele começa a descrever o diálogo que teve com um idoso, poeta, chamado Sófocles. Ele perguntou para Sófocles:

— Qual é tua opinião a respeito das paixões, Sófocles? Ainda te julgas capaz de ter paixões?

Sófocles respondeu:
— Falemos baixo! Libertei-me das paixões com o prazer de quem se liberta de um senhor colérico e truculento.

Então Céfalo comenta com Sócrates: “Naquela época dei-lhe razão, e dou-lhe ainda hoje. Porque a verdade é que a velhice nos proporciona repouso, livrando-nos de todas as paixões. Quando os desejos diminuem, as palavras de Sófocles revelam toda a sua justeza. É como se nos libertássemos de inúmeros e enfurecidos senhores (que nos atormentam na juventude). No que diz respeito aos desgostos, aos aborrecimentos domésticos (na velhice), estes têm apenas uma causa, Sócrates, que não é a velhice, mas o caráter dos homens (caráter como sinônimo de personalidade). Se eles tiverem bom caráter e espírito equilibrado (equilíbrio emocional), a velhice não lhes será um fardo. Para os que não são assim, tanto a velhice quanto a juventude lhes serão desgostosas.”

Estamos falando de um livro escrito há 2.400 anos. O tempo passa e as pessoas continuam as mesmas. Você certamente conhece muita gente jovem e idosa que por falta de desenvolvimento acabam produzindo, para elas mesmas, uma vida desgostosa.

Já escrevi um artigo falando sobre a melhor idade para investir, caso não tenha lido ainda visite aqui.

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