A única maneira de garantir uma aposentadoria segura e independente é através da construção de um patrimônio próprio. Isso significa abandonar a ilusão de sistemas previdenciários e assumir o controle sobre sua própria segurança financeira.

Convencer alguém de que precisa investir o próprio dinheiro e não depender apenas da aposentadoria do governo não é uma tarefa fácil. Vou apresentar aqui alguns argumentos para que você possa educar as pessoas sobre a realidade.

Durante décadas, o Estado se esforçou para criar essa dependência, enfraquecendo gradualmente a autonomia individual e transformando a segurança financeira em uma promessa estatal cada vez mais frágil.

Nossos bisavós e tataravós viviam de maneira mais autônoma. Em uma sociedade menos urbana, a aposentadoria dependia da própria poupança, de bens acumulados e da solidariedade familiar. No entanto, a chegada da previdência social transformou a relação do cidadão com o futuro. O governo passou a ditar regras sobre quando e como as pessoas podem parar de trabalhar, enquanto “confiscava” parte de sua renda para sustentar um sistema insustentável.

Com a criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) na década de 1930, o governo assumiu o papel de provedor da segurança social. O que começou como um sistema voltado para poucos trabalhadores urbanos foi expandido, tornando-se obrigatório e eliminando a responsabilidade individual sobre a própria aposentadoria. O resultado? Gerações condicionadas a acreditar que o Estado é a única garantia de segurança na velhice, enquanto a realidade mostra um sistema sempre próximo do colapso financeiro.

Perda da Autossuficiência

Na metade do século XX, a urbanização acelerada empurrou milhões para as cidades. Antes, a segurança econômica vinha de coisas reais como a terra, comércio local e das relações entre as famílias. Com a vida urbana, as pessoas passaram a depender exclusivamente de empregos assalariados e de serviços estatais. O governo, por sua vez, aproveitou para expandir sua influência, tornando o cidadão refém de políticas previdenciárias sujeitas a mudanças constantes.

A chamada “Constituição Cidadã de 1988”  reforçou a ideia de que cabe ao Estado prover todos os direitos essenciais. Sim, a Constituição de 1988 implantou um modelo de socialismo disfarçado de “Estado de bem-estar social”. A justificativa é simples: ao concentrar nas mãos do Estado a responsabilidade por previdência, saúde, educação e assistência social, o governo passou a “confiscar” recursos privados para redistribuí-los conforme critérios políticos, não econômicos. Isso comprometeu a autonomia financeira do indivíduo e da família, minando incentivos ao planejamento próprio e criando uma dependência estatal crescente. O resultado é um sistema insustentável, pois ignora a realidade demográfica e econômica, substituindo a livre iniciativa pela coerção estatal. É a lógica do socialismo: controle crescente, eficiência decrescente.

As reformas previdenciárias de 1998, 2003 e 2019 foram tentativas de adiar o colapso do sistema. Cada nova mudança aumentou a idade mínima para aposentadoria, reduziu benefícios e impôs regras mais restritivas. O que antes era vendido como um direito garantido tornou-se um privilégio acessível apenas após décadas de trabalho exaustivo. A cada reforma, a dependência do Estado se torna mais evidente, mas, em vez de incentivar a independência financeira, a população continua presa à ilusão de que o sistema ainda pode funcionar.

Crescimento da Carga Tributária

No início do século XX, a carga tributária no Brasil era inferior a 10% do PIB. Hoje, ultrapassa 33%, uma das mais altas entre os países emergentes. O aumento da tributação financia um Estado inchado, que controla a renda da população por meio de impostos e contribuições obrigatórias. Um dos principais responsáveis por essa alta carga tributária é a previdência social, que consome quase metade do orçamento federal.

Atualmente, os gastos com previdência superam os investimentos em infraestrutura, saúde e educação somados. Com uma população envelhecendo rapidamente e um sistema de repartição inviável, o governo precisa arrecadar cada vez mais para cobrir déficits previdenciários crescentes. Para sustentar essa máquina disfuncional, tributos como o INSS, PIS, COFINS e até impostos indiretos sobre consumo são elevados, retirando o poder de poupança do cidadão e forçando-o a sustentar um sistema que não garante retorno adequado. Enquanto no passado as famílias podiam poupar e investir livremente, hoje grande parte da renda é desviada para sustentar um sistema burocrático que entrega cada vez menos.

Desvalorização da Poupança Pessoal

A hiperinflação das décadas de 1970 e 1980 destruiu a cultura de poupança no Brasil. O que antes era prática comum entre nossos antepassados foi substituído por uma mentalidade imediatista, incentivada pelo crédito fácil e pelo consumismo exacerbado. Ao mesmo tempo, a previdência estatal consolidou a ideia de que não é necessário poupar, pois o governo garantirá a aposentadoria. Essa mentalidade impede que muitos busquem alternativas independentes, perpetuando a submissão ao Estado.

Nossos bisavós planejavam a velhice com base no que podiam acumular ao longo da vida. Terra, gado, metais, comércio local e redes familiares eram as principais formas de segurança financeira. Hoje, a vida urbana nos prende a um ciclo de dependência: altos impostos, crédito caro, moradia financiada e uma aposentadoria incerta. O Estado vende a previdência como uma rede de proteção, mas, na prática, entrega benefícios cada vez menores, enquanto a população continua acreditando em promessas que nunca se cumprem.

Recuperar a independência financeira exige romper com essa ilusão e assumir o controle do próprio futuro. O caminho está na construção de patrimônio, no investimento consciente e na rejeição da tutela estatal sobre nossas vidas.

Sem Virtude, Não Há Liberdade

Se você não desenvolver virtudes como autodisciplina, constância e prudência, não adianta saber que precisa investir para conquistar a sua independência financeira sem ficar dependendo do governo ou de um plano de previdência.

Além disso, conhecimento sem virtude é estéril. Saber o que fazer não é suficiente se você não tem força de vontade para agir. A independência financeira exige muito mais do que saber abrir conta em corretora. Exige caráter.

Isso é muito sério. Quem não domina os próprios vícios será sempre escravo. Escravo do consumo, da ansiedade, da preguiça, da vaidade e da opinião alheia. E, no fim, será escravo do Estado. Se você não consegue dizer “não” ao prazer imediato, ao gasto supérfluo, ao conforto enganoso, acabará vivendo como pedinte. Implorando ao governo migalhas que nunca chegam.

Virtude não é opcional. É pré-requisito para a liberdade. Só é livre quem é senhor de si mesmo. Só constrói patrimônio quem sabe esperar, quem tem coragem para renunciar ao hoje em nome do amanhã. Fugir dos vícios e cultivar as virtudes é o primeiro investimento. É isso ou depender dos outros. E quem depende dos outros, vive à mercê da vontade alheia e isso é indigno.

Portanto, além de aprender a investir (veja os livros aqui), aprenda a escolher entre o bem e o mal. Entre a firmeza e a moleza. Entre o sacrifício e o hedonismo. O sucesso financeiro começa na alma (conheça este livro).

Leia os outros artigos desta série:

  1. O Grande Engano da Previdência Social e Privada
  2. Por que a Previdência Privada não é a solução: O Perigo do Controle de Terceiros
  3. Expectativa de Vida e o Jogo Contra seu Futuro

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