Aprenda neste artigo o que é o custo de carrego, prêmio de carrego e suas relações com as decisões de investimento que você toma na renda fixa e renda variável.

É importante entender isso quando estamos em um forte ciclo de alta dos juros ou de queda dos juros.

O termo “custo de carrego” significa o custo que você deve assumir ao escolher “carregar” um ativo qualquer até uma data futura.

Se esse ativo fosse físico, como um imóvel fechado, o custo de carrego incluiria o custo com limpeza, manutenção, condomínio, IPTU e o custo de oportunidade que representa quanto você está deixando de ganhar mensalmente por não ter o valor do imóvel investido em outra coisa.

Já quando você tem um ativo financeiro (títulos públicos, CDB, LCI, LCA, ações, ETFs, dólar, fundos imobiliários e outros) o seu custo de carrego é na verdade o seu “custo de oportunidade”.

Vamos imaginar que existe um investimento disponível para você neste momento que garante o rendimento de 12% ao ano. Poderia ser qualquer outra taxa.

Isso significa que se trata de um investimento com taxa prefixada. Poderia ser um CDB prefixado, LCI ou LCA prefixada ou um Tesouro Prefixado.

Agora vamos considerar que, ao mesmo tempo, existem vários outros investimentos que pagam rendimentos de renda fixa e renda variável que são incertos.

Você certamente já entende que na renda variável não existe qualquer garantia sobre qual será o seu ganho anual. Só que o mesmo acontece em parte dos investimentos de renda fixa.

É impossível saber com certeza absoluta qual será o rendimento de um investimento pós-fixado ou indexado ao IPCA.

Nos pós-fixados o seu retorno anual vai depender das decisões do Copom (Banco Central) com relação a taxa Selic. Impossível prever quais serão as alterações nos juros em cada reunião do Copom com absoluta certeza.

No caso dos indexados ao IPCA você tem uma taxa fixa e uma correção pela inflação (IPCA) que é impossível prever.

Se você tomar qualquer decisão que não seja investir no prefixado que garante 12% de juros ao ano, você terá um custo de carrego que também podemos chamar de custo de oportunidade. Em outras palavras, você precisa perder os 12% de juros garantidos ao escolher as outras opções.

Exemplos:

  1. No caso das ações, se você pretende decide investir no BOVA11 (ETF que investe nas ações que fazem parte do Índice Bovespa) seu custo de carrego será de 12% ao ano, o seja, já está garantido que você vai perder 12% de rendimento anual se escolher BOVA11. Se você vai perder a oportunidade de ganhar 12% ao ano é necessário que BOVA11 ofereça para você a oportunidade de ganhos acima de 12% ao ano que compensem o risco.
  2. Se você decidir investir em um pós-fixado terá o mesmo problema. Se você escolher um investimento que paga um percentual do CDI é necessário que isso seja suficiente para superar os 12% que você teria garantido no investimento prefixado. Dependendo das suas expectativas sobre a taxa Selic você tende a buscar investimentos que pagam mais de 100% do CDI. O mercado inteiro faz isso e por este motivo você verá mais ou menos opções de investimentos que pagam taxas acima de 100% do CDI.
  3. No caso do investimento que paga inflação + juros a lógica é a mesma. Você vai considerar que o custo de carrego desse investimento será de 12%, ou seja, você vai perder 12% ao ano já de início e por este motivo será necessário que você acredite que inflação + uma taxa de juros seja capaz de superar 12%. Dependendo das suas expectativas sobre o futuro você tenderá a exigir juros maiores ou menores além da inflação para tomar essa decisão.
  4. Como dólar não poderia ser diferente. Se você compra dólares é por acreditar que ele deve entregar para você mais de 12% de valorização ao ano, já que isso você teria garantido no investimento prefixado sem riscos.
  5. Fundos imobiliários seguem a mesma lógica.

Parece bem evidente que só faz sentido fazer qualquer outro investimento se este for capaz de superar aquilo que você já tem garantido de forma prefixada.

Esse valor adicional que você espera receber é conhecido como “prêmio de carrego”. Ele equivale a quanto você vai receber como prêmio por assumir esse custo de carrego ou trocar o certo pelo duvidoso. 

Quando os juros prefixados estão em alta, naturalmente os preços de todos os outros investimentos precisam se ajustar para que exista algum prêmio de carrego, ou seja, algum valor a mais que compense correr o risco da dúvida.

Quando os juros sobem e os investidores não acreditam que seus ativos terão aquele ganho que poderia ser obtido na renda fixa, eles tendem a vender esses ativos e os preços dos mesmos começam a cair. Esses preços caem até que a maioria dos investidores considere que os ativos estão suficientemente baratos para compensar o custo do carrego oferecendo algum prêmio pelo risco que será corrido.

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