No gráfico abaixo temos o desempenho de investimentos com base em indicadores importantes como o rendimento da poupança, Selic, Índice Bovespa, IPCA (inflação) e IPCA + 5% no decorrer de 10 anos, entre o dia 12/06/2013 e 12/06/2023.
Podemos observar que em 10 anos um investimento de renda fixa que rende IPCA + 5% teria superado todos os outros investimentos (rendeu 192,26% em 10 anos).
Veja que, recentemente, o Índice Bovespa (140,39%) conseguiu cruzar o rendimento acumulado de um investimento qualquer que tivesse rendido algo igual a Taxa Selic (137,86%), que é próximo de 100% do CDI. Podemos ver no gráfico acima que a poupança perdeu para a inflação nos últimos 10 anos, mas a diferença não foi tão grande quando seria se o dinheiro estivesse parado na conta ou guardado fisicamente em algum lugar.
Agora vamos observar o gráfico abaixo com os rendimentos de 12/06/2003 até 12/06/2023, ou seja, prazo de 20 anos:
No gráfico acima, podemos observar que, recentemente, o Índice Bovespa conseguiu superar o desempenho de um investimento que rende IPCA + 5% (710,07%) e a Taxa Selic (700,62%). A poupança (233,66%) conseguiu superar o IPCA (206,20%).
Agora vamos observar 25 anos, na janela entre 12/06/1998 e 12/06/2023.
A Taxa Selic superou todos os outros indicadores. O investimento que rende IPCA + 5% superou o Índice Bovespa. A poupança superou o IPCA.
Com base no artigo que escrevi recentemente sobre o conforto inteligente, a renda variável proporcionou muita adrenalina e desconforto para o desempenho que apresentou.
Esses gráficos não consideram a situação em que somos obrigados a pagar impostos no decorrer do investimento de renda fixa. Se você investe em títulos público, existe a data do vencimento do título em que você recebe o dinheiro de volta com os juros, tem impostos cobrados sobre os rendimentos e depois precisa reinvestir esse dinheiro. Nos fundos de investimentos esses impostos são maliciosamente cobrados a cada 6 meses, através do come-cotas. Também existem taxas administrativas. Sendo assim, os resultados no longo prazo seriam um pouco diferentes devido a essas questões.
Como já escrevi em outro artigo, hoje existe o ETF que permite investir em títulos que rendem a Taxa Selic (Tesouro Selic). Isso significa que não existe uma data de vencimento e você pode manter o ETF por tempo indeterminado. Só pagará imposto no dia que resolver vender o ETF e esse dia pode ser no futuro muito distante.
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A dúvida que tenho é que o ETF negociado em bolsa é precificação pelo mercado. Em caso de uma turbulência da economia, o aumento das vendas dereubaria o preço para abaixo do valor real? É os títulos públicos que são marcados a mercado antes do vencimento ocorre o mesmo?
Olá, devemos esperar um dia de forte turbulência, como ocorreu em 2020, para ver como esse tipo de ETF se comporta. Provavelmente deve ocorrer alguma volatilidade. Vale lembrar que existem bancos atuando nesses ETFs. Eles são chamados de “formadores de mercado”. O formador de mercado é uma pessoa jurídica, cadastrada na B3, que se compromete a manter ofertas de compra e venda de forma regular e contínua.
O problema do ETF da Taxa Selic é que ele não serve como margem de garantia para operações short em Opções e Ações.
Os etfs possuem uma taxa de administração que a longo prazo também podem impactar nos retornos.
Existem títulos públicos de longo prazo que talvez valham mais a pena, a não ser que estejamos investindo realmente pensando em “nunca” resgatá-los, talvez para os filhos. Mas nesse caso também deveríamos pensar na questão dos impostos da sucessão patrimonial.
Seria interessante uma comparação em um determinado prazo entre resgatar títulos públicos e reinvestir o mesmos considerando o desconto do IR, com o resgate de etf de renda fixa considerando a taxa de administração. Será que em algum momento a restabialidade dos etfs de renda fixa irão superar os títulos públicos?
Um ETF como o LFTS11 tem taxa de administração de 0,19% ao ano e nenhum imposto até você resolver resgatar. Um título como o Tesouro Selic tem taxa de 0,20% (acima de 10 mil) e pagamento de imposto na data do vencimento. O vencimento do título é um evento obrigatório, ou seja, você perde 15% do que rendeu mesmo se o seu objetivo não fosse resgatar. Teoricamente nunca se resgata reserva de emergência enquanto você estiver vivo.
De forma geral, como o Brasil é o país das altas taxas de juros, a renda variável brasileira é bem menos interessante do que a renda fixa. Levando em conta o “conforto inteligente” (outro excelente artigo), eu invisto uma pequena fração da minha carteira em renda variável no Brasil exatamente por esses motivos, e também à fim de ganhar nas oscilações de mercado, usando rebalanceamento da carteira via alocação de ativos. Já tem anos que percebi que a bolsa brasileira anda de lado a maior parte do tempo, seja pela vantagem da renda fixa quanto pela conjuntura econômica do país.