Vou ensinar como você pode descobrir onde os fundos de investimentos estão investindo e como é a composição de suas carteiras de investimentos. Você saberá a proporção e em quais ações, títulos públicos, debêntures, CDBs, LCI/LCA, CRI/CRA, cotas de outros fundos e demais ativos os fundos investem.
Isso será possível através de um novo serviço gratuito que foi adicionado a esse site aqui. Eles utilizam dados que a CVM (Comissão de Valores Imobiliários) disponibiliza de “forma bruta” e que também podem ser acessados através de um site muito antigo e limitado.
Para que serve conhecer a carteira de investimentos de um fundo? Serve para responder questões como:
- Quais ações, títulos e outros ativos os fundos possuem no momento?
- Como os investimentos estão sendo divididos proporcionalmente?
- Existe uma concentração exagerada em determinada ação ou classe de ativo?
- O fundo apenas investe em outros fundos? Onde os outros fundos investem o seu dinheiro?
- O fundo faz investimentos que você não gostaria de fazer por algum motivo? Exemplo: existem pessoas que não gostam de investir em fábricas de bebidas alcoólicas, matadouros de animais, fábricas de armas, empresas envolvidas em desastres ambientais, empresas envolvidas em escândalos de corrupção e assim por diante.
- O fundo investe em ações de empresas que possuem fundamentos financeiros bons ou ruins?
- O fundo investe em ativos onde você já investe através de outros fundos ou diretamente?
Se você guardar as consultas que fizer agora, poderá comparar com resultados futuros para verificar se o fundo do seu interesse fez alguma mudança significativa na composição da carteira.
Como acessar a carteira dos fundos
- Primeiro visite esse link aqui. Ele levará você para a página de pesquisa.
- Digite o nome do fundo onde você pretende investir ou já investe no campo de busca.
- O nome do fundo aparecerá em uma lista. Clique sobre o nome para abrir o relatório.
- Como exemplo fiz uma busca por “Alaska Black Institucional” e encontrei uma página como a figura abaixo.
- Clique na opção “Carteira Detalhada” como mostra a figura:
Aqui nesse exemplo temos a carteira de um fundo de ações muito conhecido por ter um gestor muito ativo nas redes sociais e na imprensa. Frequentemente ele recomenda, de forma direta ou indireta, as ações e os setores onde ele já possui grandes investimentos. Inevitavelmente isso acaba influenciando as decisões de outros investidores.
A primeira característica que podemos observar é que por se tratar de um fundo de ações, 88% de todo dinheiro dos seus investidores do foi utilizado para comprar ações.
O fundo possui apenas 1,66% investido em “Operações Compromissadas” que é um tipo de investimento equivalente a investir em títulos públicos como o Tesouro Selic.
Na parte inferior do relatório, clicando em “Ações” temos a carteira de investimentos do fundo em ações como mostra a próxima figura.
Vale destacar que os gestores dos fundos podem optar por manter sua carteira em segredo alguns meses.
Neste exemplo estamos em fevereiro de 2020 e os dados públicos na CVM são de outubro de 2019. Isso significa que não temos como saber o que o gestor do fundo fez nos meses novembro, dezembro e janeiro (3 meses).
Isso significa que, normalmente, teremos acesso a carteiras antigas, mas podemos considerar que fundos costumam realizar investimentos de prazo mais longo (muitos meses ou mesmo muitos anos), principalmente nas ações onde existe maior concentração de recursos do fundo.
Uma estratégia comum nos fundos é a venda de parte das ações que apresentaram bom desempenho nos trimestres para o investimento em ações com maior potencial de crescimento nos próximos meses e anos. Fortes movimentos são vistos na bolsa de valores antes e depois da divulgação dos balanços e resultados.
No exemplo acima, podemos constatar que para cada R$ 100 investidos neste fundo, R$ 17,95 está em ações da Magazine Luiza (MGLU3), R$ 13,29 está em ações da Kroton Educacional (COGN3), R$ 12,81 na Petrobras (PETR4), R$ 10,25 na Rumo (RAIL3), que é uma empresa de logística e R$ 9,73 na Vale (VALE3).
Isso significa que ao investir nesse fundo o investidor deveria considerar que mais da metade do valor investido em ações (64%) estará concentrado nessas 5 empresas. Cabe ao investidor julgar se gosta da carteira de investimentos do fundo antes de investir no fundo. Isso pode exigir algum conhecimento de analise fundamentalista das ações.
Agora vamos ver a carteira de outro fundo famoso. Seu gestor frequentemente aparece na imprensa fazendo comentários que também acabam influenciando as pessoas de forma direta ou indireta.
Podemos observar que se trata de um fundo multimercado que investe em títulos públicos, ações, moedas e investimentos no exterior. Vale destacar que normalmente os gestores criam um fundo que recebe o nome MASTER onde efetivamente realizam as estratégias. Depois outros fundos são criados apenas para investir nos fundos MASTER’s. Por isso, é possível que ao pesquisar um determinado fundo você descubra que ele na verdade investe em algum fundo do tipo MASTER.
Se você fizer a pesquisa do fundo acima e depois clicar em títulos públicos você verá códigos como esse “BRSTNCLF1RD2” ou “BRSTNCNTB3D4”.
Isso é um código ISIN utilizado para identificar títulos através de um código único de uso internacional. Os dois primeiros caracteres “BR” significa que se trata de um título brasileiro. As letras “STNC” significa que se trata de um título emitido pela “Secretaria do Tesouro Nacional”. Ao encontrar, depois do BRLTNC, as letras “LF” temos um título LFT, antigo nome do título público “Tesouro Selic”. Quando temos NTB, se trata de um título NTN-B que é o antigo nome do Tesouro IPCA+ com juros semestrais. As letras NTF representam o Tesouro Prefixado com juros semestrais. Operações compromissadas estão relacionadas com LFTs que são equivalentes ao Tesouro Selic.
Você poderá consultar os códigos dos títulos nessa relação aqui, que é a composição da carteira de um índice que mede o desempenho dos títulos públicos que os fundos, bancos e outras instituições financeiras negociam todos os dias. Não são os mesmos títulos e prazos que negociamos através do Tesouro Direto. Como você pode ver, os bancos e fundos possuem títulos com uma enorme quantidade de datas de vencimento.
Uma característica desse fundo do nosso exemplo é a grande aposta que o gestor faz contra o real, através de investimentos em dólares e em diversas outras moedas.
Isso significa que a valorização do dólar e a desvalorização do real permite ao fundo registrar ganhos que incrementam a baixa rentabilidade dos títulos públicos (onde fica a maior parte do patrimônio do fundo).
Aqui vale um esclarecimento muito curioso. Normalmente existe uma correlação inversa entre dólar e bolsa. Quando o dólar entra em tendência de alta a nossa bolsa tende a cair e quando o dólar entra em tendência de baixa as ações tendem a valorizar.
A linha azul do gráfico acima representa o índice Bovespa e a linha laranja o preço do dólar em reais. Observe através das setas que dólar em alta normalmente representa um movimento de correção nos preços das ações brasileiras.
A imprensa vai colocar a culpa em alguma notícia do momento para justificar a queda ou a alta da bolsa e do dólar. Se um ciclo de quedas durar 30 dias, provavelmente a imprensa encontrará um motivo por dia para justificar a movimentação dos preços. Isso certamente atrairá muitos leitores e ajudará a elevar as receitas com os anunciantes.
Na maioria das vezes, os movimentos não possuem tanta relação com as notícias. Os movimentos são cíclicos e existem grandes investidores movimentando muitos milhões ou bilhões que colaboram com esses movimentos.
Um investidor que adota como estratégia investir no dólar e na bolsa ao mesmo tempo, poderia pensar na possibilidade de aproveitar os ganhos obtidos com a alta do dólar para comprar ações baratas no fim do processo corretivo da bolsa.
Já quando o dólar recua e as ações se valorizam, o grande investidor poderia se desfazer de parte de suas ações (colocando no bolso os ganhos de capital) para utilizar esse dinheiro no investimento em dólares.
É claro que quando grandes investidores fazem uso das redes sociais e da imprensa para manter uma comunicação com milhares ou milhões de pequenos investidores, eles não falam exatamente aquilo que estão fazendo, mas tendem a falar aquilo que eles gostariam que as pessoas fizessem.
Se você dedica tempo seguindo o que grandes investidores e gestores falam na imprensa e nas redes sociais, experimente dedicar esse mesmo tempo estudando as coisas que eles estudam.
Se você possui investimentos em fundos ou pretende investir em fundos de ações ou multimercado (como investimento em renda variável) recomendo que estude análise fundamentalista e análise técnica, para que possa entender os fundamentos das empresas e seus gráficos de preço. Isso facilita muito o estudo da carteira dos fundos onde você pretende investir. Também recomendo um curso sobre avaliação de fundos, que ensina a utilizar as ferramentas que uso para avaliar fundos.
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