Imagine que um parente muito querido chamou você para acompanhá-lo em uma viagem de férias. Você respondeu que não poderia ir naquele momento, mas que iria quando sua situação financeira estivesse melhor. Infelizmente, um ano depois, esse parente querido morre de forma inesperada. Quais reflexões você faria sobre sua decisão financeira de não viajar naquele momento?

Essa história aconteceu com uma jornalista americana especializada em finanças pessoais chamada Stacy Rapacon (fonte). Em 2008, a irmã de Stacy pediu para que ela a acompanhasse em uma viagem para Buenos Aires. Stacy respondeu que não podia ir por questões financeiras. Ela não tinha nenhum dinheiro guardado e o cartão de crédito estava no limite. O único dinheiro que tinha estava em um plano de previdência. Stacy (direita da foto) prometeu para sua irmã Cheryl (esquerda) que fariam uma viagem de férias juntas em outra oportunidade.

A jornalista Stacy (direita) e sua irmã Cheryl (esquerda) em 2009.

Pouco mais de 1 ano depois, a irmã de Stacy morreu com apenas 35 anos. Stacy disse que esta foi a decisão financeira que gerou o maior arrependimento da sua vida. Ao mesmo tempo, esse arrependimento tornou-se sua maior razão para poupar. Stacy tomou a decisão de destinar uma parte das suas economias para criar uma reserva de dinheiro que chamou de “Fundo Sem Arrependimento” ou “Fundo para uma Vida Sem Arrependimentos“.

Esse dinheiro seria especialmente gasto com viagens ou qualquer outra atividade de diversão envolvendo seus parentes e amigos mais queridos. O objetivo maior seria nunca mais sentir a dor do arrependimento por dizer “não”, para esse tipo de experiencia, por motivos financeiros.

Fundo Sem Arrependimentos

Ela escreveu sobre algumas coisas que está fazendo para manter seu “Fundo Sem Arrependimentos”:

  1. Orçamento – Se você não sabe para onde seu dinheiro está indo, é impossível gastar seu dinheiro com mais inteligência. Para cortar os gastos pouco inteligentes (desperdícios) e economizar para momentos especiais, você precisa de um orçamento familiar (veja aqui). Um percentual do que ela ganha é reservado para o fundo sem arrependimento, manutenção da reserva para emergência, reserva para aposentadoria e reserva para pagar a faculdade dos filhos.
  2. Grandes despesas fixas – Stacy tomou melhores decisões sobre moradia, babá e creche para seus filhos. Com isso, conseguiu fazer sobrar mais dinheiro, sem prejudicar a qualidade de moradia e educação dos filhos. Muitas vezes temos grandes despesas fixas e não paramos para pesquisar ou refletir sobre formas de conseguir mais gastando menos. Muitas vezes aparecem opções melhores e mais baratas, com o passar do tempo, e não paramos para pesquisar e reavaliar os serviços que estamos pagando mensalmente. Eu recomendo que, pelo menos uma vez por ano, você liste suas despesas fixas e faça uma pesquisa para verificar se existem alternativas melhores no mercado. Isso vale para aluguel do imóvel onde você mora (podem existir imóveis melhores e mais baratos), pacotes de telefone, celular, internet, tv por assinatura, tarifas de cartão de crédito, etc.
  3. Fazer mais – Ela trabalhou mais, aproveitou oportunidades e buscou fontes de renda extra como freelancer. Existem 1001 maneiras de ganhar dinheiro extra no seu tempo livre. Cabe a você observar, pesquisar e identificar atividades compatíveis com seu tempo, seu nível de conhecimento e interesses pessoais.
  4. Prioridades – Ela refletiu sobre suas prioridades. Frequentemente ela comprava roupas e sapatos que nunca usava e comprava móveis novos regularmente, muitos deles não cabiam no imóvel onde morava. Hoje, antes de comprar qualquer coisa ela faz uma reflexão sobre o seu “fundo para uma vida sem arrependimentos” e busca opções mais inteligentes. No lugar de comprar uma roupa nova antes de ir para uma grande festa, ela optou por alugar roupas. Pequenas reflexões antes do consumo fez ela escapar dos juros cobrados pelo cartão quando ela não conseguia pagar a fatura no final do mês.

Quando ela economiza dinheiro para colocar no seu “fundo para uma vida sem arrependimentos”, ela sente que está poupando para coisas que realmente importam para a vida dela e não para acumular coisas sem importância dentro da sua casa. Ela termina o artigo dizendo que já está com a viagem das suas próximas férias programada. Com o dinheiro que reservou para isso, ela vai viajar com sua irmã mais velha e seu pais. Não será uma viagem barata e será necessário gastar todo o dinheiro do “fundo sem arrependimento” que ela acumulou. Finalmente suas finanças estão organizadas e ela não precisa mais responder não para momentos felizes com sua família (fonte).

Desculpas para não poupar:

Tem muita gente que gosta de justificar a falta de poupança, e até as dívidas acumuladas, com argumentos do tipo: “Eu prefiro viver do que guardar dinheiro”, “Dinheiro foi feito para gastar”, “Não quero ser o defunto mais rico do cemitério”, etc. Essa pessoa não percebe que a falta de economias e de planejamento geram privações e são limitadores de possibilidades e liberdade. No caso da Stacy, não faltava dinheiro para comprar sapatos e roupas que ficariam abandonados no guarda-roupa, mas no dia que recebeu o convite da sua irmã, faltou dinheiro para tomar uma decisão realmente importante (na avaliação dela).

Existem situações piores que o da Stacy. Viajar com parentes pode ser uma atividade importante para uns e pouco importante para outros, mas existem outras questões mais críticas, e de importância indiscutível, onde não ter reservas pode ser uma questão de vida ou de morte. Imagine se a irmã de Stacy tivesse uma doença grave e precisasse de ajuda financeira para comprar um medicamento caro ou pagar um tratamento urgente, e muito caro, que pudesse salvar sua vida. Todos os dias pessoas enfrentam esse tipo de dificuldade e literalmente morrem por falta de poupança e educação financeira.

Consumismo no presente ou felicidade futura:

O consumismo do presente não deve ser uma justificativa para não poupar e não investir o próprio dinheiro pensando na sua liberdade de escolha futura. A jornalista Stacy mostrou que estes momentos felizes deveriam ser o seu principal motivo para poupar mais dinheiro. Manter uma vida acima do seu padrão de renda, viver acumulando objetos sem importância, tira de você a liberdade de escolha, limita suas opções no futuro.

Ter mais dinheiro não tem relação com ter mais coisas. Ter mais dinheiro significa ter mais opções de escolha e ser mais livre.

Por não ter uma vida financeira organizada, por não ter uma poupança destinada para experiências com a família, que Stacy considera importante, ela foi obrigada a dizer não para sua irmã. O que cada um acha importante depende de cada um. Stacy gostava de viajar com seus parentes. Pode ser que você prefira outras coisas. O importante é que você tome decisões conscientes sobre seu dinheiro para que não sofra a dor do arrependimento no futuro.

Vida sem arrependimentos:

O “fundo para uma vida sem arrependimentos” serve para que você possa gastar o seu dinheiro com aquilo que é importante para você. Provavelmente você vai considerar experiências mais importantes do que comprar coisas. Experiências duram para sempre na sua memória, coisas ficam velhas, obsoletas e um dia são jogadas no lixo.

É por isso que as marcas famosas de produtos gastam milhões em marketing para tentar relacionar a compra das coisas com experiências felizes. Elas sabem que boas experiências não possuem preço, mas coisas são precificadas e muitas vezes é comum comprar com exagero e isto gerar arrependimento.

Segundo a médica Ana Claudia Quintana Arantes, morrem 1.1 milhões de pessoas todos os anos no Brasil, sendo que 800 mil são por morte anunciada (doenças crônicas, degenerativas ou câncer). Um dia faremos parte dessa estatística, só não sabemos quando. Se for algo anunciado, teremos tempo para refletir sobre o legado que deixaremos e as experiências que vivemos. Dificilmente iremos nos arrepender por não termos aproveitado uma promoção no shopping ou por não termos trocado mais vezes de sapato.

Tempo é mais importante que dinheiro e por este motivo eu iniciei o meu livro sobre Reeducação Financeira falando sobre o valor do nosso tempo de vida e sua relação com nosso dinheiro. Quando você trabalha, economiza e investe seu dinheiro com inteligência, você desperdiça menos tempo trabalhando para pagar juros e taxas. É isso que as pessoas fazem quando resolvem viver uma vida cheia de dívidas e sem planejamento financeiro. Desperdício de dinheiro é desperdício de tempo, liberdade e possibilidades.

Quero concluir este artigo convidando você a refletir sobre este vídeo abaixo com a Dra. Ana Claudia.  Aproveite para pensar sobre o seu “Fundo de uma Vida Sem Arrependimentos”. É claro que nem todo mundo sonha com viagens. Cada pessoa tem seus próprios sonhos, que se não forem colocados em prática durante a vida, podem gerar algum nível de arrependimento. Você é o maior especialista em você mesmo e somente você sabe o que é importante para você. Clique logo abaixo para assistir.


A Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, que trata de doentes terminais, possui uma apresentação emocionante no TED (assista logo abaixo) onde fica evidente a importância do nosso tempo e como isso se conecta com a educação financeira. É o seu nível de educação financeira que permitirá ter um número maior de opções e de liberdade para aproveitar o seu tempo.


 

A educação financeira serve para que você faça escolhas inteligentes sobre o fruto do seu trabalho (dinheiro) para aproveitar sua vida de forma livre, consciente e sem arrependimentos. Conheça meu novo livro sobre independência financeira e os meus livros sobre reeducação e investimentos financeiros.

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