Vou mostrar neste artigo como os governos de presidentes democratas e republicanos impactaram o retorno dos investimentos nas bolsas de valores dos EUA entre 1945 e 2020. Também veremos que é possível para um investidor brasileiro investir em ativos atrelados ao desempenho das bolsas americanas.

O gráfico mostra os últimos 13 presidentes americanos entre 1945 e 2020. Você pode clicar para ampliar. Os presidentes azuis são democratas e os vermelhos são republicanos. Os gráficos sobre os presidentes mostram os movimentos do índice S&P 500. Esse índice mede o desempenho das 500 ações mais importantes negociadas nas bolsas americanas como a bolsa de Nova Iorque e a Nasdaq. Ele é o equivalente ao nosso Índice Bovespa. Normalmente uma tendência de alta na bolsa americana produz impacto positivo em todas as bolsas do mundo.

Podemos perceber que as maiores altas ocorreram em governos de presidentes democratas (azuis). Como destaque temos a alta de mais de 200% no governo Clinton e a alta de 181% no governo Obama.

Antes de continuar é importante conhecer a visão de mundo dos democratas e dos republicanos para que possamos entender como essa visão de mundo impacta os investimentos.

Nos EUA, os democratas (cor azul), possuem uma visão de mundo mais progressista, com valores mais relacionados com o que nós brasileiros chamamos de esquerda ou centro-esquerda. Já os republicanos (cor vermelha) possuem uma visão de mundo mais tradicionalista, com valores considerados de direita ou valores de economias mais liberais. Aqui no Brasil a cor vermelha está mais associada com partidos de esquerda, mas nos EUA ocorre o inverso.

Vou deixar aqui um infográfico que mostra as diferenças entre essas duas visões de mundo nos EUA.

Ao ver o infográfico você provavelmente vai tentar avaliar se você é mais de esquerda ou de direita. Geralmente as pessoas são uma mistura de valores de esquerda e direita ao mesmo tempo. Imagine como se existisse uma enorme escala de variações de cores (degradê) entre o azul e o vermelho ou entre a esquerda e a direita. Você provavelmente está em algum ponto desse degradê. Durante a vida você provavelmente mudará suas opiniões para aquelas que são mais convenientes com sua realidade no momento. Dependendo da sua profissão, idade, se você é um servidor público, se tem um emprego privado ou tem um negócio. São vários fatores que torna mais conveniente para alguém ter uma visão de mundo diferente da outra.

Geralmente o modo de governar dos democratas resulta em mais gastos públicos e aumento da dívida pública. Eles acreditam que é papel do governo estimular a economia através de auxílios e subsídios para pessoas, empresas e bancos. Quando os governos, as pessoas e as empresas são motivadas a gastar mais e se endividar mais, a economia tende a crescer no curto prazo. O  endividamento das famílias, empresas e do próprio governo se tornam um problema, mas eles acreditam que isso é um problema de longo prazo, que será resolvido de alguma forma por gerações futuras ou por governos futuros.

Como podemos ver no gráfico anterior, democratas e republicanos alternam o poder. Existem vantagem com relação a essa alternância já que os exageros de um governo acabam sendo corrigidos ou amenizados pelo governo de visão diferente que assume logo depois. As próprias pessoas se irritam no decorrer dos governos quando percebem que azuis ou vermelhos, depois de vários anos no poder, não conseguem fazer aquilo que prometeram. Os problemas que os políticos prometem resolver nunca são resolvidos e eles continuam se apresentando como a solução dos problemas que eles mesmos criam.

O fato é que mais gastos e mais dívidas fazem as economias crescerem no curto prazo. Quando a economia cresce as empresas vendem mais, lucram mais e suas ações tendem a se valorizar na bolsa. A prosperidade estimulada pelos governos continua forte enquanto esse governo tiver dinheiro para gastar, capacidade de se endividar e habilidade para convencer as pessoas de que isso tudo funcionará para sempre.

No gráfico acima, na primeira coluna da esquerda para a direita, podemos ver que a reação da bolsa americana entre as eleições e as posses de governos republicanos e democratas. A alta foi em média de +1,5% quando um republicando foi eleito e 0,9% quando um democrata foi eleito.

Na coluna do meio, durante o governo republicano (time in office) a alta foi de 22,5% e durante o governo democrata a alta foi de 47,6%.

Na terceira coluna, a taxa de crescimento anual foi de 3,5% de alta no governo republicano e 12% no governo democrata.

Podemos concluir que a reação da bolsa é mais positiva com a vitória do republicano, mas o desempenho da bolsa é melhor durante o governo democrata, pois como falei são gestões onde o governo, as pessoas e as empresas são motivadas a gastar mais e a se endividar mais no curto prazo. Quanto mais gastos, mais as empresas vendem e lucram. O crescimento da dívida é um problema que eles jogam para frente.

O gráfico acima mostra o desempenho de algumas classes de ativos durante os últimos quatro presidentes.

Com os democratas, as ações americanas cresceram em média 14,5% ao ano (US Equities SPXTR). As ações de países desenvolvidos tiveram valorização de 10% ao ano (Internacional Equities MSEAFETR). Os mercados emergentes, que representam ações em países como o Brasil, tiveram retornos de 7,1% ao ano (Emerging Market Equities MSEMTR). Já no governo dos republicanos as ações americanas subiram em média 3% ao ano, as ações de mercados desenvolvidos cresceram 2,9% e dos países emergentes cresceram 8,3% (fonte). Nos exemplos acima o autor do gráfico utilizou fundos de investimentos americanos que investem em carteiras específicas de ativos. Também seria possível apostar em países emergentes e desenvolvidos através de ETFs negociados no exterior, como mostro nesse livro.

Conclusão

É importante lembrar que esses resultados passados não garantem resultados futuros. A crise iniciada na pandemia de 2020 tem características únicas que envolve fechamentos de empresas e circulação restrita de pessoas. É muito difícil imaginar qual será o desempenho das economias por existirem dúvidas sobre os impactos da doença no futuro.

De qualquer forma, a história mostrou que governos que gastam mais e se endividam mais produzem desempenhos melhores na bolsa de valores no curto prazo. Como consequência, em um segundo momento, o ciclo de crescimento pode resultar em aquecimento da economia, mais inflação, alta dos juros até uma nova crise se formar.

É papel do investidor identificar esses movimentos e posicionar os seus investimentos para conseguir os melhores resultados, não importando qual é o governo no poder. Você sozinho não tem poder de decidir o melhor governo ou as melhores decisões governamentais. Na sua solidão de investidor você só pode decidir o que fazer com o seu dinheiro dependendo de cada situação. Para isso é necessário estudo.

Na minha opinião o investidor deve entender os políticos e os governos como agentes geradores de dificuldades, não importando muito se vestem azul, vermelho ou usam a mão esquerda ou direita para gerar essas dificuldades.

Cada um produz um tipo diferente de dificuldade, pois funciona assim: primeiro eles colocam você em dificuldade. Depois eles começam a agir como se eles estivessem ajudando você. Dividem as pessoas em pelo menos dois grupos, fazem de conta que são opostos ou rivais, mas nos bastidores são todos amigos.

Para você que é investidor, o melhor caminho é ser o mais independente possível durante a sua vida. Quanto mais financeiramente independente você se tornar, melhor para você. Nenhum político ganha quando você se torna independente. Por esse motivo, você não verá políticos motivando a população a poupar, investir e enriquecer. Geralmente a motivação é a de consumir, gastar e se faltar dinheiro se endividar ou ficar dependente de auxílios e subsídios.

Para o investidor brasileiro que pretende se expor aos movimentos da bolsa americana, é possível obter essa exposição através de fundos de investimentos brasileiros que investem no exterior, ETFs negociados na bolsa de valores brasileira que refletem o desempenho do S&P500 (temos um livro sobre ETFs), através dos BDRs de ações negociadas nas bolsas americanas e através do investimento direto no exterior, por meio de uma simples abertura de conta em uma corretora lá fora, como mostro no livro Como Investir no Exterior.

A vantagem de investir diretamente no exterior está na possibilidade de ter parte do seu patrimônio fora do Brasil. Essa parte do seu patrimônio ficará bem distante das decisões políticas brasileiras futuras que possam dificultar a vida das poucas pessoas que poupam, investem e buscam independência financeira.

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