A regra clássica conhecida como “100 menos sua idade” é muito utilizada por investidores do mundo inteiro. Ela nos ajuda a definir limites sobre quanto da nossa carteira de investimentos de longo prazo deve estar diversificada em renda variável e renda fixa tendo como base a nossa idade atual.

Esses limites nos forçam a reduzir gradualmente o risco dos nossos investimentos à medida que envelhecemos.

Basicamente o que você precisa fazer é subtrair a sua idade do número 100. O resultado será o máximo que sua principal carteira de investimentos deve ter em renda variável (ações, ETFs de ações, moedas, fundos imobiliários e outros). O restante será destinado para os ativos de renda fixa.

Exemplo:

Vamos imaginar uma pessoa que tem 40 anos. Deduzimos 40 de 100 e temos 60 (100-40=60). Essa pessoa deveria manter no máximo 60% de seus investimentos em renda variável. O restante (40%) seria destinado para a renda fixa. Por esta regra, um jovem de 25 anos deveria ter no máximo 85% da sua carteira em renda variável e 15% em renda fixa. Em países de economia desenvolvida, onde o juro da renda fixa é muito baixo ou negativo, se utiliza 110 e não 100 para deduzir a idade.

Ideia da regra:

A ideia por trás dessa regra é a de evitar que os mais idosos tenham grande parte da carteira de investimentos concentrada em renda variável. Alguém com 80 anos de idade está na fase da colheita. Um jovem de 20 anos está na fase do plantio. Plantar significa correr riscos. É necessário tempo e paciência para que a carteira de investimentos possa frutificar. Os mais velhos estão na fase de colher o que já plantaram e será mais importante preservar o que colhemos do que multiplicar o que colhemos.

Por essa regra, todos os anos as pessoas deveriam reduzir em 1% os investimentos que possuem em renda variável e isso equivale a colher. Esse 1% seria destinado para a renda fixa que equivale a preservar o que foi colhido. Nos mercados em tendência de alta essa redução anual da sua carteira em renda variável seria equivalente a realizar lucros gradualmente.

Idade x Risco

No artigo anterior chamado “Sem tempo ou sem conhecimento para investir. Temos a solução” eu falei rapidamente sobre a carteira 60/40. Ela recebe este nome por concentrar 60% dos investimentos em ativos de renda variável e 40% em renda fixa. Essa carteira pode ser moderada, arrojada/agressiva ou de alto risco dependendo da idade.

  • Para um investidor com 20 anos de idade, que teoricamente poderia adotar uma carteira com até 80% de renda variável (100-20=80), a carteira 60/40 pode ser vista como de risco moderado.
  • Para alguém com 40 anos de idade a carteira 60/40 poderia ser uma carteira arrojada ou agressiva pois essa proporção seria a máxima que alguém de 40 anos deveria ter em renda variável através da regra “100 menos a sua idade”.
  • Para uma pessoa com 80 anos, que teoricamente não deveria ter mais de 20% em renda variável, a carteira 60/40 seria uma carteira muito agressiva ou de alto risco.

Perfil é mais importante:

A idade pode ser um ponto de partida para refletir sobre a composição inicial da sua carteira, mas não podemos esquecer as características de cada pessoa.

Existem pessoas jovens preferem carteiras com retornos estáveis (baixa volatilidade) e alta liquidez (a maior parte do dinheiro pode ser sacado sem perdas de forma imediata). Em troca essas pessoas aceitam uma rentabilidade menor, desde que seja constante e com disponibilidade. Muitas vezes é isso que os jovens precisam para que possam dedicar mais tempo para sua principal atividade profissional, que na maioria das vezes é a principal fonte de renda dos mais jovens. Existem muitas decisões importantes quando somos jovens e para essas decisões pode ser necessário ter mais dinheiro disponível em investimentos de menor risco.

Por outro lado existem pessoas mais maduras. Elas já tomaram decisões importantes com relação ao trabalho, família e moradia. Se cresceram profissionalmente possuem uma renda maior. Se pouparam durante a vida possuem mais recursos disponíveis para diversificar na renda variável. Possuem mais maturidade, paciência e controle emocional que os jovens na hora de investir. Nessa ótica uma pessoa mais madura estaria mais preparada para buscar novos conhecimentos para diversificar sua carteira.

Os maiores investidores que conheço no Brasil e no exterior são maduros e possuem carteiras de investimentos com parcelas significativas de renda variável. As pessoas com mais idades já tiveram tempo para ver a história se repetir. Elas já passaram por crises e sabem que depois da chuva vem a calmaria. A experiência normalmente vem junto com paciência. São atributos que faltam nos jovens e que são importantes nos investimentos mais voláteis.

A fonte de renda

Um servidor público já tem uma importante fonte mensal de renda fixa (emprego público estável) e poderia se aventurar mais nos investimentos financeiros baseados na renda variável.

Um funcionário da iniciativa privada tem menos estabilidade no emprego e no salário quando o comparamos com o servidor público. Isso significa que ele precisa de uma reserva para emergências maior que deve estar concentrada em investimentos de renda fixa de baixo risco. A parcela que ele poderia investir em renda variável seria um pouco menor.

Já o dono de um negócio tem uma fonte de renda variável de elevado risco. Ele deve compensar isso tendo uma menor parte dos seus investimentos financeiros em renda variável e uma maior parte em renda fixa. O empresário não tem direitos trabalhistas, não tem salário fixo ou lucro garantido. Geralmente o pequeno empresário investe seus próprios recursos no negócio e esses são investimentos de risco. É importante que os seus investimentos financeiros sejam menos arriscados.

Por fim…

Cada pessoa é única e carrega características e conhecimentos que não dependem somente da idade. A regra “100 menos sua idade” é um bom ponto de partida, mas cada um deve avaliar sua própria realidade.

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