Investir em ETFs equivale a comprar a menor parte de uma carteira com dezenas, centenas ou até milhares de ativos diferentes. Esses ativos podem ser ações, fundos imobiliários, metais, moedas e até títulos de renda fixa negociados no Brasil ou em outros países do mundo.

Essas carteiras são negociadas na bolsa através de pequenas cotas que custam muito pouco, assim como os fundos imobiliários e ações. A sigla ETF significa Exchange Traded Fund ou Fundos Negociados na Bolsa.

Os ETFs negociados na bolsa brasileira permitem investir em ativos de renda variável de praticamente todos os mercados do mundo de forma segmentada com muita facilidade. Vamos entender isso através de exemplos práticos

Aqui no Clube dos Poupadores temos um Guia de ETFs listados (clique aqui para ver) onde você terá uma lista com mais de uma centena de ETFs e BDRs de ETF negociados na bolsa brasileira.

Veja um exemplo:

 

Na primeira coluna da tabela da lista de ETFs temos os códigos de negociação dos ETFs. Clicando sobre os códigos você terá um gráfico com o histórico de preços e suas médias móveis (análise técnica). Clicando na palavra “Fundamentos” ao lado de cada ETF você terá uma página com detalhes sobre onde o ETF investe. Nas demais colunas temos informações sobre quais tipos de ativos o ETF investe, em qual segmento de mercado, qual o nome do índice de referência e o seu gestor.

Temos ainda uma página que descreve todos os índices seguidos pelos ETFs, visite aqui. Os gestores dos ETFs investem de forma passiva nos ativos que fazem parte de um índice composto por uma carteira teórica. Existem instituições que criam os índices relacionados a algum segmento ou tema. Mais de um ETF de gestores diferentes pode seguir o mesmo índice. No exemplo acima temos o BOVA11 da gestora BlackRock que investe na carteira teórica de ações que faz parte do Índice Bovespa, criado e mantido pela B3. O BOVV11, gerido pelo Itaú, também investe na carteira de ações que fazem parte do Índice Bovespa. Veja que existem seis ETFs na lista acima que seguem o mesmo Índice Bovespa da B3 (Ibovespa B3).

Também existem muitos ETFs setoriais. Como exemplos temos os ETFs que investem em ações do setor financeiro (FIND11) e materiais básicos (IMAT11). Existe o ETF que investe nas empresas de menor capitalização (Small Cap) da bolsa brasileira como SMAL11, SMAC11 e XMAL11. Existem ETFs de seguimentos da bolsa brasileira como tecnologia (TECB11) e commodities (CMDB11).

Veja que existem diversos ETFs temáticos que investem em ações negociadas no exterior. O IVVB11 investe nas 500 maiores ações negociadas nas bolsas americanas e que fazem parte do índice S&P500. O NASD11 investe nas 100 principais ações de tecnologia da Nasdaq. O XINA11 investe nas principais ações de empresas chinesas. EMEG11 investe em diversas ações de grandes empresas em países emergentes. Para investir em ações de empresas europeias existe EURP11.

É possível investir em ETFs que investem em ações do mundo todo como o ACWI11 que investe em mais de 3000 ações de empresas em 23 mercados desenvolvidos e 27 mercados emergentes representando 85% do mercado global. Já o WRLD11 que representa 98% do mercado mundial de ações.

Para investir em ouro existe o GOLD11. Para investir em prata temos o BDR de ETF de código BSLV39. Temos muitos BDRs de ETFs na bolsa. Um BDR é uma forma indireta do brasileiro investir em ativos negociados nas bolsas de outros países através da bolsa brasileira. Comprar e vender BDRs na bolsa brasileira é equivalente a comprar e vender ETFs, ações e fundos imobiliários. Você verá na lista de ETFs que existem BDRs de ETFs que investem em diversos países e em setores como tecnologia, biotecnologia, aeroespacial, financeiro, gás natural, petróleo, saúde, semidoncutores, etc. Basta usar o campo de pesquisa na lista lista de ETFs usando palavras que deseja encontrar.

Em 2021 eram quase meio milhão de investidores brasileiros com investimentos em ETFs (fonte).

 

Muitos fundos de investimentos que cobram taxas elevadas investem o dinheiro dos cotistas em ETFs, sendo que os cotistas desses fundos poderiam realizar essa mesma compra através da bolsa de valores de uma forma simples, barata e com grande liquidez.

Com a ajuda dos ETFs o pequeno investidor pôde montar a sua carteira de investimentos em ações com uma diversificação e estrutura que só grandes investidores e gestores de fundos tinham acesso no passado. E isso pôde ser feito com baixo custo, alta liquidez, transparência e liberdade.

Cada vez mais investidores do mundo inteiro migram seus recursos dos fundos de investimentos de bancos e gestores tradicionais para os ETFs.

Fundos de investimento tradicionais

Um fundo de investimentos tradicional é constituído como se fosse um condomínio. Cada investidor investe comprando cotas do condomínio e com isso passam a ser cotistas. Esse condomínio é administrado por um gestor que é remunerado para ser uma espécie de síndico. Ele toma as decisões sobre como investir o dinheiro de todos os cotistas. Alguns fundos permitem que o gestor tome decisões com mais liberdade enquanto outros limitam o gestor para que só realize determinados tipos de investimento.

A existência de um fundo se explica pela ideia generalizada de que as pessoas comuns não sabem investir, não possuem tempo para cuidar dos seus próprios investimentos e/ou acreditam que os gestores são pessoas mais preparadas para isso.

Os gestores dos fundos cobram taxas administrativas elevadas que muitas vezes retiram 2% ou mais (por ano) do patrimônio que você investiu no fundo. Além disso, muitos gestores cobram 20% sobre os ganhos que conseguem acima de um determinado índice de referência. No caso de um fundo de ações esse índice costuma ser o Índice Bovespa. Então, além de receberem os 2%, ainda recebem 20% de tudo que passar o Índice Bovespa. O problema é que raramente eles conseguem passar o Índice Bovespa e quando conseguem provavelmente estão expondo o investidor a um nível de risco que não seria necessário.

Existem gestores que ganham fama quando conseguem obter algum resultado acima da média por algum tempo. O problema é que raramente eles conseguem oferecer bons resultados com consistência. Quando se destacam eles aparecem na imprensa, são entrevistados e ganham muitos seguidores nas redes sociais. Depois de algum tempo, quando os resultados perdem consistência, esse gestor acaba sendo esquecido e seu fundo se torna mais um entre milhares de fundos que temos no Brasil.

Logo as pessoas que investiram nesses fundos começam a entender, na prática, a verdade por trás de um frase que faz parte de todo prospecto de fundo de investimento que diz mais ou menos assim: “Desempenho passado não é garantia de resultados futuros“.

Só com o tempo, você vai acabar percebendo que são raríssimos os fundos multimercado e de ações com gestão ativa que conseguem apresentar resultados melhores que os índices de referência (exemplo: CDI, Índice Bovespa e S&P500) com consistência que justifique o pagamento das elevadas taxas que eles cobram.

O desempenho dos fundos premiados todos os anos pela imprensa não garante bom desempenho no futuro.

O mais incrível é que mesmo nos anos de alta na bolsa, como nos últimos três anos antes da Crise da Pandemia, manchetes como essas abaixo mostravam aquilo que o pequeno investidor já vem percebendo no Brasil, pois no exterior isso já ficou muito evidente para todos.

Mesmo quando consideramos prazos maiores, como os 3 anos de alta na bolsa entre 2017 e 2019, menos da metade dos fundos de ações ativos conseguiram superar o Índice Bovespa.

ETFs negociados na bolsa e a gestão passiva

No exterior a situação não é diferente. Os fundos ativos, que muitos bancos e corretoras oferecem, cobram taxas elevadas e entregam pouco resultado consistente, mesmo em anos de alta generalizada na bolsa de valores. Em 1973, Burton Malkiel, professor da Universidade de Princeton, afirmou algo que até hoje deixam os gestores dos fundos incomodados. Em seu livro “Random Walk Down Wall Street“, ele disse que “um macaco de olhos vendados, jogando dardos nas páginas de jornais sobre mercado financeiro, poderia selecionar um portfólio de ações tão bom quanto um cuidadoso especialista selecionaria”.

O pior é que existem muitas pesquisas mostrando que isso é verdade. E existem motivos para isso que posso explorar em outros artigos. O fato é que com o passar do tempo os investidores perceberam que poderiam montar carteiras diversificadas (temos um livro sobre isso), com dezenas ou centenas de ações comprando poucos ETFs diferentes, para obter o mesmo desempenho dos principais índices de ações, pagando muito pouco por isso através dos ETFs.

A maioria dos ETFs possui gestão passiva, ou seja, o gestor do ETF não precisa provar que é mais esperto que os outros gestores ou investidores. Eles simplesmente se limitam a copiar a carteira de ações que fazem parte do índice de referência que pode ser o Índice Bovespa ou diversos outros índices de ações que existem e que seguem um determinado critério de seleção. Também existem índices de renda fixa seguidos por ETFs, índices de moedas, criptomoedas, fundos imobiliários etc.

Como já vimos, um único ETF pode representar um investimento com mais de 90 ações que fazem parte do Índice Bovespa ou mais de 500 ações que fazem parte do principal índice da bolsa americana (S&P500). Essa enorme diversificação custaria pouco mais de R$ 100 por ETF. Veja que seria impossível montar uma carteira com 70 ou 500 ações diferentes, que representa um mercado inteiro, investindo tão pouco.

Uma grande vantagem do investimento em ETFs contra o investimento em fundos de ações é a liberdade que o pequeno investidor tem para entrar e sair do investimento a qualquer momento.

No Brasil, os principais fundos de ações e multimercado dificultam a entrada e a saída dos investidores amparados pelas normas dos órgãos que regulam a atividade. Muitos fecham para a entrada de novos investidores ou fecham para novos investimentos quando o gestor do fundo acha que deve.

A maioria dos fundos impõe um prazo para a devolução do dinheiro dos investidores que solicitam saques do fundo. Alguns adotam prazos de 7, 15 ou até de 30 dias ou mais. Ao solicitar o resgate, você precisa esperar muito tempo sem saber exatamente quanto receberá, pois o valor a ser resgatado depende do preço das cotas quando o prazo terminar.

Esse tipo de transtorno imposto pelos gestores dos fundos, que tira a liberdade dos investidores, tem como base o argumento de que seria uma forma de proteger o investidor do próprio investidor. Isso não existe no mundo dos ETFs.

Ao investir em ETFs você compra e vende seus ETFs quando você quiser e na quantidade que achar melhor. Na bolsa de valores sempre existem outros investidores dispostos a comprar e vender ETFs pelo preço de mercado. As portas estão sempre abertas para entrar ou sair. Você sempre saberá quanto vale os seus ETFs em tempo real, sendo livre para tomar qualquer decisão com relação a eles. Você está no controle do seu dinheiro.

Quando você monta uma carteira de ETFs, ações, títulos públicos e outros ativos que podem ser negociados por você a qualquer momento, é como se você fosse o gestor do seu fundo pessoal de investimentos. O dinheiro é seu e você faz as regras, sem depender de qualquer gestor ou de assembleias de cotistas. Eu ensino mais sobre isso neste livro aqui.

A transparência é outra grande vantagem dos ETFs. Ao comprar um ETF você sabe qual é a composição da carteira montada pelo gestor do ETF, pois se trata de uma carteira que espelha a carteira teórica de um índice seguido pelo ETF. A carteira do ETF é aberta ao público com pesos atualizados diariamente (cada ação ou ativo tem seu peso).

O preço do ETF é atualizado em tempo real. Nos fundos de investimentos os gestores costumam “esconder” a carteira, só divulgando com atraso de 3 meses. Tudo isso dentro das regras, pois as entidades que regulam os fundos de investimentos permitem a manutenção da carteira do fundo em segredo por alguns meses.

Todos os tipos de estratégia que você utiliza para comprar ações podem ser utilizadas para negociar ETFs, incluindo aquelas que tem como objetivo os prazos mais curtos e longos.

O investimento em ETFs permite ao pequeno investidor cuidar do seu dinheiro com liberdade. O problema é que a liberdade só é vantajosa quando você aceita a responsabilidade. É necessário preparo para ser livre, assumindo os riscos e as consequências por suas decisões de investimento. A maioria troca a liberdade por comodidade. A comodidade é fácil, é cara e muitas vezes não passa de uma ilusão.

Para aprender a investir nos ETFs negociados na bolsa brasileira leia o livro como investir em ETF. Para aprender a investir nos ETFs negociados nas bolsas dos EUA, leia o livro como investir no exterior. Para simular e montar carteiras de investimentos leia este livro aqui.

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