Assista ao vídeo logo abaixo antes de ler o artigo. O título do vídeo é sobre felicidade, mas todos os passos estão relacionados com o dinheiro. Dinheiro e felicidade não são opostos, mas existe um entrelaçamento entre eles. Sem entender isso, fica difícil prosperar e ser feliz nesse tipo de mundo onde vivemos.

A autora do vídeo se chama Claudia Feitosa-Santana é pós-doutora em neurociências. Vou comentar cada ponto fazendo uma relação com as suas finanças.

O Contraste 

O nosso cérebro é uma máquina de monitoramento de constastes: frio/quente, claro/escuro, doce/amargo, bonito/feio, amor/ódio, riqueza/pobreza, bondade/maldade, céu/inferno, certo/errado, etc. É assim porque o mundo foi “arquitetado” tendo como base a combinação de infinitos tipos de contrastes.

Você só consegue perceber em qual desses opostos você está, caso tenha tido a oportunidade de vivenciar o lado oposto.

Costumo dizer que existem muitas pessoas que vivem no paraíso, mas que acreditam viver no inferno. Elas não tiveram a “sorte” de visitar o que existe de pior, antes de conhecer o que existe de melhor. Não possuem qualquer ponto de referência.

No meu livro sobre Independência Financeira eu faço uma comparação entre o trabalho necessário para atingir a independência financeira e o trabalho necessário para a escalada de uma grande montanha. O livro prepara o leitor para a jornada necessária para atingir a liberdade e isso significa enxergar contrastes. As pessoas que já viveram a experiência de dependência financeira, em uma das fases que relatei aqui conseguem perceber  a importância da independência, pois elas conhecem o outro lado (a dependência). Essas pessoas que conhecem o que é um extremo, precisam apensar saber que o outro existe e que chegar lá é possível, pois muitos já chegaram.

Eu vivi situações muito difíceis na minha adolescência e isso foi muito útil. Uma crise econômica grave fez meu pai perder um bom e duradouro emprego. Nossas reservas eram pequenas. Ninguém esperava o pior. Ele deixou a vida de executivo e se tornou um pequeno comerciante em um bairro pobre do Rio (foi o que o dinheiro permitiu comprar). Eu deixei a escola de classe média e, junto com toda família, fui trabalhar com meu pai no comércio. Essa situação durou por alguns meses. O comércio era uma padaria pequena, decadente, que ficava próxima de uma comunidade carente.

Lembro de uma mulher cheia de filhos que aparecia na padaria com as mãos repletas de moedas de pequeno valor. Ela me entregava as moedas e perguntava quantos pães aquele dinheiro podia comprar. Ela esperava ansiosa pela resposta, pois não sabia ler e nem contar o próprio dinheiro. A expectativa dela era de que fosse suficiente para comprar pelo menos um pão para cada filho. Muitas vezes, o dinheiro não era suficiente, mas ela levava os pães que eram necessários para amenizar a fome daquele dia. Para ela, sair da padaria com um pão para cada filho, era motivo para uma enorme alegria.

Sem vivenciar esse contraste na minha juventude, talvez não tivesse força de vontade suficiente para lutar por minha própria independência financeira. Não foi uma luta rápida e fácil, mas felizmente entendia que era uma luta necessária nesse tipo de mundo que temos. Nunca me falou o básico, mas eu convivi por um bom tempo com pessoas que tinham dificuldades até para comer.

Quando eu era pequeno, cheguei a estudar em escolas públicas. Naquele tempo, eu não entendia a ansiedade das crianças para comer aquela sopa de macarrão servida pela escola em pratos de plástico azul. Elas sentiam uma alegria que só podia ser justificada pelo tamanho do contraste que existia entre aquela sopa e o alimento que elas recebiam em casa.

Fiz uma busca na internet e vi que as crianças continuam comendo a mesma sopa de macarrão nos pratos de plástico azul (isso quando os políticos não desviam a verba da merenda). A alegria pela sopa continua a mesma. A dependência da sopa continua a mesma.

Por ter tido a sorte de vivenciar esses contrastes e por descobrir que um lado oposto existia e que poderia ser conquistado, hoje posso estar aqui escrevendo mais um artigo sobre educação financeira. Minha esperança é a de que o conhecimento chegue até quem precisa, pois o sofrimento provocado pela falta de educação financeira não escolhe suas vítimas. Executivos/operários, trabalhadores/desempregados, adultos/crianças, homens/mulheres, todos sofrem quando não sabem ganhar, poupar e investir o próprio dinheiro.

Se a vida não obrigou você a ter contato com o contraste, busque formas de ter esse contato (nos dois lados). Permita que os seus filhos percebam a existência de pessoas que vivem realidades diferentes nos dois extremos.

Resiliência

Para atingir a sua independência financeira ou uma situação melhor de vida, você precisa ser resiliente (capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações). Quando você já sabe como é viver nas profundezas, fica mais fácil ser resiliente diante de toda a dificuldade que envolve a “escalada” até atingir o topo da independência financeira ou de qualquer outro objetivo.

obs: mas sem esquecer de fazer alguma para resolver o problema que origina o sofrimento. Não espere que os outros façam isso por você, pois eles não entendem como é estar onde você está, sentindo o que você sente. 

Presente/futuro

Você precisa viver o presente, sem esquecer do futuro. Não podemos viver como se fossemos morrer amanhã e nem viver como se fossemos eternos.

A sua felicidade depende da busca pelo equilíbrio entre presente e futuro. A autora do vídeo usa o exemplo da comida que deve ter o benefício presente e futuro ao mesmo tempo. Isso também se relaciona com as decisões financeiras. Tudo que você compra deve ser avaliado dessa forma. Toda escolha financeira que você faz no presente também deve ter seu benefício avaliado no futuro. Benefício presente que prejudica o seu futuro é o mesmo que plantar infelicidade para ser colhida no futuro.

Exemplo de pergunta que você deve fazer:

A escolha que irei fazer hoje sobre meu ________ (dinheiro, tempo, esforço, trabalho, etc) vai impactar positivamente a minha vida nos próximos [__] anos?

As vezes não vai gerar nenhum benefício futuro, outras vezes vai gerar um prejuízo ou até atrasar algo importante no futuro. Prejudicar muito o presente também resulta em desmotivação sobre o que precisa ser plantado hoje para ser colhido no futuro.

Uma parte dos resultados que você tem na sua vida hoje são consequência do que você andou fazendo no passado. Se no passado, você só pensou no presente, você perdeu a oportunidade de ajudar você mesmo(a) a construir um presente melhor hoje.

Dormindo bem

Se você tem uma vida financeira cheia de problemas, você não vai dormir bem e o vídeo mostra que isso vai produzir infelicidade. Se você passa o tempo todo tentando ser feliz no presente e, para isso, compromete a sua renda futura, através do acúmulo de dívidas, você estará sabotando a sua felicidade futura. Se você não poupa e não investe pensando em realizações futuras, você terá uma vida financeira mais difícil no futuro.

Se você faz alguma coisa errada ou tenta usar atalhos (imorais ou até ilegais) para conseguir o que quer, dificilmente você terá uma boa noite de sono. Devem existir muitos políticos, empresários e pessoas envolvidas em atividades duvidosas dormindo muito mal nos últimos tempos. Nenhum dinheiro compensa uma boa noite de sono.

Estar focado(a)

Se você gasta muito tempo e dinheiro sofisticando sua vida, você vai perder o seu foco. Sofisticar normalmente resulta em novos vícios, novas relações de dependência, novos hábitos que consomem recursos (tempo, dinheiro e disposição) que você poderia focar no que você considera importante. Não tente fazer muitas coisas ao mesmo. Foque em poucas coisas ao mesmo tempo e simplifique, pois, seus recursos são limitados (tempo, dinheiro e disposição).

Meditação

A autora fala rapidamente sobre meditação.  Muitos relaciona meditar com alguma prática religiosa, mas não é só isso. Meditação é aquilo que todos faziam quando estavam sozinhos no final da noite, antes de dormir, no tempo em que não existia televisão, internet e smartphone.

As pessoas ficavam sozinhas por um tempo, desconectadas do mundo exterior. Nesses momentos, elas se conectavam como mundo interior delas, pensavam, refletiam, planejavam e observavam os próprios pensamentos e sentimentos. Muitas vezes tinham mais abertura para “ouvir” suas intuições. Existem mais coisas importantes para serem ouvidas dentro de você, do que fora.

Exercícios

Nos últimos milhões de anos, nossos antepassados se movimentavam. O trabalho em confinamento (dentro de um escritório) é uma aberração recente. Nosso corpo e mente não foram preparados para isso. Para eles, é como se você estivesse isolado dentro de uma caverna por anos sem fazer nada. Nossa mente está programada para nos fazer sentir bem enquanto plantamos, colhemos, caçamos, coletamos ou corremos atrás de comida. Menos atividade física significa mais tristeza, mais gastos com coisas que reduzem a tristeza, menos saúde e mais despesas futuras com a saúde.

Experiências

Boas experiências valem mais do que coisas. As empresas já perceberam isso e muitas vezes você pagará mais caro por uma experiência “inventada” do que pelo produto. Veja o exemplo dos restaurantes. A comida que o restaurante coloca no seu prato não vale quase nada. Eles compram alimentos em grandes quantidades e nem sempre se preocupam com qualidade. Grande parte do preço cobrado é pela experiência que o ambiente proporciona. O mesmo vale para muitos produtos mais caros que você encontra no supermercado. Embalagens elegantes e histórias bonitas no rótulo criam experiências e isso custa mais caro. Muitas vezes a introdução de palavras como “especial”, “gourmet” e “premium”, sem uma mudança significativa no produto, já representa a promessa de uma nova experiência. Existem muitas experiências boas e que custam pouco, que não aparecem nas campanhas publicitárias, pois não geram lucros para ninguém.

Evitar más companhias

Você não precisa fingir que está sorrindo para “enganar” o seu cérebro, como mostra o vídeo. Você só precisa manter distância das pessoas que vivem reclamando de tudo e de todos. Muito tempo na frente do noticiário, muito tempo nas mensagens de grupos de whatsapp, talvez faça você se expor muito a notícias negativas, informações irrelevantes para a sua vida, mas que drenam qualquer bom humor que você tenha conseguido durante o seu dia.

Da mesma forma que temos cuidado para consumir alimentos de boa qualidade, devemos ter o cuidado para consumir informações (texto, som, música, vídeo) de boa qualidade, pois o nosso cérebro não é uma lixeira onde os outros podem colocar informações que estragam a nossa saúde mental

Imaginação e escolhas

A vida que você tem hoje é o resultado de escolhas que você fez ontem. A vida que você terá amanhã depende das escolhas de hoje. Nenhum outro animal é capaz de fechar os olhos, imaginar a vida que terá no futuro e depois começar a planejar e executar ações no presente que produzam como consequência a construção consciente desse futuro. Os outros seres estão presos aos seus próprios instintos. Devemos aproveitar esse grande atributo humano, pois certamente a felicidade é uma construção e não algo que é fruto do acaso. Nesse modelo de mundo que criamos, essa construção consciente do seu futuro depende de uma boa relação com o seu dinheiro. As coisas não vão acontecer sem o dinheiro necessário em todos os estágios.

Ambição ilimitada

Você provavelmente já deve ter assistido filmes de super-heróis ou qualquer filme onde temos um vilão e um herói. Observe que vilões possuem muitos atributos que os heróis também possuem. Eles são determinados, focados e inteligentes. Eles possuem objetivos claros e são persistentes. Vilões costumam ter superpoderes, tão poderosos quanto os poderes dos heróis.

Lembra da lista de contrastes e suas dualidades no início do artigo? Podemos dizer que o vilão nada mais é do que um herói que tem uma coisa que está invertida. Enquanto o vilão atinge seus objetivos se servindo das pessoas, o herói atinge os seus objetivos servindo as pessoas.

O final da história de vida dos vilões e dos heróis é exatamente a mesma. Todos terminam mortos, mas nos segundos finais os vilões sentem que perderam e os heróis sentem que venceram. Essa experiência dos segundos finais e o impacto negativo ou positivo que deixamos na vida dos que ficam, será o que vai definir se tudo valeu a pena ou se tudo foi uma grande perda de tempo.

Não precisa de muito dinheiro

No fim do vídeo, autora lista os 5 itens que ela apresentou (resiliência, comer/dormir bem, foco, exercícios e boas experiências) e conclui que nada disso depende de muito dinheiro. É verdade, mas tudo isso depende de alguém que saiba lidar muito bem com o pouco dinheiro que tem.

A maneira equilibrada ou desequilibrada que lidamos com o dinheiro que ganhamos, gastamos, poupamos e investimos vai interferir em todos esses itens que se relacionam com a nossa felicidade.

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