Boa parte das pessoas que visitam esse site, luta diariamente para conquistar uma vida financeira mais estável e independente no futuro.
Contra essa luta diária estão aqueles que parasitam os que trabalham, poupam a investem.
Uma das muitas ferramentas que essa “classe” utiliza para interferir na sua vida financeira é a capacidade de criar dívida em seu nome. O governo pode gastar mais do que arrecada, criando uma dívida pública.
Essa dívida é paga por todos nós através dos impostos ou da perda do poder de compra do dinheiro (inflação).
Por resultar em mais inflação, a dívida interfere na taxa básica de juros. Sendo assim, é importante acompanhar a relação “dívida/PIB (%)” da economia. Temos esse gráfico aqui no Clube dos Poupadores, veja o gráfico da dívida pública/PIB.
Esse indicador mostra o quanto o governo deve em relação ao que o país produz de riquezas. Exemplo: se o valor for 73,86% isso significa que seria necessário surrupiar 73,86% de tudo que os brasileiros produzem (pessoas e empresas) em um ano para quitar a dívida pública.
Um sinal negativo, no gráfico acima, ocorre quando a média móvel de 9 meses (linha azul fina) está se movimentando abaixo da área azul de linha grossa (relação % dívida/PIB). Isso pode significar uma tendência de alta da relação dívida/PIB. Como você pode ver, infelizmente, parece que temos essa média móvel cruzando para baixo da área da dívida/PIB em 2023, assim como aconteceu no início do segundo e desastroso governo Dilma e que depois se repetiu logo no início de outra tragédia econômica que foi a pandemia.
A relação dívida/PIB pode influenciar na taxa básica de juros, que é a referência para o custo do dinheiro no mercado. A taxa básica de juros, também conhecida como taxa Selic, é definida pelo Banco Central, que é uma instituição pública ligada ao governo. O Banco Central usa a Selic como uma ferramenta para tentar controlar a inflação, que representa a perda do poder de compra do dinheiro, frequentemente provocada pelo próprio governo quando gasta mais do que arrecada.
A inflação corrói o poder de compra do seu dinheiro e prejudica os planos de todos que trabalham arduamente para uma vida financeiramente independente.
Mas como a relação dívida/PIB afeta a inflação e a Selic? De uma forma bem simplificada, podemos dizer que quanto maior for a dívida pública em relação ao PIB, maior será a percepção de risco de o governo não conseguir pagar os seus credores (pessoas que investem em títulos públicos ou investem em renda fixa de bancos que por sua vez investem em títulos públicos). O simples fato de a relação dívida/PIB estar em trajetória de alta, cria expectativas negativas sobre o futuro e todos começam a tomar decisões sobre o seu dinheiro com base nessas expectativas negativas.
Isso gera desconfiança no mercado (mercados sou eu, você e todos que tomam decisões sobre o próprio dinheiro) e faz com que os investidores exijam juros mais altos para emprestar dinheiro ao governo e bancos (realizar investimentos de renda fixa, como os títulos públicos e títulos de bancos). Isso interfere nos juros futuros, no câmbio e na inflação.
Por outro lado, quanto menor for a relação dívida/PIB, menor será o risco de instabilidade econômica gerada pela falta de dinheiro no governo e menor será a pressão sobre a inflação, câmbio e Selic.
Diante disso temos três situações:
- Se você perceber que a dívida/PIB está aumentando e que a Selic está caindo, temos uma incoerência. Não faz muito sentido ser cada vez menos remunerado (juros em queda) para correr mais risco (dívida em alta). Em algum momento as pessoas vão perceber que uma coisa não compensa a outra.
- Se a dívida pública está aumentando e a Selic está aumentando, as pessoas buscam títulos públicos atrelados à Selic ou à inflação.
- Já se a dívida pública está diminuindo e que a Selic está diminuindo, as pessoas buscam investimentos de renda variável, como ações ou prefixados.
Não é meu objetivo fazer recomendações, mas sim motivar você a pensar por conta própria. Não caia na ingenuidade de que os bancos, corretoras e aqueles que essas instituições patrocinam, vão se importar com você.
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Leandro,
Acompanho seu canal há um certo tempo. Sou muito grato por seus conteúdos.
Pois bem, a única coisa que parece atualmente imune a sanha da interferência governamental, é o tal do Bitcoin!
Vi artigo antigo seu aqui que você mencionava o ciclo de bolha do Bitcoin. Qual o seu pensamento a respeito?
“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come?!
Olá, Felipe. Tenha cuidado com as pessoas que vivem falando de Bitcoin como se ele fossem a salvação dos problemas do mundo.
Leandro, a primeira situação mencionada no artigo está acontecendo neste momento, dívida/PIB aumentando porém Selic caindo. Estou acompanhando o Tesouro IPCA+ 2029 para investir uma reserva para um prazo maior. Em 11/08/2023 estava 4,87% para 5,73% em 27/09/2023. É muita diferença em apenas 15 dias, no longo prazo então… Ficou claro que a taxa aumenta devido ao risco, e busca-se investir pensando no risco/retorno, mas fica um sentimento de que é uma bomba que espero não explodir até o vencimento do título. São muitas variáveis, mercadológicas e psicológicas. Obrigado por nos motivar a pensar por contra própria. Abç!
Olá, André. O futuro da economia brasileira é um fator de risco, principalmente quando consideramos a enorme ignorância e incompetência das pessoas na escolha dos políticos que vão tomar decisões sobre a economia a cada 4 anos.
Olá Leandro, que texto bacana, obrigado pelas informações e pela aula! Falando especificamente da inflação, tenho notado de forma muito clara um fator que tem contribuído ainda mais para a alta dos preços… Além de tudo o que você explica, nota-se aumentos abusivos, dificilmente justificáveis em preços por exemplo da linha branca, automotiva, tecnologia, entre muitos outros. Aumentos de 20 -30 – 40% em um ano! Recentemente um CEO dava uma entrevista muito feliz com seu “power pricing”, dizendo que o produto estava “aceitando bem” os aumentos sem que a demanda caísse. OK, no final o mercado se regula, mas fico aqui pensando se os parasitas a que Thomas Sowell se refere, também não seriam grandes grupos industriais e seus “power pricing” alinhados, empurrando goela abaixo um novo patamar a ser aceito por nós. E nem sempre é possível “não comprar” determinados produtos por serem essenciais. Realmente uma pena. Um abraço Leandro!
Olá Angelo. Existem empresários ou mercados inteiros que são historicamente “amigos” de determinadas ideologias políticas que pregam o mercado fechado e restrito. Eles aplaudem quando os políticos aprovam leis e impostos que torna inviável comprar carros ou qualquer coisa no exterior. A ideia é fazer isso que você citou, obrigar todo mundo a pagar caro pelos produtos que eles vendem no Brasil. Faz parte do negócio dessas pessoas lutar contra a liberdade das pessoas. Eles não conseguiriam praticar qualquer preço se as pessoas fossem livres e menos penalizadas quando fossem comprar algo no exterior.
Nesse momento, a inflacao e, por consequencia os juros, estao ou em perspectiva de alta, ou de fato subindo, nas maiores economias do mundo (EUA, UK, Canada, etc); os problemas da guerra Russia x Ucrania persistem; China esta com rumores de esfriamento da economia; mundo esta com rumores de uma recessao em breve; consequencias da pandemia nao acabaram; etc.
Estranho e incoerente que, mesmo assim, o Brasil esta diminuindo a Selic e o “mercado” com seus “especialistas” seguem dando seus pitacos de que o Brasil esta indo bem e ha cenario favoravel para seguir reduzindo a Selic (sem dizer das pressoes do governo atual, isso nem precisa ser comentado). Sera que o MUNDO esta indo no caminho errado e apenas o Brasil esta certo? O Banco Central olha para o IPCA (indice oficial da inflacao no Brasil) e diz “nao podemos baixar os juros porque a inflacao esta alta”. Quem calcula o IPCA? O IBGE. Quem foi indicado ha pouco para chefiar o IBGE? Nao preciso responder. O IBGE e’ apenas mais um orgao de Estado sendo aparelhado e que, certamente, ja deve estar agindo de acordo com a cartilha do governo (quando deveria ser imparcial). Se nao e’ conveniente para o atual governo que 2+2 seja 4, e’ teoria da conspiracao dizer que 2+2 seja 3.8 ou 4.2 para que o IPCA fique mais bonitinho e, assim, o Banco Central diminua a Selic na marra, como o governo insiste? Ja vimos esse filme em Dilma 2 na epoca das pedaladas fiscais.
A inflacao ja esta voltando a subir (https://clubedospoupadores.com/selic/ipca), o dolar tambem, a divida publica tambem (grafico acima), e as perspectivas economicas no mundo seguem razoavelmente pessimistas. Me parece o inicio da “argentinizacao” do Brasil.
Olá, Gus. Você está descobrindo que tudo isso é uma grande palhaçada em um enorme picadeiro.
Muito bom o conteúdo, gosto da forma que você explica de forma simples temas que geralmente parecem complexos e difíceis de entender. Uma dúvida, o Brasil, por ser um país de incertezas, precisa pagar juros reais altos para atrair e reter investimentos no país. E os EUA, por exemplo, pode se permitir pagar juros bem menores por não ser um país que demonstra incertezas de pagamento. Agora me ajude a entender, a Argentina e os outros países que além de demonstrar mais incertezas que o Brasil, pagam juros negativos reais? No caso o país estaria em uma situação que os investidores tirariam o dinheiro do país o quanto antes, já que o país pode não pagar e se pagar, vão pagar dando prejuízo para quem investiu. Vejo que é um ciclo que só levaria ao empobrecimento do país se não aumentarem a taxa de juros, mas ainda assim continuam mantendo ela baixa.
Olá Guilherme. Se o Banco Central do Brasil deixar de ser independente e passar a servir os interesses ideológicos equivalentes ao que existe na Argentina e Venezuela, não será possível esperar qualquer coisa que não seja a lenta destruição da economia. Esses países não destroem a própria moeda e empobrecem toda a população por falta de inteligência e conhecimento. Isso tudo é método. Por isso os governos desses países nunca mais saem do poder e nunca perdem as regalias que conquistaram empobrecendo a população.
Leandro, mais uma vez, parabéns pelo seu trabalho.
Sabemos que é possível que a dívida pública suba e a Selic não por uma “caneta mais pesada”. Diante deste fato, a exposição de parte considerável do patrimônio em moeda forte se torna uma opção? Se sim, seria a mais eficiente?
Obrigado desde já.
Olá, Carlos. Se os juros forem reduzidos na canetada, se pedaladas fiscais ocorrerem para mascarar as despesas e tentarem controlar ou congelar preços, teremos como resultado uma baixa confiança com reação a nossa moeda. A Venezuela e a Argentina são bons exemplos do que acontece com a moeda se esse tipo de política econômica durar algumas décadas.
Leandro, infelizmente, como era de se esperar, o atual desgoverno é totalmente irresponsável em relação a situação fiscal do país. Apesar do orçamento no início do ano ter sido positivo em mais de 80 bilhões, agora está negativo em mais de 100 bilhões e esse rombo continuará crescendo para bancar todas aberrações da máquina pública. Você acha que nos próximos 2 ou 3 podemos chegar no ponto do governo dar um calote na pagamento dos títulos públicos?
Olá, Marco. O filme é uma reprise do que fizeram antes do último impeachment. A inflação fará o trabalho sujo de degradar o poder de compra do dinheiro, caso a dívida pública continue sua trajetória de alta.
Oi Leandro,
Este governo colocou a Pec da Transição que foi aprovada pelo o congresso, aumentou ministérios, distribuiu emendas partidárias e deficit este ano cada vez pior
Acho difícil o arcabouço fiscal dar certo e reforma tributária que somente aumento taxas.
Olá, Tiago. Tudo isso é lamentável.
Excelente artigo. Obrigado!
Obrigado, Pietro.
Deus abencoe você leandro .
Lhe acompanho desde 2017, vocês foram a gêneses do despertar financeiro em minha vida , aqui me ensinaram tudo e me precaveram de muitas coisas, inclusive nas mudanças de governo.
forte abraço !!
Obrigado Pierre, que abençoes todos nós.